Recebo de um amigo a seguinte afirmação do Papa Francisco,
tirada do discurso do Papa aos dirigentes do CELAM (discurso que não li):
4. Algumas tentações
contra o discipulado missionário:
d) A proposta pelagiana. Aparece fundamentalmente sob a forma de
restauracionismo. Perante os males da Igreja, busca-se uma solução apenas na
disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo
culturalmente, não possuem capacidade significativa. Na América Latina, costuma
verificar-se em pequenos grupos, em algumas novas Congregações Religiosas, em
tendências para a “segurança” doutrinal ou disciplinar. Fundamentalmente é
estática, embora possa prometer uma dinâmica para dentro: regride. Procura
“recuperar” o passado perdido.
Pelágio, herege do século V, combatido ferozmente por Santo
Agostinho, afirmava que (ver Enciclopédia Católica):
1. Mesmo que Adão não tivesse pecado, ele teria morrido.
2. O pecado de Adão atingiu só a si mesmo, não a raça
humana.
3. Recém nascidos estão na mesma situação em que estava Adão
antes de sua queda.
4. A raça humana não morre pelo pecado ou morte de Adão, nem
ressurge pela Ressurreição de Cristo.
5. A Lei Mosaica é tão bom guia para o Céu quanto os
Evangelhos.
6. Mesmo antes do Advento de Cristo existiram homens sem
pecado.
Ou seja, Pelágio negava as consequências da Queda de Adão e,
portanto, a obra de Redenção operada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Como relacionar tais coisas com a questão do discipulado
missionário e o tal “restauracionismo” é um mistério para mim.
Contudo, há coisas nestas poucas frases que preocupam, pelos
seus possíveis desdobramentos, um dos quais (será?), gravíssimo, é o caso
dos Franciscanos da Imaculada. Seria este o caso de “novas Congregações
Religiosas” com “tendências para a ‘segurança’ doutrinal ou disciplinar”?
Estaria aí a razão pela proibição da celebração da Missa Tridentina, que seria
um “restauracionismo”, uma “forma superada, que mesmo culturalmente, não possui
capacidade significativa”?
Ademais, nada há de mais desastroso para o discipulado
missionário que o ecumenismo pós-CVII. Ora, se todas as religiões são iguais,
ou quase iguais, porque empreender missões? Veja a seguinte afirmação de JPII
(sim, aquele que será provavelmente canonizado em breve!) e me diga quem se
aventurará a converter alguém ao catolicismo?: “A recente Assembleia (Sínodo dos bispos da Europa) foi caracterizada
pela presença de delegações de diversas Confissões cristãs que, sobre um pé de
igualdade, tomaram parte nos trabalhos. Os encontros, os colóquios e as orações comuns – eu queria lembrar em
particular a liturgia ecumênica que
se desenrolou na basílica vaticana de sete de dezembro – pôs em relevo a
necessidade de prosseguir o diálogo ecumênico, na procura da unidade e da comunhão. (...)” (Negritos meus.) [João
Paulo II: Discurso aos cardeais e a Cúria romana de 23 de dezembro de 199l, Documentation catholique 2043 de 3 de
fevereiro de 1992.]
Ou seja, Papa Francisco, a tentação mais danosa ao
discipulado missionário é o ecumenismo pós-CVII.
5 comentários:
Estimado prof. Angueth,
Salve Maria!
Também não vejo relação na frase do Papa Francisco. Aliás, o Papa se mostrou contraditório, infelizmente. Afirmou a necessidade de escolhas definitivas na vida, mas na entrevista feita no avião disse ser favorável a um estudo sobre os casais em segunda união; falou para não fazermos da fé um "suco" mas disse que não importa a crença, desde que alivie o sofrimento do irmão. Por fim, afirmou também que o jovem que não protesta não o agrada, mas não afirmou nenhum dogma da Igreja em seus discursos, especialmente em relação ao aborto.
Rezemos pelo Papa e peçamos a intercessão de São Francisco, que foi tão fiel à Fé.
Cordialmente,
Gustavo Silveira.
Toda vez que ouço a palavra "ecumenismo" sinto um frio na espinha. Parece que a Igreja Católica, e mesmo nós, leigos católicos, não percebemos a força da nossa fé.
Robson di Cola
Professor, eu recomendo esse sermão publicado no rorate caeli.
http://rorate-caeli.blogspot.com/2013/08/confused-how-traditional-catholics-can.html
Pedro
Prezado Prof. Angueth
Tomei conhecimento do seu admirável trabalho desde que tomei conhecimento da tradução do magistral livro "Hereges" de Chesterton.
E aproveito este artigo para deixar registrada minha preocupação com os rumos da Igreja neste mundo, principalmente agora com Francisco I. Tudo o que ele vem fazendo (e deixando de fazer), suas declarações, no mínimo, confusas (aliás, mais uma vez referenciadas no primeiro comentário deste texto) apontam, infelizmente, para um caminho nada bom....
Neste contexto, aproveito para sugerir o vídeo “Quem é o Papa Francisco" - http://www.youtube.com/watch?v=J1fac0sbgU0&feature=youtu.be - de Carlos Reis.
Devemos rezar pelo Papa, com certeza, e pensarmos também no que pode ser feito em relação a esta situação.
Atenciosamente
Fernandes
Prezado Angueth, se esta afirmação do Papa Francisco você considerou misteriosa, veja esta em que ele diz que os fiéis devem ajudar necessitados, não convertê-los:
http://oglobo.globo.com/mundo/papa-diz-que-fieis-devem-ajudar-necessitados-nao-converte-los-9398188#ixzz2bP9l1rtu
Parece que o tempo da apostasia chegou. Rezemos muito.
Postar um comentário