O credo cristão é um desafio que começa com a alegação de
que Deus se tornou Homem e prossegue com a crença no fato de Sua Ressurreição
dos mortos no sepulcro. Não surpreende que os hereges eclesiásticos, desde o
princípio, tentaram suavizar esta afirmação e atenuá-la.
Não foram os hereges, contudo, mas sim alguns equivocados
teólogos modernos que finalmente tiveram sucesso em adaptar a completa
imposição do Credo às nossas mentes limitadas. A noção grega de Kerygma – é, de fato, uma palavra
difícil – tem um papel chave que tem,
contudo, permanecido, em grande parte, desconhecido dos fiéis. Kerygma significa “proclamação”, “anúncio”
e também “homilia”. Foi essa noção que essencialmente ajudou alguns a reinterpretarem
a antiga Fé Pascal de modo a fazer crer que afinal Cristo não ressurgiu dos
mortos num corpo físico, mas, ao invés, Ele ressurgiu na proclamação da Ressurreição,
feita e difundida por Seus discípulos. A Ressurreição dos mortos pelo Filho de
Deus Encarnado se torna, então, de fato, uma ressurreição na, e através da,
homilia. A diferença é extremamente tênue e diáfana, e certamente essa
especulação não era somente uma ideia idiota incomum. Não se deve esquecer que
aqueles mesmos medrosos apóstolos – todos eles (exceto São João) fugiram antes
da morte de Jesus – começaram, três dias depois de Sua morte, a falar,
inesperada e subitamente, com muita coragem, sobre Jesus como o Messias
ressurreto.
Portanto, caso alguém venha a encontrar os “ossos de Jesus”
em algum lugar em Jerusalém, isso não abalaria minimamente a “Fé Pascal” do
grande teólogo protestante Rudolf Bultmann, como ele próprio disse certa vez.
Mais tarde, o Kerygma se tornou o
núcleo do dogma da teologia moderna, tanto protestante quanto católica, numa
espécie de realização ecumênica. Não adiantou que Romano Guardini, já em 1937,
em sua obra maior O Senhor, tenha
rejeitado clara e decididamente essa alegação. Hoje, todavia, não há quase
nenhum padre ou bispo que não tenha sido infectado levemente por essa grave
alegação, para não ser ridicularizado por seus irmãos por causa de sua suposta
fé infantil e ignorante.
Essa alegação kerygmática dominante levou, especialmente na
Alemanha, a uma situação tal que os poucos fiéis que ainda vão à Igreja têm
dificuldade de entender que padres e bispos, de fato, não acreditam mais, de
forma integral, no que a profissão de Fé de Nicéia afirmou explicitamente no ano
de 325. São Paulo, contudo, muito provavelmente consideraria essa negação a
maior heresia de todas, não desde fora, mas desde dentro da Igreja. E agora ela
aparece na Praça de São Pedro.
Como assim? Ora, na quarta-feira, 28 de março de 2018, o
Papa Francisco numa introdução ao Triduum Pascal, com suas celebrações, quando
ele casualmente instruía os peregrinos de todos os cantos da terra, falando de
improviso, afirmou que a Páscoa “não termina” com os habituais rituais daquele particular
domingo. Pois, “ele é onde a jornada começa, a jornada da missão, do anúncio:
Cristo ressurgiu. E esse anúncio (proclamação), a que o Triduum leva, nos
preparando para acolhê-lo, é o centro de nossa fé e de nossa esperança; é o
núcleo, é a mensagem, é – aqui a palavra difícil, que diz tudo – o kerygma que continuamente evangeliza a
Igreja e com o qual ela, por sua vez, é convidada a evangelizar.”
Assim falou o papa. Deus o abençoe. Mas não temos de
acreditar nisso. Graças a Deus. Podemos ainda confiantemente acreditar, como
criancinhas, que não é a proclamação verbal, mas o fato da própria Ressurreição
corporal de Jesus que é realmente o centro e o núcleo de nossa Fé e de nossa
esperança.
3 comentários:
Implicância desnecessária com o Papa.
Ele não negou a ressurreição de Cristo. Apenas disse que não é ressuscitou e pronto acabou, agora vem o anúncio, ou seja, a missão de todos os cristãos anunciarem essa verdade de fé, a evangelização dos povos etc.
Parafraseando o pensamento de um teólogo que ouvi recentemente, o nascimento virginal e miraculoso de Nosso Senhor Jesus é tão singular, que não há nenhum outro acontecimento - além de Sua ressurreição - a que possa ser comparado. E, como o senhor bem lembrou caro Angueth, o apóstolo Paulo já nos advertiu de que, se não crermos que Cristo ressuscitou de fato, é vã a nossa fé.
pporto
O Kerygma, como disse, tem de tratar-se da Ressurreição física de Jesus, em primeiro lugar e depois repassarem a mensagem dessa Ressurreição como base do kerygma, caso contrario ficaria algo aereo e desconformado, como relatou de S Paulo.
Tão verdade que domingo pp passado, "Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles"... Lc 24 35-48, dentre mais locais transparecendo Corpo físico ressurgido e glorificado.
Quanto ao papa Francisco, depois de tantas denuncias de espalhar heresias, envolver-se-ia com certos procedimentos varios estranhos, como o pró heresiarca Lutero, "testemunho do Evangelho", embora dizemos nós "testemunho do evangelho sob forma relativizada", idem suas seitas alienantes, cada qual querendo ser mais verdadeira que a outra!
Hoje existem entre cardeais uns 30 + cerca de 80 bispos opondo-lhe com firmeza + os fatos que se sucedem com ele, muitos estranhos - seria ele o pré anunciado por Vindice e Nubius no futuro? - o abaixo ajudaria a o confirmar, dentre mais, pois duvidaria até do que relata, a partir de si mesmo?...
https://novusordowatch.org/2015/05/spanish-original-heresy/
Spanish Original shows Francis admitted his Teaching is ...
novusordowatch.org
A Follow-Up on Francis’ Candid Remark... Spanish Original shows Francis admitted his Teaching is “perhaps a Heresy, I don’t know” Heresy in a “Pontifical ...
The original Spanish text that is the subject of all the controversy is the following sentence (in the video above beginning at the 4:11 mark): “Y me viene a la mente decir algo que puede ser una insensatez, o quizás una herejía, no sé.”...
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