07/01/2013

Leitor pergunta: somos tão ruins assim?


Prof,
Paulo VI foi declarado Beato. Bispos e padres de formação doutrinal sólida brigam entre si (e até são excluídos como dom Williamsom). Enfim: caos na Igreja (ou Igrejas, pois cada diocese parece ter suas crenças) e o Papa, sem coragem ou sem força (ou com pouco dos dois), não faz nada.
Parece que nós, que somos insignificantes, não conseguimos sensibilizar a Deus nas nossas súplicas. Não conseguimos fazer que bons religiosos se acertem (quem dirá os maus).
Pergunto: somos tão ruins assim? nossas orações são tão precárias como indicam os resultados delas?
Ricardo


Caro Ricardo,

Somos muito ruins, sim! Somos seres caídos e o pecado é uma constante em nossa vida (ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle). Sim, a atual situação da Igreja é um castigo de Deus; castigo ao mundo todo, mas castigo principalmente a nós católicos. Nossa Senhora avisou, em Fátima, o que estava por vir e o que deveríamos fazer para evitar a catástrofe; não adiantou, não a obedecemos.

Muitos viram o desastre se aproximando. Veja, por exemplo, a seguinte declaração de Pio XII, ainda como Cardeal Pacelli, sobre os eventos vindouros:

Preocupo-me com as mensagens da Virgem Santíssima à pequena Lúcia de Fátima. A insistência de Maria acerca dos perigos que ameaçam a Igreja é uma advertência divina contra o suicídio de se alterar a fé, em sua liturgia, em sua teologia e em sua alma... Ouço a minha volta inovadores que desejam desmantelar a Capela Sagrada, destruir a chama universal da Igreja, rejeitar seus ornamentos e fazê-la sentir remorso por sua história passada...

Dia virá em que o mundo civilizado negará seu Deus, em que a Igreja duvidará como o fez Pedro. Ela será tentada a acreditar que o homem se tornou Deus. Em nossas igrejas, cristãos procurarão em vão pela luz vermelha de onde Deus os espera. Como Maria Madalena, em prantos no sepulcro vazio, eles perguntarão: ‘Aonde eles O levaram?’

Veja, caro Ricardo, que mesmo Pio XII, que estava tão consciente dos perigos que rondavam a Igreja, não obedeceu Nossa Senhora e não consagrou a Rússia ao seu Coração Imaculado!


Mas veja que a infinita misericórdia de Deus nunca nos deixa desamparado. Há, desde o Concílio Vaticano II, o evento que nos trouxe tudo de ruim que estamos agora vivendo, uma resistência na Igreja; resistência contra as inovações. 

A parte mais visível dessa resistência é a Fraternidade São Pio X. Ela foi a origem da resistência e se mantém na linha de frente da guerra contra os erros do Concílio. Na minha opinião, é nossa obrigação rezar por D. Bernard Fellay, em sua luta interna (contra os sedevacantistas e cismáticos) e em sua luta externa (contra os múltiplos erros que se difundem na Igreja atualmente). 

Mas há muitas outras instâncias dessa resistência. Com o advento da Internet (Deus sempre uso o mal para fazer o bem) milhares de sites e blogs se levantaram em defesa da Tradição da Igreja. Há, hoje, muitos padres diocesanos piedosos se voltando para a Missa de Sempre, que é o primeiro passo para fazê-los abraçar completamente a Igreja de Sempre. Há um Papa, de corte modernista, que foi perito do CVII, mas que apesar disso, liberou a Missa de Sempre. 

Os velhos ideólogos do CVII, originadores da catástrofe, estão à beira da morte; é o ciclo da vida. A Igreja será renovada pela juventude, como sempre foi (ad deum qui laetificat juventutem meam), pois a juventude está vivamente interessada na Missa de Sempre, está vivamente interessada na Tradição.

Por isso, anime-se Ricardo! Nossas orações são sempre ouvidas por Deus; Ele próprio nos garantiu isto.

4 comentários:

tiago.monteiro disse...

Angueth, bom dia!

Sua resposta não é parecida com o que pregaram Maquiavel (o homem é mau por natureza) e Tomas Hobbes (o homem é o lobo do homem)?

O mal deve ser diretamente associado ao pecado original, mas Deus criou o homem e a mulher e viu que tudo era muito bom, certo?

O ser humano, ontologicamente é bom, mas pode se tornar bom ou mau moralmente. Sendo assim, não é a vontade corrompida que guia o homem ao pecado, ao mal moral?

E o que dizer da Igreja triunfante?

Não é o inferno o reino a ser atacado pela Igreja?

Tudo com Jesus! Nada sem Maria!

Ana Souza disse...

de corte modernista
Essa foi boa!

Fico pasma de o pq Pio XII n ter consagrado a Rússia!

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro Tiago,

O homem é, por natureza, um ser caído. O pecado original mancha toda a nossa natureza, todos os seus aspectos, todas as suas dimensões. Há várias ressonâncias desse evento em nosso físico (que decai e morre), em nossa psicologia (nossa vontade nem sempre comanda nossos desejos), em nossas relações (nem sempre a caridade impera), na sociedade, etc. O pecado original é a chave do entendimento mais básico do mundo.

Nada disso quer dizer que eu concorde com Maquiavel ou Hobbes, ou afirme coisa parecida com o que eles afirmaram.

Só faremos parte da Igreja triunfante pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, não pelos nossos, que são quase inexistentes.

Quanto ao Inferno, ele não é um reino a ser atacado, mas um lugar a ser evitado!

Ad Iesum per Mariam.

tiago.monteiro disse...

Quanto ao Inferno, ele é um reino a ser atacado e um lugar a ser evitado!
Nosso Senhor afirmou: agora será lançado fora o príncipe deste mundo.
A morte de Jesus assegurou a vitória contra satanás.
Como disse Michael Voris: tudo o que nos resta é um serviço de limpeza, vez que depois da vinda de Jesus Cristo as pessoas começaram a entrar na Luz Eterna, isto é, ninguém podia ver a Deus face a face. Assim, cada alma que vê a face de Deus lança mais uma bola de fogo contra as muralhas do reino do inferno. São os portões do inferno que não permanecerão em pé.
Quando as pessoas abandonam a luta e se juntam às hordas celestes, nossas tropas aumentam o poder. Já no reino do inferno não há este tipo de reforço (toda a sua fúria é vetada nesta vida, pois os condenados estão mortos para a luta, mas os salvos ou os exércitos vitoriosos possuem posição privilegiada, reafirmando a promessa da derrota do inferno).