29/09/2012

A Queda do Homem: blog entrevista Gilbert Keith Chesterton.


Blog do Angueth – Devo agradecer novamente vossa disponibilidade de nos conceder mais uma entrevista.

Chesterton – Curiosamente, há épocas em minha vida que tudo que faço é dar entrevistas, participar de debates e ser saco de pancadas do Sr. Bernard Shaw e do Sr. H.G. Wells.

Blog do Angueth – Sei que certa vez o senhor se irritou com este último senhor acerca de uma discussão sobre o Jardim do Éden e a Queda do Homem.

Chesterton – Eu pertenço, como um produto da evolução biológica (dogma defendido pelo Sr. Wells), à ordem dos paquidermes. Não sou movido minimamente por qualquer irritação.

Blog do Angueth – Mas o que me interessa aqui é o que o senhor pensa sobre a Queda. Como vivemos uma época em que todas as antigas heresias convivem entre nós, há hoje muita gente, mesmo dentro da Igreja Católica, que menospreza a Queda e considera que se deve relativizar a história do Gênesis. Como o senhor mesmo disse certa vez: “a mente do homem moderno é uma curiosa mescla de calvinismo deteriorado e de budismo diluído.” Eu perguntaria então: o que nos ensina a história da Queda do Homem? Que visões podem ser acalentadas por quem nela acredita?

Chesterton – A Queda é uma visão de vida. Ela não é apenas a única visão esclarecedora da vida, mas a única encorajadora. Ela afirma, contra as únicas filosofias alternativas reais, aquelas dos budistas, dos pessimistas e dos prometéicos, que nós usamos impropriamente um mundo bom, e não simplesmente que estamos presos num mundo mau. Ela remete o mal ao uso errado da vontade, e assim declara que ele pode eventualmente ser corrigido pelo correto uso da vontade. Qualquer outro credo, exceto este, é uma forma de rendição ao destino. Um homem que guarda esta visão de vida descobrirá que ela ilumina milhares de coisas; sobre as quais, as éticas evolucionárias não têm nada a dizer. 

Blog do Angueth – O senhor poderia nos dar um exemplo destas coisas iluminadas por esta visão?

Posso dar vários. O colossal contraste entre a inteireza da máquina humana e a contínua corrupção de seus motivos. O fato de que nenhum progresso social parece nos livrar do egoísmo. O fato de que os primeiros, e não o últimos, homens de qualquer escola ou revolução são geralmente os melhores e os mais puros; tal como William Penn foi melhor que um quacker milionário ou Washington melhor do que um magnata americano do petróleo. Aquele provérbio que diz: “O preço da liberdade é a eterna vigilância,” que é propriamente apenas um modo de declarar a verdade do pecado original. Aqueles extremos de bem e mal em que o homem excede a todos os animais pelos padrões do céu e do inferno. Aquele sentido de perda sublime que está em cada verso de toda grande poesia, e em nenhum outro lugar em maior quantidade do que na poesia dos pagãos e céticos: “Miramos o antes e o depois, e nos consumimos pelo que não é”; que clama contra todos os arrogantes e progressistas, das profundezas e abismos do coração partido do homem, de que a felicidade não é somente uma esperança, mas também, em certo estranho sentido, uma memória; e que somos todos reis no exílio.

Blog do Angueth – Mas então, senhor Chesterton, o correto entendimento da Queda é um antídoto contra o maniqueísmo, contra o panteísmo e, de quebra, o fundamento de nossa esperança?

Chesterton – Talvez possamos afirmar isto!

Blog do AnguethThank you very much! Say thanks to Mrs. Chesterton for the wonderful tea!

3 comentários:

Israel TL disse...

Prezado professor

Esses posts de entrevistas com Chesterton são excelentes!

Deus lhe pague!

Em Cristo,

Israel TL

Anônimo disse...

Prezado Prof. Angueth,
Salve Maria.

Há um equívoco na grafia do nome do entrevistado, logo no título.

Que Deus continue lhe dando forças e inspiração.

Roger Farinácio

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro Roger,
Salve Maria!

Muito obrigado pela correção.

Ad Iesum per Mariam.