31/07/2009
Jornal Mineiro de Psiquiatria publica tradução deste blogueiro
Saiu na edição de julho de 2009, do Jornal Mineiro de Psiquiatria, uma tradução deste blogueiro de um artigo de Gene Callahan, sobre ciência e pseudo-ciência. Quem se interessar em ler o artigo, clique aqui.
29/07/2009
Um comercial da Igreja Católica: vale a pena assistir
Quem quiser fazer o download do arquivo clique aqui.
Nova Eclesia Dei se manifesta sobre a Missa Tridentina
Importantíssima a carta recebida pelo Sr. Carlos Eduardo Monteiro, católico de Piracicaba, assinada pelo Mons. Guido Pozzo, novo secretário da Eclesia Dei, sobre a celebração da Missa de Sempre. A carta é uma resposta ao Sr. Carlos Eduardo, que em abril deste ano, escreveu à Eclesia Dei a respeito da Missa Tridentina e o Motu Proprio Summorum Pontificum.
A carta-resposta está publicada no Site da Monfort. A pressão está aumentando sobre os modernistas. Deus continua olhando por nós!!
A carta-resposta está publicada no Site da Monfort. A pressão está aumentando sobre os modernistas. Deus continua olhando por nós!!
28/07/2009
A Superstição da Escola
Gilbert Keith Chesterton
É um erro supor que o avanço dos anos traga opiniões retrógradas. Em outras palavras, não é verdade que o aumento dos anos implique no aumento do reacionarismo. Algumas das dificuldades dos tempos recentes são devidas ao otimismo dos velhos revolucionários. Magníficos homens de idade como o revolucionário russo Peter Kropotkin, o poeta Walt Whitman e William Morris foram para o túmulo esperando a Utopia, ainda que não esperassem o Paraíso. Mas a falsidade, como tantas falsidades, é uma versão falsa de uma meia verdade. A verdade, ou meia verdade, não é que os homens devam aprender com a experiência a serem reacionários; mas que eles devam aprender com a experiência a esperarem reações. E quando digo reações, quero dizer reações; devo desculpar-me, na cultura atual, por usar a palavra em seu sentido correto.
Se um menino dispara uma arma, seja numa raposa, num proprietário de terras ou no soberano reinante, ele será repreendido segundo o valor relativo desses objetos. Mas se ele dispara uma arma pela primeira vez, é provável que ele não espere o coice da arma, que ele não espere o forte golpe que ela pode dar-lhe. Ele pode passar a vida atirando nesses e em objetos similares; mas ficará cada vez menos surpreso com coice; isto é, pela reação. Ele pode até dissuadir sua pequena irmã de seis anos de atirar com rifles pesados, usados para matar elefantes; e, assim, dará a impressão de que está se tornando um reacionário. O mesmo princípio se aplica no disparo das grandes armas da revolução. Não é o ideal do homem que muda; não é sua Utopia que se altera; o cínico que diz, “Você esquecerá todo o brilho da lua do idealismo quando envelhecer”, diz o exato oposto da verdade. As dúvidas que chegam com a idade não são sobre o ideal, mas sobre o real. E uma das coisas que é inegavelmente real é a reação; isto é, a probabilidade prática de alguma reversão de direção, e de nosso sucesso parcial em fazer o oposto do pretendido. O que a experiência realmente nos ensina é: que há algo na estrutura e no mecanismo da espécie humana, pelo qual o resultado da ação sobre ela é sempre inesperada, e quase sempre mais complicada do que antecipamos.
Esses são os empecilhos da sociologia; e um deles está relacionado com a Educação. Se você me pergunta se penso que a população, especialmente a sua parte pobre, deve ser reconhecida como composta de cidadãos que podem governar o estado, respondo, com uma voz de trovão, “Sim”. Se você me pergunta se penso que eles devam ter educação, no sentido de uma cultura ampla e uma familiaridade com os clássicos da história, respondo novamente, “Sim”. Mas há, na consecução desse propósito, um tipo de empecilho ou coice que só pode ser descoberto pela experiência e não aparece impresso em papel, como acontece com o coice de uma arma. Mesmo assim, ele é, neste momento crucial, uma parte precipuamente prática de política prática; e, apesar de estar sendo um problema há bastante tempo, ele tem sido, sob condições recentes, um pouco mais enfatizado (se me permitem colorir essas páginas serenas e imparciais com uma sugestão política) de forma a trazer para o front, tantos socialistas altamente respeitáveis e tantas autoridades sindicais tão amplamente respeitadas.
O empecilho é este: que os educados pensam excessivamente em educação. Devo adicionar que os meio-educados consideram a educação como o ideal supremo. Esse não é um fato que apareça na superfície do ideal ou plano social; é o tipo de coisa que só pode ser descoberto pela experiência. Quando disse que desejava que o sentimento popular encontrasse expressão política, falei sobre o sentimento popular, real e autóctone que pode ser encontrado nos meios de transporte de terceira classe, nas festas folclóricas, nas festas nos feriados; e especialmente, claro (para o mais rígido investigador social da verdade), nos bares. Pensei, e ainda penso, que essas pessoas estão certas num vasto número de coisas em que os líderes populares estão errados. O empecilho é que quando uma dessas pessoas começa a “aprimorar-se”, este é exatamente o momento em que começo a duvidar se aquilo é um aprimoramento. Esse indivíduo parece coletar com impressionante velocidade um número de superstições, das quais a mais cega e ignorante pode ser chamada de Superstição da Escola. Ele considera a Escola, não como uma instituição social normal, como o Lar, a Igreja, o Estado; mas como um tipo inteiramente supernormal e milagroso de fábrica moral, em que são fabricados, por mágica, os homens e as mulheres perfeitas. A essa idolatria da Escola ele está pronto a sacrificar o Lar, a História e a Humanidade, com todos seus instintos e possibilidades, imediatamente. A esse ídolo ele fará qualquer sacrifício, especialmente sacrifício humano. E no fundo da mente, especialmente da mente dos melhores homens desse tipo, há quase sempre uma de duas variantes da mesma concepção concentrada: ou “Se não fosse a Escola, eu não teria sido o grande homem que sou agora”, ou “Se eu tivesse freqüentado a Escola, eu seria maior ainda do que sou agora”. Que ninguém diga que estou zombando de pessoas que não tiveram educação; não zombo de sua “deseducação”, mas de sua educação. Que ninguém tome isso como um desprezo pelos meio-educados; desgosto da metade educada. Mas desgosto deles, não porque desgosto da educação, mas porque, dada a filosofia moderna ou a ausência dela, a educação está sendo voltada contra si própria, destruindo o próprio sentido de variedade e proporção que é o objeto da educação.
Ninguém que adora a educação aproveitou o máximo dela; ninguém que sacrifica tudo pela educação é sequer educado. Não preciso mencionar aqui os muitos exemplos recentes dessa monomania, que rapidamente se torna uma perseguição louca, como a absurda perseguição das pessoas que vivem em barcos. O que está errado é o desprezo de um princípio; e o princípio é que sem um gentil desprezo pela educação, nenhuma educação de um gentil-homem está completa.
Uso uma frase casual, casualmente; pois não me preocupo com o gentil-homem, mas com o cidadão. Contudo, há uma meia-verdade histórica no caso da aristocracia; que é, às vezes, um pouco mais fácil para o aristocrata ter esse último toque de cultura, que é uma superioridade em relação à cultura. Contudo, a verdade sobre a qual falo não tem nada a ver com qualquer cultura ou classe especial. Ela já pertenceu a um grande número de camponeses, especialmente quando eram poetas; é isso que dá um tipo de distinção natural a Robert Burns e aos poetas camponeses da Escócia. O poder que a produz mais eficazmente que qualquer linhagem de sangue ou raça é a religião; pois religião pode ser definida como aquilo que coloca em primeiro lugar as coisas primeiras. Robert Burns era justificadamente impaciente com a religião que herdou do calvinismo escocês; mas ele devia algo a essa herança. Sua consideração instintiva dos homens como homens veio de seus ancestrais que se preocupavam ainda mais com a religião do que com a educação. No momento que os homens se preocupam mais com a educação que com a religião, eles começam a se preocupar mais com a ambição do que com a educação. Não é mais um mundo em que as almas são todas iguais perante os céus, mas um mundo em que a mente de cada um é direcionada a atingir vantagens desiguais sobre os outros. Começa a ser pura vaidade ser educado, seja auto-educado ou educado pelo estado. A educação deve ser uma lanterna dada a um homem para explorar tudo, mas muito especialmente as coisas mais distantes dele. A educação tende a ser um holofote que está centrado em si mesmo. Alguns aprimoramentos podem ser feitos, colocando holofotes igualmente luminosos e talvez vulgares nas outras pessoas. Mas a cura final é desligar as luzes da ribalta e deixá-lo perceber as estrelas.
É um erro supor que o avanço dos anos traga opiniões retrógradas. Em outras palavras, não é verdade que o aumento dos anos implique no aumento do reacionarismo. Algumas das dificuldades dos tempos recentes são devidas ao otimismo dos velhos revolucionários. Magníficos homens de idade como o revolucionário russo Peter Kropotkin, o poeta Walt Whitman e William Morris foram para o túmulo esperando a Utopia, ainda que não esperassem o Paraíso. Mas a falsidade, como tantas falsidades, é uma versão falsa de uma meia verdade. A verdade, ou meia verdade, não é que os homens devam aprender com a experiência a serem reacionários; mas que eles devam aprender com a experiência a esperarem reações. E quando digo reações, quero dizer reações; devo desculpar-me, na cultura atual, por usar a palavra em seu sentido correto.
Se um menino dispara uma arma, seja numa raposa, num proprietário de terras ou no soberano reinante, ele será repreendido segundo o valor relativo desses objetos. Mas se ele dispara uma arma pela primeira vez, é provável que ele não espere o coice da arma, que ele não espere o forte golpe que ela pode dar-lhe. Ele pode passar a vida atirando nesses e em objetos similares; mas ficará cada vez menos surpreso com coice; isto é, pela reação. Ele pode até dissuadir sua pequena irmã de seis anos de atirar com rifles pesados, usados para matar elefantes; e, assim, dará a impressão de que está se tornando um reacionário. O mesmo princípio se aplica no disparo das grandes armas da revolução. Não é o ideal do homem que muda; não é sua Utopia que se altera; o cínico que diz, “Você esquecerá todo o brilho da lua do idealismo quando envelhecer”, diz o exato oposto da verdade. As dúvidas que chegam com a idade não são sobre o ideal, mas sobre o real. E uma das coisas que é inegavelmente real é a reação; isto é, a probabilidade prática de alguma reversão de direção, e de nosso sucesso parcial em fazer o oposto do pretendido. O que a experiência realmente nos ensina é: que há algo na estrutura e no mecanismo da espécie humana, pelo qual o resultado da ação sobre ela é sempre inesperada, e quase sempre mais complicada do que antecipamos.
Esses são os empecilhos da sociologia; e um deles está relacionado com a Educação. Se você me pergunta se penso que a população, especialmente a sua parte pobre, deve ser reconhecida como composta de cidadãos que podem governar o estado, respondo, com uma voz de trovão, “Sim”. Se você me pergunta se penso que eles devam ter educação, no sentido de uma cultura ampla e uma familiaridade com os clássicos da história, respondo novamente, “Sim”. Mas há, na consecução desse propósito, um tipo de empecilho ou coice que só pode ser descoberto pela experiência e não aparece impresso em papel, como acontece com o coice de uma arma. Mesmo assim, ele é, neste momento crucial, uma parte precipuamente prática de política prática; e, apesar de estar sendo um problema há bastante tempo, ele tem sido, sob condições recentes, um pouco mais enfatizado (se me permitem colorir essas páginas serenas e imparciais com uma sugestão política) de forma a trazer para o front, tantos socialistas altamente respeitáveis e tantas autoridades sindicais tão amplamente respeitadas.
O empecilho é este: que os educados pensam excessivamente em educação. Devo adicionar que os meio-educados consideram a educação como o ideal supremo. Esse não é um fato que apareça na superfície do ideal ou plano social; é o tipo de coisa que só pode ser descoberto pela experiência. Quando disse que desejava que o sentimento popular encontrasse expressão política, falei sobre o sentimento popular, real e autóctone que pode ser encontrado nos meios de transporte de terceira classe, nas festas folclóricas, nas festas nos feriados; e especialmente, claro (para o mais rígido investigador social da verdade), nos bares. Pensei, e ainda penso, que essas pessoas estão certas num vasto número de coisas em que os líderes populares estão errados. O empecilho é que quando uma dessas pessoas começa a “aprimorar-se”, este é exatamente o momento em que começo a duvidar se aquilo é um aprimoramento. Esse indivíduo parece coletar com impressionante velocidade um número de superstições, das quais a mais cega e ignorante pode ser chamada de Superstição da Escola. Ele considera a Escola, não como uma instituição social normal, como o Lar, a Igreja, o Estado; mas como um tipo inteiramente supernormal e milagroso de fábrica moral, em que são fabricados, por mágica, os homens e as mulheres perfeitas. A essa idolatria da Escola ele está pronto a sacrificar o Lar, a História e a Humanidade, com todos seus instintos e possibilidades, imediatamente. A esse ídolo ele fará qualquer sacrifício, especialmente sacrifício humano. E no fundo da mente, especialmente da mente dos melhores homens desse tipo, há quase sempre uma de duas variantes da mesma concepção concentrada: ou “Se não fosse a Escola, eu não teria sido o grande homem que sou agora”, ou “Se eu tivesse freqüentado a Escola, eu seria maior ainda do que sou agora”. Que ninguém diga que estou zombando de pessoas que não tiveram educação; não zombo de sua “deseducação”, mas de sua educação. Que ninguém tome isso como um desprezo pelos meio-educados; desgosto da metade educada. Mas desgosto deles, não porque desgosto da educação, mas porque, dada a filosofia moderna ou a ausência dela, a educação está sendo voltada contra si própria, destruindo o próprio sentido de variedade e proporção que é o objeto da educação.
Ninguém que adora a educação aproveitou o máximo dela; ninguém que sacrifica tudo pela educação é sequer educado. Não preciso mencionar aqui os muitos exemplos recentes dessa monomania, que rapidamente se torna uma perseguição louca, como a absurda perseguição das pessoas que vivem em barcos. O que está errado é o desprezo de um princípio; e o princípio é que sem um gentil desprezo pela educação, nenhuma educação de um gentil-homem está completa.
Uso uma frase casual, casualmente; pois não me preocupo com o gentil-homem, mas com o cidadão. Contudo, há uma meia-verdade histórica no caso da aristocracia; que é, às vezes, um pouco mais fácil para o aristocrata ter esse último toque de cultura, que é uma superioridade em relação à cultura. Contudo, a verdade sobre a qual falo não tem nada a ver com qualquer cultura ou classe especial. Ela já pertenceu a um grande número de camponeses, especialmente quando eram poetas; é isso que dá um tipo de distinção natural a Robert Burns e aos poetas camponeses da Escócia. O poder que a produz mais eficazmente que qualquer linhagem de sangue ou raça é a religião; pois religião pode ser definida como aquilo que coloca em primeiro lugar as coisas primeiras. Robert Burns era justificadamente impaciente com a religião que herdou do calvinismo escocês; mas ele devia algo a essa herança. Sua consideração instintiva dos homens como homens veio de seus ancestrais que se preocupavam ainda mais com a religião do que com a educação. No momento que os homens se preocupam mais com a educação que com a religião, eles começam a se preocupar mais com a ambição do que com a educação. Não é mais um mundo em que as almas são todas iguais perante os céus, mas um mundo em que a mente de cada um é direcionada a atingir vantagens desiguais sobre os outros. Começa a ser pura vaidade ser educado, seja auto-educado ou educado pelo estado. A educação deve ser uma lanterna dada a um homem para explorar tudo, mas muito especialmente as coisas mais distantes dele. A educação tende a ser um holofote que está centrado em si mesmo. Alguns aprimoramentos podem ser feitos, colocando holofotes igualmente luminosos e talvez vulgares nas outras pessoas. Mas a cura final é desligar as luzes da ribalta e deixá-lo perceber as estrelas.
25/07/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXI
Nota Introdutória: Já disse aqui que o semanário O DOMINGO editado pela Editora Paulus tem pelo menos três folhetos semanais: “Semanário Litúrgico-Catequético”, “Celebração da Missa com Crianças” e “Culto Dominical”. Venho comentando, desde há dois anos, o primeiro folheto, principalmente, mas não só, os artigos finais que são, por suposto, catequéticos. Começo agora a comentar os outros dois folhetos, na medida em que vou encontrando neles os sinais de absurdos, heresias, ignorância e malícia relacionados à Igreja Católica.
Comento O DOMINGO: CULTO DOMINICAL de 12 e de 19/07/2009. Leio no folheto do dia 12, na seção LEMBRETES, na primeira página, logo abaixo de RITOS INICIAIS: “rezar pelos doentes da comunidade; no final da celebração, fazer o ‘envio’, a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. Fico imaginando o que será fazer o “envio”, assim entre aspas mesmo. Não sei porque mas, para mim, tal expressão tem ressonâncias espíritas, mágicas, encantatórias. Rezo para que não seja nada disso. Também não entendo a frase “a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. As reticências são do texto do folheto. O que tem a benção a ver com a idade, e o “envio” a ver com a benção? Ficam as dúvidas, para começar.
Aliás, a primeira duvida é sobre o CULTO propriamente dito. Procurei rapidamente no Denzinger (Edições Loyola, 2007) e nada achei. Todos sabemos que o Vaticano II fundou uma nova era (quase digo uma nova igreja) de participação dos leigos na Liturgia. As palavras dos documentos desse concílio são tão dúbias que podem conter qualquer interpretação. Suspeito que seja por aí que haja o tal CULTO dominical, que tem, para mim, ressonâncias protestantes.
Outra dúvida que assalta-me é a seguinte: quem assiste ao CULTO fica dispensado de assistir à missa? Ou seja, o culto tem validade de Missa?
Há três personagens no teatro do culto: animador, ministro, leitor e assembléia. Não há nem Oração Eucarística nem Consagração. Há o famigerado artigo final; só um.
Tanto o artigo do folheto do dia 12 quando o do dia 19 falam de uma tal 12ª Interclesial, cujo tema é “A Liturgia e o Grito da Amazônia”. O artigo do dia 12 é assinado por Irmã Penha Carpanedo (Congregação Pias Discípulas do Divino Mestre e da Rede Celebra) e o artigo do dia 19 é assinado por Valdecir Luiz Cordeiro (Articulador arquidiocesano da 12º Interclesial de CEB’s).
Pelo que li a respeito, a Interclesial é algo como a Internacional Comunista da Igreja do Vaticano II, no Brasil. Mas, o que são as CEB’s? Leio noutro texto, este no Semanário Litúrgico-Catequético de 12 de julho: “As CEB’s surgiram no Nordeste do Brasil na década de 1960. O Concílio Vaticano II (1962-1965) e sua posterior releitura em Medellín (1968) abriram caminho para que se multiplicassem rapidamente.” Portanto as CEB’s, como a Missa Nova, são filhas diletas do CVII. Nelas há mais comunistas, agitadores, revolucionários do que em qualquer partido comunista. Há mais disso nas CEB’s que no governo Lula.
Ah! Também ficamos sabendo das releituras do CVII. Saibam que nenhum concílio da Igreja jamais admitiu releituras. Imaginem alguém afirmando que depois da releitura do Concílio de Nicéia, Ário foi canonizado e Santo Atanásio foi excomungado? Ou, depois uma grande releitura do Concílio de Trento, Lutero foi considerado um grande exegeta bíblico. Repito: nenhum concílio jamais admitiu nenhuma releitura, pois o que estava escrito não permitia outro entendimento.
O Sr. Valdecir Cordeiro nos conta que, em 1972, “em Santarém é escrita a carta de nascimento da Igreja da Amazônia.” Pois vejam que há uma coisa chamada Igreja da Amazônia. Ela deve ter algo com a Igreja Católica Apostólica Romana, pois, na frase seguinte o Sr. Cordeiro nos diz que “os bispos manifestaram claramente e ‘sua crença e sua esperança no futuro da região’.” Antigamente, pelas informações que tenho, os bispos tinham crença em Deus e a esperança da vida eterna. Parece que o CVII mudou isso também.
A Irmã Penha nos informa que: “Se as CEB’s primam por unir liturgia e vida, trazendo para dentro das celebrações, como memórias pascais, os sinais de vida e de morte presentes no cenário sócio-político e no cotidiano da vida, as celebrações do 12º Intereclesial integrarão, especialmente, o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação (cf. Romanos 8, 18-23).” Vejam vocês que as CEB’s trazem para dentro das celebrações o cenário sócio-político. Ou seja, ao lado da leitura das Cartas de Paulo, por exemplo, um manifesto de João Pedro Stédile. Ao lado do Evangelho, uma manifestação indigenista. Ao lado da Oração Eucarística, uma oração que venha “do ventre da terra”. Aliás, este é o lema do 12º Intereclesial: “Do ventre da terra o grito que vem da Amazônia”. Nada mais justo: temos a Igreja da Amazônia e sua liturgia que, como diz a irmã, assume o “grande resgate realizado pelo Concílio Vaticano II.”
Mas notem que a irmã cita a carta aos Romanos. O que diz Paulo naqueles versículos assinalados? Diz: “Efetivamente, eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós. Pelo que este mundo criado espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. De fato, o mundo criado foi sujeito à vaidade, não por seu querer, mas pelo daquele que o sujeitou com a esperança de que também o mundo criado será livre da sujeição à corrupção, para participar da liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Porque sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto até agora. E não só elas, mas também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito; também nós gememos dentro de nós mesmos, esperando a adoção de filhos de Deus, a redenção do nosso corpo.” [Os negritos são meus.]
Parece que a irmã está procurando apoio em Paulo. Coitadinha! Vou transcrever aqui, na esperança de que a irmã aprenda algo da exegese católica, o que diz o Pontifício Instituto Bíblico desta passagem: “A criação, tendo recebido o homem como seu rei, foi humilhada por causa da condenação de Adão, que atingiu também toda a natureza. Sujeito à vaidade, isto é, à força da destruição, à lei da morte e a contínuas mudanças. A manifestação dos filhos de Deus se dará no fim dos tempos.”
O que Paulo fala é o seguinte, irmã Penha: nossos sofrimentos aqui são infinitamente menores que as delícias do Paraíso. Este mundo está sujeito à corrupção, não pelo querer de Quem o criou, mas pelo Pecado Original. Não adianta consertar este mundo, ele será sempre lugar da corrupção, da vaidade. Somente no fim dos tempos é que teremos, nós os que temos a esperança da Redenção, nossos corpos tirados da corrupção e a nós devolvidos, pelos méritos de NSJC. O que tem isso a ver com “o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação”? A senhora está querendo dizer que as árvores da Amazônia anseiam por libertação? A senhora está querendo dizer que a terra geme, ou isso é só uma metáfora? A senhora está querendo ensinar para os fiéis católicos que é possível a libertação aqui e agora? A senhora acredita que a Redenção é para este mundo? Suspeito de que a senhora seja panteísta. Suspeito que a senhora seja uma daquelas que abraça árvores. Suspeito que a senhora ache que isso está ligadíssimo com a Igreja Católica. Tenho a informar-lhe de que isso é heresia pura e simples. Nada há de católico nisso.
De qualquer forma, Jesus nos alertou em relação aos falsos profetas e nos ensinou como identificá-los: “Não pode a boa árvore dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo. Portanto, por seus frutos é que conhecereis os homens. Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus.” As CEB’s e esses Intereclesiais são, assumidamente, frutos do CVII. Irmã Penha e o Sr. Cordeiro também.
1. Para fazer download do livro com os primeiros 19 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.
2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V, Parte VI, Parte VII, Parte VIII, Parte IX, Parte X, Parte XI, Parte XII, Parte XIII, Parte XIV, Parte XV, Parte XVI, Parte XVII, Adendo III, Parte XVIII, Parte XIX
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Comento O DOMINGO: CULTO DOMINICAL de 12 e de 19/07/2009. Leio no folheto do dia 12, na seção LEMBRETES, na primeira página, logo abaixo de RITOS INICIAIS: “rezar pelos doentes da comunidade; no final da celebração, fazer o ‘envio’, a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. Fico imaginando o que será fazer o “envio”, assim entre aspas mesmo. Não sei porque mas, para mim, tal expressão tem ressonâncias espíritas, mágicas, encantatórias. Rezo para que não seja nada disso. Também não entendo a frase “a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. As reticências são do texto do folheto. O que tem a benção a ver com a idade, e o “envio” a ver com a benção? Ficam as dúvidas, para começar.
Aliás, a primeira duvida é sobre o CULTO propriamente dito. Procurei rapidamente no Denzinger (Edições Loyola, 2007) e nada achei. Todos sabemos que o Vaticano II fundou uma nova era (quase digo uma nova igreja) de participação dos leigos na Liturgia. As palavras dos documentos desse concílio são tão dúbias que podem conter qualquer interpretação. Suspeito que seja por aí que haja o tal CULTO dominical, que tem, para mim, ressonâncias protestantes.
Outra dúvida que assalta-me é a seguinte: quem assiste ao CULTO fica dispensado de assistir à missa? Ou seja, o culto tem validade de Missa?
Há três personagens no teatro do culto: animador, ministro, leitor e assembléia. Não há nem Oração Eucarística nem Consagração. Há o famigerado artigo final; só um.
Tanto o artigo do folheto do dia 12 quando o do dia 19 falam de uma tal 12ª Interclesial, cujo tema é “A Liturgia e o Grito da Amazônia”. O artigo do dia 12 é assinado por Irmã Penha Carpanedo (Congregação Pias Discípulas do Divino Mestre e da Rede Celebra) e o artigo do dia 19 é assinado por Valdecir Luiz Cordeiro (Articulador arquidiocesano da 12º Interclesial de CEB’s).
Pelo que li a respeito, a Interclesial é algo como a Internacional Comunista da Igreja do Vaticano II, no Brasil. Mas, o que são as CEB’s? Leio noutro texto, este no Semanário Litúrgico-Catequético de 12 de julho: “As CEB’s surgiram no Nordeste do Brasil na década de 1960. O Concílio Vaticano II (1962-1965) e sua posterior releitura em Medellín (1968) abriram caminho para que se multiplicassem rapidamente.” Portanto as CEB’s, como a Missa Nova, são filhas diletas do CVII. Nelas há mais comunistas, agitadores, revolucionários do que em qualquer partido comunista. Há mais disso nas CEB’s que no governo Lula.
Ah! Também ficamos sabendo das releituras do CVII. Saibam que nenhum concílio da Igreja jamais admitiu releituras. Imaginem alguém afirmando que depois da releitura do Concílio de Nicéia, Ário foi canonizado e Santo Atanásio foi excomungado? Ou, depois uma grande releitura do Concílio de Trento, Lutero foi considerado um grande exegeta bíblico. Repito: nenhum concílio jamais admitiu nenhuma releitura, pois o que estava escrito não permitia outro entendimento.
O Sr. Valdecir Cordeiro nos conta que, em 1972, “em Santarém é escrita a carta de nascimento da Igreja da Amazônia.” Pois vejam que há uma coisa chamada Igreja da Amazônia. Ela deve ter algo com a Igreja Católica Apostólica Romana, pois, na frase seguinte o Sr. Cordeiro nos diz que “os bispos manifestaram claramente e ‘sua crença e sua esperança no futuro da região’.” Antigamente, pelas informações que tenho, os bispos tinham crença em Deus e a esperança da vida eterna. Parece que o CVII mudou isso também.
A Irmã Penha nos informa que: “Se as CEB’s primam por unir liturgia e vida, trazendo para dentro das celebrações, como memórias pascais, os sinais de vida e de morte presentes no cenário sócio-político e no cotidiano da vida, as celebrações do 12º Intereclesial integrarão, especialmente, o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação (cf. Romanos 8, 18-23).” Vejam vocês que as CEB’s trazem para dentro das celebrações o cenário sócio-político. Ou seja, ao lado da leitura das Cartas de Paulo, por exemplo, um manifesto de João Pedro Stédile. Ao lado do Evangelho, uma manifestação indigenista. Ao lado da Oração Eucarística, uma oração que venha “do ventre da terra”. Aliás, este é o lema do 12º Intereclesial: “Do ventre da terra o grito que vem da Amazônia”. Nada mais justo: temos a Igreja da Amazônia e sua liturgia que, como diz a irmã, assume o “grande resgate realizado pelo Concílio Vaticano II.”
Mas notem que a irmã cita a carta aos Romanos. O que diz Paulo naqueles versículos assinalados? Diz: “Efetivamente, eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós. Pelo que este mundo criado espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. De fato, o mundo criado foi sujeito à vaidade, não por seu querer, mas pelo daquele que o sujeitou com a esperança de que também o mundo criado será livre da sujeição à corrupção, para participar da liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Porque sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto até agora. E não só elas, mas também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito; também nós gememos dentro de nós mesmos, esperando a adoção de filhos de Deus, a redenção do nosso corpo.” [Os negritos são meus.]
Parece que a irmã está procurando apoio em Paulo. Coitadinha! Vou transcrever aqui, na esperança de que a irmã aprenda algo da exegese católica, o que diz o Pontifício Instituto Bíblico desta passagem: “A criação, tendo recebido o homem como seu rei, foi humilhada por causa da condenação de Adão, que atingiu também toda a natureza. Sujeito à vaidade, isto é, à força da destruição, à lei da morte e a contínuas mudanças. A manifestação dos filhos de Deus se dará no fim dos tempos.”
O que Paulo fala é o seguinte, irmã Penha: nossos sofrimentos aqui são infinitamente menores que as delícias do Paraíso. Este mundo está sujeito à corrupção, não pelo querer de Quem o criou, mas pelo Pecado Original. Não adianta consertar este mundo, ele será sempre lugar da corrupção, da vaidade. Somente no fim dos tempos é que teremos, nós os que temos a esperança da Redenção, nossos corpos tirados da corrupção e a nós devolvidos, pelos méritos de NSJC. O que tem isso a ver com “o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação”? A senhora está querendo dizer que as árvores da Amazônia anseiam por libertação? A senhora está querendo dizer que a terra geme, ou isso é só uma metáfora? A senhora está querendo ensinar para os fiéis católicos que é possível a libertação aqui e agora? A senhora acredita que a Redenção é para este mundo? Suspeito de que a senhora seja panteísta. Suspeito que a senhora seja uma daquelas que abraça árvores. Suspeito que a senhora ache que isso está ligadíssimo com a Igreja Católica. Tenho a informar-lhe de que isso é heresia pura e simples. Nada há de católico nisso.
De qualquer forma, Jesus nos alertou em relação aos falsos profetas e nos ensinou como identificá-los: “Não pode a boa árvore dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo. Portanto, por seus frutos é que conhecereis os homens. Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus.” As CEB’s e esses Intereclesiais são, assumidamente, frutos do CVII. Irmã Penha e o Sr. Cordeiro também.
1. Para fazer download do livro com os primeiros 19 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.
2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V, Parte VI, Parte VII, Parte VIII, Parte IX, Parte X, Parte XI, Parte XII, Parte XIII, Parte XIV, Parte XV, Parte XVI, Parte XVII, Adendo III, Parte XVIII, Parte XIX
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Concílio Vaticano II,
Lições das Missas de Paulo VI
20/07/2009
Lições da Missa de Paulo VI: comentários de um católico perplexo
Caros leitores, compilei todas as "Lições das Missas Dominicais Pós-Vaticano II", além de alguns comentários sobre missas não-dominicais e alguns outros comentários pertinentes, e formei um pequeno livro intitulado "Lições da Missa de Paulo VI: comentários de um católico perplexo". Disponilizo-o a quem se interessar, em formato PDF. Para fazer o download clique aqui.
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Lições das Missas de Paulo VI
19/07/2009
Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XX
Comento o texto de Pe. Paulo Bazaglia n’O Domingo de 12 de julho de 2009. O título do texto é “Livres para a missão”.
O Evangelho é o Mc 6, 7-13: “Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. (...) Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsaram muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.”
O texto do Pe. Bazaglia diz: “Gratuidade e liberdade são as duas características básicas da evangelização. Na ânsia de pregar o evangelho, por vezes o anúncio se converteu em imposição de doutrinas, quando Jesus nunca impôs nem pediu que os discípulos impusessem nada. Os missionários de Jesus não impõem ensinamentos, mas propõem livremente ao mundo a experiência concreta do que significa ser seguidor de Jesus Cristo.” [Os negritos são meus.]
Pregar o Evangelho, que é a missão de todos os evangelizadores, é ensinar qual é o caminho da Salvação. João Batista pregou a vinda de Cristo: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Dizia ainda: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir à ira que vos ameaça? (...) O machado já está posto à raiz das árvores. Toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo.” João Batista estava impondo alguma coisa? Não, ele não estava impondo nada. Mas uma coisa que ele também não estava fazendo era “propor livremente ao mundo a experiência concreta ...”.
Vamos ver uma das muitas passagens do Evangelho em que Jesus prega. Vejamos se Ele está propondo “livremente ao mundo a experiência concreta”: “Não julgueis que vim trazer paz a terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho de seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora da sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios domésticos. O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim. O que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que se prende à sua vida perdê-la-á; e o que perder a sua vida por meu amor, achá-la-á.” Jesus não está impondo nada, não é mesmo? Jesus está dizendo, de forma terrível, que só há um caminho na vida de quem quer a salvação de sua alma. Não se pode dizer que, como quer Pe. Bazaglia, Jesus “propõem livremente ao mundo”. Quem traz a espada a terra, está querendo lutar para a salvação das almas, não está querendo propor livremente coisíssima nenhuma.
Portanto, que fique claro: a missão de pregar o Evangelho está muito longe de ser o que o Pe. Bazaglia pensa que ela é. Além disso, no trecho transcrito vê-se a noção de liberdade usada de duas formas. A primeira é quando o padre diz que a liberdade é uma das características básicas da evangelização. Ora, precisamos perguntar: o que ele quer dizer com isso? Que o pregador há de ter liberdade para pregar? Que o ouvinte há de ter liberdade para aceitar ou não a pregação? Ou que devemos ser indiferentes se o ouvinte aceita ou não nossa pregação? Depois ele diz que os missionários de Jesus devem propor livremente ao mundo ... Novamente fica a dúvida. Propor livremente é propor sem esperança de que a proposição seja aceita ou é considerar que mesmo assim, estaremos todos salvos ao final dos tempos?
Por trás desse trecho, se esconde, todos já devem ter percebido, o veneno do relativismo religioso do Vaticano II. Propomos nosso catolicismo, mas quem não o aceitar pode ficar tranqüilo, pois no final tudo estará bem. Todos os caminhos levam a Deus, não é assim Pe. Bazaglia?
O que dizer da alusão do Pe. Bazaglia à “ânsia de pregar o evangelho” e à “imposição de doutrinas”? Quando foi isso, padre? Não pense que nós desconheçamos a respeito do que o senhor está falando. A sua mente, padre, é povoada de coisas terríveis: a Idade Média, a Inquisição, as Cruzadas, O Sillabus de Pio IX, o Lamentabili de São Pio X etc. Essa Igreja medieval que existia antes do Concílio Vaticano II é a que tinha “ânsia de pregar o evangelho”, que “impunha doutrinas”. A nova igreja – ainda bem que o senhor admite que vocês fundaram uma nova igreja – não impõe nada, só propõe. Quem quiser aceitar, muito que bem. Quem não quiser, não precisa se preocupar. Essa é a sua lição para nós, padre, bem o sabemos!
Mais adiante no texto, encontramos um comentário sobre a unção dos enfermos: “A unção com óleo, que desde o início se fazia nos enfermos, para além de um rito sacramental, expressa todo o amor de missionários que doam a própria vida pela vida do mundo.”
O sacramento da Unção dos Enfermos tem origem em Tg 5, 14-15: “Está entre vós algum enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam orações sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhe-ão perdoados.” Diz o “Decreto para os armênios” (DZ 1310): os sacramentos “não apenas contêm em si a graça, como também a comunicam a quem os recebe dignamente”. Sacramento é poder de Deus exercido e comunicado, em Seu Nome, pelo Bispo ou padre. Nada há, além disso. Não é amor de missionários, é amor de Deus. Não é amor de Deus ao mundo, é amor de Deus a nós.
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O Evangelho é o Mc 6, 7-13: “Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. (...) Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsaram muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.”
O texto do Pe. Bazaglia diz: “Gratuidade e liberdade são as duas características básicas da evangelização. Na ânsia de pregar o evangelho, por vezes o anúncio se converteu em imposição de doutrinas, quando Jesus nunca impôs nem pediu que os discípulos impusessem nada. Os missionários de Jesus não impõem ensinamentos, mas propõem livremente ao mundo a experiência concreta do que significa ser seguidor de Jesus Cristo.” [Os negritos são meus.]
Pregar o Evangelho, que é a missão de todos os evangelizadores, é ensinar qual é o caminho da Salvação. João Batista pregou a vinda de Cristo: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Dizia ainda: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir à ira que vos ameaça? (...) O machado já está posto à raiz das árvores. Toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo.” João Batista estava impondo alguma coisa? Não, ele não estava impondo nada. Mas uma coisa que ele também não estava fazendo era “propor livremente ao mundo a experiência concreta ...”.
Vamos ver uma das muitas passagens do Evangelho em que Jesus prega. Vejamos se Ele está propondo “livremente ao mundo a experiência concreta”: “Não julgueis que vim trazer paz a terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho de seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora da sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios domésticos. O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim. O que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que se prende à sua vida perdê-la-á; e o que perder a sua vida por meu amor, achá-la-á.” Jesus não está impondo nada, não é mesmo? Jesus está dizendo, de forma terrível, que só há um caminho na vida de quem quer a salvação de sua alma. Não se pode dizer que, como quer Pe. Bazaglia, Jesus “propõem livremente ao mundo”. Quem traz a espada a terra, está querendo lutar para a salvação das almas, não está querendo propor livremente coisíssima nenhuma.
Portanto, que fique claro: a missão de pregar o Evangelho está muito longe de ser o que o Pe. Bazaglia pensa que ela é. Além disso, no trecho transcrito vê-se a noção de liberdade usada de duas formas. A primeira é quando o padre diz que a liberdade é uma das características básicas da evangelização. Ora, precisamos perguntar: o que ele quer dizer com isso? Que o pregador há de ter liberdade para pregar? Que o ouvinte há de ter liberdade para aceitar ou não a pregação? Ou que devemos ser indiferentes se o ouvinte aceita ou não nossa pregação? Depois ele diz que os missionários de Jesus devem propor livremente ao mundo ... Novamente fica a dúvida. Propor livremente é propor sem esperança de que a proposição seja aceita ou é considerar que mesmo assim, estaremos todos salvos ao final dos tempos?
Por trás desse trecho, se esconde, todos já devem ter percebido, o veneno do relativismo religioso do Vaticano II. Propomos nosso catolicismo, mas quem não o aceitar pode ficar tranqüilo, pois no final tudo estará bem. Todos os caminhos levam a Deus, não é assim Pe. Bazaglia?
O que dizer da alusão do Pe. Bazaglia à “ânsia de pregar o evangelho” e à “imposição de doutrinas”? Quando foi isso, padre? Não pense que nós desconheçamos a respeito do que o senhor está falando. A sua mente, padre, é povoada de coisas terríveis: a Idade Média, a Inquisição, as Cruzadas, O Sillabus de Pio IX, o Lamentabili de São Pio X etc. Essa Igreja medieval que existia antes do Concílio Vaticano II é a que tinha “ânsia de pregar o evangelho”, que “impunha doutrinas”. A nova igreja – ainda bem que o senhor admite que vocês fundaram uma nova igreja – não impõe nada, só propõe. Quem quiser aceitar, muito que bem. Quem não quiser, não precisa se preocupar. Essa é a sua lição para nós, padre, bem o sabemos!
Mais adiante no texto, encontramos um comentário sobre a unção dos enfermos: “A unção com óleo, que desde o início se fazia nos enfermos, para além de um rito sacramental, expressa todo o amor de missionários que doam a própria vida pela vida do mundo.”
O sacramento da Unção dos Enfermos tem origem em Tg 5, 14-15: “Está entre vós algum enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam orações sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhe-ão perdoados.” Diz o “Decreto para os armênios” (DZ 1310): os sacramentos “não apenas contêm em si a graça, como também a comunicam a quem os recebe dignamente”. Sacramento é poder de Deus exercido e comunicado, em Seu Nome, pelo Bispo ou padre. Nada há, além disso. Não é amor de missionários, é amor de Deus. Não é amor de Deus ao mundo, é amor de Deus a nós.
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18/07/2009
CAMPANHA NACIONAL UM BUQUÊ DE ROSÁRIOS PELA MISSA TRIDENTINA
Está terminada a Campanha Nacional Um Buquê de Rosários pela Missa Tridentina, realizada pelo website Missa Tridentina [http://www.missatridentina.com.br] . O resultado foi de 9012 terços. Agora, a equipe do site convida seus leitores a contribuirem para que este buquê seja enviado ao maior número de bispos possível. Participe!
Maiores informações, acesse www.missatridentina.com.br
Maiores informações, acesse www.missatridentina.com.br
16/07/2009
Semanário Litúrgico O DOMINGO
Este blog sofisticou-se tremendamente. Dispõe agora não só do nosso conhecido “Semanário Litúrgico-Catequético O DOMINGO”, mas também do folheto “Celebração da Missa com Crianças O DOMINGO” e “Semanário Litúrgico para Celebração da Palavra: Culto Dominical – O DOMINGO”.
A impressão que dá é que esses folhetos reproduzem-se como coelhos e este pobre blogueiro agora os adquire com antecedência – sim, muito espertamente eu descobri que posso ir a uma livraria da Editora Paulus e comprá-los aos magotes. Preparem-se para a emocionante viagem aos folhetos dominicais da Igreja Católica pós-CVII.
Alguma coisa já se pode notar de estarrecedor: o que vem a ser CULTO DOMINICAL, para merecer um folheto específico? Lembro-me que, na minha infância, uma tia minha, que era protestante, dizia que ia ao culto dominical em sua igreja. Pela passada d’olhos que dei, deve ser muito parecido mesmo com um culto protestante. Não tem Consagração, mas tem comunhão. Não tem padre celebrando. O celebrante é o tal ministro, que no final da celebração dá a benção em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ah!, sim, há os famigerados textos (digamos, opinativos) que conseguem, meu Deus!, ser piores que os do Semanário Litúrgico-Catequético. Aguardem os comentários deste blog a respeito dessa família de folhetos que não para de crescer.
Outra notícia que dou é que organizei os comentários que fiz sobre as Missas de Paulo VI, sobre os livros da Coleção Patrística da Editora Paulus e sobre exegese bíblica. Compre agora o livro clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
A impressão que dá é que esses folhetos reproduzem-se como coelhos e este pobre blogueiro agora os adquire com antecedência – sim, muito espertamente eu descobri que posso ir a uma livraria da Editora Paulus e comprá-los aos magotes. Preparem-se para a emocionante viagem aos folhetos dominicais da Igreja Católica pós-CVII.
Alguma coisa já se pode notar de estarrecedor: o que vem a ser CULTO DOMINICAL, para merecer um folheto específico? Lembro-me que, na minha infância, uma tia minha, que era protestante, dizia que ia ao culto dominical em sua igreja. Pela passada d’olhos que dei, deve ser muito parecido mesmo com um culto protestante. Não tem Consagração, mas tem comunhão. Não tem padre celebrando. O celebrante é o tal ministro, que no final da celebração dá a benção em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ah!, sim, há os famigerados textos (digamos, opinativos) que conseguem, meu Deus!, ser piores que os do Semanário Litúrgico-Catequético. Aguardem os comentários deste blog a respeito dessa família de folhetos que não para de crescer.
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Concílio Vaticano II
09/07/2009
Economia e catolicismo
A última encíclica de Bento XVI, por tratar equivocadamente de assuntos econômicos, fez surgir certa estupefação geral sobre como a Igreja, em seu Magistério Ordinário trata a questão econômica. De um lado há a Teologia da Libertação, que fez tão mal aos católicos neste aspecto, e de outro há o liberalismo, que não é apenas uma teoria econômica, mas todo um sistema de visão de mundo, que faz com que, hoje, muito poucos de nós católicos saibamos como tratar assuntos econômicos sob a ótica do catolicismo.
Acho que há cinco documentos preciosos sobre economia e catolicismo e um site que devemos consultar. Os dois primeiros documentos são as encíclicas Rerum novarum e Quadragesimo anno. Os três outros documentos são livros: um de Chesterton (The outline of sanity), um de Belloc (The servile state) e o outro de Corção sobre Chesterton (Três alqueires e uma vaca), na sua parte final. Irei traduzir os dois primeiros livros, se Deus me der essa oportunidade.
O site é o anti-liberal Contraimpugnantes que tem extraordinários textos de Sidney Silveira e Carlos Nougué criticando dura, mas justamente, o liberalismo econômico e nos dando uma perspectiva católica da economia.
Aqui no blog, talvez valesse a pena dar uma olhada na série de posts sobre o ensinamento tradicional da Igreja sobre economia: Corporação Cristã: a verdadeira Escola de Salamanca - Parte VII (cito o último dos artigos porque ele contém os links para os outros).
Ser católico nunca foi fácil e agora não é exceção. Para desmontar falácias temos de estudar muito, mas sobretudo rezar muito para que o Espírito Santo nos ilumine.
Santo Tomás de Aquino, rogai por nós.
Acho que há cinco documentos preciosos sobre economia e catolicismo e um site que devemos consultar. Os dois primeiros documentos são as encíclicas Rerum novarum e Quadragesimo anno. Os três outros documentos são livros: um de Chesterton (The outline of sanity), um de Belloc (The servile state) e o outro de Corção sobre Chesterton (Três alqueires e uma vaca), na sua parte final. Irei traduzir os dois primeiros livros, se Deus me der essa oportunidade.
O site é o anti-liberal Contraimpugnantes que tem extraordinários textos de Sidney Silveira e Carlos Nougué criticando dura, mas justamente, o liberalismo econômico e nos dando uma perspectiva católica da economia.
Aqui no blog, talvez valesse a pena dar uma olhada na série de posts sobre o ensinamento tradicional da Igreja sobre economia: Corporação Cristã: a verdadeira Escola de Salamanca - Parte VII (cito o último dos artigos porque ele contém os links para os outros).
Ser católico nunca foi fácil e agora não é exceção. Para desmontar falácias temos de estudar muito, mas sobretudo rezar muito para que o Espírito Santo nos ilumine.
Santo Tomás de Aquino, rogai por nós.
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Economia e Catolicismo
08/07/2009
Caritas in veritate: que Deus olhe por nós!
Ai, meu Deus! Foi com grande peso no coração que li, muito rapidamente, a Caritas in veritate.
Meu primeiro impulso foi ficar calado, mudo. Mas alguns leitores me perguntam sobre a encíclica. O que dizer? Que ela mostra com clareza a profunda crise que a Igreja atravessa. Que ela mostra com clareza o quanto o modernismo foi deletério para a Igreja. O quanto ele continua sendo um instrumento do demônio.
Bento XVI diz: “Passados outros vinte anos, exprimo a minha convicção de que a Populorum progressio merece ser considerada como « a Rerum novarum da época contemporânea », que ilumina o caminho da humanidade em vias de unificação.”
Meu Deus! Como comparar a Rerum Novarum com a Populorum progressio? Façam apenas um exercício. Procurem quantas vezes ocorre a palavra comunismo na Populorum progressio. Ela foi escrita em 1967, quando o mundo já sabia de todo o poder assassínio do comunismo. Quando ele já tinha matado milhões de pessoas no mundo em tempos de paz. Compare com a Rerum Novarum e sua devastadora condenação do comunismo, que naquela época (1891) estava ainda em potência, e não em ato.
Depois de escolher a encíclica de Paulo VI em detrimento a de Leão XIII como modelo, a coisa desandou muito. Aliás, já na destinação da carta, é dito AOS HOMENS DE BOA VONTADE, coisa totalmente estranha à Tradição da Igreja, que virou moda depois do Concílio Vaticano II. Diga-se que essa destinação não aparece nem na Deus caritas est e nem na Spe salvi.
Daí para a defesa da liberdade religiosa foi um pulo. Todo o parágrafo 29 é sobre o tema. Sinto dizer, mas defender a liberdade religiosa é de duas uma: ou não se acredita que a Igreja é o único caminho da salvação, ou se está defendendo que as pessoas tenham a liberdade de perder suas almas.
Depois vem todo um interminável equívoco sobre economia, ambientalismo e, finalmente, para pasmo geral, a defesa de um governo mundial “o governo da globalização deve ser de tipo subsidiário, articulado segundo vários e diferenciados níveis que colaborem reciprocamente. A globalização tem necessidade, sem dúvida, de autoridade, enquanto põe o problema de um bem comum global a alcançar; mas tal autoridade deverá ser organizada de modo subsidiário e poliárquico[138], seja para não lesar a liberdade, seja para resultar concretamente eficaz.”
Há também coisas altamente confusas e até contraditórias, como esta: “Segundo os crentes, o mundo não é fruto do acaso nem da necessidade, mas de um projeto de Deus. Daqui nasce o dever que os crentes têm de unir os seus esforços com todos os homens e mulheres de boa vontade de outras religiões ou não crentes, para que este nosso mundo corresponda efetivamente ao projeto divino: viver como uma família, sob o olhar do seu Criador.”
Nossa Senhora, auxílio dos cristãos, rogai por nós!
Meu primeiro impulso foi ficar calado, mudo. Mas alguns leitores me perguntam sobre a encíclica. O que dizer? Que ela mostra com clareza a profunda crise que a Igreja atravessa. Que ela mostra com clareza o quanto o modernismo foi deletério para a Igreja. O quanto ele continua sendo um instrumento do demônio.
Bento XVI diz: “Passados outros vinte anos, exprimo a minha convicção de que a Populorum progressio merece ser considerada como « a Rerum novarum da época contemporânea », que ilumina o caminho da humanidade em vias de unificação.”
Meu Deus! Como comparar a Rerum Novarum com a Populorum progressio? Façam apenas um exercício. Procurem quantas vezes ocorre a palavra comunismo na Populorum progressio. Ela foi escrita em 1967, quando o mundo já sabia de todo o poder assassínio do comunismo. Quando ele já tinha matado milhões de pessoas no mundo em tempos de paz. Compare com a Rerum Novarum e sua devastadora condenação do comunismo, que naquela época (1891) estava ainda em potência, e não em ato.
Depois de escolher a encíclica de Paulo VI em detrimento a de Leão XIII como modelo, a coisa desandou muito. Aliás, já na destinação da carta, é dito AOS HOMENS DE BOA VONTADE, coisa totalmente estranha à Tradição da Igreja, que virou moda depois do Concílio Vaticano II. Diga-se que essa destinação não aparece nem na Deus caritas est e nem na Spe salvi.
Daí para a defesa da liberdade religiosa foi um pulo. Todo o parágrafo 29 é sobre o tema. Sinto dizer, mas defender a liberdade religiosa é de duas uma: ou não se acredita que a Igreja é o único caminho da salvação, ou se está defendendo que as pessoas tenham a liberdade de perder suas almas.
Depois vem todo um interminável equívoco sobre economia, ambientalismo e, finalmente, para pasmo geral, a defesa de um governo mundial “o governo da globalização deve ser de tipo subsidiário, articulado segundo vários e diferenciados níveis que colaborem reciprocamente. A globalização tem necessidade, sem dúvida, de autoridade, enquanto põe o problema de um bem comum global a alcançar; mas tal autoridade deverá ser organizada de modo subsidiário e poliárquico[138], seja para não lesar a liberdade, seja para resultar concretamente eficaz.”
Há também coisas altamente confusas e até contraditórias, como esta: “Segundo os crentes, o mundo não é fruto do acaso nem da necessidade, mas de um projeto de Deus. Daqui nasce o dever que os crentes têm de unir os seus esforços com todos os homens e mulheres de boa vontade de outras religiões ou não crentes, para que este nosso mundo corresponda efetivamente ao projeto divino: viver como uma família, sob o olhar do seu Criador.”
Nossa Senhora, auxílio dos cristãos, rogai por nós!
03/07/2009
Motu Proprio, Limeira, verdades e mentiras
Um anônimo coloca um comentário (em caixa alta) no post Católicos da Diocese de Limeira apóiam o Papa. Por conter equívocos de várias ordens, vai merecer uma resposta geral. Diz o anônimo:
“EU PENSO QUE TODAS ESSAS BRIGAS PELA INTERNET SÃO DESCENESSÁRIAS. NO CASO LIMEIRA FIQUEI SABENDO QUE SÃO APENAS ALGUMAS PESSOAS QUE FAZEM ESSA AGITAÇÃO. DA FORMA QUE DIZEM, DÁ A IMPRESSAO DE QUE O POVO DA DIOCESE ESTÁ PEDINDO ESSA MISSA, E NA VERDADE NÃO É.”
Você ficou sabendo como? Você é de Limeira? Você verificou a situação lá ou ouviu alguém falar, ou pior, “internetar”?
Ele continua: DEPOIS, SERIA BOM ESTUDAR MELHOR E MAIS ATENTAMENTE O MOTU PROPRIO DO PAPA, E VER QUE ELE AFIRMA QUE A FORMA ORDINÁRIA DE SE CELEBRAR A MISSA É A DO MISSAL DE PAULO VI, MAS QUE A OUTRA PODE SER CELEBRADA.
Vamos estudar o Motu Proprio. Ele diz, em seu artigo 5º, §1º:
“Em paróquias onde um grupo de fiéis aderidos à prévia tradição litúrgica existe de maneira estável, que o pároco aceite seus pedidos para a celebração da Santa Missa de acordo ao rito do Missal Romano publicado em 1962. Que o pároco vigie que o bem destes fiéis esteja harmoniosamente reconciliado com o cuidado pastoral ordinário da paróquia, sob o governo do Bispo e segundo o Canon 392, evitando discórdias e promovendo a unidade de toda a Igreja.”
Mais adiante, no art. 7, o documento diz:
“Art. 7. Onde um grupo de fiéis laicos, mencionados no art. 5§1 não obtém o que solicita do pároco, deve informar ao Bispo diocesano do fato. Ao Bispo lhe solicita seriamente aceder a seu desejo. Se não puder prover este tipo de celebração, que o assunto seja referido à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei.”
Ou seja, lendo o documento, depreendemos: Se existe um grupo de católicos querendo a Missa no Rito Romano Tridentino, não é matéria para aprovação ou não. Se a coisa não se resolver com o Bispo, a Ecclesia Dei deve ser acionada, para que haja a Missa e não para resolver se ela vai existir ou não!
Continua: É LAMENTÁVEL QUE MUITOS GRUPOS CAEM EM UMA POSTURA TÃO RADICAL,
Radical se diz de quem vai à raiz do problema. Nisso você tem razão: o bravo pessoal de Limeira foi à raiz do problema. Eles têm direito de ter a Missa Tridentina lá.
Aduz: DANDO A IPRESSÃO DE QUE O VATICANO II É COISA DO DIABO OU ALGO ASSIM DO MAL. NADA DISSO. PRA QUERER A MISSA DE SEMPRE SERÁ QUE É PRECISO SER INIMIGO DA IGREJA DO VATICANO II, APOIADA PELO PAPA, E AINDA MAIS SERÁ QUE É PRECISO DEPRECIAR TANTO ASSIM A IMAGEM DE NOSSOS BISPOS E SACERDOTES SÓ PORQUE NÃO SE IDENTIFICAM MUITO COM A FORMA ANTIGA DE SE CELEBRAR E PREFEREM A FORMA ORDINÁRIA, SEGUNDO O SANTO PADRE?
Deixa eu te dizer o que o Papa realmente pensa da Missa Nova. Ele não pode dizer isso que vai abaixo como Papa, mas disse como Cardeal, e está em seu livro “Lembranças de Minha Vida”, edições Paulinas. Falando sobre o Missal de Paulo VI, diz: “Mas fiquei consternado pela proibição do missal antigo, pois algo semelhante nunca tinha acontecido em toda a história da liturgia. Tinha-se a impressão de que isso era uma coisa perfeitamente normal. (...) Mas a verdade histórica é outra. (...) Muitos de seus sucessores [de Pio V] tinham novamente trabalho esse Missal [Missale Romanum], sem jamais opor um missal novo a um anterior. (...) Porém, a proibição agora decretada, do missal que se tinha desenvolvido continuamente através de todos os séculos, desde os manuais para os sacramentos na Igreja antiga, causou na história da liturgia uma ruptura cujas conseqüências só podiam ser trágicas. Uma revisão do missal tinha sentido e tinha sido determinada com razão pelo Concílio. Mas agora aconteceu mais: o edifício antigo foi derrubado e construiu-se outro. (...) Estou convencido de que a crise da Igreja, pela qual passamos hoje, é causada em grande parte pela decadência da liturgia, que às vezes até é concebida de uma maneira etsi Deus non daretur [como se Deus não existisse], isto é, que nela não importa mais se Deus existe e se ele nos fala e nos escuta. Aí a comunidade ainda celebra somente a si mesma, mas isso não vale a pena.” [Os negritos são meus.]
Leia isso, amigo anônimo e pare de falar sobre coisas que você não conhece. A posição de Bento XVI é muito clara com relação à Missa de Paulo VI. O texto acima não deixa nenhuma dúvida. Vou resumir para você: a Missa de Paulo VI é concebida etsi Deus non daretur e isso não vale a pena.
Ele agora fica bravo: GENTE, VAM0S PARAR COM ISSO... A ÉPOCA DE CAÇA ÀS BRUXAR JÁ FOI.
Enquanto houver bruxas, a época da caça às bruxas não pode passar!
De novo Limeira: LÁ EM LIMEIRA POR QUE NÃO SE REUNIR COM OS PADRES E BISPOS E DISCUTIR ISSO. COM CERTEZA HAVERIA UMA SOLUÇÃO MENOS TRAUMÁTICA...
Lá em Limeira ... Portanto, você não é de Limeira. Você sabe o que ocorreu lá? Se houve reunião? Não seja leviano, rapaz!
Fala bobagem: A IGREJA ACOLHE TODOS. É UM MESMO RITO, CELEBRADO DE MANEIRA DIFERENTE. É O MESMO RITO ROMANO, CONFORME O PAPA.
Conforme o Papa: a Missa de Paulo VI não vale a pena.
Fala sem saber: AS DUAS SÃO RIQUÍCIMAS EM TUDO O QUE SÃO COMO ATUALIZAÇÃO DO MEMORIAL DA PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR.
A Missa Tridentina celebra o Sacrifício da Cruz, o memorial fica por conta da Missa Nova. Uma é rica, a outra é pobre. E note que não estou afirmando que a Missa de Paulo VI não seja válida. É apenas infinitamente mais pobre.
Quando quiser falar sobre uma coisa, amigo, procure se informar primeiro, para que não se cometa leviandade. Que Deus te abençoe.
“EU PENSO QUE TODAS ESSAS BRIGAS PELA INTERNET SÃO DESCENESSÁRIAS. NO CASO LIMEIRA FIQUEI SABENDO QUE SÃO APENAS ALGUMAS PESSOAS QUE FAZEM ESSA AGITAÇÃO. DA FORMA QUE DIZEM, DÁ A IMPRESSAO DE QUE O POVO DA DIOCESE ESTÁ PEDINDO ESSA MISSA, E NA VERDADE NÃO É.”
Você ficou sabendo como? Você é de Limeira? Você verificou a situação lá ou ouviu alguém falar, ou pior, “internetar”?
Ele continua: DEPOIS, SERIA BOM ESTUDAR MELHOR E MAIS ATENTAMENTE O MOTU PROPRIO DO PAPA, E VER QUE ELE AFIRMA QUE A FORMA ORDINÁRIA DE SE CELEBRAR A MISSA É A DO MISSAL DE PAULO VI, MAS QUE A OUTRA PODE SER CELEBRADA.
Vamos estudar o Motu Proprio. Ele diz, em seu artigo 5º, §1º:
“Em paróquias onde um grupo de fiéis aderidos à prévia tradição litúrgica existe de maneira estável, que o pároco aceite seus pedidos para a celebração da Santa Missa de acordo ao rito do Missal Romano publicado em 1962. Que o pároco vigie que o bem destes fiéis esteja harmoniosamente reconciliado com o cuidado pastoral ordinário da paróquia, sob o governo do Bispo e segundo o Canon 392, evitando discórdias e promovendo a unidade de toda a Igreja.”
Mais adiante, no art. 7, o documento diz:
“Art. 7. Onde um grupo de fiéis laicos, mencionados no art. 5§1 não obtém o que solicita do pároco, deve informar ao Bispo diocesano do fato. Ao Bispo lhe solicita seriamente aceder a seu desejo. Se não puder prover este tipo de celebração, que o assunto seja referido à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei.”
Ou seja, lendo o documento, depreendemos: Se existe um grupo de católicos querendo a Missa no Rito Romano Tridentino, não é matéria para aprovação ou não. Se a coisa não se resolver com o Bispo, a Ecclesia Dei deve ser acionada, para que haja a Missa e não para resolver se ela vai existir ou não!
Continua: É LAMENTÁVEL QUE MUITOS GRUPOS CAEM EM UMA POSTURA TÃO RADICAL,
Radical se diz de quem vai à raiz do problema. Nisso você tem razão: o bravo pessoal de Limeira foi à raiz do problema. Eles têm direito de ter a Missa Tridentina lá.
Aduz: DANDO A IPRESSÃO DE QUE O VATICANO II É COISA DO DIABO OU ALGO ASSIM DO MAL. NADA DISSO. PRA QUERER A MISSA DE SEMPRE SERÁ QUE É PRECISO SER INIMIGO DA IGREJA DO VATICANO II, APOIADA PELO PAPA, E AINDA MAIS SERÁ QUE É PRECISO DEPRECIAR TANTO ASSIM A IMAGEM DE NOSSOS BISPOS E SACERDOTES SÓ PORQUE NÃO SE IDENTIFICAM MUITO COM A FORMA ANTIGA DE SE CELEBRAR E PREFEREM A FORMA ORDINÁRIA, SEGUNDO O SANTO PADRE?
Deixa eu te dizer o que o Papa realmente pensa da Missa Nova. Ele não pode dizer isso que vai abaixo como Papa, mas disse como Cardeal, e está em seu livro “Lembranças de Minha Vida”, edições Paulinas. Falando sobre o Missal de Paulo VI, diz: “Mas fiquei consternado pela proibição do missal antigo, pois algo semelhante nunca tinha acontecido em toda a história da liturgia. Tinha-se a impressão de que isso era uma coisa perfeitamente normal. (...) Mas a verdade histórica é outra. (...) Muitos de seus sucessores [de Pio V] tinham novamente trabalho esse Missal [Missale Romanum], sem jamais opor um missal novo a um anterior. (...) Porém, a proibição agora decretada, do missal que se tinha desenvolvido continuamente através de todos os séculos, desde os manuais para os sacramentos na Igreja antiga, causou na história da liturgia uma ruptura cujas conseqüências só podiam ser trágicas. Uma revisão do missal tinha sentido e tinha sido determinada com razão pelo Concílio. Mas agora aconteceu mais: o edifício antigo foi derrubado e construiu-se outro. (...) Estou convencido de que a crise da Igreja, pela qual passamos hoje, é causada em grande parte pela decadência da liturgia, que às vezes até é concebida de uma maneira etsi Deus non daretur [como se Deus não existisse], isto é, que nela não importa mais se Deus existe e se ele nos fala e nos escuta. Aí a comunidade ainda celebra somente a si mesma, mas isso não vale a pena.” [Os negritos são meus.]
Leia isso, amigo anônimo e pare de falar sobre coisas que você não conhece. A posição de Bento XVI é muito clara com relação à Missa de Paulo VI. O texto acima não deixa nenhuma dúvida. Vou resumir para você: a Missa de Paulo VI é concebida etsi Deus non daretur e isso não vale a pena.
Ele agora fica bravo: GENTE, VAM0S PARAR COM ISSO... A ÉPOCA DE CAÇA ÀS BRUXAR JÁ FOI.
Enquanto houver bruxas, a época da caça às bruxas não pode passar!
De novo Limeira: LÁ EM LIMEIRA POR QUE NÃO SE REUNIR COM OS PADRES E BISPOS E DISCUTIR ISSO. COM CERTEZA HAVERIA UMA SOLUÇÃO MENOS TRAUMÁTICA...
Lá em Limeira ... Portanto, você não é de Limeira. Você sabe o que ocorreu lá? Se houve reunião? Não seja leviano, rapaz!
Fala bobagem: A IGREJA ACOLHE TODOS. É UM MESMO RITO, CELEBRADO DE MANEIRA DIFERENTE. É O MESMO RITO ROMANO, CONFORME O PAPA.
Conforme o Papa: a Missa de Paulo VI não vale a pena.
Fala sem saber: AS DUAS SÃO RIQUÍCIMAS EM TUDO O QUE SÃO COMO ATUALIZAÇÃO DO MEMORIAL DA PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR.
A Missa Tridentina celebra o Sacrifício da Cruz, o memorial fica por conta da Missa Nova. Uma é rica, a outra é pobre. E note que não estou afirmando que a Missa de Paulo VI não seja válida. É apenas infinitamente mais pobre.
Quando quiser falar sobre uma coisa, amigo, procure se informar primeiro, para que não se cometa leviandade. Que Deus te abençoe.
02/07/2009
A malícia diabólica do Estado de Minas
Uma chamada de capa do Estado de Minas de hoje, 2 de julho de 2009, diz: “Graças a Deus: Papa destitui arcebispo de Olinda e Recife”. Em letras pequenas ainda se diz: “Religioso que provocou polêmica internacional ao excomungar o médico e a mãe de menina de 9 anos submetida a aborto após ser estuprada pelo padrasto.”
Na capa, duas mentiras deslavadas. Primeiramente, o Papa não destituiu dom José – coisa que fica clara na matéria dentro do caderno, na página 10 – e, em segundo lugar, dom José não excomungou ninguém, apenas avisou a todos os envolvidos – e não somente ao médico e a mãe da menina – que eles estavam automaticamente excomungados.
Na matéria interna, procurando difamar dom José, o jornal presta um tributo ao seu arcebispado. Vejam o que eles dizem dele.
“Bem antes disso [do episódio recente], outros assuntos controversos fizeram a fama de conservador e autoritário de dom José. Em 1989, sob a orientação do Vaticano, fechou o Seminário Nordeste II e o Instituto Teológico do Recife (Iter), entidades fundadas por dom Hélder e consideradas referências para a formação teológica de leigos e religiosos. Na época, houve uma marcha de padres e seminaristas pelas ruas do Recife para protestar contra o encerramento do curso.” [negritos meus]
Neste episódio, dom José seguiu as orientações do Vaticano e fechou o seminário. Parabéns, dom José!
“Outro momento controverso de dom José foi quando decidiu afastar da Paróquia do Morro da Conceição o padre Reginaldo Veloso, que era seguidor da Teologia da Libertação (movimento de tendência socialista voltado para os mais pobres). Quando o padre Reginaldo foi afastado, os moradores do morro ocuparam a paróquia por quase um mês. Suspenso por dom José, o religioso ficou impossibilitado de exercer o sacerdócio e abandonou a batina.”
Bento XVI acaba de condenar padres que pensam que o estabelecimento da tal justiça social é sua função. Portanto, parabéns dom José, por se opor à teologia da deformação!
“Outro momento controverso de dom José foi quando decidiu afastar da Paróquia do Morro da Conceição o padre Reginaldo Veloso, que era seguidor da Teologia da Libertação (movimento de tendência socialista voltado para os mais pobres). Quando o padre Reginaldo foi afastado, os moradores do morro ocuparam a paróquia por quase um mês. Suspenso por dom José, o religioso ficou impossibilitado de exercer o sacerdócio e abandonou a batina.”
Que bem para a Igreja foi tal padre ter deixado a batina! Aliás, deixar a batina é apenas uma expressão arcaica hoje, pois esse tipo de padre já não usava batina. Ele deixou foi a Casa Paroquial. Assim, parabéns, dom José, por ter afastado um herege da Igreja!
“Em 2004, o arcebispo também foi alvo de críticas, principalmente no meio político, quando negou a hóstia para a então prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB), que acompanhava uma procissão, alegando que ela era comunista.”
Que injustiça, dom José! O senhor “alegou” que alguém do PCdoB era comunista? Que absurdo! Parabéns, dom José, por ter evitado um atentado contra a Presença Real na Hóstia Consagrada!
Por tudo que o Estado de Minas nos informa, enfim, Olinda e Recife tiveram um arcebispo católico, depois de o herege dom Helder Câmara ter tentado arrasar a Igreja daquelas cidades.
Que Deus te ilumine dom José e que o senhor continue sendo uma influência benéfica para seu sucessor. Espero ser merecedor de suas bênçãos apostólicas.
Na capa, duas mentiras deslavadas. Primeiramente, o Papa não destituiu dom José – coisa que fica clara na matéria dentro do caderno, na página 10 – e, em segundo lugar, dom José não excomungou ninguém, apenas avisou a todos os envolvidos – e não somente ao médico e a mãe da menina – que eles estavam automaticamente excomungados.
Na matéria interna, procurando difamar dom José, o jornal presta um tributo ao seu arcebispado. Vejam o que eles dizem dele.
“Bem antes disso [do episódio recente], outros assuntos controversos fizeram a fama de conservador e autoritário de dom José. Em 1989, sob a orientação do Vaticano, fechou o Seminário Nordeste II e o Instituto Teológico do Recife (Iter), entidades fundadas por dom Hélder e consideradas referências para a formação teológica de leigos e religiosos. Na época, houve uma marcha de padres e seminaristas pelas ruas do Recife para protestar contra o encerramento do curso.” [negritos meus]
Neste episódio, dom José seguiu as orientações do Vaticano e fechou o seminário. Parabéns, dom José!
“Outro momento controverso de dom José foi quando decidiu afastar da Paróquia do Morro da Conceição o padre Reginaldo Veloso, que era seguidor da Teologia da Libertação (movimento de tendência socialista voltado para os mais pobres). Quando o padre Reginaldo foi afastado, os moradores do morro ocuparam a paróquia por quase um mês. Suspenso por dom José, o religioso ficou impossibilitado de exercer o sacerdócio e abandonou a batina.”
Bento XVI acaba de condenar padres que pensam que o estabelecimento da tal justiça social é sua função. Portanto, parabéns dom José, por se opor à teologia da deformação!
“Outro momento controverso de dom José foi quando decidiu afastar da Paróquia do Morro da Conceição o padre Reginaldo Veloso, que era seguidor da Teologia da Libertação (movimento de tendência socialista voltado para os mais pobres). Quando o padre Reginaldo foi afastado, os moradores do morro ocuparam a paróquia por quase um mês. Suspenso por dom José, o religioso ficou impossibilitado de exercer o sacerdócio e abandonou a batina.”
Que bem para a Igreja foi tal padre ter deixado a batina! Aliás, deixar a batina é apenas uma expressão arcaica hoje, pois esse tipo de padre já não usava batina. Ele deixou foi a Casa Paroquial. Assim, parabéns, dom José, por ter afastado um herege da Igreja!
“Em 2004, o arcebispo também foi alvo de críticas, principalmente no meio político, quando negou a hóstia para a então prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB), que acompanhava uma procissão, alegando que ela era comunista.”
Que injustiça, dom José! O senhor “alegou” que alguém do PCdoB era comunista? Que absurdo! Parabéns, dom José, por ter evitado um atentado contra a Presença Real na Hóstia Consagrada!
Por tudo que o Estado de Minas nos informa, enfim, Olinda e Recife tiveram um arcebispo católico, depois de o herege dom Helder Câmara ter tentado arrasar a Igreja daquelas cidades.
Que Deus te ilumine dom José e que o senhor continue sendo uma influência benéfica para seu sucessor. Espero ser merecedor de suas bênçãos apostólicas.
01/07/2009
Terá Bento XVI falado ex-cathedra?
Algum tempo atrás, publiquei um artigo no MidiaSemMáscara tratando da condenação, em dois momentos distintos – uma como cardeal e outra como Papa – que Bento XVI fez à Teologia da Libertação, esta deformação, este câncer, que trouxe para o seio da Igreja a idéia de que o Reino de Deus é o governo marxista mundial que um dia ainda instituiremos. Papa Bento se insurge contra esse movimento diabólico como intelectual que é, tanto em seu livro “Introdução ao Cristianismo”, quanto na Encíclica Spe Salvi. Reproduzo o artigo mais abaixo, já que me é impossível fornecer um link.
Leio agora no FratresInUnum, que o Papa Bento XVI disse, aos cerca de 14 mil peregrinos reunidos na praça de São Pedro para a audiência geral, que “Depois do Concílio Vaticano II se produziu aqui e ali a impressão de que a missão do sacerdote em nosso tempo fosse qualquer coisa de mais urgente” que o anúncio da Palavra e a administração dos sacramentos, porque houve quem pensasse “que se devesse em primeiro lugar construir uma sociedade diferente, que o principal dever fosse o de construir, antes de tudo, a justiça social”. “Anúncio e poder, isto é, Palavra e sacramento”, são “os dois pilares fundamentais do serviço sacerdotal, para além de suas possíveis e múltiplas configurações” sem os quais “se torna muito difícil compreender a identidade do presbítero e de seu ministério na Igreja”.
Jesus disse: “O vosso falar seja SIM SIM NÃO NÃO; porque tudo o que passa disso vem do Maligno” (Mt 5, 37). Papa Bento XVI seguiu precisamente este preceito.
Considero que aqui o Papa fala como Vigário de Cristo e não como intelectual. O ocupante do trono, e herdeiro, de São Pedro fala sobre o sacerdócio, sobre o poder de quem recebeu Sacramento da Ordem. É precípua matéria de fé. O Papa fala sem rodeios. O que ele diz é: o dever do sacerdote é o anúncio da palavra de Deus e a distribuição do sacramento; anúncio e poder. Isso está em total concordância com tudo que a Igreja sempre falou, com o Depósito da Fé, com a Tradição.
Não sou teólogo e meus conhecimentos sobre Teologia são mínimos. Mas se Bento XVI não falou ex-cathedra, passou perto!
Rezemos pelo Papa. Peçamos que ele viva mais alguns anos e que continue seu caminho de restauração da verdadeira Igreja de Cristo.
________________________________________________________________
Cardeal e Papa Condenam a Teologia da Libertação
O cardeal a que me refiro no título é Joseph Ratzinger e o papa é Bento XVI. Um e outro condenaram veementemente a Teologia da Libertação em dois documentos importantes.
O cardeal escreve, em 2000, um prefácio ao seu livro (uma re-edição de um livro escrito na década de 1960) Introdução ao Cristianismo. No aspecto político, eu diria que a introdução vale mais que o livro. Claro que no aspecto doutrinal o livro é muito bom e a introdução, dispensável.
O papa escreve em 2007, uma encíclica intitulada SPE SALVI.
Tratemos pois, em primeiro lugar, do prefácio ao livro “Introdução ao Cristianismo”. Diz o cardeal que desde a publicação do livro na década de 1960, muita coisa aconteceu no mundo. Ele toma dois anos em particular para comentar os eventos mais importantes dos últimos trinta anos do século XX: 1968 e 1989. Em 1989 ele vê o ano em que o ciclo da esperança materialista termina e lamenta as tragédias que essa esperança trouxe ao mundo. Ele diz: “No fundo, a doutrina marxista da salvação, se bem que dividida em variantes diversas de instrumentalização, era vista como o único roteiro para o futuro, baseado em motivação ética e, ao mesmo tempo , em conformidade com a visão científica do mundo.” O papa retomará esse tema na encíclica e o desenvolverá mais profundamente. O cardeal considera assim que 1989 é o ano que simboliza o fracasso histórico da “doutrina marxista da salvação”.
Mas, que salvação seria essa? A que nos levaria ao reino de Deus dos Evangelhos? Não. O cardeal responde logo abaixo: “Quem faz Marx o filósofo da teologia aceita a primazia dos elementos político e econômico que passam a ser as verdadeiras forças da salvação.”
E, perguntariam os leitores, quem fez de Marx o filósofo da Teologia? O cardeal responde: “Durante mais de uma década, a teologia da libertação parecia indicar a nova direção na qual a fé haveria de tornar-se novamente formadora do mundo porque se unia de uma nova maneira como as descobertas do momento histórico”. Depois de reconhecer os problemas econômicos e sociais da América Latina e do papel social da Igreja onde quer que ela esteja, o cardeal diz que a Igreja, em nome de seu papel social, escolheu seu guia: “Mas de que maneira [a Igreja cumpriria seu papel]? Pareceu então ser Marx o grande guia”. E ainda aduz: “Cabia agora a ele o papel que, no século XIII, tinha sido de Aristóteles; sua filosofia pré-cristã [e portanto ‘pagã’] precisou ser batizada para que a fé e a razão pudessem encontrar a sua relação correta.”
Mas qual seria o problema de aceitar Marx? Não poderíamos batizá-lo, como fez Santo Tomás com Aristóteles. O cardeal afasta essa possibilidade quando diz: “Mas quem aceita Marx (em qualquer uma das variantes neomarxistas) como o representante de uma razão universal não adota simplesmente uma filosofia, uma visão da origem e do sentido da existência, assume sobretudo uma prática [o que significa que] (...) a salvação do ser humano é realizada pela política e pela economia, que determinam a face do futuro.” O que é isso senão, de forma integral e acabada, a Teologia da Libertação?
Para dissipar alguma dúvida que ainda possa restar, o cardeal claramente diz: “Vejo o problema verdadeiro e mais profundo das teologias da libertação na ausência de fato da idéia de Deus, o que acabou afetando naturalmente de modo decisivo também a figura de Cristo (fato ao qual já aludimos anteriormente). Não que se tenha negado a existência de Deus – de modo algum. Ele apenas era dispensável na ‘realidade’ que exigia toda a atenção. Carecia de função”.
Até aqui o cardeal fala como um teólogo. O pastor, que ele era e é, fala o seguinte: “Mas Deus é ‘prático’, Ele não é um mero fecho teórico qualquer para a visão do mundo, servindo eventualmente de consolo, diante do qual se estaca ou se passa simplesmente adiante. (...) Quando Deus é deixado de lado, tudo parece inicialmente continuar como antes. (...) Mas tudo muda no momento em que a mensagem de que Deus estaria morto passa a ser realmente percebida, fulminando o coração dos homens.” Como não concluir, com o cardeal, que a Teologia da Libertação é a teologia do Deus morto?
Na encíclica SPE SALVI quem fala é o papa, com toda a sua autoridade e pastoralidade. Mesmo assim, ele é incisivo qual tinha sido o cardeal Ratzinger. Já no item 4 da encíclica, cujo assunto é a esperança cristã verdadeira, ele não deixa dúvidas sobre o Magistério Ordinário da Igreja: “O cristianismo não tinha trazido uma mensagem sócio-revolucionária semelhante à de Espártaco que tinha fracassado após lutas cruentas. Jesus não era Espártaco, não era um guerreiro em luta por uma libertação política, como Barrabás ou Bar-Kochba. Aquilo que Jesus – Ele mesmo morto na cruz – tinha trazido era algo de totalmente distinto: o encontro com o Senhor de todos os senhores, o encontro com o Deus vivo e, deste modo, o encontro com uma esperança que era mais forte do que os sofrimentos da escravatura e, por isso mesmo, transformava a partir de dentro a vida e o mundo. (...) Em virtude do Batismo, [os cristãos] tinham sido regenerados, tinham bebido do mesmo Espírito e recebiam conjuntamente, um ao lado do outro, o Corpo do Senhor. Apesar de as estruturas externas permanecerem as mesmas, isto transformava a sociedade a partir de dentro. Se a Carta aos Hebreus diz que os cristãos não têm aqui neste mundo uma morada permanente, mas procuram a futura (cf. Heb 11, 13-14; Fil 3,20), isto não significa de modo algum adiar para uma perspectiva futura: a sociedade presente é reconhecida pelos cristãos como uma sociedade imprópria; eles pertencem a uma sociedade nova, rumo à qual caminham e que, na sua peregrinação, é antecipada.”[as ênfases são minhas].
Como a esperança cristã (aquela que “atrai o futuro para dentro do presente, que muda o presente e que faz o presente ser tocado pela realidade futura, fazendo com que as coisas futuras derramem-se naquelas presentes e as presentes nas futuras”), uma virtude teologal, foi rebaixada a uma “esperança marxista da salvação”, já identificada pelo cardeal Ratzinger? O papa identifica o final do século XVIII como o início desse rebaixamento. Além da Revolução Francesa, ele cita uma obra de Kant, em que o filósofo defende como sendo um movimento evolutivo importante a passagem da “fé eclesiástica” para a “fé religiosa”. Diz o papa: “O ‘reino de Deus’, de que falara Jesus, recebeu aqui uma nova definição e assumiu também uma nova presença: existe, por assim dizer, uma nova ‘expectativa imediata’: o ‘reino de Deus’ chega onda a ‘fé eclesiástica’ é superada e substituída pela ‘fé religiosa’, ou seja, pela mera fé racional”.
A revolução de 1789 prepara, segundo o papa, outra revolução: a proletária. Marx então aparece como o teórico que irá propor um “novo e grande passo”, um passo “definitivo da história rumo à salvação, rumo àquilo que Kant tinha qualificado com o ‘reino de Deus’.” Mais a frente o papa diz, “o progresso rumo ao melhor, rumo ao mundo definitivamente bom, já não vem simplesmente da ciência, mas da política – de uma política pensada cientificamente, que sabe reconhecer a estrutura da história e da sociedade, indicando assim a estrada da revolução, da mudança de todas as coisas”. E conclui: “Assim, a esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro ‘reino de Deus’.” Como não lembrar aqui do slogan “Um outro mundo é possível” ?
Matar Deus e reduzir a esperança bíblica à mera esperança do reino do homem, essas são as características principais da Teologia da Libertação, segundo Ratzinger e Bento XVI.
Como pastor, o papa ainda continua a nos orientar quando às questões relativas aos problemas humanos que a espúria teologia não consegue resolver. Ele diz: “Devemos – é verdade – fazer tudo para superar o sofrimento, mas eliminá-lo completamente do mundo não entra nas nossas possibilidades, simplesmente porque não podemos desfazer-nos da nossa finitude e porque nenhum de nós é capaz de eliminar o poder do mal, da culpa que – como constatávamos – é fonte contínua de sofrimento.” Fala ainda mais pastoralmente: “Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor. ”
Assim, temos duas análises sobre a Teologia da Libertação, ambas completamente coincidentes. Uma de um grande intelectual, o cardeal Ratzinger, e outra do Papa Bento XVI. Os católicos temos assim não só a fundamentação teológica e filosófica para refutar a Teologia da Libertação, mas também a fundamentação doutrinária do Magistério Ordinário da Igreja. Seja por honestidade intelectual, que toca a todos, seja por observação ao Magistério da Igreja, que toca especialmente aos católicos, devemos não só refutar, mas lutar contra esse arremedo de teologia.
Abusos doutrinários, teológicos, litúrgicos e lógicos vêm sendo cometidos há quase quatro décadas dentro da Igreja Católica, particularmente no Brasil. É bom ver que alguém quer por a casa em ordem, sobretudo porque essa Casa, foi Deus quem fundou. É bom ver, ainda mais, que esse alguém é o representante do Chefe Supremo da Casa.[1]
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[1] Ver, sobre este mesmo assunto: Antídotos contra a Teologia da Libertação e Lições das Missas Dominicais pós-Concílio Vaticano II
Leio agora no FratresInUnum, que o Papa Bento XVI disse, aos cerca de 14 mil peregrinos reunidos na praça de São Pedro para a audiência geral, que “Depois do Concílio Vaticano II se produziu aqui e ali a impressão de que a missão do sacerdote em nosso tempo fosse qualquer coisa de mais urgente” que o anúncio da Palavra e a administração dos sacramentos, porque houve quem pensasse “que se devesse em primeiro lugar construir uma sociedade diferente, que o principal dever fosse o de construir, antes de tudo, a justiça social”. “Anúncio e poder, isto é, Palavra e sacramento”, são “os dois pilares fundamentais do serviço sacerdotal, para além de suas possíveis e múltiplas configurações” sem os quais “se torna muito difícil compreender a identidade do presbítero e de seu ministério na Igreja”.
Jesus disse: “O vosso falar seja SIM SIM NÃO NÃO; porque tudo o que passa disso vem do Maligno” (Mt 5, 37). Papa Bento XVI seguiu precisamente este preceito.
Considero que aqui o Papa fala como Vigário de Cristo e não como intelectual. O ocupante do trono, e herdeiro, de São Pedro fala sobre o sacerdócio, sobre o poder de quem recebeu Sacramento da Ordem. É precípua matéria de fé. O Papa fala sem rodeios. O que ele diz é: o dever do sacerdote é o anúncio da palavra de Deus e a distribuição do sacramento; anúncio e poder. Isso está em total concordância com tudo que a Igreja sempre falou, com o Depósito da Fé, com a Tradição.
Não sou teólogo e meus conhecimentos sobre Teologia são mínimos. Mas se Bento XVI não falou ex-cathedra, passou perto!
Rezemos pelo Papa. Peçamos que ele viva mais alguns anos e que continue seu caminho de restauração da verdadeira Igreja de Cristo.
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Cardeal e Papa Condenam a Teologia da Libertação
O cardeal a que me refiro no título é Joseph Ratzinger e o papa é Bento XVI. Um e outro condenaram veementemente a Teologia da Libertação em dois documentos importantes.
O cardeal escreve, em 2000, um prefácio ao seu livro (uma re-edição de um livro escrito na década de 1960) Introdução ao Cristianismo. No aspecto político, eu diria que a introdução vale mais que o livro. Claro que no aspecto doutrinal o livro é muito bom e a introdução, dispensável.
O papa escreve em 2007, uma encíclica intitulada SPE SALVI.
Tratemos pois, em primeiro lugar, do prefácio ao livro “Introdução ao Cristianismo”. Diz o cardeal que desde a publicação do livro na década de 1960, muita coisa aconteceu no mundo. Ele toma dois anos em particular para comentar os eventos mais importantes dos últimos trinta anos do século XX: 1968 e 1989. Em 1989 ele vê o ano em que o ciclo da esperança materialista termina e lamenta as tragédias que essa esperança trouxe ao mundo. Ele diz: “No fundo, a doutrina marxista da salvação, se bem que dividida em variantes diversas de instrumentalização, era vista como o único roteiro para o futuro, baseado em motivação ética e, ao mesmo tempo , em conformidade com a visão científica do mundo.” O papa retomará esse tema na encíclica e o desenvolverá mais profundamente. O cardeal considera assim que 1989 é o ano que simboliza o fracasso histórico da “doutrina marxista da salvação”.
Mas, que salvação seria essa? A que nos levaria ao reino de Deus dos Evangelhos? Não. O cardeal responde logo abaixo: “Quem faz Marx o filósofo da teologia aceita a primazia dos elementos político e econômico que passam a ser as verdadeiras forças da salvação.”
E, perguntariam os leitores, quem fez de Marx o filósofo da Teologia? O cardeal responde: “Durante mais de uma década, a teologia da libertação parecia indicar a nova direção na qual a fé haveria de tornar-se novamente formadora do mundo porque se unia de uma nova maneira como as descobertas do momento histórico”. Depois de reconhecer os problemas econômicos e sociais da América Latina e do papel social da Igreja onde quer que ela esteja, o cardeal diz que a Igreja, em nome de seu papel social, escolheu seu guia: “Mas de que maneira [a Igreja cumpriria seu papel]? Pareceu então ser Marx o grande guia”. E ainda aduz: “Cabia agora a ele o papel que, no século XIII, tinha sido de Aristóteles; sua filosofia pré-cristã [e portanto ‘pagã’] precisou ser batizada para que a fé e a razão pudessem encontrar a sua relação correta.”
Mas qual seria o problema de aceitar Marx? Não poderíamos batizá-lo, como fez Santo Tomás com Aristóteles. O cardeal afasta essa possibilidade quando diz: “Mas quem aceita Marx (em qualquer uma das variantes neomarxistas) como o representante de uma razão universal não adota simplesmente uma filosofia, uma visão da origem e do sentido da existência, assume sobretudo uma prática [o que significa que] (...) a salvação do ser humano é realizada pela política e pela economia, que determinam a face do futuro.” O que é isso senão, de forma integral e acabada, a Teologia da Libertação?
Para dissipar alguma dúvida que ainda possa restar, o cardeal claramente diz: “Vejo o problema verdadeiro e mais profundo das teologias da libertação na ausência de fato da idéia de Deus, o que acabou afetando naturalmente de modo decisivo também a figura de Cristo (fato ao qual já aludimos anteriormente). Não que se tenha negado a existência de Deus – de modo algum. Ele apenas era dispensável na ‘realidade’ que exigia toda a atenção. Carecia de função”.
Até aqui o cardeal fala como um teólogo. O pastor, que ele era e é, fala o seguinte: “Mas Deus é ‘prático’, Ele não é um mero fecho teórico qualquer para a visão do mundo, servindo eventualmente de consolo, diante do qual se estaca ou se passa simplesmente adiante. (...) Quando Deus é deixado de lado, tudo parece inicialmente continuar como antes. (...) Mas tudo muda no momento em que a mensagem de que Deus estaria morto passa a ser realmente percebida, fulminando o coração dos homens.” Como não concluir, com o cardeal, que a Teologia da Libertação é a teologia do Deus morto?
Na encíclica SPE SALVI quem fala é o papa, com toda a sua autoridade e pastoralidade. Mesmo assim, ele é incisivo qual tinha sido o cardeal Ratzinger. Já no item 4 da encíclica, cujo assunto é a esperança cristã verdadeira, ele não deixa dúvidas sobre o Magistério Ordinário da Igreja: “O cristianismo não tinha trazido uma mensagem sócio-revolucionária semelhante à de Espártaco que tinha fracassado após lutas cruentas. Jesus não era Espártaco, não era um guerreiro em luta por uma libertação política, como Barrabás ou Bar-Kochba. Aquilo que Jesus – Ele mesmo morto na cruz – tinha trazido era algo de totalmente distinto: o encontro com o Senhor de todos os senhores, o encontro com o Deus vivo e, deste modo, o encontro com uma esperança que era mais forte do que os sofrimentos da escravatura e, por isso mesmo, transformava a partir de dentro a vida e o mundo. (...) Em virtude do Batismo, [os cristãos] tinham sido regenerados, tinham bebido do mesmo Espírito e recebiam conjuntamente, um ao lado do outro, o Corpo do Senhor. Apesar de as estruturas externas permanecerem as mesmas, isto transformava a sociedade a partir de dentro. Se a Carta aos Hebreus diz que os cristãos não têm aqui neste mundo uma morada permanente, mas procuram a futura (cf. Heb 11, 13-14; Fil 3,20), isto não significa de modo algum adiar para uma perspectiva futura: a sociedade presente é reconhecida pelos cristãos como uma sociedade imprópria; eles pertencem a uma sociedade nova, rumo à qual caminham e que, na sua peregrinação, é antecipada.”[as ênfases são minhas].
Como a esperança cristã (aquela que “atrai o futuro para dentro do presente, que muda o presente e que faz o presente ser tocado pela realidade futura, fazendo com que as coisas futuras derramem-se naquelas presentes e as presentes nas futuras”), uma virtude teologal, foi rebaixada a uma “esperança marxista da salvação”, já identificada pelo cardeal Ratzinger? O papa identifica o final do século XVIII como o início desse rebaixamento. Além da Revolução Francesa, ele cita uma obra de Kant, em que o filósofo defende como sendo um movimento evolutivo importante a passagem da “fé eclesiástica” para a “fé religiosa”. Diz o papa: “O ‘reino de Deus’, de que falara Jesus, recebeu aqui uma nova definição e assumiu também uma nova presença: existe, por assim dizer, uma nova ‘expectativa imediata’: o ‘reino de Deus’ chega onda a ‘fé eclesiástica’ é superada e substituída pela ‘fé religiosa’, ou seja, pela mera fé racional”.
A revolução de 1789 prepara, segundo o papa, outra revolução: a proletária. Marx então aparece como o teórico que irá propor um “novo e grande passo”, um passo “definitivo da história rumo à salvação, rumo àquilo que Kant tinha qualificado com o ‘reino de Deus’.” Mais a frente o papa diz, “o progresso rumo ao melhor, rumo ao mundo definitivamente bom, já não vem simplesmente da ciência, mas da política – de uma política pensada cientificamente, que sabe reconhecer a estrutura da história e da sociedade, indicando assim a estrada da revolução, da mudança de todas as coisas”. E conclui: “Assim, a esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro ‘reino de Deus’.” Como não lembrar aqui do slogan “Um outro mundo é possível” ?
Matar Deus e reduzir a esperança bíblica à mera esperança do reino do homem, essas são as características principais da Teologia da Libertação, segundo Ratzinger e Bento XVI.
Como pastor, o papa ainda continua a nos orientar quando às questões relativas aos problemas humanos que a espúria teologia não consegue resolver. Ele diz: “Devemos – é verdade – fazer tudo para superar o sofrimento, mas eliminá-lo completamente do mundo não entra nas nossas possibilidades, simplesmente porque não podemos desfazer-nos da nossa finitude e porque nenhum de nós é capaz de eliminar o poder do mal, da culpa que – como constatávamos – é fonte contínua de sofrimento.” Fala ainda mais pastoralmente: “Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor. ”
Assim, temos duas análises sobre a Teologia da Libertação, ambas completamente coincidentes. Uma de um grande intelectual, o cardeal Ratzinger, e outra do Papa Bento XVI. Os católicos temos assim não só a fundamentação teológica e filosófica para refutar a Teologia da Libertação, mas também a fundamentação doutrinária do Magistério Ordinário da Igreja. Seja por honestidade intelectual, que toca a todos, seja por observação ao Magistério da Igreja, que toca especialmente aos católicos, devemos não só refutar, mas lutar contra esse arremedo de teologia.
Abusos doutrinários, teológicos, litúrgicos e lógicos vêm sendo cometidos há quase quatro décadas dentro da Igreja Católica, particularmente no Brasil. É bom ver que alguém quer por a casa em ordem, sobretudo porque essa Casa, foi Deus quem fundou. É bom ver, ainda mais, que esse alguém é o representante do Chefe Supremo da Casa.[1]
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[1] Ver, sobre este mesmo assunto: Antídotos contra a Teologia da Libertação e Lições das Missas Dominicais pós-Concílio Vaticano II
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