O título deste post é também o do “assunto” de um e-mail que recebi de uma leitora protestante. Nossa Senhora parece estar me dando muitos leitores protestantes, que protestam muito, mas continuam meus leitores. Mas a leitora que agora me escreve, garantindo duas vezes que não se trata de “uma pegadinha nem de uma armadilha protestante”, ao invés de protestar, pede-me ao final de seu e-mail: “Por fim, quero elucidá-lo de minha ignorância tanto em assuntos doutos, tanto mais quanto à Igreja Católica. E por isso que eu te peço que apresente-a a mim.”
Os católicos temos uma obrigação claríssima: temos de estar “prontos sempre para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós”(1 Ped 3,15); é o nosso primeiro Papa que exige isto de todo católico.
Já informei à leitora – por e-mail – que apresentar a Igreja católica aos meus leitores é o que eu procuro fazer neste blog. Ele já tem, pela graça de Deus, cinco aninhos de idade e muitos leitores, comentadores e seguidores; muito mais do que o blogueiro esperava. Recentemente, respondi a um leitor a razão que me faz ser católico. Penso que seria útil a leitora ler Leitor pergunta: Por que Angueth você é católico? e Leitor insiste, e eu também. Há também dois extraordinários textos de Chesterton, por mim traduzidos e com o mesmo título, que podem ser útil: Por que sou católico e Por que sou católico.
No e-mail, a leitora faz três perguntas principais, que listo aqui:
1. Mediação dos Santos - Em João 14.6 Jesus afirma: "Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim". Eu entendo que construir Imagens não é pecado nenhum, uma vez que o pecado está em construir Ídolos, do contrário, deveríamos acabar com as estátuas das praças, com as fotografias e tutti quanti. Só não entendo como uma pessoa de carne e osso como eu, morre, chega no céu e me escuta aqui da terra e ainda pede por mim para Deus. Mas de coração que quero entender. E também não acho muito razoável as procissões, penitências e promessas, isso me parece muito com adoração. Mas posso estar errada e quero saber.
2. Purgatório - Isso não anula a morte de Jesus na cruz? Eu raciocino (ou me ensinaram a pensar assim) que o Sangue de Jesus é suficiente para nos lavar de todo pecado, se nós temos a oportunidade de purgar nossos pecados, para que Jesus morreu?
3. Li uma tradução sua do Chesterton que explica porque ele era católico. Tem uma coisa lá que me chamou atenção, que me abriu os olhos ao mesmo tempo que criou mais uma dúvida. O texto é: “Ele não acredita, convencionalmente, no que a Bíblia diz, pela simples razão de que a Bíblia não diz nada. Você não pode colocar um livro no banco das testemunhas e perguntar o que ele quer dizer. A própria controvérsia fundamentalista se destrói a si mesma. A Bíblia por si mesma não pode ser a base do acordo quando ela é a causa do desacordo; não pode ser a base comum dos cristãos quando alguns a tomam alegoricamente e outros literalmente. O católico se refere a algo que pode dizer alguma coisa, para a mente viva, consistente e contínua da qual tenho falado; a mais alta consciência do homem guiado por Deus.” Bom, sendo assim, a bíblia é menor que a Igreja Católica? E se sim, como eu posso confiar nisso se a Bíblia é a palavra de Deus? E como poderia a palavra de Deus não ser confiável?
Sobre a mediação dos santos: sei que este é um permanente protesto dos protestantes. Vou indicar-lhe, cara leitora, três textos do site Montford sobre o assunto; não poderia escrever nada melhor que isto: primeiro, segundo e terceiro. Há lá muitos outros textos sobre o mesmo assunto, que você poderá consultar com proveito.
Sobre penitências, que você diz não entender, posso citar: Mt 3,8; Lc 13,5 – 16,29-30; Is 58,1-7; Lc 47,24. Há muitas outras passagens na Bíblia sobre isso. Por isso, cara leitora, quem conhece realmente a Bíblia somos nós, os católicos.
Sobre o purgatório, vou citar algumas passagens da Bíblia:
a) II Mac 12, 43-45: “Tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria uma coisa supérflua e vão orar pelos defuntos.” Para que orar pelos defuntos se eles vão ou para o Céu ou para o Inferno?
b) I Cor 3,15.
c) Mt. XII, 31-32: “Por isso vos digo: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, porém, a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Todo o que disser alguma palavra contra o Filho do homem, lhe será perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no futuro.” Portanto, há pecados que podem ser perdoados no futuro.
Sobre a Bíblia e a passagem de Chesterton: a Bíblia é a palavra de Deus. Contudo, quem escolheu os livros que continham a palavra de Deus, aqueles do Velho Testamento, e quem escreveu os livros do Novo Testamento, foi a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo. Portanto, se não houvesse Igreja, não haveria Bíblia. Assim, a Bíblia foi escrita por inspiração de Deus, que ainda fala ao mundo por meio de Sua Igreja; Igreja e Bíblia são expressões de um mesmo Deus, Uno e Trino. Não pode haver coisa mais simples que esta.
Como lhe disse por e-mail, cara leitora, rezo pela sua conversão à única Igreja verdadeira.
33 comentários:
OI Angueth,
Sou eu sua leitora que te enviou o e-mail! Poxa, estou muito agradecida pelo tempo e pela prontidão em me responder!
Li o seu texto, vou ler os textos que você indicou, até digerí-los e entendê-los bem!
Caso eu tenha alguma dúvida, eu te mandarei por e-mail para não criarmos um rebulisso aqui.
Enquanto cristã, sei que brigas, trocas de farpas, não ganha ninguém para Cristo, e como genuína adoradora de Deus, quero prosseguir em conhecê-lo, e adorá-lo como ele quer, não como eu desejo adorá-lo.
Fiquem todos na paz de Deus!
A questão do Purgatório é o seguinte:
1) Purgatório é apenas um nome, para designar o estado das almas que morreram NA AMIZADE DE DEUS, arrependidas de seus pecados, mas ainda necessitando purificação para entrarem no Céu.
2) Desde os primeiros séculos, os cristãos rezavam pelos mortos (veja as CATACUMBAS cristãs!), e isso implica que existe um estado intermediário, pois a oração feita pelos condenados no Inferno é inútil (São João diz que não devemos rezar por quem "cometeu pecado para a morte" - I João 5:16 - e a Igreja entende que essa passagem é aplicável somente aos mortos, pois pelos vivos devemos rezar independentemente do que fizerem), e os que estão no Céu não precisam de nossas orações.
3) Existem várias passagens das Escrituras das quais podemos concluir pela existência deste estado intermediário (que a Teologia latina chamou "purgatório") como 1 Coríntios 3:15, mas a TRADIÇÃO é o modo como devemos ler a Bíblia. A Tradição está contida nos escritos dos primeiros Padres da Igreja, nos cânones dos Concílios, nos Credos, nas pinturas das catacumbas, etc.
4) O ensino tradicional fecha com a lógica das Escrituras, que ensinam que no Céu "nada de impuro entrará" (Apocalipse 21:27) enquanto no Inferno não há redenção e o fogo é eterno (Mateus 25:41).
5) São Paulo, na 2º Epístola a Timóteo (II Timóteo, I, 18), assim ora a Deus pelo amigo Onesíforo:
"Que o Senhor lhe conceda achar misericórdia junto ao Senhor naquele Dia."
Comparando os versículos 15 a 18 do capítulo I dessa epístola, com o versículo 19 do capítulo IV da mesma carta, vê-se que Onesíforo já era morto, porque nesses textos o Apóstolo se refere nominalmente a outras pessoas, e quando seria o caso de nomear Onesíforo, seu grande amigo e benfeitor, ele não o faz, mas só se refere "à família" de Onesíforo. Dai se conclui que ele não era mais do número dos vivos. E São Paulo reza por ele, pedindo que o Senhor tenha dele misericórdia.
Boa noite!
Passei para lhe desejar um bom final de semana e lhe informar que está disponível no blog Amigos da Cruz a biografia sobre Chesterton escrita por Agnes de La Gorce, retirada do livro "Convertidos do ´seculo XX". http://amigocruz.blogspot.com/
Abraço em Cristo!
O Purgatório não é só um "estado das almas", mas um lugar onde se purgam as faltas para, "com pureza d'alma" poderem adentrar no Paraiso.
MMLPimenta
"A curiosidade é a mãe da descoberta".
http://www.permanencia.org.br/
drupal/node/577
MMLPimenta
http://advhaereses.blogspot.com/
2010/06/
fragmentos-de-gustavo-corcao.html
Caro anônimo,
Concordo com Marcus Pimenta: Purgatório, Inferno e Paraíso não são "estados de alma". É um grande erro assim pensar. Estes são lugares determinados. Paraíso e Inferno são lugares permanentes; em lá chegando, não mais saímos. O Purgatório é um lugar provisório; de onde saímos para o Paraíso.
Lembro aos leitores que Santa Catarina de Gênova tem um grande tratado sobre o Purgatório. Ela foi levada ao Purgatório por NSJC, que também permitiu que ela examinasse tudo e depois escrevesse a respeito.
Em JMJ.
Antônio Emílio Angueth de Araújo.
http://www.veritatis.com.br/
article/3145
Aos curiosos - e curiosas - que querem beber da fonte de verdade e imperecível misericórdia de Deus.
MMLPimenta
Como é o Purgatório – Santa Catarina de Gênova
Santa Catarina de Gênova (1447-1510) nasceu em Gênova em 1447, filha de Francisca di Negro e Tiago Fieschi, então vice-rei de Nápoles sob Renato de Anjou. Escreveu a obra o Tratado do Purgatório, cujo prólogo a declarava “colocada no purgatório do incendiado amor divino, que a queimava toda e purificava-a de tudo o que tinha a purificar." Catarina concretizou o seu desejo de renovação espiritual na mortificação e na caridade.
Não há felicidade comparável a das almas do Purgatório, a não ser a dos santos no céu, e tal felicidade cresce incessantemente por influência de Deus, à medida que os impedimentos vão desaparecendo.Tais impedimentos são como a ferrugem e a felicidade das almas aumenta à medida que esta ferrugem diminui. (Cap. II)
Deus aumenta nelas a ânsia de O verem e acende-lhes no coração um fogo de amor tão poderoso que se lhes torna insuportável depararem com um obstáculo entre elas e Deus&rdquo. (Cap.III)
Sentem-se tão fortemente atraídas para Deus que nenhuma comparação pode exprimir tal atração. Imaginemos, todavia, um único pão para matar a fome de todas as criaturas humanas e que bastava vê-lo para a fome ser satisfeita. Qual seria a reação de alguém que possui o instinto natural de comer e vem dotado de boa saúde? Qual seria, repito, a reação se não pudesse comer, nem tampouco adoecer ou morrer? Sua fome iria aumentando constantemente. Assim é a ânsia das almas no Purgatório para o encontro com Deus. (Cap. VII)
Pelo que diz respeito a Deus, vejo que o céu tem portas e pode entrar nele quem quiser, porque Deus é todo bondade. Mas a essência divina é tão pura que a alma, se nota em si qualquer empecilho, precipita-se no Purgatório e encontra esta grande misericórdia: a destruição deste empecilho. (Cap. IX)
A alma vê que Deus, pelo seu grande amor e providência constante, jamais deixará de a atrair à sua última perfeição. Vê também que, ligada pelos restos do pecado, não pode por si mesma corresponder a esta atração. Se encontrasse um Purgatório mais penoso, no qual pudesse ser mais rapidamente purificada, mergulharia nele imediatamente.(Cap. XI)
O amor divino, ao penetrar nas almas do Purgatório, confere-lhes uma paz indescritível. Tem assim grande alegria e, ao mesmo tempo, grande pena. Mas uma não diminui a outra. (Cap. XIV)
Enquanto o acrisolamento não estiver concluído, compreendem que, se se aproximassem de Deus pela visão beatífica, não estariam no seu lugar e por isso sentiriam um maior sofrimento do que se permanecessem no Purgatório. (Cap. XVI)
As almas sofrem voluntariamente as suas penas que não desejariam o menor alívio, por conceberem quão justas são. (Cap. XVIII)
O acrisolamento a que estão sujeitas as almas no Purgatório, experimentei-o em minha vida, durante dois anos. Tudo o que constituía para mim um alívio corporal ou espiritual, foi-me tirado gradualmente. Finalmente, para concluir: vede bem que tudo o que é profundamente humano, o nosso Deus todo poderoso e misericordioso transforma-o radicalmente. Não é outra a obra que se leva a cabo no Purgatório. (Cap. XIX)
MMLPimenta
Meus caros, quando dizemos que Céu, Purgatório e Inferno são "lugares", é por analogia com a ideia de ESTADOS, pois antes da ressurreição a alma não está em nenhum "lugar". Está num estado de visão beatífica, purificação ou condenação. O Catecismo chama o purgatório de "estado das almas", mas óbvio que não tem nada a ver com aquela ideia de que "Céu e Inferno são somente estados da alma" (significando estados PSICOLÓGICOS).
"Pelo que diz respeito a Deus, vejo que o céu tem portas e pode entrar nele quem quiser, porque Deus é todo bondade."
Caro MMLPimenta,
Como podemos compreender essa afirmação frente à conclusão de Santo Tomás de que "Deus predestina alguns para o inferno" e que o número dos predestinados é certo e imutável?
Respeitasamente,
Aprendiz
Caro Aprendiz, você sabe quem vai para o Céu?...
E quem vai para o Inferno, você tem idéia?...
É... Pois é... Nem eu!
Continuemos todos concursando na prática do bem que Deus irá dirimir todas as dúvidas no Dia do Juízo.
Os impenetráveis designeos da Providência são harmoniosamente alinhados com a Previdência; e sabemos da bondade e da justiça, bem como da misericórdia de Deus pára com tudo e todos; além, é claro, que essas qualidades são inerentes ao próprio Ser de Deus: Ele É Bondade; Ele É Justiça; Ele é Misericórdia; Ele É Verdade. Portanto, nada de ruim pode emanar dessa substância que É Amor e Sabedoria.
Se há o mal e o mau, não é pela Virtude de Deus, mas por uma deficiência da criatura, mas Deus concede sempre ao homem as ocasiões e as aptidões para laborar na senda do bem; nunca o contrário, já que Ele é TODO bondade - e nada de mal pode derivar do Bem!
Isso pode parecer um "drama humano", mas é um romance entre Deus e os Seus filhos mui amados.
http://www.permanencia.org.br/
drupal/node/794
http://www.permanencia.org.br/
drupal/node/801
MMLPimenta
Veja, meu caro Aprendiz, que a vontade e a razão para o homem possuem um papel preponderante na eleição entre o bem e o mal da ação. Veja o que diz a sentença: "Pelo que diz respeito a Deus, vejo que o céu tem portas e pode entrar nele QUEM QUIZER, porque Deus é todo bondade", isto é, Deus ajuda a quem se ajuda - somos os bons cooperadores com a graça de Deus, sempre!
Deus saber tudo o que foi, tudo o que é, tudo o que será e tudo que poderia ser é uma característica da previdência de Deus e não exclui a Sua providência, já que Ele municia a todos com as armas das virtudes naturais e o concurso sempre presente da graça (as virtudes sobranaturais) - como no adágio teresiano: "Tudo é graça!".
Deus não "condena" ao Inferno, mas sabe quem vai para lá. A Sua lei não é ao modo humano, mas com indizível justiça: até os demônios confessam as suas faltas e a sua danação!
Recomendo aquilo que já disse antes: leia os textos indicados de Sto Tomás que aborda os temas elencados.
Com amizade;
MMLPimenta
Caro Anônimo, não são "lugares" entre aspas, mas lugares de fato e de direito!
Qualquer outra "analogia" é indevida e imprópria.
A mentalidade neo-católica adora chamar as coisas por outros nomes que não os próprios, isto é, na tentativa de usar [e abusar] da "criatividade" tentam aproximar coisas e palavras díspares e fazem uma confusão dos diabos - com trocadilho, por favor...
As almas com os seus respectivos estados estão num lugar que lhe é adequado, isto é, focar no "estado" da alma e esquecer que ela está num lugar que lhe é próprio é esvaziar o sentido verdadeiro de Céu, Inferno, Purgatório e Limbo.
Recentemente houve um "estudo oficial" que tenta mitigar e/ou acabar com o Limbo, numa espécie de Apokatástase modernista, que se mostrou terrivelmente "atual": há um desejo entre os modernistas de reescrever os Novíssimos com tons mais condizentes com "o homem de hoje", isto é, sem falar na heresia, há um otimismo idiota misturado com a mais abjeta má-fé...
Fiquemos, pois, com a Tradição e sua linguagem que é "SIM, SIM, NÃO, NÃO", já que o mais vem do Maligno.
Com amizade;
MMLPimenta
Caro Aprendiz,
vivendo fora do tempo e sendo onisciente, Deus sabe de antemão tudo aquilo que queremos e que haveremos de querer. Tudo no intelecto divino é certo e imutável, portanto o número de santos e réprobos também o é. Ele sabe quem de fato quer ir para o Céu, quem fará um ato de contrição perfeita 5 segundos antes de morrer, quem não se preocupa com a perseverança final, quem fraquejará quando Ele o chamar na hora da morte... Ele sabe tudo isso antes mesmo que cada um de nós venha a ser. E o fato de Ele o saber não anula nossa liberdade de escolher amá-lo e buscar a salvação de nossas almas, ou o contrário disso.
Obviamente, isso nos parece um paradoxo. Vivemos no tempo e pensamos temporalmente. Assim, se somos predestinados, parece que não temos poder de escolha. Mas há que assumir as consequências lógicas da onisciência de Deus: se Ele tem ciência de todas as coisas, tem ciência de quem irá para o Céu e quem para o Inferno, o que certamente não o torna um titereiro.
Devemos encarar a predestinação não com desesperança de nossa salvação, porque algo já previsto ou não no plano de Deus, mas como um exercício de humildade que nos faz reconhecer nossa infinita inferioridade com relação ao Ser que nos dá as graças para tudo. Se existimos, é pela graça de Deus, se somos católicos, é pela graça de Deus, se vamos para o Céu, é também por ela. Logo, não se deve supervalorizar o poder das escolhas humanas. Temos livre-arbítrio, mas ele sozinho não nos faz santos.
Sobre o purgatório:
http://www.tenesperanza.org/
Falô e disse, Luíza!!!
Deus não infunde a graça em robôs, mas em pessoas: carne, ossos, razão, vontade e sensibilidade para render tributo ao incomensurável amor de Deus!
MMLPimenta
Pensando sobre a predestinação
Com Chesterton, minha razão me diz: - Não se meta com esse assunto, pois ele o levará ao inferno da dúvida.
Minha razão, consultando a vontade, diz: - Nem pense em outra coisa senão o Céu.
A razão ainda me aconselha: - Ajuste sua sensibilidade para aceitar somente a Luz.
Cotejar a soberania de Deus com o livre-arbítrio humano tem levado muitos à ruptura da razão.
Com Aristóteles, por outro lado, poderíamos partir da convicção de que Deus deu a todos o potencial da salvação. Esta, por sua vez, pode realizar-se mediante o cumprimento das exigências do Evangelho.
Em NSJC,
Aprendiz
Homem: criatura sem méritos, mas com imenso potencial. Isso atinente aos propósitos naturais, posto essa incompletude constitutiva de que falamos anteriormente.
Sabendo-se finito, rende-se ao apelo do Absoluto - a dívida de gratidão com o Altíssimo - que lhe completa e enaltece até que o natural seja um terreno fértil para o sobrenatural. Lembrando sempre de I Cor III, VII.
O desespero pela salvação é um pecado grave, pois não há brecha para a esperança plantar na alma as raízes da misericórdia, isto é, misere cordis: o coração dos miseráveis entregue à Deus.
Por tudo isso, não fiquemos na dúvida ou no estupor do questionamento vão: atemo-nos com clamor e oração aos caminhos já trilhados pelos amigos de Deus, e nunca podemos nos esquecer que Deus também faz os Seus santos da magra messe dos pecadores.
Do falso dilema entre razão e fé, fique com as duas, pois a nossa fé não é irracional, mas comproporcionada à nós para a amior glória de Deus.
MMLPimenta
MMLPimenta,
Acho que você está enganado, pois as almas não ocupam espaço. Logo, não podem estar em um "lugar". Quando falamos de Céu, Purgatório e Inferno como "lugares", é por analogia. Somente depois da ressurreição é que Céu e Inferno serão lugares, pois os corpos ocuparão lugares.
Por outro lado, Céu e Inferno também não são "estados" no sentido de "estados psicológicos".
"Do falso dilema entre razão e fé, fique com as duas, pois a nossa fé não é irracional, mas comproporcionada à nós para a amior glória de Deus."
A razão é o instrumento que nos permite pesquisar. A fé é, tanto no início, quanto no fim, o estado do espírito que produz a bem-aventurança e estimula a busca da verdade.
Agostinho disse: - Busquei-vos fora de mim, mas vós estáveis ao meu alcance, dentro de mim.
A fé natural pode estar contaminada pelos cinco sentidos. A fé raciocinada pode ser fruto do orgulho. Ambas podem podem ser purificadas pelo concurso da razão.
Conhecer, no limite, coincide com a fé. "O verdadeiro conhecimento é aquele que se dá na união da alma com Deus".
Aprendiz
Em não ficar pensando muito na predestinação talvez faça bem, Aprendiz. É um tema bastante complexo para nossa compreensão. E não é difícil que nos enganemos e percamos as esperanças.
Quanto a pensar só no Céu, você está certo num ponto: somente o Céu deve ser nosso objetivo em vida, pois se buscamos primeiro o Reino de Deus e sua justiça, as demais coisas nos serão acrescentadas. Mas meditar sobre o Inferno e o Purgatório também é necessário, pois a imagem desses lugares alimenta o desejo ardente pelo Céu.
Em Cristo e Maria,
Luíza
Caríssimos, sou pequeno demais pra me meter por aqui...rs. Mas ainda assim, permitam-me.
Sempre me pareceu estranho mesmo esta qualificação dos novíssimos como simples estados de alma. Claro que, do porvir, temos apenas uma obscura notícia.
Como dizia o escritor León Bloy, há como que um muro de aço no qual tromba a nossa inteligência.
Isto, porém, não nos impede de saber que, seja o que for "que os olhos humanos não viram, nem o coração compreendeu", este algo certamente que não é ilógico, pelo que podemos dizer algo de acertado.
Vi já vários relatos de santos que afirmam ser o fogo existente no Purgatório ou no Inferno, fogo real e material.
Ora, um fogo material implica um lugar onde possa existir. Daí que sempre me pareceu que os novíssimos fossem mesmo lugar.
Além disto, ainda que as almas sejam imateriais, me é difícil compreender como poderiam existir totalmente dissociadas de qualquer lugar.
Abraço.
"(...) meditar sobre o Inferno e o Purgatório também é necessário, pois a imagem desses lugares alimenta o desejo ardente pelo Céu."
Sábio conselho, Luíza.
Em NSJC e Maria,
Aprendiz
Caríssimo Anônimo, se a alma não é nada, ela é alguma coisa. Se é alguma coisa [criada] possui limite. Se possui limite ela há que ocupar um lugar no espaço. Se ela ocupa um lugar no espaço, há os espaços convenientes para cada "tipo" de alma. Se há os lugares convenientes e adequados para cada alma, há locais onde elas se agregam para cumprir, cada uma e coletivamente, o seu destino post mortem. Se há os locais definidos e específicos onde há castigo, gozo, purga ou expectativa da justiça divina, há que haver Inferno, Céu, Purgatório e Limbo, pois isso é próprio de Deus dispor tudo com harmonia, hierarquia e sabedoria; medida, movimento e subordinação para com tudo e todos; para que cada coisa diga e bendiga a glória do Senhor altíssimo!
Portanto a sua "tese" de que os Lugares da Justiça já foram esvaziados de sua função, como que se a Comunhão dos Santos não existisse, é moderna até a medula!
Com amizade na verdade;
MMLPimenta
Os exercícios espirituais de sto Inácio já são um bom começo dessa prática piedosa; qual seja: elevar o pensamento aos Novíssimos para escavar bem fundo de nossa alma a verdade da icomensurável Paixão de Deus por nós!
MMLPimenta
Boa noite prof. Angueth,
Creio que um dos motivos que causam confusão nos protestantes sobre a doutrina do purgatório é o fato de muitos pensarem que o purgatório seja uma SEGUNDA chance (tive contato com vários que pensavam assim). O Papa João Paulo II em uma de suas catequeses deixou bem claro que `` o purgatório não é uma segunda chance´´. As almas que padecem no purgatório já estão SALVAS.
E ele não tira a eficacia do sacrifício de Cristo pois o purgatório é FRUTO DA PAIXÃO de CRISTO.
E como se recomenda muitas leituras aqui no blog, eu recomendo a todos a leitura da `` Divina Comédia´´ de Dante Alighieri,obra maravilhosa e um dos clássicos da humanidade.
Que Deus abençoe sua obra +
Pe Vagner
Falou a voz do bom Pastor.
Donde se multiplicam as palavras, o ungido pelo munus sacerdotal é simples, direto e claro: não há sombra, mas luz que ilumina e estrutura.
Obrigado, Pe. Vagner.
MML Pimenta,
"Portanto a sua "tese" de que os Lugares da Justiça já foram esvaziados de sua função, como que se a Comunhão dos Santos não existisse, é moderna até a medula!"
Eu não defendi nenhuma tese de que "os lugares da justiça já foram esvaziados de sua função". Defendi que os "lugares" de Justiça são "lugares" apenas por analogia, já que as almas não ocupam ESPAÇO, então não são "lugares" literalmente falando. Por outro lado, também não são meros "estados psicológicos".
Caro Anônimo, o problema que veja é que não atinas para donde rumam as suas afirmações.
Um professor muito querido dizia que era extremamente raro encontrar alguém que concluísse as suas premissas, isto é, fizesse o nexo entre causa e conclusão.
Não posso deixar de notar que o mesmo ocorre consigo - mesmo com alguns "arredondamentos" da sua "proposta teológica".
No lusco-fusco das [in]conclusões muita heresia corre por baixo da Doutrina.
Você não disse isso, mas são das suas "descobertas filosóficas" que extraí tudo o que afirmo.
Com relação às suas afirmações sobre a física da alma, peço que não pense com "matéria newtoniana", mas com matéria tomista.
Recomendo uma re-leitura do silogismo que empreguei anteriormente sobre a alma e os seus correlatos.
Sugiro também a saída do anonimato e o caminhar para a luz sempre terna e fraterna da amizade franca e pessoal!
Com carinho; MMLPimenta.
Fui eu que mandei o e-mail. Sou eu que estou mais confusa ainda depois de ler os comentários...
Cara leitora,
Enviei-me e-mail expondo suas dúvidas que eu tentarei respondê-las.
Em JMJ.
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