29/05/2010

Objeções à Caridade

G.K. Chesterton
The Illustrated London News
8 de dezembro de 1906
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Nota (longa) – Publiquei há alguns anos, no Mídia Sem Máscara, um artigo sobre a caridade que talvez seja um bom intróito brasileiro ao extraordinário artigo de Chesterton, que abaixo traduzo e que na época não conhecia. Se o conhecesse, certamente o teria citado. Vou reproduzi meu artigo abaixo porque o site do MSM não disponibiliza mais os links dos artigos antigos. Reproduzo também, logo a seguir, uma pequena discussão que mantive com um leitor, sobre as questões tratadas no artigo.
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REVOGADA A LEI DA CARIDADE EM BELO HORIZONTE
Leio no Estado de Minas de hoje (12/10/2006) que, muito oportunamente nesta data, a Prefeitura de Belo Horizonte revogou a lei da caridade cristã. Diz o título da reportagem, em letras garrafais: COMPANHA CONTRA A ESMOLA. Os ungidos da Secretaria Municipal de Assistência Social afirmam que os problemas com os menores estão resolvidos. Sobretudo dos menores que trabalham. Isso, na visão dessa gente, é o maior absurdo. O menor vadio, ah!, esse não tem problema. Os problemáticos são os que trabalham, porque esses são os “explorados”.

Os que teimam em dar esmolas são agora os colaboradores dos exploradores de crianças. Sim, porque no dizer de uma assistente social “Ao comprar um chiclete ou coisa semelhante [no semáforo, por exemplo], a pessoa colabora com a manutenção da exploração infantil”.

Fica revogada, a partir de hoje em Belo Horizonte, o capítulo 13 da primeira carta de S. Paulo aos Coríntios. Aquilo tudo foi muito útil enquanto não existia a Prefeitura de Belo Horizonte. Fica ainda, para os estudiosos, o problema de saber se devemos revogar a epístola toda ou se há alguma parte dela que se aproveita, depois desse ato oficial.

A ungida assistente social afirma ainda que “Muitos acreditam que o menor deve trabalhar para ajudar a família, porém a prefeitura tem programas que atendem todos que precisam.” Aqui fica evidente a inutilidade da caridade individual.

Que maravilha! Você é pobre? Você tem filhos? Você acredita que eles precisam aprender a trabalhar o quanto antes, para serem, um dia, alguém na vida? Até pouco tempo atrás você era um pai zeloso, que desejava o melhor para o seu filho, dadas as condições em que ele nasceu. Agora você é explorador de menores. Seu filho não precisa do que você quer dar a ele. Aliás, quem sabe o que ele precisa, não é você que é pai, que o viu nascer, que se esforçou em criá-lo da melhor forma que você pôde. São as assistentes sociais da prefeitura que sabem o que é melhor para seu filho.

Ele deve aprender balé, dança flamenca, teatro, etc. Assim, quando ele crescer, ele vai ser um grande artista. Porque você sabe, né?, todo mundo deve ser artista no Brasil. Não vê o exemplo do Gilberto Gil. Ele é artista. Não sabe se expressar, não fala coisa com coisa, e chegou a ministro. Mire-se nos exemplos de Caetanos, Gils e daquela penca de artistas que se reuniram para nos convencer que ética é aquilo que o PT fez, nos quatro anos de governo.

Como S. Paulo se tornou persona non grata em Belo Horizonte, talvez devamos nos atentar para a advertência de C.S. Lewis: “Há hoje em dia pessoas que pensam que a esmola deveria ser desnecessária e que, em vez de darmos aos pobres, deveríamos criar uma sociedade em que não houvesse pobres. Talvez tenham toda a razão em afirmar que deveríamos esforçar-nos por criar esse tipo de sociedade; mas se alguém pensa que, enquanto não se chegar a esse ponto, pode parar de dar esmolas, com certeza deixou completamente de lado toda a moral cristã.

Depois deste artigo, temo que todos vão querer morar em Belo Horizonte, que será a Cidade de Deus agostiniana. E tudo isso sob os auspícios de sua administração municipal, que, por coincidência, é claro, é petista.
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DISCUSSÃO COM UM LEITOR
Prezado Sr Antônio Emílio de Araújo,
Ao ler seu artigo “Revogada a Lei da Caridade Cristã” fui tomado da curiosidade de conhecer melhor seu pensamento.
Para tanto formulei algumas perguntas às quais gostaria imensamente de ver respondidas:
1) O senhor considera realmente como trabalho, a atividade de vender balas nas ruas?
2) O senhor considera que tal atividade ajudará na formação do caráter dessas crianças?
3) O senhor considera que tal atividade trará alguma lição, ou ensinamento, ou aprendizado relevante para a vida futura dessas crianças?
4) O senhor considera realmente que essas crianças sejam filhas de pais zelosos que estão pensando no melhor dos interesses dos seus filhos?
5) O senhor considera que este tipo de caridade seja imprescindível para a sobrevivência dessas crianças?
6) Em caso positivo, o senhor considera errado que o estado assuma a posição de provedor?
7) Por fim: Já que o ato de vender balas nos sinais é um excelente meio disciplinador e formador de caráter, bem como um excelente meio para as pessoas praticarem a caridade; o senhor colocaria seus filhos para vender balas nos sinais?
Peço por caridade, que o senhor tenha a devida paciência para responder aos meus questionamentos.
Atenciosamente
Wolmar Murgel Filho
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Caro Sr. Wolmar,
O Sr. usa um tom deveras professoral para um debate de idéias. Além disso, não sem certa ironia, o Sr. responde, indiretamente, algumas das perguntas feitas. Não vou comentar sobre isso e acreditarei que o Sr. esteja realmente interessado em minhas idéias e não em me dar uma lição de moral.

Eu acredito que a vida é injusta, que nem todos nasçam com as mesmas potencialidades ou mesmo num meio ambiente que as faça florescer devidamente. Eu acredito que o homem pode, dentro de suas limitações e dificuldades, se elevar acima de suas circunstâncias, mas com muito trabalho e esforço.

O nascido pobre, no sentido econômico, tem de trabalhar desde cedo se quiser se elevar acima da pobreza original. Quanto mais ele atrasar, mais difícil fica seu caminho. Quanto mais convencermos o pobre de que ele deve dançar balé e não tentar ajudar, com alguma atividade remunerada, sua família, mais estamos atravancando seu caminho.

O caminho do trabalho precoce foi o caso, no século XIX, de uma criança órfã que trabalhava, desde os nove anos de idade, nos armazéns de um comerciante inglês muito rico, e que se tornou o Barão de Mauá. Foi também a história de um menino negro, filho de lavadeira, que se tornou Machado de Assis. No século XX, foi o caminho de uma criança de nome Abravanel, que trabalhava como camelô e se tornou Sílvio Santos. Fora do Brasil, podemos citar aquele menino que trabalhava com um encadernador de livros, que de tanto ler os livros que encadernava, se tornou Michael Faraday, um dos maiores físicos que o mundo conheceu. Vou poupar o Sr. e os demais leitores do exemplo daquele lenhador que se tornou presidente dos EUA.

Qual o trabalho cada pobre deve escolher eu não sei. Parece, pelas perguntas feitas, que o Sr. sabe. Digo apenas que considero que lavar privada, carregar compras, vender chicletes, etc. são todos trabalhos relevantes. Não acho, porém, que traficar drogas, se prostituir e roubar sejam trabalhos relevantes.

O Sr. me faz uma pergunta pessoal, pensando talvez em me atemorizar ou em me pegar em contradição. Pergunta se eu deixaria meus filhos venderem chiclete no semáforo. Sr. Wolmar, eu não nasci pobre (nem rico) e não precisei, pela graça de Deus, trabalhar até me formar na universidade. Mas minha esposa trabalha desde os 11 anos de idade (vendia bijuteria em feira de artesanato) e meu filho, às vezes, vende bombom na porta do restaurante de sua escola, na hora do almoço. Se nossa família precisasse (ou precisar), o Sr. fique certo de que meus filhos estariam(estarão) vendendo chicletes nos semáforos da vida.
Quanto ao estado provedor, eu conheço, relativamente bem, a história do século XX, em que a implantação deste tipo de estado levou para a cova 200 milhões de pessoas. Dispenso esse tipo de estado!

Um comentário final sobre a caridade. Ela é para ser praticada com o próximo e não com o distante. Segundo Lewis, uma das estratégias do demônio é nos fazer amar o distante (por exemplo, nos fazer ter a maior compaixão pelas criancinhas famintas da África) e odiar ou desprezar o próximo (por exemplo, nos fazer recusar dar esmolas às crianças em nossos semáforos). Outro exemplo é achar que colaborar com o "Criança Esperança" é meritório ao mesmo tempo em que sentimos o maior desprezo por aquele menino feio e catarrento que se aproxima de nós para vender chicletes.

Sr. Wolmar, espero que o tenha esclarecido melhor sobre as minhas idéias.

Obrigado pelo interesse.

Antônio Emílio Angueth de Araújo

P.S. Talvez seja de seu interesse consultar este artigo de Olavo de Carvalho sobre a temática da pobreza em geral.
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A seguir, o artigo de Chesterton.
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Lamento ver que há um tipo de suposição universal na maioria dos jornais de que o cavalheiro que deu dinheiro às crianças e homens nas ruas fez algo inteiramente indefensável e absurdo. Quando interpretou a caridade como a obrigação de distribuir dinheiro pelas ruas, ele fez algo pelo que eu, por exemplo, esperava há muito tempo. Não vou tão longe a ponto de afirmar que ele estava certo; mas certamente penso que estava muito mais certo que todos os filantropos e organizadores de caridade que o desaprovam. Está tudo muito bem em dizer que os economistas alertam que a caridade casual faz mal. Os economistas são muito capazes de afirmar que comer e beber faz mal – e, de fato, pensando bem, comer e beber faz certamente mal. Fala-se em jogar dinheiro no mar. Fala-se em atira riquezas num poço sem fundo. Fala-se em derramar um bom vinho no esgoto. Mas pelo menos, em todos esses casos de jogar algo no abismo, a coisa, uma vez no abismo, não pode fazer mal. O dinheiro não pode subornar o mar; nem o vinho pode embebedar a tubulação. Fazemos, contudo, algo mais obscuro e mais imprudente quando atiramos vinho ou comida num abismo mais tenebroso que é dentro de nós mesmos.

Por que devo me preocupar se não sei se faço bem ou mal quando dou uma refeição a um mendigo? Não se faço bem ou mal se dou uma refeição a mim mesmo. A comida tal como a comemos nestas épocas civilizadas e com digestões civilizadas, a comida, neste sentido, contém as sementes tanto da morte quando da vida. Não me diga que não sei o que acontece com a moeda que dou àquele reconhecido mendigo, Esgotado da Silva. Não sei o que acontece com o sanduíche de presunto que dou àquele pária faminto: G.K. Chesterton. Não quero saber. Sei que, em certo sento, estamos derramando dons num universo sem fundo, num universo que usa os dons de seu próprio modo e com uma complexidade além de nosso controle ou mesmo de nossa imaginação.

Sem dúvida, em matéria de mendigos e caridade, eu sei o que não sei – não sei que uso será feito afinal do presente em dinheiro que dou a um homem pobre. Mas tampouco sei do uso que será feito do presente que dou a qualquer outro homem. Dar qualquer presente digno do nome é dar poder; dar poder é dar liberdade; dar liberdade é dar pecado em potencial. Se dou o presente mais decoroso e pio, ele se coloca além de meu poder por eu meramente tê-lo dado. Se dou uma Bíblia a um homem, ele pode lê-la de forma a justificar a poligamia. Muitos homens têm lido a Bíblia (os Mórmons, por exemplo) para justificar a poligamia. Se dou a um homem um copo de chocolate (o que seguramente nunca deveria fazer) ele pode obter desse copo de chocolate a quantidade exata de nutrientes e vigo que precisava para cometer um assassinato. Muitos homens, tenho certeza (embora não tenha estatísticas à mão) têm cometido assassinato sob o imediato revigoramento do chocolate. Se dou a um homem uma igreja, ele pode nela celebrar uma Missa Negra. Se dou a um homem um altar (o que parece improvável) ele pode usá-lo para sacrifício humano. E se isso é a lógica até desses casos em que o presente em si é algo comumente considerado inofensivo ou correto, a questão é extraordinariamente séria em relação aos presentes que as pessoas do mundo dão umas às outras. Se é possível que dinheiro ou bebida sejam mal-usados por indivíduos socialmente nossos inferiores, é quase certo que livros, roupas, móveis e obras de arte possam ser mal-usados e sejam mal-usados por nossos iguais.

Eis a peculiar torpeza da objeção à caridade casual. Não nos permitem supor que dinheiro seja uma boa coisa para aqueles que não o têm no mesmo sentido aproximado e geral que supomos que altos salários, quadros ou convites são coisas boas para aqueles que não os têm. Dizem-nos que é nossa responsabilidade considerar se a pequena esmola fará o mendigo mais bêbado ou mais ocioso. Mas nunca nos disseram ser nossa responsabilidade considerar se a ajuda a tal cavalheiro para conseguir-lhe um bom salário o fará mais bêbado ou mais ocioso. Não é nossa responsabilidade perguntar-nos se dar pérolas a uma senhora a fará mais vã. Não é nossa responsabilidade perguntar-nos se dar-lhe livros pedantes a fará mais pedante. Não se supõe que calculemos por meio de uma elaborada psicologia se dar um deslumbrante presente de casamento a um elegante casal de noivos os fará eticamente melhores ou piores do que são. Em todos esses casos nós, sendo pessoas de senso comum, exigimos o direito de dizer: “A forma de usar a coisa é problema deles; tenho razão em supor que, de acordo com os propósitos ordinários, livros são coisas boas, lindas jóias são coisas boas e um bom salário é uma coisa boa.” Mas o único caso em que não nos permitem argumentar assim é exatamente o caso de dar dinheiro aos muito pobres. Ou seja, o único caso em que não nos permitem tratar o dinheiro como algo bom em si mesmo é aquele em que realmente sabemos que ele é necessário.

Não sabemos nem mesmo se uma senhora decente deseja realmente uma pérola. Sabemos contudo que, em noventa e nove de cem casos, mesmo um falso mendigo deseja realmente dinheiro. Nossa ignorância sobre o que acontecerá com o dinheiro é simplesmente parte de nossa ignorância do que acontecerá com qualquer outra coisa, nossa ignorância do mundo em que vivemos. O que é realmente vil é o seguinte: que nossa ignorância, que nunca é invocada quando satisfazemos as frívolas necessidades dos frívolos, seja sempre imediata e violentamente invocada quando estamos, pelo menos uma vez, satisfazendo as palpáveis necessidades dos necessitados. Não desejo explorar mais profundamente este aspecto da questão; ele é muito sério para ser tratado neste lugar. Mas uma vez, quando o grande crime humano da história do homem foi cometido, o crime que obscureceu o sol no firmamento, o espírito que tinha a maior razão em reclamar, disse dos criminosos: “Eles não sabem o que fazem.” É, de fato, verdade que não sabemos o que fazemos. É-nos permitido apresentar essa desculpa quando cometemos um crime. Será que não nos é permitido apresentá-la quando fazemos uma gentileza?

Portanto, tenho uma simpatia pelo filantropo louco. Sei que quando ele jogou dinheiro pelas ruas, todas as instituições do mundo moderno lhe disseram que ele fazia mais mal do que bem. Todavia, sei também que cada uma dessas instituições lhe teria dito que ele fazia mais mal do que bem se ele tivesse dado dinheiro a qualquer das outras instituições. Há um ataque cabível a ser feito à caridade promíscua. Mas há exatamente o mesmo ataque a ser feito à caridade institucional. Sei do caso de um confuso milionário que perguntou a dois homens públicos de nosso tempo como ele poderia fazer o bem com seu dinheiro. O primeiro, depois de uma longa consideração de todos os aspectos, não tenho dúvida de que imbuído do mais elevado espírito filantrópico, aconselhou-o a ficar com seu dinheiro. O outro, depois de levar um mês para considerar a questão, escreveu-lhe para dizer que concebera uma maneira por meio da qual ele não faria mal com seu ouro, que era cobrir com ele o domo da Catedral de São Paulo.

Quando há tal desesperança e desamparo mesmo da caridade sistemática, é absurdo alertar para a desesperança e desamparo da caridade individual. Tenho alguma simpatia para com o home que quer emplastar com ouro o domo da Catedral de São Paulo. Mas tenho muito mais simpatia com o Sr. Yates, o filantropo louco de nossos dias, que quer consumar a antiga lenda e pavimentar com ouro as ruas de Londres. Que seus presentes causaram inveja, desordem e mesmo decepção é possivelmente verdade. Da mesma forma, a ausência de tais presentes causa inveja, desordem e decepção. Não defendo seriamente esse método no seu todo. Mas digo, contudo, que é dessa forma individual que a caridade será reformada. Nada será feito até que tenhamos percebido que caridade não é dar recompensa aos merecedores, mas felicidade aos infelizes.

Nos estado atual das coisas, temos apenas a escolha entre dar dinheiro a homens de quem nada sabemos e dar dinheiro a instituições das quais nada sabemos. Evidentemente, podemos saber que certa instituição é, no sentido formal e fútil, respeitável, que é solvente, que não é presidida por um vigarista com seus caminhões carregados e etiquetados “Venezuela”; mas isso não é o que queremos saber sobre uma instituição beneficente. Não queremos saber meramente se uma instituição beneficente é cautelosa ou sólida como um banco. Queremos saber se a instituição beneficente pode contar com a confiança, não somente do corpo, mas da alma dos homens. Queremos conhecer uma instituição beneficente que seja humana, abrangente, solidária com os homens livres, magnânima. Em resumo, queremos, por estranho que pareça, conhecer uma instituição de caridade que seja caridosa. E isso, em regra, nós não conhecemos. Essas são as coisas que levam o homem razoável a sentir um pouco de simpatia pelo cavalheiro que foi descrito pelos jornais como o “milionário louco”. Pesquisa subseqüente revelou, eu acho, que ele não era milionário. Uma pesquisa adicional e mais profunda revelará, eu acho, que ele não era assim tão louco.

Há uma observação que pode ser adicionada a essa divagação. Não sei se há métodos que possam testar se o recipiente da esmola é genuíno. Mas estou seguro de que o método ordinariamente adotado, especialmente por caridosas senhoras, é uma grande bobagem. Ouve-se constantemente que um homem faminto é uma fraude porque tão logo ele recebe o dinheiro ele “vai para um bar”. Esse precioso teste é constantemente adotado para provar que um homem com fome é um enganador. Ninguém parece ter o ordinário discernimento para lembrar que ir a um bar é exatamente o que alguém faria se fosse, não um enganador, mas um homem com fome. Ele vai lá, em primeiro lugar, porque lá é o único lugar em que se vende um pão com queijo por alguns reais. E se ele vai também para tomar algo estimulante, ele faz exatamente o que qualquer sadio bispo ou juiz faria se ficasse enfraquecido pela fome. Qualquer que seja o teste para mendigos que você empregar, não empregue este teste imbecil, que é universal entre os filantropos modernos.

7 comentários:

Santos Jovens disse...

Professor, mais uma vez passo em seu blog para me saciar com suas traduções de Chesterton.
O artigo que comento me fez lembrar uma ocasião inusitada. Estava voltando de um retiro e por acaso eu e alguns amigos encontramos com uma pessoa deitada no meio da rua. Paramos o carro de descemos para verificar pois pensávamos que se tratava de um atropelamento. Para nossa surpresa era uma mulher que aparentava uns 40 anos de idade. Ela estava embriagada ou dopada, não sabíamos ao certo, e consciente, no entanto falava coisas sem nexo. Ajudamos ela a se levantar e a colocamos sentada no passeio. Logo em seguida fomos pedir ajuda e mais informações sobre a referida senhora. Encontramos um comerciante e perguntamos se ele conhecia a senhora. Para nosso espanto ele disse que ela deitava na rua todos os dias e que as vezes ela era internada no hospital. Esse comerciante nos disse ainda que essa senhora era portadora do vírus HIV e que ela andava com seringas e navalhas para transmitir Aids para as pessoas. Logo em seguida ele nos informou que ela morava em um albergue. Fomos no albergue e o porteiro confirmou que ela sai todos os dias para deitar no meio da rua.

Em uma ocasião relatei o caso em minha sala de aula. Meus colegas ficaram espantado com o relato e o risco que corríamos. Até ai tudo certo, no entanto, uma aluna, com idade mais avançada, me perguntou em tom irônico se nós soubéssemos que ela era portadora de Aids teríamos parado para ajudar. Na hora fiquei irritado com a pergunta e achei por bem não responder.
Refletindo depois cheguei a seguinte conclusão: qual a possibilidade de uma pessoa deitada no meio da rua estar sã ou não possuir algum tipo de doença? A caridade cristão não olha as circunstância e os riscos. Fazemos por caridade, somente por isso. Não ficamos na hora pensando nas mil coisas que a senhora poderia ter, apenas fizemos o que nossa consciência nos obrigava.

Depois cheguei a seguinte conclusão: no fundo as pessoas sabem o que é certo. Por não agirem de acordo com sua consciência se sentem feridas quando ocorre casos que a coloque a prova; por não querer sentir o peso que ela, a consciência, nos cobra, preferem criticar e fazer com que outros também não façam caridade. Assim, sem referência que coloque a consciência pessoal a prova, elas apenas dizem que se ninguém faz também não faço.

Professor, forte abraço em Cristo!!!
Diego Silva

Anônimo disse...

Aqui, porque ninguém traduz os videos de Chesterton no youtube?
Vamos fazer uma campanha de tradução dos videos, o que vc acha? olha que legal esse video: Clarence Darrow v G.K. Chesterton - ACS Season IV http://www.youtube.com/watch?v=2i-QOXk3yvk&feature=related

juliana kramer disse...

Dez minutos foi o tempo suficiente para ler o texto e dar uma reviravolta em tudo aquilo que eu sempre pensei a respeito desse assunto.

Estou confuso, concordo em tudo, mas quero concordar apenas em parte. Vou ler mais algumas vezes e refletir.

Obrigado mais uma vez!

Unknown disse...

Realmente é impressionante como o que disse Chesterton está viginte nossos dias de hoje.

Antonio,

Deixo aqui a sugestão de tu comentar esta entrevista do indefectivel Leonardo Boff.

http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/76149_O+PAPA+DEVERIA+RENUNCIAR+



abraço e que NS Jesus Cristo e Nossa Senhora de Fátima abençõe a ti e a todos visitantes do blog.

Flavio.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Flávio,

Há algum tempo, escrevi um texto sobre o Boff, Com os boffs para fora.

Sobre sua última manifestação, veja no Fratres in Unum muitos comentários a respeito.

Um abraço e obrigado pela visita.

Antônio Emílio Angueth de Araújo.

Anônimo disse...

Professor Angueth,

O senhor poderia escrever algo sobre o livro "Sobre os judeus e suas mentiras" de Martinho Lutero e como ele influenciou o pensamneto anti-semita?

Desde já agradeço.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro anônimo,

Obrigado pela sugestão. Quem sabe um dia escrevo sobre Lutero?

Antônio Emílio Angueth de Araújo.