30/05/2013

O Papa errou: tornando menos “incompreensível” a opinião do blog.

Recebo, por meio de leitores, a informação de que o prestigioso blog Deus lo vult! decidiu perder seu precioso tempo com um artigo deste modesto blog. O texto do blog objetiva responder a dois outros textos, um dos quais do Blog do Angueth. Responderei, por razões óbvias, só a esta parte do comentário. 
 
O blogueiro afirma, logo de início que: “uma coisa é a redenção objetiva e, outra, a redenção subjetiva”. Bem, esta escolha de palavras não me agrada por suas reverberações kantianas. Eu prefiro dizer, se for para dizer algo sobre este mistério insondável, que há uma redenção em potencial e outra em ato. Prefiro o estagirita ao filósofo de Königsberg. 
 
A redenção em potencial está esperando que a coloquemos em ato. Como nos ensina Aristóteles, tudo que existe em potencial só se transforma em ato por meio de alguma coisa em ato; precisamos que nossos atos coloquem, por assim dizer, a Redenção, que nos foi oferecida pela Paixão de Nosso Senhor, também em ato. Como fazer isso, Jesus nos ensinou de várias maneiras: por exemplo, no Evangelho da Festa do Corpo de Deus: “Minha Carne é verdadeiramente comida e meu Sangue é verdadeiramente bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue, permanece em mim e eu nele.” Ou seja, comer Sua Carne e beber Seu Sangue é a forma de colocar a Redenção em ato. Ou seja, só por meio de Sua Igreja e de Seus Sacramentos, tomamos posse da Redenção. 
 
Mas voltemos ao “pro multis” e ao “pro omnibus”. Jesus, realista como era, pois Criador de toda a realidade, disse “pro multis” pensando na Redenção em ato, e não na Redenção em potencial. Suas palavras foram muito bem escolhidas e não podem ser mudadas. Para se dizer “pro omnibus” no lugar de “pro multis” é preciso gastar muitas palavras, explicando muito minuciosamente o que se quer dizer, como aliás, fez, e muito bem, Jorge Ferraz: sobre o que não há o que discordar! Evangelizar é acreditar no “pro omnibus”, mas apenas no sentido de aumentar o número dos “pro multis”. Acreditar no “pro omnibus” em si, como um objetivo alcançável é um equívoco. E é aí que entra o realismo das palavras de Cristo. 
 
Por que então eu afirmo que o Papa errou e causou confusão? Porque ele simplesmente disse que o Sangue Preciosíssimo de Nosso Senhor foi derramado por todos, sem acrescentar nada sobre todas estas nuances que ocupam a mim e ao Jorge nesta pequena discussão; e fazer isso é um erro, e fazer isso causa confusão. Causa confusão principalmente a quem não tem sofisticação intelectual e erudição para distinguir termos equívocos e os elucidar. Causa confusão aos intelectualmente modestos, àqueles simples de coração tão caros a Nosso Senhor.
 
Eu disse anteriormente que o Papa causou confusão. Poderia ter dito, e talvez o devesse, que o Papa causou, na linguagem dos Evangelhos, um scandalum: uma pedra de tropeço, uma ocasião de queda. Causar escândalos, no sentido evangélico, não parece ser coisa rara para os papas conciliares: os encontros de Assis, organizados por João Paulo II e Bento XVI, a devolução do Estandarte de Lepanto aos Turcos e a deposição da Tiara por Paulo VI, etc., são apenas alguns exemplos. Um pastor de almas, como o Papa, o maior de todos na terra, não pode se permitir tais coisas. Como católico, não posso me permitir o silêncio diante disto. 
 
Espero ter esclarecido melhor minha “incompreensível” opinião.

7 comentários:

Ana Maria Nunes disse...

Esses frutos do inverno tenebroso n têm limites, fazem de tudo para subir acessos de blogue.

Isso já é caso de psiquiatra defender erro de papa e JMJ.

Anônimo disse...

Saudações, caro Angueth. Este editor do “Deus lo Vult” vive a reverberar, ao contrário do que diz o dístico do seu blog, muita coisa que “Deus não quer”. Já chegou mesmo a defender a música rock em seu espaço, digamos assim, católico. Caso se fizesse uma versão das musiquinhas do U2 para a “JMJ”, tão cara ao senhor Ferraz, ele estaria exultando. De preferência se viesse acompanhada de um discurso comunistóide como os do Bono Vox. Que lástima! As vítimas do CVII são como os dependentes de droga. Você mostra-lhes a miséria que se encontram; mostra-lhes as incoerências e eles dizem que nós é que estamos doentes. Sem falar que em um dos posts dele, quando tratou do caso do “Padre Beto”, fruto do CVII, tão defendido pelo senhor Ferraz, comparou-o aos gigantes da fé verdadeira, Mons. Lefebvre e D. Antônio de Castro Mayer. Mais ainda. Mentiu sobre as ilegais excomunhões destes dois bispos. Lamentável.
Em JMJ, sempre.
Bernardo

Anônimo disse...

parabéns ao Se Angueth pela sua clareza e objetividade na defesa da Fé.

Unknown disse...

"O blogueiro afirma, logo de início que: “uma coisa é a redenção objetiva e, outra, a redenção subjetiva”. Bem, esta escolha de palavras não me agrada por suas reverberações kantianas."

Prezado Prof. Angueth,

As expressões "redenção objetiva" e "redenção subjetiva" já são clássicas nos manuais de teologia (antigos, pré-conciliares) e não foram inventadas pelo Jorge Ferraz, nem tem origem kantiana.

A redenção objetiva não é apenas potencial, pois dela deriva efeitos atuais, como as graças atuais que dispõem o indivíduo para a justificação.

Rui Machado disse...

"O blogueiro afirma, logo de início que: “uma coisa é a redenção objetiva e, outra, a redenção subjetiva”. Bem, esta escolha de palavras não me agrada por suas reverberações kantianas."

Prezado Prof. Angueth,

As expressões "redenção objetiva" e "redenção subjetiva" já são clássicas nos manuais de teologia (antigos, pré-conciliares) e não foram inventadas pelo Jorge, nem tem origem kantiana.

A redenção objetiva não é apenas potencial, pois dela deriva efeitos atuais, como as graças atuais que dispõem o indivíduo para a justificação.

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro Anônimo,

Eu não disse que as expressões citadas foram inventadas por ninguém, nem tampouco disse que elas têm origem kantiana. Disse que elas têm reverberações kantianas, que lembram kant.

A redenção objetiva não é nem de longe potencial; ao contrário, ela é atual, existe em ato, por isso graças atuais. Mas ela só se objetiva, se atualiza, por algo em ato: ou um ato nosso, ou um ato gratuito de Deus a nosso favor.

Ad Iesum per Mariam.

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro Rui Machado,
Salve Maria!

Acho que você é o anônimo a quem acabei de responder. Obrigado pelo comentário.

Ad Iesum per Mariam.