Nota do blog: As travessuras de Saburido seria um título muito apropriado para um livro infantil, não fossem suas travessuras muito sérias e não fosse este senhor um sucessor dos Apóstolos. Melhor seria falarmos das tragédias de Saburido ou dos escândalos (no sentido bíblico) de Saburido. Eu já escrevi aqui muito sobre este senhor (ver aqui, aqui e aqui). Marcos Paulo, autor do texto abaixo e leitor do blog, também já escreveu aqui sobre o tal bispo. Mais recentemente alguns leitores de Pernambuco estão escrevendo ao blog para protestar contra suas mais recentes declarações. É que agora o bispo está sendo também, além de outras coisas, bestial. Vejam, no trecho a seguir, que Chesterton acertadamente mostra que a tendência dos pagãos modernos (sim, pagão é o que o bispo é, na melhor das hipóteses) de borrar a diferença entre homem e animal (que é o que o bispo agora quer nos impingir) leva logicamente ao canibalismo, que pensávamos extinto nas sociedades civilizadas. Vamos ao trecho de Chesterton:
"Assim, muitos de nossos amigos e conhecidos continuam a entreter um saudável preconceito contra o canibalismo. O momento em que este próximo passo na evolução ética será dado parece ainda distante. Mas a noção de que não há muita diferença entre os corpos de homens e de animais – de que não eles estão, de modo algum, distantes, mas muito próximos – é expressa em centenas de maneiras, como um tipo de comunismo cósmico. Podemos quase dizer que é expressa de todas as formas, exceto pelo canibalismo. Ela é expressa, no caso dos vegetarianos, na não colocação de partes de animais nos homens. É expressa quando se deixa um homem morrer como morre um cachorro, ou quando se considera mais patético a morte de um cachorro do que a de um homem. Alguns se inquietam sobre o que acontece com os corpos dos animais, como se estivessem certos de que um coelho se ressentisse em ser cozido, ou que uma ostra exigisse ser cremada. Alguns são ostensivamente indiferentes ao que acontece aos corpos dos homens; e negam toda a dignidade aos mortos e todo gesto de afeto aos vivos. Mas todos têm uma coisa em comum; consideram os corpos humano e bestial como coisas comuns. Pensam neles sob uma generalização comum; ou, na melhor das hipóteses, sob condições comparativas. Entre pessoas que chegaram a esta posição, a razão para desaprovar o canibalismo já se tornou muito vaga. Permanece como uma tradição e um instinto. Felizmente, graças a Deus, embora seja agora muito vaga, é ainda muito forte. Mas, embora o número dos mais ardentes pioneiros éticos que provavelmente começariam a comer missionários cozidos seja muito pequeno, o número daqueles dentre eles que conseguiriam explicar suas próprias razões reais para não fazê-lo é ainda menor."
Curtam agora mais um lance na vida do pagão Saburido! Chamo-o de pagão por pura caridade. Agradeço a Marcos Paulo o texto muito bem fundamentado.
Marcos Paulo
“Havendo
perigo próximo para a fé, os prelados devem ser argüidos, até mesmo
publicamente, pelos súditos”. (Sum. Teol.II-II.ª,XXXIII,IV,a.d.2)
Dom Saburido
não para de nos surpreender. E, o faz com regularidade solar. Passemos em
revista alguns dos seus “portentos”, não em ordem cronológica necessariamente.
Após uma infeliz declaração de independência
da “ciência” frente à Santa Igreja Católica em questões da vida:
Após mobilizar
o clero diocesano que comanda contra a dengue: “Arquidiocese renova parceria
no combate à Dengue”;
Após a
capitulação diante da “gaystapo”, pois, nada fez contra a catilinária da
ideologia gay em pleno território Católico, apologia da cultura gay na UNICAP,
mesmo com idas e vindas de católicos zelosos ao Palácio Episcopal, pedindo sua
intervenção;
Após
participar da “Marcha contra a corrupção” (como é dado às marchas e movimentos
este Bispo): "o evangelho é libertador e está para os homens"
(esse discurso é Teologia da Libertação em estado puro!);
Após participar
da marcha “Grito dos excluídos”, juntamente com abortistas, petistas (desculpem
o pleonasmo), comunistas...;
Após cantar
loas a um dos mais ferozes inimigos da Santa Igreja que é a Maçonaria,
Dom Saburido adere agora ao famigerado movimento pela defesa dos animais (?);
A proposta é
ridícula em si mesma. Já o fato de discutir isto já depõe contra os
contendores, mas, como estamos no tempo do ridículo mesmo, vamos lá.
Eis o novo prodígio, em excertos:
Integrantes do Pacto Pela Vida Animal, formado pela
delegacia do meio ambiente e por ONG's que lutam contra os maus-tratos aos
animais, se reuniram nesta
quinta-feira (16) com o arcebisto de
Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, na Cúria Metropolitana da Igreja
Católica, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife.
E continua:
O objetivo do encontro foi pedir a ajuda do arcebispo para divulgar o Pacto e ajudá-lo a se
transformar em projeto de lei. Para que isso aconteça, o grupo precisa
reunir 64, 634 mil assinaturas de
pessoas que apoiem a causa, o que corresponde a 1% do eleitorado
pernambucano. Trinta mil delas já foram recolhidas.
[...]Em
resposta à solicitação dos integrantes do Pacto, Dom Fernando Saburido disse
que vai reunir todo o clero na próxima terça-feira (21), repassar estas informações aos padres e pedir o
apoio deles para a divulgação nas igrejas da diocese.
Não resisto e
copio um trechinho do que eles chamam de “documento de trabalho”:
Isto quer dizer, que a proteção
e o bem-estar dos animais é um princípio tão importante, como garantir a
proteção social, respeitar a diversidade e combater a discriminação, reconhecer
a igualdade de gênero, proteger a vida e a saúde humana, impulsionar o
desenvolvimento sustentável e proteger os vulneráveis.
Não grifei
nada acima, pois tudo acima seria grifado. Chamo a atenção para o léxico
utilizado. Está tudo lá. Toda a agenda, tudo bem engendrado. Os dentes da
catraca estão todos bem posicionados e azeitados. Temos diversidade, igualdade
de gênero, ecoterrorismo, gaystapismo, e, “proteger a vida e saúde humana”.
Quer apostar que na linguagem deles isto significa abortismo?
Pois bem, um
Bispo da Santa Igreja, Dom Saburido, comprometeu-se mobilizar os parócos para
arregimentarem votos para esta empreitada ilógica e ideológica.
Façamos o
inverso, procuremos estas entidades, que o jornal chama de Ong’s simplesmente,
sem declinar os nomes, e peçamos apoio para campanhas contra o aborto e vejamos
se haverá esta solicitude. Aposto um churrasco que não!
Ficam as
perguntas:
a) Desconhecerá
Dom Saburido que estas suas atitudes só fazem minar a igreja que ele jurou
morrer por ela?;
b) Ignora que
suas ações listadas supra, todas elas, são pautadas pela agenda globalista?;
c) Que nesse caso
a idéia aí, defesa dos animais, não é defesa alguma das bestas como criaturas
de Deus, mas sim a inversão ontológica da escala valórica do ser?
d) Ignora, por acaso,
Dom Saburido que abortismo, gaysismo, igualdade de gênero, direitos animais são
premissas de um mesmo silogismo?;
e) Que isto não
pode ser atribuído ao que o professor Olavo de Carvalho nomina de “Teoria da
Mera Coincidência”?
É claro que um
Bispo não é obrigado a saber de tudo, porém, não pode é não saber de nada. Como
defensor mor da Igreja deve saber quem são os inimigos a combater e as armas
por eles utilizadas. Para que existem, por exemplo, os consultores do Bispo.
Seus padres.
Pois bem, o
que o referido Bispo fez tem a chancela papal. Vamos aos fatos e as fontes.
Vejam lá no
novo Catecismo, mais conhecido como o amarelo, das questões 2415 a 2416. Ao
término de uma redação até então condizente com o magistério não corrompido
pelo liberalismo, temos a “pérola”: “Pode-se amar os animais, porém não se deve
orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”.
Esperar o que de um Catecismo redigido com a
clave da ambigüidade?
Amor aos
animais? Amor com moderação? Comentar o quê, não é mesmo? Pelo que se lê na
Sagrada Escritura, o pai Adão rejeitou as bestas por companhia. Pediu Eva a
Deus. Uma redação destas e Bento XVI ainda nos fala de hermenêutica da
continuidade? Só se for a continuidade no erro.
Mas, claro, as
coisas podem piorar. E, podendo, piorarão, como predisse Murphy.
No Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica, do amarelo, lemos um upgrade(?), do sétimo mandamento:
506. O que prescreve o sétimo
mandamento?
O
sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça
e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o
respeito das promessas e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça
cometida e a restituição do mal feito; o
respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que
há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de
extinção.
507. Como é que o homem se deve
comportar com os animais?
O homem deve tratar os animais, criaturas de
Deus, com benevolência, evitando quer o
amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para
experimentações científicas efectuadas
para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios
animais. [...]
Não, o redator
acima não foi Peter Singer, o filodoxo de Princeton, mas poderia ter sido. Um
dos redatores foi o então Cardeal Ratzinger. Podemos ler ali que podemos amar
as bestas, mas com moderação. É espantoso!
Leiamos agora,
uma explicação do mesmo mandamento na pena de São Pio X, no Catecismo escrito
por este, nominado “Catecismo Maior de São Pio X”:
431) Que nos proíbe o sétimo
Mandamento: não furtar? O sétimo Mandamento: não furtar, proíbe tirar ou
reter injustamente as coisas alheias, e causar dano ao próximo nos seus bens de
qualquer outro modo.
432) Que quer dizer furtar? Furtar quer
dizer: tirar injustamente as coisas alheias contra a vontade do dono, quando ele tem toda a razão e todo o
direito de não querer ser privado do que lhe pertence.
433) Por que se proíbe o furtar? Porque se peca
contra a justiça, e se faz injúria ao próximo, tirando e retendo, contra o seu direito e contra a sua
vontade, o que lhe pertence.
434) Que são as coisas alheias? São todas as
coisas que pertencem ao próximo, das quais tem a propriedade ou o uso, ou simplesmente as tem em
depósito
Que diferença.
Não adianta procurar amigo, não há ai “animais em extinção”, nem “amor
moderado” para com as bestas. O que há, é a verdadeira tradução do sétimo
mandamento como quis o Logos Divino. Não há invencionices, modernidades e
liberalismos.
E não se venha
falar de são Francisco de Assis, coisa alguma, e sua oração da “irmã lua”, “irmão
sol”..., o que houve, nesse caso, foi uma tradução equivocada, fazendo crer que
este grande santo era panteísta.
Voltemos a Dom
Saburido. Dom Saburido é ambíguo como os documentos do Concílio Vaticano II e
seguintes. No caso do Bispo não poderia dizer se a vacilação e vocabulário
escorregadios são propositais ou não, como os são nos documentos conciliares.
Não quero
fazer ilações que me imantem ao pecado, mas é muito difícil compreender como um
Bispo tão solícito a campanhas seculares, que nada tem a ver com sua missão de
pastor, muitas delas contrárias mesmo ao seu telos, seu múnus
apostólico, não consiga enxergar que, se há uma “categoria” ameaçada, assassinada,
caçada em todo o mundo, quase em extinção mesmo é a dos Católicos Apostólicos
Romanos. Justamente aqueles contrários às idéias e ações que vem sendo
implementadas por Dom Saburido. “Erguei-vos, Senhor, e julgai vossa própria causa”.
Sobre a
declaração acima, ele, por meio de nota diocesana veio a culpar os jornalistas que,
segundo ele ainda, o teriam enganado com “perguntas repetitivas”(sic! ?) Sei!
Porém, em entrevista ao site UOL, http://mais.uol.com.br/view/k77arz6psxw4/dom-fernando-saburido--pedofilia-aborto-e-divorcio-04023262E4910366?types=A, mais anticatólico que o capeta, ele repete em
essência aquilo que disse ao diário de Pernambuco, e, não vi a mocinha que o
entrevistou engalobá-lo com “perguntas-charada” coisa nenhuma. Ela foi sim
objetiva. Dom Saburido é que foi conciliarista. Afinal, não quer desagradar
ninguém.