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O bispo Gerhard Mueller, ex-bispo de Regensburg, Alemanha,
acaba de ser nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé pelo Papa
Bento XVI.
O Pe. Matthias Gaudron, padre da FSSPX especializado em
teologia dogmática e autor do livro Catecismo
Católico da Crise da Igreja, recentemente publicou algumas observações, no
website do Distrito Alemão da FSSPX, relativas à afirmações feitas, no passado,
pelo bispo Mueller. Os comentários do Pe. Gaudron terminam com um apelo à Sua
Excelência.
____________
A Igreja sempre considerou ser uma de suas mais importantes
tarefas manter fielmente o Depósito da Fé, que lhe foi confiado por Cristo e os
Apóstolos, e defendê-lo contra erros para transmiti-lo intacto às gerações
posteriores. E assim, o cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé
é um dos mais altos da Igreja.
A FSSPX na Alemanha soube, com assombro, do fato de que o
Bispo de Regensburgo, Gerhard Ludwig Mueller, fora nomeado para este cargo. A
FSSPX pergunta que adequação para este cargo pode ser encontrada num homem que
se colocou contra a doutrina católica inúmeras ocasiões, tanto em seus escritos
quanto em seus discursos públicos.
Alguns exemplos devem ser mencionados:
1. O bispo Mueller nega em seu livro Die
Messe: Quelle christlichen Lebens [A Missa: Fonte da Vida Cristã] a
transformação real do pão e vinho em Corpo e Sangue de Cristo. Pão e vinho
permanecem, segundo ele, o que são; contudo, eles se tornam instrumentos para a
integração dos fiéis na vida em comunhão com o Pai e o Filho. Isso lembra o
ensinamento calvinista, segundo o qual o pão e o vinho não se transformam, mas
se tornam instrumentos da graça.[1]
2.Contrário à doutrina católica, segundo a qual a
transformação dos dons ocorre ao se pronunciar as palavras da instituição, “Isto
é o meu corpo... Isto é o cálice de meu sangue”[2],
o bispo Mueller afirma que a questão do momento da transformação “não faz
sentido.”[3]
3.O bispo Mueller nega, em seu livro Dogmatik [atualmente o texto padrão
sobre Dogmática na Alemanha], o dogma da Virgindade de Maria no momento do
nascimento de Jesus[4], e, portanto, o
ensinamento de que Maria deu a luz a seu filho sem violar sua integridade
física.[5]
4. Num panegírico ao bispo protestante Dr. Johannes
Friedrich, bispo Mueller disse, em 11 de outubro de 2011: “Também os cristão
que não estão em comunhão integral com a Igreja Católica em relação ao
ensinamento, meios de salvação e episcopado apostólico, são justificados pela
fé e batismo e são integralmente (!) incorporados/integrados na Igreja de Deus,
sendo o Corpo de Cristo.” Isso contradiz toda a tradição católica e
especialmente o ensinamento de Pio XII na encíclica Mystici Corporis.
5. Contra a doutrina católica da necessidade da
conversão à Igreja Católica, como ainda proclamada no ensinamento do Vaticano
II[6],
o bispo Mueller caracteriza, no mesmo discurso, o assim chamado “ecumenismo de
retorno” como sendo “errôneo”.
A Fraternidade apela urgentemente ao bispo Mueller para que
ele comente sobre estas afirmações polêmicas, ou para que ele as corrija. A
motivação dessa atitude da Fraternidade não é uma aversão pessoal, mas apenas o
desejo de uma proclamação não adulterada da doutrina.
Como o bispo Mueller, no passado, não escondeu sua atitude
negativa em relação à Fraternidade, a Fraternidade não vê, a princípio, nesta
nomeação um sinal de disposição para discutir seu reconhecimento canônico. Não
obstante, ela espera que o novo Prefeito – acerca das discussões na igreja
universal – possa alcançar uma atitude mais positiva a respeito da FSSPX.
[1]
Na realidade, o corpo e o sangue de Cristo não significam os componentes
materiais da pessoa humana de Jesus durante sua vida ou em sua corporalidade
transfigurada. Aqui, corpo e sangue significam a presença de Cristo nos
símbolos do pão e vinho. ...Temos “agora uma comunhão com Jesus Cristo, mediada
pelo comer o pão e pelo beber o vinho. Mesmo na esfera meramente pessoal, algo
como uma letra pode representar a amizade entre pessoas e mostrar e
corporificar a simpatia do emissor pelo receptor.” Pão e vinho assim apenas se
tornam “símbolos de sua presença salvítica.” (Die Messe: Quelle Christlichen
Lebens, Augsburg: St. Ulrich Verlag: 2002, p. 139).
[2]
Catecismo da Igreja Católica, n. 1375, n.1377.
[3]
Die Messe: Quelle Christlichen Lebens, p. 142.
[4]
Catecismo da Igreja Católica, n. 499, n. 510.
[5]
“Não é tanto acerca das propriedades fisiológicas específicas no processo
natural de nascimento (tal como o canal não ter sido aberto, o hímem não ter
sido rompido, ou a ausência das dores do parto ), mas acerca da influência
curativa e salvítica da graça do Salvador na natureza humana, que foi ferida
pelo Pecado Original. ...não é tanto acerca dos detalhes somáticos fisiológica e
empiricamente verificáveis.” (Katholische
Dogmatik für Studium und Praxis, Freiburg 52003, p. 498.) De fato, a
doutrina tradicional se preocupa precisamente com tais detalhes fisiológicos.
[6]
Pelo que, não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja
católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo,
ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar. (Lumen Gentium, 14.)
Um comentário:
Caro Angueth,
Salve Maria!
Como esperar a plena comunhão da FSSPX com a Santa Sé tendo um Prefeito como esse, logo nessa Congregação tão importante?
Eu acho que as coisas vão acabar desandando para a FSSPX...
Se houvesse a plena comunhão, o pleno retorno, eu gostaria de me aproximar mais da FSSPX, e caminhar com eles. Agora, enquanto tal celeuma é agravada por um fato como esse — um senhor que fez/faz afirmações desse jaez sobre a Fé Católica naquela Congregação — como esperar algo positivo do diálogo entre Roma e FSSPX?
Ad Iesum per Mariam!
Luiz Fernando de Andrada Pacheco
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