1. Significação deste
Tempo. Com o Domingo da Paixão, iniciamos a terceira fase da preparação
para a Páscoa. A Igreja concentra toda a sua atenção no Senhor que padece, e O
acompanha em seu caminho de dores, que, pelo ódio e pelas hostilidades dos
judeus, conduz até o Calvário. Assistimos ao conflito entre o Salvador e os
seus inimigos que Lhe recusam acolhimento. O ódio destes já não procura
dissimular-se e, cada vez mais crescente, prorrompe em grosseiras injúrias
contra Aquele que, qual bom Samaritano, vai curar-lhes as feridas e libertá-los
da morte eterna. O Salvador, às injúrias que Lhe fazem, chamando-O de sedutor,
blasfemo, possesso do demônio, responde com toda a calma. Ele bem sabe porque
assim o fazem. É vontade de seu Pai que Ele sofra por aqueles que assim O
perseguem. Na realização de seus desígnios os adversários do Cristo são apenas
instrumentos de que Deus se utiliza para a execução de seus eternos decretos. Sobre
o Madeiro da Cruz, Jesus alcança a vitória final (Prefácio da Santa Cruz).
2. Nossos sentimentos
durante este Tempo. Embora Deus, Jesus Cristo sofreu todas as atrocidades
das dores físicas e morais. A natureza humana padece, geme, procura a salvação.
Neste sentido a Igreja compreende os Cânticos das Missas destes quinze dias. E
nós, com toda a confiança que temos na vitória final, não deixamos de
abismar-nos nas dores de nosso Salvador. Aumente em nós a dor por nossos
pecados que Lhe custaram tantos padecimentos. Aumente em nós o amor por nosso Jesus
que tanto sofreu por todos os homens!
3. Particularidades deste
Tempo. Para bem demonstrar a sua compaixão pelo Esposo, a Igreja omite
nestes dias todas as demonstrações de alegria. . Não se diz o salmo Judica, ao pé do altar, nem o Glória Patri. São veladas nas igrejas as
imagens e os próprios Crucifixos, em sinal de tristeza. Desaparecem, quase por
completo, nestes dias, as referências aos catecúmenos e às igrejas estacionais.
A Igreja quer que nos concentremos o mais intensamente possível sobre a Paixão
de Jesus e gravemos profundamente em nossas almas o Mistério de nossa Redenção.
In Missal Quotidiano,
D. Beda Keckeisen, O.S.B., Tipografia Beneditina, LTDA, Bahia, junho de 1957.
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