Nota do blog: O Reverendíssimo Pe. Anderson Alves, da diocese de
Petrópolis, escreve ao blog sobre o Papa Francisco, o “pro multis” e o “pro
omnibus”. Suas palavras esclarecedoras são de um pastor de almas, que agradeço
muitíssimo. Deus lhe pague, padre!
Ref.: Papa Francisco erra ao confundir “pro multis” com “pro omnibus”! e O Papa errou: tornando menos “incompreensível” a opinião do blog.
Ref.: Papa Francisco erra ao confundir “pro multis” com “pro omnibus”! e O Papa errou: tornando menos “incompreensível” a opinião do blog.
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Primeira coisa: o Papa não estava se referindo à tradução da
Oração eucarística, ao tema do pro multis
o pro omnibus. Mas fez sua homilia
recordando que todos os homens, por serem imagem e semelhança de Deus tem na
sua consciência o princípio que diz que deve-se fazer o bem e evitar o mau. E
isso faz parte da natureza humana, não é algo revelado somente aos católicos.
Por isso, todos são obrigados a fazer o bem que conhecem e a ninguém é licito
matar, nem mesmo em nome de Deus.
Segundo: “O Senhor redimiu a todos com o seu sangue. A
todos, não só os católicos. Também os ateus”. “Isso por obra do seu sangue, que
nos faz filhos de Deus”.
Isso significa a “heresia da salvação universal” ou a
reafirmação do dogma da redenção universal por obra de Cristo? É herético dizer
que Cristo veio para redimir a todos? É errado dizer que “o Sangue
Preciosíssimo de Nosso Senhor foi derramado por todos”.
Deus entregou seu Filho por todos (Rm 8, 32).
«Um só morreu por todos»: (2 Cor 5, 14).
Jesus entregou-Se a Si mesmo como resgate por todos (1 Tm 2,
6).
(Concílio de
Arles, 475. Denzinger 160b): «Confieso también que Cristo Dios y Salvador,
por lo que toca a las ri-quezas de su bondad, ofreció por todos el precio de su muerte y no quiere que nadie se
pierda, El, que es salvador de todos, sobre todo de los fieles, rico para
con todos los que le invocan [Rom. 10,
12]... Ahora, empero, por la autoridad de los sagrados testimonios que
copiosamente se hallan en las divinas Escrituras, por la doctrina de los
antiguos, puesta de manifiesto por la razón, de buena gana confieso que Cristo
vino también por los hombres perdidos que contra la voluntad de El se han
perdido. No es lícito, en efecto, limitar las riquezas de su bondad inmensa y
los beneficios divinos a solos aquellos que al parecer se han salvado. Porque
si decimos que Cristo sólo trajo remedios para los que han sido redimidos,
parecerá que absolvemos a los no redimidos, los que consta han de ser
castigados por haber despreciado la redención. Afirmo también que se han
salvado, según la razón y el orden de los siglos, unos por la ley de la gracia,
otros por la ley de Moisés, otros por la ley de la naturaleza, que Dios
escribió en los corazones de todos, en la esperanza del advenimiento de Cristo;
sin embargo, desde el principio del mundo, no se vieron libres de la atadura
original, sino por intercesión de la sagrada sangre».
Redenção objetiva ou subjetiva? Em ato ou em potência? Nos
Concílios não encontramos nenhuma das duas terminologias, que são filosóficas. O
que aparece claro é a afirmação de que Cristo padeceu por todos. Os que não são
redimidos, não o são por causa da insuficiência da obra de Cristo (sua obra é
real, fonte de uma redenção “objetiva”, independente do sujeito para todos os
que a aceitam), mas sim por causa dos que não creem na fé que obra pela
caridade. Evidentemente, para se crer, é necessário que tenha anunciado a obra
da redenção a todos. Quem vive na ignorância, ou viveu antes de Cristo, pode
ser salvo pelo sangue de Cristo, se busca de viver segundo a lei de Moisés ou
segundo a lei da natureza (lei natural), como diz no cânon anteriormente
citado.
CONCILIO DE
QUIERSY, 853, Dez. 319, Cap. 4: «Como no hay, hubo o habrá hombre alguno
cuya naturaleza no fuera asumida en él; así no hay, hubo o habrá hombre alguno
por quien no haya padecido Cristo Jesús Señor nuestro, aunque no todos sean
re-dimidos por el misterio de su pasión. Ahora bien, que no todos sean
re-dimidos por el misterio de su pasión, no mira a la magnitud y copiosidad del
precio, sino a la parte de los infieles y de los que no creen con aquella fe
que obra por la caridad [Gal. 5, 6]; porque la bebida de la humana salud,
que está compuesta de nuestra flaqueza y de la virtud divina, tiene,
ciertamente, en sí misma, virtud para aprovechar a todos, pero si no se bebe,
no cura».
D-318 Cap. 3.
Dios omnipotente quiere que todos los hombres sin excepción se salven [1 Tim.
2, 4], aunque no todos se salvan. Ahora bien, que algunos se salven, es don del
que salva; pero que algunos se pierdan, es merecimiento de los que se pierden.
CONCILIO DE
ARLES, 475, D-160a «Vuestra corrección es pública salvación y vuestra sentencia
medicina. De ahí que también yo tengo por sumo remedio, excusar los pasados
errores acusándolos, y por saludable confesión purificarme. Por tanto, de
acuerdo con los recientes decretos del Concilio venerable, condeno
juntamente con vosotros aquella sentencia que dice que no ha de juntarse a la
gracia divina el trabajo de la obediencia humana; que dice que después de
la caída del primer hombre, quedó totalmente extinguido el albedrío de la
voluntad; que dice que Cristo Señor y Salvador nuestro no sufrió la muerte
por la salvación de todos; que dice que la presciencia de Dios empuja
violentamente al hombre a la muerte, o que por voluntad de Dios perecen los que
perecen; que dice que después de recibido legítimamente el bautismo, muere en
Adán cualquiera que peca; que dice que unos están destinados a la muerte y,
otros predestinados a la vida; que dice que desde Adán hasta Cristo nadie de
entre los gentiles se salvó con miras al advenimientode Cristo por medio de la
gracia de Dios, es decir, por la ley de la naturaleza, y que perdieron el
libre albedrío en el primer padre; que dice que los patriarcas y profetas y los
más grandes santos, vivieron dentro del paraíso aun antes del tiempo de la
redención. Todo esto lo condeno como impío y lleno de sacrilegios. De tal modo,
empero, afirmo la gracia de Dios que siempre añado a la gracia el esfuerzo y
empeño del hombre, y proclamo que la libertad de la voluntad humana no está
extinguida, sino atenuada Y debilitada, que está en peligro quien se ha
salvado, y que el que se ha perdido, hubiera podido sal-varse.
Além disso, a eficácia universal da morte de Cristo é o
fundamento do batismo das crianças, que não têm ainda o uso da razão e não
podem escolher por viver em Cristo:
De la
Constitución De Summa Trinitate et fide catholical, Denzinger 483: «Mas como
respecto al efecto del bautismo en los niños pequeños se halla que algunos
doctores teólogos han tenido opiniones contrarias, diciendo algunos de ellos
que por la virtud del bautismo ciertamente se perdona a los párvulos la culpa,
pero no se les confiere la gracia, mientras afirman otros que no sólo se les
perdona la culpa en el bautismo, sino que se les infunden las virtudes y la
gracia informante en cuanto al hábito [v. 140], aunque por entonces no en
cuanto al uso; nosotros, empero, en atención a la universal eficacia de la
muerte de Cristo que por el bautismo se aplica igualmente a todos los
bautizados, con aprobación del sagrado Concilio, hemos creído que debe
elegirse como más probable y más en armonía y conforme con los dichos de los
Santos y de los modernos doctores de teología la segunda opinión que afirma conferirse
en el bautismo la gracia informante y las virtudes tanto a los niños como a los
adultos».
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Em nossa troca de e-mail, Pe. Anderson acrescenta a
seguinte nota final.
Eu
acrescentaria mais uma coisa: aquela homilia é uma das homilias diárias do
Papa, feita antes das 07:00, em menos de 5 minutos e não é totalmente
preparada. Não é um texto lido, mas uma pregação oral. Por isso, não é nem pode
ser um tratado de Teologia sobre a salvação, mas era uma exortação moral aos
cristãos. Por isso, temos que ser compreensivos, não podemos dar a todos os
textos ou palavras do Papa o mesmo valor. Uma homilia de 5 minutos não é uma
Encíclica, nem menos uma aula de Teologia.
Outra
coisa, temos que ler o magistério do Papa no seu conjunto e não criando
oposição dele com outros Papas (como fazem certos jornalistas). Ele está
fazendo catequeses belíssimas sobre o mistério da Igreja. Na última semana ele
disse claramente que não se pode dizer "Cristo sim, Igreja não". Veja
esses textos e complete a questão. http://www.vatican.va/holy_father/francesco/audiences/2013/index_it.htm
11 comentários:
Deus abençoe a você, a seu trabalho e a todos os amigos que acompanham esse blog. Rezem por mim também.
Salve Maria Professor! Além disso, de tudo que o Sr. tão bem evidenciou, o próprio Nosso Senhor disse claramente em sentido contrário à fala do papa seguida pela do padre, porque Nosso Senhor disse: "Ora, a vontade do Pai consiste nisto, que crêem nAquele que Ele enviou" e também disse, portanto, que "aquele que não crê, já está julgado e condenado". E, nós, como nos ordenou o primeiro Papa, São Pedro, não podemos agradar mais aos homens do que a Deus, com uma nova religião pacifista, porque nosso Deus é quem nos dá a verdadeira Paz, mas entre Ele e Belial ou entre o amor a Ele e o ódio à heresia ou ainda entre a Cruz e a espada, temos de ficar com os primeiros. Desdizem direta e flagrantemente Nosso Senhor e ainda negam que criaram outra religião.
Devo corrigir, como abaixo, porque deixei aparentar uma contradição e devo salientar que o papa noutra ocasião bem próxima disse que ateus que sejam "bons" estão salvos ou serão salvos.
Salve Maria Professor! Além disso, de tudo que o Sr. tão bem evidenciou, o próprio Nosso Senhor disse claramente em sentido contrário à fala do papa seguida pela do padre, porque Nosso Senhor disse: "Ora, a vontade do Pai consiste nisto, que crêem nAquele que Ele enviou" e também disse, portanto, que "aquele que não crê, já está julgado e condenado". E, nós, como nos ordenou o primeiro Papa, São Pedro, não podemos agradar mais aos homens do que a Deus, com uma nova religião pacifista, porque nosso Deus é quem nos dá a verdadeira Paz, mas entre Ele e Belial ou entre o amor a Ele e o arrefecimento do ódio à heresia ou ainda entre a Cruz e a espada, temos de ficar com os primeiros. Desdizem direta e flagrantemente Nosso Senhor e ainda negam que criaram outra religião.
Aaah, entendi. O papa só fala pra valer depois das 7 h.
O problema é que com essa manifestação do Papa Francisco os ateus vão se achar todos salvos sem necessidade nenhuma de fé ou de responder à Redenção de Cristo. Nenhum ateu vai atrás das atas dos concílios passados que explicam como se dá a Redenção. As palavras do Papa vão reforçar seu comportamento pecaminoso, pois se eles entenderam que já estão salvos, por que precisariam se emendar? O Papa a meu ver induziu ou reforçou com suas palavras os ateus no pecado da presunção.
O que o Papa disse está totalmente de acordo com os textos da Tradição, como demonstram os textos dos Concílios publicados (muito anteriores do Concílio de Trento), mesmo tendo sido dito em 5 minutos, bem cedo e numa homilia não escrita. Se alguém entender erradamente as palavras do Papa, a culpa não é do Papa, mas da ignorância do leitor e das manipulações de suas palavras. Ele não pode evitar que suas palavras sejam manipuladas, mas nós podemos procurar entender o que ele realmente disse e buscar esclarecer os que se equivocam. Um grande abraço a todos.
No meu comentário me refiro, como é óbvio, aos ateus que estão a caminho da conversão, que receberam a graça de Deus em suas vidas, mas ainda não responderam definitivamente ao chamado. Pois está claro que aos demais ateus não interessa que alguém, seja ele o Papa ou quem for, considere que estejam salvos ou que tenham recebido a Redenção "em potência" ou "objetivamente". Para estes, como não crêem, tanto faz o que digam sobre salvação, uma palavra sem sentido para essas almas.
Leonardo, não leu a "nota" inicial do professor? Não vê que as duas inteligências estão movimentando-se para a mesma verdade?
Ferdinand, o Papa não tem controle sobre a vontade dos ouvintes. Graças a Deus!
Sobre os ateus “bons” serem salvos devemos lembrar que a Igreja já se debruçou sobre a questão ao longo dos séculos. Está na Doutrina acerca do Batismo por desejo na hora da morte e o Apóstolo fulminou que “sem fé não se pode agradar a Deus”. Daí, a Igreja tirou a máxima de que “a Caridade está para a Verdade assim como a Verdade está para a Caridade”, pois qual Caridade pode não se apiedar e não se afligir em primeiro lugar da dispensa da Verdade que libertaria totalmente do mesmo mal que de certa forma, num primeiro momento, apenas pode aliviar? Jesus ligou a inspiração do Espírito Santo à memória e ao entendimento, nesta ordem fática. E a Igreja aprendeu muito com a própria história que viveu e soube ver nela a confirmação das palavras de seu Esposo, principalmente, na vida dos santos que foram convertidos. Por isso, o Missal nos faz rezar por aqueles que Deus sabe que serão Seus, por palavras e por obras, nunca desligadas estas daquelas, pois entre si integram o Testemunho da Verdade. Um dos grandes lamentos de se abandonar o Magistério Infalível que não passará, porquanto também é Revelação e Palavra de Deus, está no fato de se dispensar a lição da própria história da Igreja e até de suas boas surpresas com o grande número de conversões, algumas delas muito emocionantes, a ponto de se deixar meditando e chorando pelo resto da vida na terra. Um dos fatos aprendidos é que a primeira piedade é para com o próprio Deus, porque Ele é a Verdade e, portanto, o único totalmente inocente, como os próprios fatos sempre deixam evidente por mais que se esconda por algum tempo. E o mais interessante é que esta evidência brilhou na história de conversão dos santos e no tanto que sofreram para serem coerentes com a Verdade. E muitos deles confessaram que, antes, faziam o bem voltados para si mesmos ou como uma troca por mérito ou apenas por uma filantropia que se ligava a alguma regra de boa convivência, mas que o bem pelo que dá sentido eterno à vida nem se nota quando se faz, porque no ardor e na consolação diante da Verdade, ainda que na dor que vem da Cruz.
Caro Alexandre Magno, responda sua pergunta com outra pergunta: "onde está o sábio deste mundo?", "Deus escolheu a sabedoria da Cruz para confundir a inteligência dos homens" e como a nova doutrina se esquece da cruz e adianta a ressurreição para todos, abracemos a Cruz como nossa única solução!
Leonardo, não entendi. Vou trocar minhas "perguntas" por afirmações explícitas.
Considerando a "nota" inicial do professor, eu entendo que a inteligência dele e a inteligência do padre Anderson estão movimentando-se para um encontro. E eu acredito que elas vão se encontrar ou já se encontraram em verdade.
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