Confesso que não tenho muito ânimo para responder leitores anônimos, principalmente quando os comentários versam sobre coisas importantes. Não entendo porque se esconder quando se quer dar uma opinião ou perguntar alguma coisa.
Mas um leitor postou um comentário educado ao post Papa Francisco criou ontem a "ciência" do casamento e da família que talvez contenha dúvidas de outros leitores. Penso que seja uma boa oportunidade de elucidar.
Ele pergunta: "Caro Angueth, o termo ciência no sentido de conhecimento, estudo, busca do saber, não estaria aí muito bem aplicado? Há problema em criar um instituto para a ciência da família, ou seja, para o estudo, para o conhecimento da instituição familiar? E isso tanto no sentido teológico-espiritual quanto natural?"
Respondo que não há nenhum "problema" em criar institutos pontifícios. Além disso, o Papa Francisco está, neste ato, exercendo seu direito como Sumo Pontífie. Respondo também que a definição de ciência que o leitor apresenta é passável, dada a situação atual do fetiche da ciência moderna. Mas...
Bem, é preciso não ter lido nenhuma das declarações do Papa Francisco, é preciso não ter lido a Amoris Leticia, é preciso não ter lido a CORREÇÃO FILIAL ACERCA DE POSSÍVEIS HERESIAS (escrita em várias línguas, inclusive o espanhol) que católicos publicaram recentemente em relação a esta Encíclica, é preciso não ter a menor capacidade de análise, para acreditar que a substituição de um instituto antigo por um novo, com a substituição de seus antigos componentes, seja apenas uma demonstração do papa por seu apreço à busca do conhecimento. Além do mais, sobre o matrimônio e a família a Igreja já tem firmado dogmas que ultrapassam, e muito, qualquer conclusão científica. Lembremos que o casamento é um Sacramento criado por Nosso Senhor Jesus Cristo, que não faz sequer parte da Tradição. Assim qualquer ciência envolvida deverá ser para manter os dogmas!
O leitor ainda pergunta: "Você não estaria já reagindo a algo como se fosse mal em si mesmo apenas pelo uso da palavra 'ciência', quando na verdade pode ser algo bom?"
Reajo mal sim, à palavra ciência, porque entendo bem o que ela significa no contexto atual das discussões. Cientificar coisas que pertencem à ordem moral é uma estratégia para desmontar o arcabouço moral cristão. Pois, os ideológos da ciência não sabem, ou não querem saber, ou estão mal-intencionados, que a moral pertence a uma outra ordem de conhecimento, muito acima do conhecimento científico. Para a mentalidade moderna, a única forma de conhecimento é a ciência. Isso nunca pode ser uma consideração de um católico. Ciência é um recorte tosco da realidade, enquanto Nosso Senhor Jesus Cristo é o Criador da realidade. Ele age através dela para nos ensinar, Ele a controla, Ele a domina; ela foi feita por Ele, que é o Verbo de Deus. Daí a minha suposta má "reação" ao tal novo instituto.
7 comentários:
Caro Angueth, entendo que muito do que é considerado como ciência hoje, na verdade, é um conjunto de dogmas fundamentados em lugar nenhum e sustentados por interesse próprio, não raro, em detrimento da verdade.
E compreendo o risco em que incorremos em associar ciência àquilo que aceitamos pela fé.
Penso no motivo que estaria detrás dessa corrente de cientificismo. Isso me preocupa. Seria uma tentativa de universalizar a fé? De torná-la mais digna de crédito? De alcançar aqueles que só se rendem diante de rigorosas demonstrações enquanto fecham os olhos às evidências do poder de um Deus Criador? E se assim for, a que preço isso será alcançado?! Concluo, ainda assim será chamado fé? Fique com Deus!
pporto
Que propostinhas insinuantes do anônimo em nome da deusa ciencia, gnosticismo e similares, mais se pareceria com o "diálogo" da Serpente do Éden com Eva, com odor de algo sulfurado, embora com perfume de rosas...
Mas o prof Angueth não caiu no laço...
Caro pporto,
A ciência moderno não tem nenhuma autoridade para falar de Deus, pois ela é apenas um recorte da realidade, criada por Ele. Qualquer papo de cientista falando de Deus esconde uma ideologia e é puro charlatanismo. Tem um texto muito bom do Corção sobre o cientifismo aqui no blog
http://angueth.blogspot.com.br/2008/05/uma-aula-de-gustavo-coro-cientificismo.html
Obrigado pelo comentário. Abraço.
Como sempre acontece com leitores anônimos incialmente educadinhos, o anônimo respondido neste post deseja continuar a discussão, agora mostrando mais suas garrinhas. Mas não vai funcionar. Se ele quiser continuar mesmo a discussão, terá de se identifcar. Ele é um pretenso defensor do Papa Francisco, mas talvez por isso mesmo, não quer mostra a cara. Identifique-se ou vá procurar os seus, corajoso leitor.
Mas porque deixar constar na página de comentário do blog a opção "Anônimo"?
Se se dá essa liberdade, ou seja, o do anonimato, é incoerente criticar a iniciativa de comentar só por se tratar de ser um anônimo! Há blogs que retiram a opção do anonimato. Então, que tal fazer o mesmo?!
Do "anônimo",
Eduardo
P.S: Só esclarecendo, não sou o desditoso anônimo do primeiro comentário
Caro Eduardo,
Como você sabe, o comentário anônimo não é para esconder a identidade de ninguém, mas apenas para incluir quem não é registrado no tal OpenID. É por isso que eu prefiro esta opção, pois ela inclui todo mundo. Como você fez, a pessoa pode muito bem usar essa opção e se identicar. Neste caso, não há nenhum problema. Recebo muitos comentários assim.
Agora que usa essa opção e não se identifica me passa a impressão de covardia, sobretudo, e enfatizo o "sobretudo", se está discutindo coisa séria, controversa, ou mesmo, assuntos das quais o comentarista discorda do blogueiro. Aí não há como se manter anônimo.
Obrigado pela oportunidade de elucidar a questão.
Sim, caro Angueth, a ciência não tem essa pretensa autoridade. E você tem razão quando diz que esse discurso esconde uma ideologia.
Li o texto do Corção. É realmente muito bom! Agradeço a sugestão. Abraço.
pporto
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