No meio da noite de 1o. de agosto de 1218, quando a Igreja celebrava a festa de São Pedro em Liens, a Virgem Maria, acompanhada de anjos e santos, apareceu a são Pedro de Nolasco e lhe disse:
Meu filho, eu sou a Mãe do Filho de Deus que, pela salvação e a liberdade do gênero humano, derramou Seu Sangue em seu sofrimento da morte na Cruz; venho aqui à procura de homens que desejem, à exemplo de Meu Filho, dar a vida pela salvação e a liberdade de seus irmãos cativos. É um sacrifício que Lhe será muito agradável. Desejo então que se funde em minha honra uma Ordem em que os religiosos, com uma fé viva e uma caridade verdadeira, resgate os escravos cristãos da posse e sob a tirania dos Turcos, que se ofereça mesmo em troca, se for necessário, por aqueles que não poderão ser resgatados de outro modo. Tal é, meu filho, minha vontade; pois, enquanto em suas orações e em lágrimas tu me imploravas para levar os remédios à seus sofrimentos, eu apresentei teus pedidos a Meu Filho que, para tua consolação e para o estabelecimento dessa Ordem sob meu nome, enviou-me do Céu a ti.
São Pedro Nolasco respondeu:
Creio com uma fé viva que vós sois a Mãe de Deus vivo e que viestes a este mundo para a consolação dos pobres cristãos que sofrem de uma bárbara servidão. Mas quem sou eu para realizar uma obra tão difícil em meio aos inimigos de vosso divino Filho e para tirar Seus filhos das mãos cruéis dos Turcos?
E Nossa Senhora lhe respondeu:
Nada temas, Pedro, pois eu te assistirei em toda esta situação e, para que tu tenhas fé em minha palavra, verás logo a execução do que te anuncei, e meus filhos e filhas dessa Ordem se glorificarão de portar os hábitos brancos como este de que tu me vês revestida.
E dizendo isto, a Virgem desapareceu.
Pedro de Nolasco passa o resto da noite em orações e então encontra Raimundo de Penaforte que lhe diz:
Tive esta noite a mesma visão que a tua: fui também favorecido pela visita da Rainha dos anjos e escutei de sua boca a ordem que me deu de trabalhar com todas as minhas forças para o estabelecimento desta religião e de encorajar, em meus sermões, aos fiéis católicos a virem em ajuda de uma obra de caridade tão perfeita. Foi para agradecer a Deus e a Santíssima Virgem que vim tão cedo à catedral.
O rei James I de Aragão entra então na catedral e lhes diz:
A gloriosa Rainha dos anjos me apareceu esta noite, como uma beleza e uma majestade incomparáveis, e me ordenou instituir, pela redenção dos cativos, uma Ordem que terá o nome de Santa Maria das Mercês ou da Misericórdia; e, como já percebi em você, Pedro Nolasco, um grande desejo de resgatar os cativos, é a ti que encarrego da execução de tal obra. Para ti, Raimundo, de quem já conheço a virtude e a ciência, tu serás o suporte da Ordem por meio de tuas predicações.
Esta Ordem teve sua fundação aprovada em 1235, pelo Papa Gregório IX e tinha, em 1960, 780 monastérios e 149 religiosos. Como o tempo ela se transformou, de uma Ordem militar, numa ordem mendicante, missionária e caritativa.
Ela está desaparecendo do mundo, naturalmente. E digo "naturalmente" com dor no coração. Na França, já desapareceu. A festa de Nossa Senhora das Mercês se comemorou no último dia 24 de setembro.
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