30/03/2018

Um resumo instrutivo do catolicismo liberal

Encontro tal resumo num sumário da obra do Pe. Emmanuel Barbier, HISTOIRE DU CATHOLICISME LIBÉRAL ET DU CATHOLICISME SOCIAL EN FRANCE, uma obra em cinco volumes. Pe. Barbier tem uma vasta obra na vertente do antiliberalismo. Um resumo de sua biografia e da lista de suas obras, vocês podem consultar aqui. (Em francês.)

Não li a obra em tela ainda, mas seu sumário é interessante o suficiente. Ei-lo.

Ao nosso caríssimo filho, Emmanuel Barbier, padre, felicitando-o de todo o coração por ter tão bem defendido a causa católica, e rogando a Deus de lhe conceder em recompensa toda a prosperidade e todos os favores. Nós concedemos, muito afetuosamente, em testemunho de Nossa benevolência, a benção apostólica. Pius PP. X. 3/05/1912

Uma tal recomendação do autor da presente obra deveria contentar ao leitor católico.

O catolicismo liberal fez três tentativas durante um século para conquistar a Igreja de França e o papado: a primeira foi contida pela encíclica Mirari Vos, de Gregório XVI, a segunda pelo Syllabus de Pio IX e o Concílio do Vaticano (I), a terceira, que é o objeto do presente trabalho, pelos atos de Pio X. Encontrar-se-á aqui um resumo das duas primeiras.

Cada uma dessas três campanhas tem seu caráter particular. A primeira foi propriamente uma obra de um homem. Lamennais, que em vez de invocar os direitos da Igreja, segundo a tradição desta, invocou os direitos de todos e considerou que bastava colocar a liberdade católica sob a proteção da liberdade comum.

A segunda campanha uniu de início todos os católicos liberais. A maioria apenas sonhava em obter a liberdade de ensino para a Igreja, mas seus chefes, os verdadeiros discípulos de Lamennais, pediam-na para todos e persuadiram bispos a reclamar o direito a todos.

A terceira aparição do liberalismo católico se produziu durante o pontificado de Leão XIII. Esse papa ilustre manteve com firmeza a doutrina do Syllabus em suas encíclicas. Todavia, sob o pretexto de se conformar ao evidente espírito de conciliação – no qual se inspirou em seus relacionamentos com o Governo francês – todos aqueles que desejavam aliar o catolicismo à República existente, com as reformas sociais exigidas pela democracia, se encorajaram com suas ideias; e uma tolerância de fato deixa o campo mais ou menos livre para os liberais até o fim de seu pontificado. Pio X retirou tal liberdade e retomou a tradição de Gregório XVI e de Pio IX. Depois da morte de São Pio X, o movimento retoma seu curso ainda mais fortemente, para triunfar com o Vaticano II.

Veem-se aparecer nessas três fazes sucessivas os três caracteres do catolicismo liberal: simpatia pela liberdade política, simpatia pela democracia social e simpatia pela livre busca intelectual.

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