Os protestantes e católicos protestantóides, nunca conseguem esquecer a Igreja Primitiva, aquela que era totalmente diferente da atual, onde tudo era maravilhoso. Agora que tudo se perverteu – quem sabe não foi Constantino? – temos a Igreja atual.
Um anônimo, sempre um anônimo, que parece católico, escreve um comentário ao post Efeitos colaterais de Chesterton dizendo: “A Igreja Primitiva não era nem protestante nem católica. Ela protestava contra o judaísmo e o Império Romano, e continha o germe da Igreja Católica.”
Ora!, quando então a Igreja Católica Apostólica Romana se formou. Quando aquele germe brotou? Se Pedro não foi o primeiro papa da Igreja Católica, quem o foi? Onde ela começou? É curioso que o comentarista que fala uma tolice desta é o mesmo que termina seu comentário dizendo: “Analisemos, pois, a História da Igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo como uma das fontes de conhecimento sobre a verdadeira Igreja.” Que história da Igreja você anda lendo, caro leitor? Se você ler os Atos e depois a História Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia, verá a Igreja Católica a existir desde aproximadamente o ano 33. A Igreja Primitiva era a Igreja Católica, que se mantém até hoje. Talvez seja interessante ler este post.
Mas, o leitor anônimo, descamba para o nonsense quando diz: “O protestantismo, sob essa perspectiva, também sempre esteve no cerne da Igreja Católica Apostólica Romana como potencial a ser atualizado mediante as circunstâncias.” Isso é simplesmente heresia, das mais explícitas. Mas os católicos hoje em dia (se é que o leitor anônimo é mesmo católico) parecem não entender o que é heresia, acham que podem ter opinião própria sobre tudo, é a tal da liberdade.
O leitor confunde lutar contra heresias, desde dentro da Igreja, e lutar contra a Igreja em seu interior. Neste sentido, ele acena com a possibilidade de Santo Agostinho ser um protestante, assim como Lutero. Sim, ele não diz isto explicitamente, e até diz que Lutero foi um idiota e analfabeto, mas não é difícil tirar esta conclusão do que ele escreve. E ainda diz que Lutero deu um sobre-fôlego ao cristianismo quando protestou contra a situação então vigente.
Bem, aqui eu jogo a toalha. O leitor fala da Igreja Primitiva, da Igreja de Cristo, da Igreja Católica, diz que Lutero foi um idiota, mas deu fôlego ao cristianismo que, neste ponto, já não sei mais o que é. Acho mesmo que o leitor é protestante e ainda não descobriu isso.
Fico aqui com Belloc que dizia que não existe e nunca existiu uma religião chamada cristianismo. Existiram e sempre existirão a Igreja e seus inimigos.
16 comentários:
Caro Professor
Essa gente tem preguiça de ler, mas a preguiça não é por si só e sim por má formação intelectual e principalmente à falta de capacidade de interpretação de textos herdada do péssimo ensino dos dias atuais baseados nas sandices e falácias de Paulo Freire.
Parabéns por tentar colocar uma luz na cabeça desse pobre coitado. Eu parabenizo também por ter paciência de responder anônimos. Em meu blog não os respondo por achar uma covardia alguém por em dúvida qualquer assunto sem se identificar. Se esconder atrás de um computador.
"Se você ler os Atos e depois a História Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia, verá a Igreja Católica a existir desde aproximadamente o ano 33."
Eis ai uma boa referência. Lançada a semente, ela foi regada e, desde aproximadamente o ano 33, transformou-se na Igreja Católica Apostólica Romana.
Mas o joio cresceu ao lado do trigo. E, até hoje, há muito joio crescidinho atuando dentro da Igreja.
Em NSJC
Caro Prof. Angueth,
Salve Maria!
Sobre as questões levantadas pelos protestantes, acerca da Igreja Primitiva, de Constantino e de sua pseudo-corrupção, o testemunho dos santos e da FSSPX são interessantes. Não houveram casos de separação como o da FSSPX naquele período e nem revoltas contra uma possível (e pseudo) traição da fé. Isto só é questionado muitos séculos depois, mas quando Deus age, ele age no momento dos acontecimentos. Qual seria o sentido do surgimento da FSSPX, 10 séculos depois do CVII? Lutero quis permanecer na Igreja ? Então porque não fez como a fraternidade de Mons. Lefebvre?
Os protestantes acham que a maior personalidade do Século IV, é a de Constantino. Não conhecem o incorruptível Santo Atanásio, a quem um outro imperador chamou de "homenzinho que não temia a morte." O "campeão da ortodoxia", transforma em píada, as teses de uma Igreja Constantiniana, que foi descoberta também muitos secúlos depois. Mas aqui, o problema é a gnose, o Estado é um corpo possuído por uma "divindade" má, o Imperador. Se não negassem à analogia, veriam a perfeita analogia entre a vida de São Paulo e a vida do Império. Mas o que o protestantismo conseguiu com seu amor a "Igreja Primitiva", está expresso no amor de JJ Rousseau, pela sociedade primitiva. São Pio X, diz na Pascendi que os protestantes deram o primeiro passo em direção ao ateísmo e ninguém pode duvidar disso, se considerar o testemunho dos Estados reformados. Todas as leis anti-cristãs, como a do aborto e do casamento gay, deram o ar da sua graça primeiramente nos Estados Reformados. Enquanto Teodósio eliminou violentamente, a pederastia entre os gregos. O que lhe valeu como penitência, vestimentas de pano de saco, como as penitências feitas pelo Rei Davi. Naquele tempo a Igreja possuía Bispos como Santo Ambrósio... Fique com Deus.
Abraço
Gederson
P.S.: O pior são aqueles textinhos de 5º categoria, falando que Constantino convocou o Concílio de Nicéia, por motivos políticos. É... por motivos políticos o Concílio se posicionou contra Ário e por motivos religiosos, Constantino se tornou ariano, bem como seus filhos, que foram responsáveis por quase 2/4 da Igreja, terem se tornado arianos.... Quem não conhece a tradição da Igreja, acredita que o cânon foi definido, como expresso no "Código da Vinci" e também na Igreja Constantiniana." Em honra as elogiosas palavras com as quais São Jerônimo chamou Rufino, o protestantismo, deveria se chamar, rufinismo.
Gostei da frase do Belloc. Ela fara parte das minhas investigações atuais sobre a religião cristã, ou melhor, sobre a Igreja Católica.
Complementando: Lutero edificou a sua Igreja sobre a Sola Scritura, Cristo, edificou a sua Igreja sobre a pedra, Pedro. A conclusão lógica, é que São Pedro e os demais apóstolos (bem como os povos da antigüidade), não poderiam entrar na Igreja de Lutero, eles eram analfabetos. Assim, pode se concluír-se que a chave do reino dos céus, tornou-se a alfabetização. Todos os leitores bíblicos, seguidores de Lutero, já estão no céu. Isto parece uma antecipação do que viria ser a divinização da sociedade. Mesmo o contrato social de Rousseau, é uma nova aliança: entre o homem e ele mesmo.
Talvez o fato de alguns dos apóstolos serem analfabetos, (principalmente São Pedro) seja a razão pela qual, ele dizia que "... age como louco." Dar autoridade a analfabetos, era demais aquele que pensou a reforma, em um vaso sanitário. O ilustre e letrado "Cavaleiro Jorge", que foi para um castelo traduzir a bíblia para o Alemão, não seguiu o exemplo dos Apóstolos que saíram pelo mundo a pregar em viva voz, o Evangelho. A partir dali, esta pregação seria substituída pela distribuição de bíblias. Eu mesmo recebi umas duas quando estava no 1º grau, onde eu era praticamente, uma criança. Imaginem, uma criança interpretando o NT, sem a autoridade da Igreja, que coisa maravilhosa os progressos da técnica trouxeram aos apóstatas...
Prezado Prof. Angueth,
Existe algum livro indicado pelo Igreja Católica, para que os seus fiéis leiam a Bíblia com segurança?
Se bem me lembro, o senhor mesmo recomendou que se comece com os livros de natureza mais espiritual, como João.
Uma indicação para os protestantes leitores deste blog:
Procurem, no google, por um blog chamado vortexemportuguês (tudo junto mesmo) e assistam ao video chamado "Falso Ecumenismo" (e possível encontrá-lo também no youtube).
Tenham um pouco de humildade e reflitam sobre os dados objetivos apontados pelo autor do video, quais sejam: o protestantismo é fundado sobre o "ININTELECTUALISMO" (uma aversão ao bom senso e ao senso comum) e sobre o RELATIVISMO.
O Michael Voris afirma que não necessariamente os protestantes são hereges. Esclareço já de antemão essa afirmação para evitar qualquer outra confusão. Só pode ser herege quem é católico, ou seja, quem foi batizado na ÚNICA Igreja fundada por Nosso Senhor. Quem cresceu e foi batizado numa dessas seitas ridículas não pode ser herege porque nunca foi católico. Agora, quem foi batizado e criado como católico, mas depois abandonou o catolicismo para abraçar a satânica heresia protestante, este sim pode ser chamado de herege.
Essa conversa fiada sobre a Igreja "primitiva" é de encher a paciência de qualquer um!
Aproveito para indicar dois textos sobre a história anti-católica (leia-se "protestante"), um de Chesterton e outro de Belloc, que estão traduzidos em meu blog (basta clicar no meu nome para ser direcionado para lá).
Em seu texto, Chesterton deixa muito claro o que pensa do protestantismo...
Esses protestantes possuem um pensamento primitivo...
São homens do Velho Testamento.
Não conseguem enxergar o que era prefigurado no VT e o que foi dito no NT. Invertem a leitura: quando é para ver o sinal, vêem o fato; quando é para ver o fato, enxergam um sinal.
"Hiperespiritualizam" quando deveriam ser literais.
Quando deviam ser espirituais, são literalistas.
O que fazer num caso desses?!...
Em muitos casos vemos a vontade atropelar a inteligência.
É como um quietismo às avessas: são extremamente "humildes" nas suas "constatações", mas possuem um feroz senso de "pregação".
MMLPimenta
Caro professor, obrigado por tudo! Estava me afastando da verdadeira fé, porém o senhor com os seus textos e suas traduções me mostrou à alegria em ser católico. Faço filosofia e quero que o senhor me ajude nesta caminhada em meio aos inimigos de Cristo que invadiram, infelizmente, as universidades. Eis meu email: pedro_fsb@hotmail.com. Peço encarecidamente que me retorne com seu email para que possa enviar minhas dúvidas ao senhor. Digo desde já que Nossa Senhora, de quem sou escravo, lhe derramará graças enormes, rezarei por isso. Desde já agradeço caro amigo: Pedro Felipe!
Caro Pedro,
Salve Maria!
Deus lhe pague por sua palavras. Reze por mim.
Meu e-mail é a.angueth@gmail.com.
Em JMJ.
"Faço filosofia e quero que o senhor me ajude nesta caminhada em meio aos inimigos de Cristo que invadiram, infelizmente, as universidades."
Com o meu amigo aconteceu o contrário. Ele perdeu a fé no seminário e só a reencontrou ao fazer filosofia.
O argumento dele: no Seminário ele tinha que engolir contradições calado. No curso de filosofia ele descobriu as limitações da razão e o direito, e até necessidade, da fé para avançar em qualquer área do conhecimento.
Em NSJC
Angueth,
Sou católico-romano, mas faço uma pergunta aos leitores do blog: em que podemos basear essa exclusividade da Igreja Católica Romana?
Muitos talvez pensem que, por eu estar fazendo este questionamento, não sou mais católico-romano. Pode ser, mas a pergunta continua: qual o fundamento desse exclusivismo?
Por acaso não há boas razões na Bíblia e na Tradição para os orientais ortodoxos, os anglicanos, luteranos, calvinistas, etc? Ora, o Protestantismo histórico não rejeita completamente o valor da tradição dos Padres, apenas adota uma postura mais crítica que os católicos. Mas o catolicismo também adota uma postura crítica com coisas que alguns Padres disseram. Os ortodoxos também mantém muito do que os católicos valorizam. Vocês sabem que são uma Igreja séria, com pessoas piedosas e comprometidas com Jesus Cristo.
Claro que vocês vão dizer que os católicos mantém o essencial dos Padres e só criticam o acidental, quando necessário, enquanto o Protestantismo critica além dos limites por causa da "sola scriptura". Assim como dirão que os ortodoxos não mantém coisas essenciais. Será verdade? O debate aqui é muito complexo, requer muito estudo. Vocês estão prontos para verificar cada alegação do magistério papal, confrontando com a história e a Bíblia? Não é trabalho fácil.
Mas dirão: não precisamos confrontar cada afirmação, pois confiamos na preservação do magistério papal pelo Espírito Santo. Ora, e como comprovar essa preservação senão confrontando essa alegação de preservação com a história e a Bíblia?
Muito pior que qualquer protestantismo ou cisma oriental é o liberalismo teológico ou modernismo. A distância entre um católico-romano e um calvinista é muito menor (infinitamente menor) que a distância entre um católico modernista e um católico ortodoxo.
Recomendo a leitura de C. S. Lewis. Trata-se de um ótimo autor, anglicano, que demonstra a unidade existente entre as denominações cristãs tradicionais (catolicismo, ortodoxia, protestantismo). É o "Cristianismo puro e simples". Não é disso que Olavo de Carvalho sempre fala?
Caro Angueth,
Hoje peço que rogue por mim a Deus para que não me torne um ateu. Sei que parece incoerente, mas creio que se ele pode ouvir alguém, ouvirá mais a ti que a mim. Até breve!
Anônimo das 19:36
C.S Lewis chegou primeiro a Deus. Então, disse que havia apenas duas escolhas decentes: o Deus hindu ou o Deus cristão. Ele optou pelo cristão, na versão anglicana.
Eu também estava no seu caminho. Redescobri Deus no Bhavag Gita, na tradução de Huberto Rhoden. Consolidei minha certeza lendo o livro Autobiografia de um Yogue, de Paramahansa Yogananda.
De lá, fui reconduzido ao cristianismo. Passei a interpretar menos, e apenas buscar passagens espirituais na Bíblia. Prestei mais atenção nas missas de domingo dirigidas pelo Papa.
Depois de tudo, tive uma experiênia culminante! Deus, agora, é a mais absoluta realidade para mim.
Que a sua crise te faça retornar para Deus.
C. S. Lewis, por não ter se convertido (até onde sabemos) à ÚNICA Igreja fundada por Cristo, não teve vida de graça, ou seja, não teve vida sacramental. Não recebia a graça santificante transmitida diretamente por Cristo, na pessoa do Sacerdote, ao fiel que procura o sacramento. Portanto, jamais poderia compreender profundamente o abismo que existe entre o Anglicanismo, o Luteranismo, o Calvinismo, etc., e o Catolicismo (a única religião verdadeira). Se ele se salvou ou não, isso é outra história.
Cristo não instituiu sete sacramentos à toa (diga-se de passagem, está tudo fundamentado na Bíblia e na Tradição). Ele o fez para que pudéssemos ter a garantia de que continuaria conosco até o fim dos tempos. Não é uma presença vaga, subjetiva, emotiva; é uma presença sensível, uma presença FÍSICA, que nenhuma das outras ditas denominações cristãs possui (com exceção dos Ortodoxos, cujo maior erro é a não aceitação da autoridade do Papa, CLARAMENTE instituída no Novo Testamento. Sejamos francos: essa só não aceita quem é burro ou avestruz). Ele o fez para que pudéssemos sair da nossa vida de pecado e alcançar a salvação. "Ninguém entra no Céu se não estiver puro".
Ademais, Cristo fundou apenas UMA Igreja. Ele não disse: "sobre esta pedra edificarei as minhas Igrejas". Está bem claro: "sobre esta pedra edificarei a minhA Igreja". Não é necessário cotejar todo o conteúdo do Magistério infalível com o que está na Bíblia, porque a garantia de que jamais haveria erro nele foi dada pelo próprio Cristo em diversas ocasiões. Quando Ele disse: "estarei convosco até o fim dos tempos", ou "enviarei meu o paráclito para que Ele vos assista", o que vocês acham que ele estava querendo dizer? Vocês acham que Ele simplesmente estaria por aí, sem dar maiores sinais, ou que apareceria de vez em quando no coração inflamado de um pregador de esquina? Pensar isso é até blasfemo! DEUS feito homem fez promessas CLARAS, sem ambiguidades. Só não as entende quem fica com frescura e porque, no fundo, não quer mudar de vida e enfrentar o confessionário, que nos exige certa humildade!
Só há UMA religião verdadeira, UMA Igreja fundada por Cristo, UM destino após nossa passagem neste vida. Perceber e admitir isso é antes um problema de lógica, e não de "fé". Digo "fé" porque a noção que a esmagadora maioria das pessoas tem dela é PROTESTANTE e, portanto, ERRADA. Tentar relativizar isso é tentar violar o princípio de não-contradição, o que, segundo Aristóteles, faz com que a pessoa se comporte como uma PLANTA.
"Não é disso que o Olavo fala?" Se o Olavo diz isso querendo dizer algo correto sobre o que é ser cristão, então ele está ERRADO. E não adianta vir com sofisma de que isso é reflexão filosófica que está à margem da religião e que terá certamente um desfecho "tomista". O Olavo é muito inteligente e tem intuições interessantes, mas fala MUITA besteira sobre religião, mas MUITA mesmo, todas decorrentes de uma mentalidade liberal, a do católico liberal.
Mero Cristianismo é apenas uma razoável introdução a algo que, como diz Belloc, sequer existe. Não o "cristianismo", que congregaria as mais diversas aberrações teológicas e filosóficas junto com todo o corpo da doutrina católica. Há, sim, a Igreja Católica, que é a continuação da Encarnação do Verbo na História, e seus inimigos (que podem estar dentro ou fora dela). E não era só Belloc quem dizia isso. O grande São João Bosco também o afirmava.
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