13/02/2012

A Evolução e Eu

‘A teoria darwinista se tornou um obstáculo universal para o pensamento ao invés de um facilitador do avanço científico’


Notas do blog: 
1.Este artigo foi traduzido por meu filho Thiago, de quem também são as notas (O pai serviu apenas de revisor). A propósito, ele acaba de formar-se em Ciências Biológicas e não é evolucionista, coisa que se deve, com certeza, à proteção de Nossa Senhora. George Gilder nos deu permissão de traduzir e postar o texto no blog. Ele foi publicado na National Review em 2006 e desde então faço planos para traduzi-lo e publicá-lo. Chegou a hora. Espero que gostem. 
2.Atenção também para os textos de Sidney Silveira, até agora em número de 4 (1, 2, 3 e 4), que discutem a temática da impossibilidade metafísica da evolução e que é uma resposta de Santo Tomás a Darwin. 
3. Outras fontes importantes sobre as falácias do darwinismo são o The Politically Incorrect Guide to Darwinism and Intelligent Design, que é um livro que refuta o darwinismo cientificamente e The Theory of Evolution Judged by Reason and Faith, do Cardeal Ernesto Ruffini, que apresenta refutações racionais e teológicas.
4. Finalmente, há deliciosos artigos de Chesterton sobre o darwinismo e suas contradições e impossibilidades, dos quais dois estão traduzidos aqui no blog: A máscara do agnóstico e Darwinismo e mistério   

O primeiro momento em que algo me pareceu errado na ciência darwinista foi há cerca de 40 anos, quando estava escrevendo uma de minhas primeiras críticas à liberação sexual, Suicídio Sexual (revisado e republicado como Homens e Casamento). Naquele momento, o mundo das publicações estava repleto de títulos como O Macaco Pelado e o Zoológico Humano, de Desmond Morris, e Gênesis Africana, de Robert Ardrey, que apregoavam ou que lascivamente divulgavam a animalidade dos seres humanos. Particularmente impressionante, foi O Animal Imperial, um trabalho darwinista erudito de dois antropólogos, apropriadamente chamados de Lionel Tiger e Robin Fox[2], que forneceu à minha teoria do papel do sexo uma armadura primatológica, largamente baseada no comportamento patriarcal de babuínos-sagrados.

O darwinismo pareceu oferecer a mim e a seus outros devotos masculinos uma ferramenta de visão de longo alcance – semelhante aos óculos de visão Raios-X, infelizmente encontrado apenas nos desenhos animados – para despir as feministas e outras jovens mulheres de hoje das decorativas vestes ludibriantes e das roupas íntimas da ideologia política. Usando esse esquema fanfarrão de aptidão e sobrevivência, da violenta relação predador-presa na natureza, poderíamos revelar nossa nêmeses ideológica como mamíferos nus nas savanas, a ser protegidos e governados por grupos de caça compostos por machos-alpha, bastantes semelhantes a nós.

Entretanto, durante o processo de pesquisa e escrita de Suicídio Sexual, me surpreendi ao descobrir que ambos os lados poderiam brincar de historinhas falaciosas. Em A Descendência da Mulher, Elaine Morgan mostra humanos se ondulando nas marés como macacos-anfíbios, em sua maioria, liderados por fêmeas. Bastou Jane Goodal sussurrar a respeito da cordialidade dos “nossos ancestrais próximos”, os chimpanzés, para impulsionar feministas a alardear pesquisas citando os Bonobos[3] e outros primatas como tendo uma organização matriarcal e sendo frequentemente homossexuais.

Estas guerras sexo-evolucionárias eram, em sua maioria, insolúveis por ser a teoria darwinista, em sua essência, tautológica. Aquele que sobrevive é apto, aquele que é apto sobrevive. Enquanto tais tautologias asseguram a consistência de quaisquer argumentos nelas baseados, elas teriam pequena contribuição para uma análise acerca de que padrões comportamentais e de que ideais e aspirações seriam conducentes com uma boa e produtiva sociedade. Quase que por definição, o darwinismo é uma teoria materialista que bane do cenário aspirações e ideais. Como uma ferramenta universal de reducionismo que diz que tudo aquilo que sobrevive é, de alguma forma, normativo, o darwinismo poderia inspirar praticamente qualquer movimento moderno, da fúria eugênica do Nazismo às Cruzadas feministas de Margaret Sanger e o a Federação de Planejamento Familiar[4].


Enfim, para o bem ou para o mal, meu livro tratava prioritariamente de argumentos sociológicos e antropológicos deixando Darwin de lado.

Voltando-me para a economia, no processo de pesquisa para meu livro de 1981, Riqueza & Pobreza, me defrontei com novos desapontamentos em Darwin e no materialismo. Esqueça-se de Deus – a ciência econômica nega absolutamente o design inteligente ou a criação, mesmo que por seres humanos. Representando o empresário como mero explorador oportuno, arbitrador ou coletor de elementos químicos disponíveis, a teoria econômica não deixou espaço algum para a invenção de bens e serviços radicalmente novos e deixou pouquíssimo espaço para expansão econômica, exceto para “acúmulo de capital” material ou o crescimento populacional. Aceitas largamente eram as visões capitalistas darwinistas cão-come-cão e “competição soma-zero” impelidas pela ganância, onde vencedores consomem perdedores e o melhor que se pode esperar para os pobres são as migalhas que escapam das mandíbulas (ou tabelas de impostos) dos ricos.

Na minha visão, a caricatura soma-zero se adequa muito mais pertinentemente ao socialismo, que sufoca a criação de novas farturas e, portanto, fomenta a competição cão-come-cão por recursos materiais existentes. (Por exemplo, olhe para qualquer lugar do Terceiro Mundo socialista). Eu prefiro a visão do capitalismo de Michael Novak do “sistema centrado na mente”, com a própria palavra derivada do latim caput, que quer dizer cabeça. Expressando o infinito reino de ideias e informações, ele é um domínio de abundâncias em vez de escassez. Desprezando-se ideias soma-zero, economias da oferta surgiram dessa ideia. Estimulando a abundância da criatividade humana, impostos mais baixos podem gerar mais receitas que impostos mais altos e países com menores impostos podem elevar seus gastos governamentais mais rapidamente que os países de impostos mais altos. Assim nações livres podem se dar ao luxo de vencer guerras sem ter de, em primeiro lugar, confiscar recursos de outros. Em última instância, o capitalismo é capaz de superar guerras criando em vez de roubando riqueza – um conceito totalmente alheio ao modelo darwinista.

Depois de Riqueza & Pobreza, concentrei meu trabalho na questão da otimização da criatividade humana pela ciência e tecnologia incorporadas em computadores e sistemas de comunicações. Na fronteira deste campo há uma disciplina chamada teoria da informação. Em grande parte inventada em 1948, por Claude Shannon, do MIT, ela rigorosamente explicava a computação e transmissão digital por códigos zero-um, ou desligado-ligado, chamados “bits”. Shannon definia a informação como bits inesperados, ou “novidades”, e calculava sua passagem por um “canal” por meio de regras logarítmicas elaboradas. Esse canal poderia ser um fio ou qualquer outro caminho definido no espaço ou poderia ser a transferência de informação através de um espaço de tempo como na evolução.

Crucial na teoria da informação era a distinção entre conteúdo e condutor – entre a informação e o veiculo que a transporta. É necessário um portador de baixa entropia (previsível) para conduzir mensagens de alta entropia (imprevisível). Uma folha de papel branca é melhor recipiente para uma nova mensagem que uma folha já coberta por um texto. Em meu livro Telecosmo (2000), mostrei que os transportadores de informações mais previsíveis disponíveis eram as conhecidas ondas do espectro eletromagnético e profetizei que toda a informação digital acabaria por utilizá-las de alguma forma. Quer fosse através do tempo (evolução) quer fosse através do espaço (comunicação), a informação não poderia ser conduzida apenas por processos químicos, pelo fato de que esses processos fundiam ou misturavam o meio à mensagem, deixando o dado ilegível para o destinatário.

Enquanto estudava ciência da computação, aprendi sobre um conceito de uma maquina de computação universal, um computador idealizado, previsto pelo atormentado gênio Alan Turing. (Depois de significativa contribuição ao projeto Enigma, decodificando mensagens alemãs durante a 2ª Guerra Mundial, Turing cometeu suicídio após uma terapia de choque – “tratamento” para sua homossexualidade.) A chamada “máquina de Turing” é um computador idealizado que pode ser criado usando-se qualquer material disponível, de areia a Buckyballs[5], de microchips a palitos de fósforo. Turing deixou claro que a essência de um computador não está em sua estrutura material e sim na arquitetura de ideias.

SUPREMACIA DAS IDÉIAS

Baseado como é em idéias, um computador é intrinsicamente fruto do design inteligente. Cada chip de silicone contém até 700 camadas de produtos químicos aplicados em padrões definidos com uma precisão de nanômetros e depois são integrados a vários outros chips de acordo com uma elaborada arquitetura de fios e chaves todos comandados por uma série de programas criados por seres humanos. Igualmente planejados e programados são todos os computadores que rodam modelos evolutivos e de “vida artificial”, modelos estes centrais para a pesquisa neodarwinista. Em qualquer lugar da máquina e nos “algoritmos genéticos”[6] há impressões digitais de cientistas: “funções de aptidão”[7] e “sequências-alvo”[8]. Estes algoritmos acabam por provar o que almejam refutar: a necessidade de inteligência e de teleologia (alvos) em qualquer processo de criação.

Acabei notando que o computador oferece um obstáculo intransponível para o materialismo darwinista. Em um computador, de acordo com a teoria da informação, o conteúdo é notoriamente independente do material que o contém. Nenhum conhecimento tangível sobre os componentes computacionais é capaz de fornecer qualquer informação a respeito do conteúdo em si de seus cálculos. Na hierarquia comum da causação, esses cálculos refletem o software ou “código original” usado para programar o dispositivo; e como o projeto do computador em si, o software é fruto da inteligência humana.

O insucesso da utilização de teorias puramente físicas para descrever ou explicar a informação reflete o conceito de Shannon de entropia e sua medida para “novidades”. Informação é definida por sua independência de determinações físicas: se é determinada, é previsível, portanto, por definição, não é informação. Mesmo assim, a ciência darwinista parece estar reduzindo toda a natureza a causas materiais.

Ao ponderar essa superstição materialista, a mim tornou-se cada vez mais claro que em todas as ciências que estudei, a informação vem em primeiro lugar, e regula a carne e o mundo, não o contrário. O padrão parecia ecoar uma sabedoria familiar. Poderia ser, me indaguei em um momento de espanto, que o início do Evangelho de São João, No princípio era o Verbo, fosse o dogma central da ciência moderna?

Ao propor esta questão, eu não estava afirmando uma posição religiosa. No momento em que ela me ocorreu, eu ainda era basicamente um intelectual secular. Mas após cerca de 35 anos de escrita e de estudos em ciência e tecnologia, posso agora afirmar o princípio empiricamente. Saliente em praticamente todos os campos técnicos – da teoria quântica e da biologia molecular à ciência da computação e à economia – há uma crescente preocupação com o verbo. Ele toma vários nomes: logos, lógica, bits, bytes, matemática, software, sintaxe, semântica, código, plano, programa, projeto, algoritmo, assim como a ubíqua “informação”. Em todos os casos, a informação é independente de sua encarnação física ou de seu transportador.

Biólogos recorrentemente ofuscam a informação com a capciosa sinédoque do DNA, uma molécula material, e insinuam que a vida é bioquímica em vez de processamento de informações. Mas mesmo aqui, o acido ribonucléico que transporta o verbo não é o verbo em si. Como uma folha em branco ou um chip de memória de um computador, o DNA carrega mensagens, mas sua composição química é irrelevante para o seu conteúdo. As “bases” nucleotídicas[9] do alfabeto formam “palavras” sem qualquer relação com suas ligações com a espinha helicoidal de açucares e fosfatos que as sustentam. As palavras genéticas não são ditadas por sua composição química estrutural, da mesma forma que as palavras do mexe-mexe[10] não são determinadas de acordo com a estrutura química do tabuleiro ou pela força gravitacional que sobre elas atua.

Essa realidade expressa um discernimento-chave do Prêmio Nobel Francis Crick, coautor da descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA. Crick explanou e consagrou o que chamou de o “Dogma Central” da biologia molecular. O Dogma Central mostra que influência pode fluir do arranjo dos nucleotídeos na molécula de DNA para o arranjo de aminoácidos[11] em proteínas, mas não das proteínas para o DNA. Assim como uma folha de papel ou uma série de pontos magnéticos em um disco rígido de um computador ou os domínios elétricos de uma memória de acesso aleatório - ou indubitavelmente todas as ondulações do espectro eletromagnético que carrega informações através do ar ou de fios na telecomunicação – o DNA é um transportador neutro de informações, independente de suas propriedades químicas e físicas. Ao insistir que a mensagem do DNA precede e regula a forma das proteínas, e que proteínas não podem especificar um projeto de DNA, o Dogma Central de Crick involuntariamente recapitula a asserção de São João da primazia do verbo sobre carne.

Ao assumir que a herança é um processo químico, Darwin bateu de frente com o Dogma Central. Ele acreditava que a hereditariedade mesclava as propriedades químicas parentais. Sete anos após a publicação de A Origem de Espécies[12], Gregor Mendel demonstrou que os genes não se combinam como qualquer mistura química. Segundo ordena o Dogma Central e dita a teoria da informação, a programação do DNA é discreta e digital, e sua informação é transferida por meio de carreadores químicos – mas não é especificado por forças químicas. Cada unidade de informação biológica é passada adiante de acordo com um programa digital – um código biológico – que é transcrito e traduzido em aminoácidos.

O MEIO, NÃO A MENSAGEM

Por todo século XX e também no início do XXI, vários cientistas e políticos tem seguido Darwin ao não enxergar o significado do “Dogma Central”. Eles têm suposto que a vida é dominada pela química local em vez de códigos de informação abstratos. Sustentando a hereditariedade de caracteres adquiridos[13], Jean-Baptiste Lamarck, Trofim Lysenko, Aleksandr Oparin, Friedrich Engels, e Josef Stalin, todos desposaram a primazia das proteínas e, portanto, do meio sobre a fundação da genética. Controlando o material humano existente através de seu meio, os lamarckistas acreditavam que o comunismo poderia fundir e criar um novo homem soviético através da química. Dissidentes foram assassinados ou exilados. (Esta amarga história é notoriamente contada no livro definitivo de Hubert Yockey, Teoria da Informação, Evolução, e a Origem da Vida, 2005.)

Por cerca de 45 anos, Barry Commoner, o biólogo marxista americano, se recusou a abandonar o erro soviético. Ele o replicou em um artigo na Harpers’s[14] em 2002, declarando que as proteínas têm de ter vindo primeiro, uma vez que o DNA não pode ser criado sem enzimas proteicas[15]. Aliás, enzimas não podem ser criadas sem um projeto de DNA (ou de RNA); proteínas não possuem estrutura sem a informação que as define. Como Yockey explica, “É matematicamente impossível, não apenas improvável, que a informação seja transferida do alfabeto proteico para o alfabeto do DNA. Isso porque não há códigos para transferir a informação do alfabeto proteico de 20 letras para o alfabeto de 64 códons[16] do DNA”. Vinte letras simplesmente não podem especificar diretamente o conteúdo de 64 códons.

Mas a música continua. Ao exonerar Lawrence Summers, por ter insinuado a possível primazia do código genético sobre as condições ambientais na emersão de tendências científicas, o estimado professorado de Harvard manifestou sua persistente fé na biologia lamarckista e marxista.

Na NASA, cientistas do governo americano cometem um erro análogo ao procurar continuamente por traços de proteínas como evidência de vida em outros planetas. Sem uma hierarquia de programação informativa, proteínas não passam de substância, incapazes de produzir vida. O Dogma Central condena a busca da NASA por proteínas nos planetas a ser o que podemos chamar de “caça ao ganso selvagem”. Como São João insinua, a vida é definida pela presença e precedência do Verbo: códigos informativos.

Comecei meu livro de 1989 sobre microchips, Microcosmo: A Era Quântica na Economia e na Tecnologia, citando o físico Max Planck, o descobridor do quantum, a respeito da resistência à sua teoria por parte da comunidade científica – a cúpula científica de qualquer período, que apelidei de Painel de Pares. Qualquer que seja o seu nome, eles definem o “consenso” de ciência respeitável. No início do século XX, diz Plank, eles empacaram diante da conversa acerca do “passo enorme saindo do ‘visível e diretamente controlável’ para a esfera do invisível, do macrocosmo para o microcosmo.” Mas ao entrar no “microcosmo” do invisível mundo atômico, toda a ciência física foi transformada. Quando veio à tona, no início do século XX, que o átomo não era uma “partícula maciça e indivisível” como havia imaginado Isaac Newton, e sim um complexo palco de informação quântica, a física clássica de Newton começou a ruir inexoravelmente. Estamos agora em um momento similar na historia da ciência da vida. O equivalente ao átomo na física é a célula na biologia. No começo do século XXI, constata-se que a célula biológica não é um “simples torrão protoplasmático[17]” como se acreditava, mas sim um processador microcósmico de informação e sintetizador de proteínas com a velocidade de supercomputadores. Como resultado, a ruína é também o destino da bem estabelecida biologia materialista de Darwin.

Não há teoria evolucionária que alcance o sucesso sem confrontar a célula com o verbo. Em cada uma das cerca de 300 trilhões de células de qualquer corpo humano, as palavras da vida (o verbo) flui quase impecavelmente através de nossa carne e sistema nervoso a uma velocidade que humilha a da transferência de dados de todos os supercomputadores do mundo. Por exemplo, apenas para agregar cerca de 500 aminoácidos a cada uma das trilhões de moléculas complexas de hemoglobina, responsáveis pelo transporte do oxigênio dos pulmões para os tecidos corporais, são necessários um total de cerca de 250 peta operações por segundo. (A palavra “peta” se refere a um número multiplicado por dez a 15ª potência – portanto, esse ínfimo processo requer 250x1015 operações.)

Ao interpretar o DNA e traduzi-lo por meio de um código compreensível às moléculas físicas, as células funcionam coletivamente a quase sem vezes a velocidade de processamento do supercomputador de ponta da IBM, o Blue Gene/L. Esse processamento de informação em um corpo humano para execução de apenas uma função excede em cerca de 25% o total do poder de processamento de todos os 200 milhões de computadores pessoais no período de um ano.

Mesmo assim, confinados como são a funcionalidades informativas, os modelos computacionais travam após realizarem os passos iniciais da decodificação do DNA e da conversão digital-analógica da informação. Esses modelos não começam a executar as outras façanhas da célula, começando pela síntese de moléculas proteicas a partir de códigos, passando então para a extraordinariamente acurada conformação dessas proteínas em arranjos precisos para que se encaixem em sistemas funcionais. Esse processo de síntese e plectics[18] de proteínas não podem, mesmo em princípio, ser modelados em computadores. Todavia são essenciais à tradução da informação em termos de vida.

O VERBO SE INQUIETA

No interior do Painel de Pares, a emergência da célula como um supercomputador desencadeou uma onda consternação, geralmente não citada. O próprio Crick, no final das contas, chegou à teoria da “panspermia” – em que ele especulou que a vida tenha sido trazida à Terra de outras galáxias, ou seja, delegou o problema acerca da criação a domínios além de nosso alcance. Pressentindo uma crise em sua, até então, exclusiva filosofia materialista, o neodarwiniano Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, cunhou o termo “meme”[19] para incorporar a informação na biologia, descrevendo as ideias sendo submetidas ao processo darwiniano de sobrevivência do mais apto. Mas ao final, os “memes” de Dawkins são mera brisa na superfície de uma tempestade puramente química, reflexos imaginários da realidade material, em vez de um nível dominante de informação. A língua ainda agita a mente.

Estes estratagemas podem ser resumidos como um esforço para subjugar o verbo reduzindo-o a uma função física, caprichosamente reduzindo-o a uma contorção da faringe causada por um disparo de sinapses que se segue uma emanação mimética de matéria de um fluxo aleatório de quanta que agita átomos físicos. Como os tigres rodopiantes da história infantil[20], as recursivas idas e vindas de nomes para o Verbo perseguem suas caudas ao redor da árvore da vida até restar, ao pé desta árvore, apenas uma poça disforme, do que C. S. Lewis chama de nothing buttery.[21]

Nothing buttery foi a forma com que Lewis resumiu a postura dos cientistas que declaravam que a “vida” ou o cérebro ou o universo é nada mais que uma questão de movimento. Como a famosa asserção de Marvin Minsky, do MIT, “O cérebro nada mais é que uma ‘máquina de carne.’” Em DNA (2003), o colaborador de Crick James Watson, teimosamente insistiu que a descoberta do DNA “provava” que a vida nada mais é que “mera química e física”. Isso é uma epistemologia pueril, restrita ao que os tecnólogos chamam de “camada física”, que é a camada mais inferior das sete camadas da abstração na tecnologia da informação, com chips de silicone e fibra de sílica na base e programas e conteúdo no topo.

No entanto, após cerca de 100 anos de tentativas de nivelamento filosófico, verifica-se que o universo é teimosamente hierárquico. É uma “hierarquia aninhada” decrescente e, que os níveis superiores comandam mais extensões de liberdade que os níveis que lhes são inferiores, sendo estes usados e restringidos por aqueles. Portanto, os níveis superiores não podem eclipsar os níveis inferiores ou ser reduzidos a eles. Confrontada a cada passo ao longo das ciências redutoras, essa percepção é agora inexorável. Sabemos que nenhum acúmulo de conhecimento em química e física irá render sequer um mínimo conhecimento acerca das origens da vida, ou dos processos computacionais, ou das fontes da consciência ou da natureza da inteligência, ou das causas do crescimento econômico. Como destacou, em 1961, o célebre químico Michael Polanyi, todos esses campos dependem de processos químicos ou físicos, mas não são por eles definidos. Considerando hierarquias superiores, macrossistemas biológicos como cérebros, mentes, seres humanos, negócios, sociedades e economias consistem de agentes inteligentes que controlam leis químicas e físicas para propósitos mais elevados, mas que não são redutíveis a entidades inferiores ou por elas explicadas.

O materialismo, geralmente, e o reducionismo darwiniano, especificamente, compreendem pensamentos que negam o pensar, contradizendo-se. Como escreveu o biólogo inglês J. B. S. Haldane, em 1927, “Se os processos de minha mente são inteiramente determinados pelo movimento de átomos em meu cérebro, não tenho razões para acreditar que minhas crenças são verdadeiras... e, consequentemente, não tenho razões para acreditar que meu cérebro é composto por átomos.” O Prêmio Nobel e biólogo Max Delbrück (cuja formação é em física) descreveu essa contradição, em um divertido epigrama, quando disse que o esforço dos neurocientistas para descrever o cérebro como mera carne ou matéria “lembra-me, mais que tudo, da tentativa de Baron Munchausen de se salvar de um pântano, puxando seus próprios cabelos.”

Análogo a tais canônicas afirmações auto-contraditórias, tais como Os cretenses dizem que todos cretenses são mentirosos, o paradoxo da mente auto-contraditória tende a invalidar todo e qualquer campo do conhecimento e da arte a que toca e ameaça reduzir essa gloriosa era tecnológica a uma idade das trevas cientificista e, seguindo seu rastro, a um niilismo artístico e filosófico.

Tudo bem, tenha um ataque de cólera. Atire a revista longe. Diga que sou um charlatão traiçoeiro da “discussão criacionista” ou, que Deus me proteja, do “design inteligente”. “No princípio era o Verbo” é uma passagem mística de um livro proibido, a Bíblia, que não é um texto científico. Do nosso lado, refutando tais argumentos, está John E. Jones III, no interior da Pensilvânia, o crédulo juiz federal que há pouco tempo fez uma obsequiosa apresentação ao Painel de Pares, com uma tentativa de refutação daquilo que tem sido chamado de “design inteligente.”

Mas design inteligente é uma mera forma de se confirmar um cosmos hierárquico. Os escritos dos expoentes líderes do conceito, tais como os formidáveis intelectuais Stephen Meyer e William Dembski (ambos do Instituto Discovery), se mantêm firmes e imunes a qualquer suposição que a inteligência notoriamente presente no universo é necessariamente sobrenatural. A inteligência dos seres humanos oferece uma “prova existencial” da possibilidade de inteligência e criatividade completamente naturais. A ideia de que não haja outro tipo de inteligência em qualquer outra forma no universo é certamente menos plausível que a ideia de que a inteligência é parte do mundo natural e surge em diversas formas diferentes. O pioneiro da computação quântica, e físico da MIT, Seth Lloyde acaba de publicar um brilhante livro, intitulado Programando o Universo, que enxerga inteligência em todos os lugares, emergindo de processos quânticos em si – o universo como um computador quântico. Lloyd evitaria veementemente qualquer noção de design inteligente, mas ele postula o universo como abarrotado de funções computacionais. Não é de todo injusto descrever essa onipresença da inteligência como sendo uma força divina permeando o cosmos. Deus se torna o psi, a “função quântica de onda” do universo.

Todo explorador nas fronteiras da natureza tem, no final das contas, de confrontar-se com a futilidade do banimento da fé do campo científico. Da física e neurociência à psicologia e sociologia, da matemática à economia, toda crença cientifica combina fé e fatos em uma inextricável trama. Escalando a hierarquia epistêmica, todos os que buscam a verdade atingem necessariamente um ponto em que não podem provar sua mais crucial hipótese.

IRREDUTÍVEL

A própria hipótese hierárquica, no entanto, pode ser provada. Kurt Gödel talvez o mais importante matemático do século XX, e colega íntimo de Einstein, chegou a tal prova em 1931. Ele demonstrou que, em essência, todo sistema lógico, inclusive a matemática, é dependente de premissas que não pode provar e que não podem ser demonstradas através do próprio sistema, ou ser reduzida a ele. Refutando as confiantes alegações de Bertrand Russell, de Alfred North Whitehead e de David Hilbert de que seria possível submeter toda matemática a um desvelar mecânico das regras da lógica simbólica, a prova de Gödel foi um clímax do pensamento moderno.

Esta saga de descobertas matemáticas está maravilhosamente exposta na serie magistral de livros e artigos de David Berlinski, destacando sua autobiografia intelectual O Dano Negro (1986), O Advento do Algoritmo (2000) e Ascensão Infinita: Uma Breve História da Matematica (2005). Após contemplar as aporias da teoria dos números em O Dano Negro, ele conclui “É concepção nobre de nossa cultura científica que, mais cedo ou mais tarde, tudo poderá ser explicado: AIDS e os problemas da astrofísica, o ciclo de vida dos caracóis e a origem do universo, o vir a ser e o falecimento... . Todavia, ainda é também possível que, de tão ricas em informação, vastas seções de nossa experiência fiquem para sempre fora do escopo da teoria, permanecendo simplesmente o que realmente são: únicas, inefáveis, irresumíveis, irredutíveis.” E a irredutibilidade dos axiomas matemáticos traduz diretamente uma irredutibilidade similar da física. Como diz Caver Mead, físico e engenheiro do Caltech, que foi a força motriz das tecnologias do Vale do Silício por três gerações: “O modelo mais simples da galáxia é a própria galáxia.”

A irredutibilidade toma varias formas e gera muita confusão. Michael Behe, autor do clássico A Caixa Preta de Darwin (1996), mostra que uma miríade de fenômenos em biologia, tais como o flagelo da bactéria e a cascada da coagulação sanguínea, são “irredutivelmente complexos” no sentido de que eles não funcionam a não ser que todos os seus componentes estejam presentes. É um sistema tudo-ou-nada, incompatível com uma teoria da mutação evolucionária lenta, passo-a-passo. A alegação de Behe a respeito da “complexidade irredutível” é notoriamente verdadeira, mas ela desloca o debate para um lamaçal de biologia empírica, em busca de formas transicionais da mesma forma como o fazem paleontólogos em busca de fosseis transicionais. Nada de definitivo é encontrado, mas há sempre moléculas de fumaça suficientes ou intrigantes torrões de excremento petrificados ou sugestivos estilhaços ósseos ou capsulas de gases interessantes para persuadir o crédulo juiz ou professor de que em algum lugar havia um bando de dragões voadores ou um rotaxano[22] molecular giratório perfeito.

Entretanto, o matemático Gregory Chaitin, mostrou que a biologia é irredutivelmente complexa em um nível mais fundamental: as leis da física e da química contém infinitamente menos informação que um fenômeno biológico. A teoria algorítmica da informação de Chaitin demonstra não que os aparatos biológicos separadamente são irredutivelmente complexos, mas que toda a biologia, como um campo, é irredutivelmente complexa. Ela está acima da Física e da Química na escala epistemológica e não pode ser resumida sobre as leis físicas e químicas. Ela amarra a química e a física para seu próprio intento. Como coloca o químico, e colaborador de Linus Pauling por 15 anos, Arthur Robinson: “Usar física e química para modelar a biologia é o mesmo que usar blocos de lego para modelar o World Trade Center.” O instrumento é simplesmente demasiado rude.

A ciência ganhou sua autoridade devido ao sucesso da tecnologia. Quando Daniel Dennett, da Universidade de Tufts, quer nos oferecer provas irracionais da supremacia da ciência, ele escreve: “Ainda hei de conhecer um crítico da ciência pós-moderna que tenha medo de voar em um avião por não confiar nos cálculos de milhares de engenheiros aeronáuticos e físicos que demonstraram e que tiraram o melhor proveito dos princípios do vôo.” Dennett está correto. A ciência real é prática e demonstrável, seguindo a inspiração de Michael Faraday, Heinrich Hertz, Thomas Edison, William Shockley, Robert Noyce, Charles Townes, e de Charles Kao – aqueles que construíram as máquinas da era moderna. Se você é capaz de construir algo, você é capaz de entendê-lo.

O Painel de Pares, contudo, está se distanciando dessas fundações tecnológicas, em que é preciso demonstrar o que se inventa – e agora almeja roubar a função dos filósofos e teólogos. Quando o físico da Universidade de Oxford, David Deutsch, ou a matéria de capa da Scientific American afirma a existência de infinitos universos paralelos, eles transgridem muito os limites da ciência, penetrando no domínio de uma filosofia insanamente especulativa. O esforço para explicar os milagres deste nosso universo, postulando uma infinidade de outros universos, é, talvez, o mais idiota estratagema na historia da ciência.

Os críticos de Darwin às vezes são acusados de confundir materialismo metodológico com materialismo filosófico, mas isso é, na verdade, um erro recorrente dos defensores de Darwin. A própria teoria dos múltiplos universos é baseada em um aparato metodológico inventado por Richard Feynman, que “concretiza” a matemática e a vê como uma realidade física. (É um caso do que Whitehead chama de “a falácia da concretude inapropriada.”) Feynman propôs o mapeamento da trajetória do elétron supondo que o mesmo se movia por todas as rotas possíveis, para então calcular os padrões de interferência resultantes em suas funções de onda. Esse método foi um grande sucesso. Mas apesar de passear enquanto jovem pela teoria dos multi-universos, Feynman, em seu auge, era perspicaz demais para sugerir que o elétron realmente se movia por todas as trajetórias possíveis, muito menos para aceitar a teoria de que essas trajetórias se combinam e formam todo um universo independente.

Embora sob a pressão do nothing buttery, cientistas tentaram explicar a refinada hierarquia da vida e do conhecimento através apenas do limitado funcionamento da física e da química. A teoria da informação mostra que isso é impossível, se há apenas um universo e uma Terra que existia há 400 milhões de anos antes do surgimento da primeira célula. Mas se há um número infinito de universos, todos tentando a sorte, absolutamente qualquer coisa é possível. Os Pares, valendo-se da habilidade de um prestidigitador, embaralham os cosmos e se colocam, segundo o “princípio antrópico”, em um universo privilegiado onde a vida prevalece em termos darwinistas. Os Pares salvam as mutações aleatórias do nothing buttery transformando toda a ciência em algo arbitrário e estocástico.

A ciência ainda fica muito aquém de fornecer explicações satisfatórias de diversos fenômenos cruciais, como a consciência humana, o Big Bang, o entrelaçamento quântico superluminal dos fótons ao longo de distancias astronômicas e até mesmo a bioenergética do cérebro da mosca ao evitar uma raquete de matar moscas. Quanto mais aprendemos sobre o universo, mais se abrem os horizontes dos mistérios. A pretensão da evolução darwinista em ser uma teoria completa da vida é uma grande alienação dos limites e da linguagem, do rigor e da grandeza das reais descobertas cientificas. O físico e Premio Nobel, Robert Laughlin, da Universidade de Stanford, afirma: “A teoria darwinista se tornou um obstáculo universal para o pensamento, ao invés de um facilitador do avanço científico.”

No século XXI, o verbo – qualquer que seja o sentido – é primordial. Assim como o Dogma Central de Crick proclama a precedência do DNA sobre a proteína, o verbo em si não é, contudo, o ápice da hierarquia. Em todos os lugares que encontramos informação, essa informação não surgiu de um fluxo aleatório ou de uma sopa pré-biótica. Ela vem da mente. Analisando-se a hierarquia além da palavra, o dogma central do design inteligente postula que o verbo seja subordinado à mente. Uma mente pode gerar e conceder significado ao verbo, mas o verbo por si só não pode gerar uma mente ou inteligência.

Revida o biólogo molecular: certamente a informação no DNA gera mentes o tempo todo, quando dá as instruções para a organização dos aminoácidos para a formação das células do cérebro. Aqui, contudo, intercede o dogma central da teoria do design inteligente, que barra todas as proteínas “mágicas” que se transformam em informação, todos os “arrogantes” átomos transfigurados em bits, todos os “milagres” da contra-corrente. O DNA pode informar a criação de um cérebro, mas um cérebro, sendo um conjunto de proteínas, não é capaz de gerar a informação contida no DNA. Onde quer que haja informação, há uma inteligência precedente.

No alvorecer da teoria da informação, em 1948, o ciberneticista do MIT e rival de Shannon, Norbert Weiner, definiu a nova crise do materialismo: “O cérebro mecânico não secreta pensamentos ‘como o faz o fígado com a bile,’ como alegavam os antigos materialistas, nem os libera sob a forma de energia, como fazem os músculos durante sua atividade. Informação é informação, não matéria, nem energia. Nenhum materialismo que admita isso consegue sobreviver nos dias de hoje.”

Essa limitação dos “homens de Munchausen” – a superstição materialista – é uma dura verdade, mas verdade, apesar de tudo. As hierarquias da vida não param no verbo, ou no cérebro. O universo do conhecimento não se encerra em um ponto molecular. Ele se abre infinitamente em todas as direções. Superiores ao verbo são ainda a mente e o significado, a vontade e o caminho. As pessoas inteligentes curvam-se diante dessa forca maior, que ainda permanece inexoravelmente além do alcance da ciência.

Ao longo da historia do pensamento humano, tem sido conveniente e inspirador designar o ápice da hierarquia como Deus. Enquanto não é necessário à ciência o uso deste termo, é importante para ciência compreender a realidade hierárquica que ele significa. Transcendendo sua armadilha materialista, a ciência precisa olhar para além da turbidez crescente de seu poço darwinista e lançar sua imaginação em direção ao verbo e à sua fonte: ideia e significado, mente e mistério, vontade e caminho. Ela precisa evitar o reducionismo – exceto como uma ferramenta metodológica – e adotar uma imaginação aspiracional. Mesmo que esse novo alvo pareça, no primeiro momento, ofuscante, é essencialmente redentor, pois é o único caminho para que a ciência possa sequer esperar resolver os problemas que lhe oferecem um grandioso desafio, como a gravidade, o entrelaçamento quântico, a computação quântica, o tempo, o espaço, a massa, e a mente. Aceitando a hierarquia, o explorador embarca em uma aventura que o leva a um entendimento ainda mais profundo da vida e da consciência, do cosmos e da criação.

[1] Editor do Gilder Technology Report, presidente da Gilder Publishing LLC, fellow do Discover Institute.
[2] Lionel remete ao Leão e Tiger, ao Tigre; Robin, a uma espécie de Sabiá americano e Fox, à Raposa.
[3] Bonobo (Pan paniscus): o outro integrante do gênero Pan, o mesmo dos chimpanzés (Pan troglodytes).
[4] Sobre Margaret Sanger e a Federação de Planejamento Familiar ver Margaret Sanger: o mal encarnado.
[5] Molécula esférica de Fulereno de fórmula C60. É a terceira forma alotrópica mais estável do carbono, atrás do diamante e do grafite.
[6] Algoritmos pertencentes a classe maior dos Algoritmos Evolutivos que através da heurística buscam mimetizar processos evolutivos “naturais”, como hereditariedade, mutação, seleção.
[7] Representação matemática utilizada principalmente na Genética para construção de modelos cromossômicos.
[8] Sequências específicas do código genético.
[9] Unidades elementares do código genético. São cinco bases quimicamente diferentes, as famosas letras do DNA (A, C, G, T) e RNA (A, C, G, U).
[10] Jogo cujo objetivo e formar palavras com pequenas peças de madeira, que representam as letras do alfabeto, dispostas sobre um tabuleiro; os pontos são contados de acordo com o número de peças utilizadas e a posição das palavras no tabuleiro.
[11] Grupo de apenas 20 moléculas orgânicas (codificadas pelo DNA ou RNA), todas composta por um grupo amina e por um grupo carboxila, e por uma cadeia de hidrocarbonetos que as diferencia. São as formas elementares componentes das proteínas.
[12] Tradução literal, e correta, de The Origin of Species.
[13] Lei do uso e desuso. Caracteres não vinculados ao código genético, impostos pelo meio ao ser. Ex: cicatrizes, fraturas, certas hipertrofias e atrofias.
[14] Revista mensal esquerdista, que trata de literatura, política, cultura, finanças e artes.
[15] Trata-se provavelmente de uma enfatização, uma vez que enzimas são sempre proteicas.
[16] Sequência de três bases nitrogenadas do RNA mensageiro que codifica um determinado aminoácido, ou que indica início ou fim da tradução deste RNA em proteína.
[17] Conteúdo celular envolto pela membrana celular. Citoplasma.
[18] Nome sugerido por Murray Gell-Mann para a ciência da simplicidade e da complexidade e também das propriedades dos sistemas adaptativos complexos.
[19]Utilizado por seu criador para referir-se a ideias e fenômenos culturais, como moda, música, tecnologia. Abreviação de mimeme (do grego antigo) que remete a “imitar” ou a “imitação”.
[20] História infantil em que um menino negro indiano, chamado Pequeno e Preto Sambo, ganha de sua mãe uma camisa, uma calça, um par de sapatos e um guarda-chuva, todos novos, e sai para passear na floresta todo bem vestido. Em sua caminhada, ele se depara, em diferentes momentos, com quatro tigres que ameaçam lhe devorar. Para fugir de tal destino, o menino dá para cada um dos tigres um dos presentes que sua mãe lhe dera e cada um deles fica satisfeito e proclama ser o tigre mais poderoso da selva devido à nova aquisição. Após perder tudo, o menino encontra os quatro tigres, mais adiante, de baixo de uma palmeira, discutindo qual deles era o mais poderoso. A discussão se torna tão intensa que todos jogam de lado o que haviam tomado de Sambo e mordem a cauda uns dos outros, formando um círculo em volta da palmeira e começam a correr, sem dar a mínima ao fato de o pequeno Sambo estar recuperando seus presentes. Os tigres correm tanto que acabam derretendo e virando manteiga.
[21] C. S. Lewis cunhou o termo nothing buttery, como sinônimo para reducionismo ganancioso (apesar de tê-lo usado especificamente para atacar o reducionismo materialista). O termo se refere à tendência de se dizer que algo não é “nada mais que” outra coisa (como em, ‘A Mona Lisa não é nada mais que um borra de tinta sobre uma tela’), sem se ter o conhecimento de que a visão geral da coisa pode ser mais grandiosa que a soma de suas partes.

2 comentários:

:) disse...

Muito bom, gostei.

Lúcio disse...

Excelente

Lúcio