15/09/2019

Eu prefiro o Papa Francisco


Quando digo a alguém que prefiro o Papa Francisco ao Papa Bento XVI, o indivíduo se espanta. Sabendo que não sou modernista, a pessoa logo pensa que estou delirando. Sim, porque Bento XVI deixou uma impressão, mesmo entre os católicos ditos tradicionais, de um papa diferente na sequência dos papas conciliares. Dizem-me: "mas Bento XVI liberou a Missa Tridentina". Além disso, lembram daqueles pronunciamentos contra o relativismo, contra este ou aquele filósofo da modernidade. Alguns lembram também João Paulo II, que deixou em muitos corações católicos uma sentimento de ternura, principalmente nos últimos tempos do papado, onde víamos um homem alquebrado, resistindo bravamente à doença e à decrepitude: puro sentimentalismo. 

Em essência, não vejo nenhuma diferença doutrinária nos papas conciliares. Cada um explorou um aspecto do multifacetado modernismo consagrado pelos documentos do Concílio Vaticano II. Aliás, os documentos do CVII foram comparados por Michael Davies a um campo minado, em que se espalham bombas que vão se detonando, à medida que nelas se pisa. Cada papa conciliar explodiu certa quantidade de bombas. Todos eles, até o Papa Francisco, foram comedidos o suficiente, foram sábios o suficiente, para explodi-las da melhor forma possível, fazendo o menor barulho possível, cercando cada explosão com o alarido de palavras bonitas, sentimentos belos e de um palavrório hipnotizante que fazia com que o atingido pela explosão a sentisse como um traque. Em suma, todos tiravam as consequências lógicas dos erros doutrinais consagrados pelos extensíssimos e gelatinosos documentos do Concílio Vaticano II. Assim, a massa dos católicos foi pouco a pouco absorvendo o veneno e se adaptando organicamente à agressão profunda.

Mas onde está a minha preferência pelo Papa Francisco? Bem, continuando com a metáfora de Michael Davies, o Papa Francisco quer agora detonar todas as bombas restantes do campo minado, sem as palavras maviosas dos seus antecessores, sem nenhum anestésico. Para ele, é chegada a hora de dar o último passo para transformar, de forma definitiva, a religião católica, num puro e simples paganismo pós-cristão. Ele tem o mérito de fazer isso à luz do dia; ele não esconde nada. Tudo o que os padres conciliares tentaram tão competentemente esconder, tudo o que os papas conciliares anteriores tentaram nos vender, com anestésicos potentes e constantes, o Papa Francisco nos enfia goela abaixo sem nenhum subterfúgio. E isso é muito bom, porque elucidativo. Toda a feiura dos erros doutrinais do modernismo, de que nos preveniu São Pio X, na Pascendi, está exposto diante de nós. Todos podemos contemplar o obra de arte moderna que o Concílio Vaticano II construiu. Não há mais nenhuma sutileza, nenhuma discussão mais complexa, nenhum aspecto teológico mais difícil de se apreender. Não, o paganismo que está sendo implantado na Igreja é real e é totalmente visível. Diz as Escrituras que os deuses pagãos são demônios. A Igreja agora, na pessoa do Papa, adora uma pletora de ídolos pagãos a céu aberto. O que os mártires dos primeiros séculos não aceitaram fazer, oferecer sacrifícios aos deuses do panteão romano, está sendo feito pela alta cúpula do Vaticano. Por essa abertura ao paganismo sem sofisticação, eu prefiro o Papa Francisco aos seus antecessores. Pelo menos agora, só os empedernidos serão voluntariamente enganados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente texto. Compartilhei com meus contatos. Salve Maria.