02/03/2013

Leitor pergunta: quando um Santo intercede por nós, a graça passa pela Santíssima Mãe de Deus?

O leitor Ricardo pergunta, em comentário ao post Leitor inexperiente se confunde sobre São Luiz e Pe. Faber, o seguinte

Não entendo quando grandes santos dizem que TODAS as graças de Deus passam por Maria. Se me dissessem que A MAIORIA passa, eu entenderia mais facilmente. Mas, prof. Angueth, quando um Santo intercede por nós, mesmo assim a graça passa pela Santíssima Mãe de Deus?

A resposta à sua pergunta, Ricardo, é SIM. Vou deixar que Pe. Adolph de Tanquerey lhe responda, no seu extraordinário Compêndio de Teologia Ascética e Mística. 

“161. Há muito que São Bernardo formulou esta doutrina no texto tão conhecido: "Sic est voluntas ejus qui totum nos habere voluit per Mariam" Importa determinar-lhe com precisão o sentido. É certo que Maria nos deu, duma maneira mediata, todas as graças, dando-nos Jesus, autor e causa meritória da graça. Mas, além disso, conforme o ensino, de dia para dia, mais comum, não há uma só graça, concedida aos homens, que não venha imediatamente de Maria, isto é, sem a sua intercessão. Trata-se, pois, aqui duma mediação imediata, universal, mas subordinada à de Jesus.
 
“162. Para determinarmos com mais precisão esta doutrina, digamos com o P. de la Broise que "a ordem presente dos decretos divinos quer que todo o benefício sobrenatural concedido ao mundo seja outorgado com o concurso de três vontades, e que nenhum o seja de outra forma. É, em primeiro lugar, a vontade de Deus, que confere todas as graças; depois, a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, mediador, que as merece e obtém com todo o rigor de justiça, por Si mesmo; enfim, a vontade de Maria, mediadora secundária, que as merece e obtém com toda a conveniência, por Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta mediação é imediata, neste sentido que, para cada graça concedida por Deus, Maria intervém pelos seus méritos passados ou pelas suas orações atuais; isto, porém, não implica necessariamente que a pessoa que recebe estas graças deva implorar o socorro de Maria, a qual bem pode intervir, sem que ninguém lho peça. Esta mediação universal, estendendo-se a todas as graças concedidas aos homens desde a queda de Adão; fica, porém, subordinada à mediação de Jesus, neste sentido que Maria não pode merecer ou obter graças senão pelo seu divino Filho; e, assim, a mediação de Maria não faz mais que realçar o valor e fecundidade da mediação de Jesus Cristo. 
 
“Esta doutrina acaba de ser confirmada pelo Ofício e Missa próprios em honra de Maria Mediadora, concedidos pelo Papa Bento XV às igrejas da Bélgica e a todas as da Cristandade que os pedirem. É, pois, doutrina segura, que podemos utilizar na prática e que não pode deixar de nos inspirar grande confiança em Maria.” 

Note que a Mediação Universal de Maria é “doutrina segura” e todos esperavam que se transformasse em dogma, ou durante o Concílio Vaticano II ou logo após seu encerramento. Mas os Padres do Concílio resolveram dar um golpe em Maria.

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