29/06/2013

BREVE LIÇÃO DE FILOSOFIA MORAL aplicada às “manifestações” públicas que têm convulsionado o Brasil.

Sidney Silveira
 
1. É moralmente lícito a alguém participar ordeiramente de uma ação cujos resultados presumíveis são o caos e a violência?
 
RESPOSTA:
 
Em sentido absoluto, não!
 
O ato humano pode ser especificado por dois vetores. O fim bom e as circunstâncias de realização desse fim. Como a circunstância dos atos humanos é acidental, e não essencial, muitas vezes ela não altera moralmente o fim bom ou mau do ato. Assim, por exemplo, se um professor qualquer dá uma aula de filosofia verdadeiramente magistral, não importa a circunstância de fazê-lo num luxuoso auditório, com microfones e ar-condicionado, ou numa sala velha em péssimo estado de conservação. Da mesma forma, matar uma pessoa pelas costas não retira o caráter nefasto da ação, seja esta realizada numa avenida ou num corredor estreito.
 
Noutras vezes, porém, as circunstâncias retiram do ato o seu fim bom, ou o degradam a ponto de eliminar a licitude da ação. Este é o caso de alguém realizar um ato imbuído de boas intenções, mas sabendo DE ANTEMÃO que ele acarretará (juntamente com os bens visados) males que podem pôr em risco a vida das pessoas e também as instituições públicas.
 
Ora, se as grandes manifestações nas capitais brasileiras e no interior, até agora, acabaram em destruição, vandalismo, desordem, crimes, etc. — e portanto se prevê com ELEVADÍSSIMO GRAU DE PROBABILIDADE que outras vultosas aglomerações reivindicadoras terminarão da mesma forma —, participar delas é MORALMENTE ILÍCITO e contrário ao bem comum e à paz social, seu sucedâneo imediato. Algo análogo a atirar contra um ladrão que está escondido atrás de uma multidão de inocentes.
 
Portanto, valorosos defensores da Pátria amada: manifestem-se participando da política, e não contribuindo, mesmo alegando boas intenções, para culpavelmente destruir as precondições materiais e institucionais de sua existência.
 
Simples assim.
 
 
P.S. Anteontem (quinta-feira, 27 de junho), vimos pelo país apenas pequenas aglomerações (pois parece que parte dos inocentes úteis da classe média começam a ver o caráter nefasto da coisa). E a violência drasticamente diminuiu, pois em multidões menores fica difícil dizer que se tratava de "vândalos infiltrados". 
 
Enfim, contribuir ordeiramente para a desordem é um mau em si, pelas razões acima alegadas.

Um comentário:

Pedro de Lima disse...

Eu gostaria de sugerir ao blog (ao prof Angueth) uma aula sobre São Benedito José Labré. Eu conheci a partir do canal Sim Chevalier e achei uma história muito interessante, mas não sou bom em reunir bibliografia. muito grato.