Pe. Faber
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Perfeito amor a Jesus
e Maria
Oh! quão solene e avassalador é o pensamento daquela região sagrada,
daquele reino de dor. Não há choro, não há murmúrio; tudo é silente, silente
como Jesus ante seus inimigos. Nunca saberemos o quanto amamos realmente Maria
até que a olhemos daquelas profundezas, daquele vale repleto do temível e
misterioso fogo. Ó bela região da Igreja de Deus! Ó amada hoste do rebanho de
Maria! Que incrível cena é apresentada a nossos olhos quando contemplamos
aquele consagrado império de impecabilidade, e mesmo assim do mais agudo
sofrimento. Há a beleza daquelas almas imaculadas, e ademais há o encanto e a
reverência de sua paciência, a majestade de seus dons, a dignidade de seus
solenes e castos sofrimentos, a eloquência de seu silêncio; o luar do trono de
Maria iluminando aquela região de dor e indizível expectativa; os anjos de asas
prateadas viajando através das profundezas daquele reino misterioso; e acima de
tudo, aquela invisível Face de Jesus, que é tão bem lembrada que parece quase
visível! Que pureza imaculada de louvor existe aqui nessa liturgia de sagrada
dor! Ó mundo, ó fatigado, ó clamoroso, ó mundo pecador! Quem não fugiria, se
pudesse, como uma pomba libertada do cativeiro, dessa fadiga perigosa e
peregrinação arriscada, e voaria alegremente para o lugar mais humilde daquela
região tão pura, tão segura, tão santa de sofrimento e amor sem mácula?
Tratado sobre o Purgatório, de Santa Catarina de Genova
A publicação do tratado de Santa Catarina [Tratado sobre o Purgatório] é tão
notável na história da doutrina e da devoção do Purgatório que pode ser útil
uma breve descrição desse evento. O arcebispo de Paris, Mons. Hardouin Perefix,
o mandou examinar pelos doutores da Sorbonne em 1666, e na sua aprovação, eles
o descreveram como uma “rara efusão do Espírito de Deus sobre uma alma pura e
amante, e um sinal maravilhoso de Sua solicitude para com Sua Igreja e Seu
cuidado em iluminá-la e assistir-lhe segundo suas necessidades”; e a aprovação
continua dizendo que os examinadores consideraram o Tratado como um socorro providencial para os católicos, justo
quando as heresias de Lutero e Calvino, dentre outras heresias, começavam a
atacar os mortos [pela proibição das orações e Missas para eles].
Em 1675, Martin d’Esparza, um jesuíta, apresentou sua
censura [veredito] acerca do Tratado
ao Cardeal Azolini, que era ponente
[Postulador] na causa da beatificação da santa. Nesse documento ele diz que a
doutrina do Tratado é
“irrepreensível, muito salutar, e integralmente seráfica,” que ela foi
“impressa em sua alma pelo Espírito Santo por meio de uma especial e secreta
iluminação,” e essa doutrina, juntamente com aquela de seu Diálogo entre a Alma e o Corpo, é “a prova mais eficaz da santidade
heroica da serva de Deus.” Maineri observou, na sua biografia da santa, como
uma curiosa coincidência, que o nome de “Purgatório” foi dado oficialmente, e
pela primeira vez, a esse estado intermediário, em 1254, por Inocêncio IV, que era
da casa dos Fieschi, família de nossa santa.
Darei a seguir um resumo da doutrina de seu Tratado.