1. Os homens possuem três estados de vida: o de não pecar, que
é próprio do amor servil; o de não querer pecar, sintoma do amor filial; e o de
não poder pecar, efeito da felicidade sem fim.
2. Quatro coisas intensificam a graça de nossa devoção: a memória
dos pecados, que faz o homem humilde consigo mesmo; a recordação do castigo,
que o estimula a agir bem; a consideração de que é um peregrino, que o encoraja
a desdenhar as coisas visíveis; o desejo de vida eterna, que o incita à
perfeição e o força a manter-se livre frente às afeições terrenas por meio do
controle da vontade.
3. Deus educa a torpeza de nossa ignorância de três modos: pela
generosidade de seus benefícios, que abranda a dureza de nossa alma e a
estimula ao amor; pela severidade de seus castigos frequentes, ajudando-nos a
compreendê-los intelectualmente, infundindo-nos assim o temor; pela afronta
pública do desprezo, que com sua ignomínia nos ruboriza e envergonha.
4. Três causas movem e excitam nossa carne: o pensamento
prévio, que arrasta para o interior formas e imagens ilícitas e nos agita com
seus caprichos; a insaciabilidade excessiva, que dilata o ventre com a
acumulação de alimentos e provoca a carne lasciva com movimentos luxuriosos; os
embates do espírito mau, que se reconhece totalmente incapaz de dobrar os
justos e com eles se enfurece valendo-se da solicitação carnal.
5. A autoridade das Escrituras nos proíbe de pensar mal,[1]
falar mal[2] e fazer mal.[3] Pensar mal é uma
imundície, porque se revolvem na memória assuntos sujos e impuros; ou é
soberba, se se enaltece e se infla sentindo-se superior aos demais; ou é
ambição, se se cobiça algo alheio contra o mandamento de Deus, por instigação
do diabo. É evidente que alguma destas três atitudes se infiltra nos maus
pensamentos. A maledicência é algo carente de fundamento, que não tem sentido
nem é conveniente; ou é palavra difamatória, que calunia as qualidades do irmão
pela corrosão da inveja ou do ódio instintivo; ou é palavra aduladora, porque massageia
a cabeça do outro com o unguento de falso perfume. Em toda obra má há
fingimento se nosso proceder se mostra oposto a nosso sentir interior; há
crueldade se ofendemos nosso próximo; impudicícia, se nos manchamos de algum
outro modo.
[1]
Mt 9:4 e 1Cor 13:5.
[2]
Rom 12:14 e Ecl 2:14.
[3]
3 Jo 4:11.
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Ver também: Sentenças de São Bernardo, Sentenças de São Bernardo - II e Sentenças de São Bernardo III, Sentenças de São Bernardo IV.
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Ver também: Sentenças de São Bernardo, Sentenças de São Bernardo - II e Sentenças de São Bernardo III, Sentenças de São Bernardo IV.
Um comentário:
Prof. Boa tarde!
Não tem nenhuma relação com o post, mas o Sr. já viu estes três vídeos logo abaixo sobre Chesterton? Conhece alguém que poderia traduzi-los, se é que valem a pena.
http://www.youtube.com/watch?v=NRC7gdihVkg&feature=gv&hl=es
http://www.youtube.com/watch?v=-LTr606rERI
http://www.youtube.com/watch?v=ArLkACaaLEI
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