"No seu conjunto, o papado tem sido uma instituição predominantemente benéfica para a Igreja Católica, dando-lhe um notável senso de unidade, propósito e identidade. Muitos pronunciamentos papais sobre temas sociais e éticos têm sido altamente relevantes em um mundo secularizado e materialista."
Prof. Angueth,
Encontrei a declaração acima num site protestante. O senhor poderia indicar-me um livro confiável sobre a história do papado? Fui confrontado a demonstrar a partir de que momento crítico se instalou o papado e estou com dificuldades de encontrar a literatura certa.
Em NSJC, Aprendiz
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Quem tem acompanhado os comentários dos posts do blog, está familiarizado com um assíduo leitor e comentador que se denomina Aprendiz. Ele tem feito não poucas observações e perguntas, que têm sido respondidas brilhantemente por outros leitores. Isto me levou a dizer que os comentários estavam melhores que os posts.
O Aprendiz agora me apresenta a pergunta acima, que tem algumas características que talvez sejam de interesse geral.
Primeiramente vemos um aprendiz já discutindo calorosamente (suponho) com protestantes temas muito caros a estes. Ao modo dos sofistas da antiguidade, os protestantes lançam suas mais desgastadas perguntas para tentar perturbar, abalar, destruir a Fé católica. A esperança do protestante é que o católico que não souber responder à pergunta comece a considerar sua ignorância como prova de que este tal de papado realmente nunca existiu, ou aceite a maliciosa resposta de seu interlocutor protestante; provavelmente na linha de que quem instituiu o papado tenha sido o imperador Constantino.
Vejam a malícia da colocação que fizeram ao aprendiz: “Fui confrontado a demonstrar a partir de que momento crítico se instalou o papado”. Esta confrontação pressupõe que existia a igreja, comunidade dos cristãos, que vivia muito bem. Houve, então, um momento crítico (sabe-se lá que momento foi este!) a partir do qual os homens de então, movidos por sabe-se lá que objetivos e intenções!, decidiram instituir um papa, para por fim à crise e apaziguar os ânimos; criaram uma figura para simbolizar a autoridade daquela comunidade de homens, dotaram-na de poderes suficientes para resolver a situação momentânea e tal figura teve, a partir daí, uma história que pode ser então contada. Claro que podemos ir um pouco mais longe neste raciocínio malicioso e dizer que foi preciso então que, no século XVI, aparecesse um homem que percebeu isso tudo e se rebelou contra esta figura simbólica. Foi o primeiro a perceber a falácia em 1500 anos; seu nome é Lutero.
Se aceitarmos a pergunta já estamos vencidos no debate. Não existe Igreja sem Papa, nem Papa sem Igreja. As duas coisas nasceram exatamente no mesmo instante e são inseparáveis.
Mas retornemos à confrontação: em que momento crítico foi criado o papado? Esta pergunta tem uma resposta canônica; poder-se-ia recorrer, para isso, ao Evangelho (por exemplo, Mt. 16: 13-19). Mas vou usar aqui uma passagem de Hereges de Chesterton para descrever este momento crítico da criação do papado, esta instituição inseparável da Igreja. Diz o grande escritor inglês, ao final do capítulo IV de seu livro: “Quando Cristo, num momento simbólico, estava estabelecendo Sua grande sociedade, Ele escolheu para sua pedra fundamental não o brilhante Paulo, nem o místico João, mas um embusteiro, um arrogante, um covarde – em uma palavra, um homem. E sobre aquela pedra Ele construiu Sua Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Todos os impérios e reinos fracassaram, por causa dessa inerente e contínua fraqueza: eles foram fundados sobre homens fortes. Mas essa coisa única, a Igreja Cristã histórica, foi fundada sobre um homem fraco, e por esta razão é indestrutível. Pois nenhuma corrente é mais forte que seu elo mais fraco.”
Poder-se-ia também recorrer ao Denzinger (Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral) para se ver a primeira prova escrita da autoridade de Roma sendo exercida, para dispersar uma crise na Igreja de Corinto; isto em 92 d.C. (Dz. 102)! Neste documento, o Papa Clemente I, ao final das exortações papais, diz: “Mas se alguns não obedecerem àquilo que por Ele [Cristo] é dito através de nós, saibam que serão implicados numa culpa e num perigo não pequeno.” Quem fala aqui é o quarto papa, depois de Pedro, Lino e Anacleto. Note que nesta crise da Igreja em Corinto nenhum outro bispo intervém, pois que isto era matéria para o representante de Cristo na Terra. Foi então que o Papa Clemente I se pronunciou, com a autoridade de Cristo (àquilo que por Ele é dito através de nós).
Caro Aprendiz, você me pede indicação de livros para responder aos seus interlocutores protestantes e eu os indico: os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos. Depois, se lhe interessar, a História Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia. Para consulta é indispensável o Denzinger.
Uma sugestão para terminar: não entre numa discussão se não for para ou convencer seu interlocutor ou a platéia que assiste a discussão. Se estes dois objetivos não são possíveis, fuja da discussão; ela será vã.
60 comentários:
Caro professor Angueth,
Permita-me uma correção. Diz-se "Igreja de Corinto", e não Igreja de Coríntios".
No mais, parabéns por mais um belo e elegante esclarecimento!
Um abraço.
Não estou dizendo que os leitores são melhores que o blogueiro?!
Obrigago, Guilherme.
Em JMJ.
Atos dos Apostolos é o maior exemplo do Primado de São Pedro.
No Capitulo 15 de Atos dos Apostolos se lê claramente a autoridade de São Pedro diante de todos os apostolos. Incluindo ai a autoridade em cima de São Paulo que muitos protestantes dizem que ele pregava independente dos outros apostoslos.
Só não vê quem não quer!
São Paulo e São Barnabé estão discutindo com aqueles que ainda queriam impor as tradições judaicas para os cristãos.
São Paulo e São Barnabé foram até Jerusalém (onde na época ficava a sede da Igreja Católica antes dos apostolos serem expulsos).
No caminho até Jesusarém São Paulo e São Barnabé contam a conversão dos pagãos com grande alegria.
Quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pelos apostolos e anciãos, relatando os milagres que Deus havia realizado com eles.
Muitos judeus que tinham se convertido, mas ainda mantiam a tradição do judaismo, e queriam impos essas tradições aos cristãos, queriam claramente impor essas leis para todos.
Há uma reunião entre os anciãos e os apostolos sobre esse assunto.
São Pedro mostra ai a sua autoridade, dada pelo Próprio Deus:
"E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos [só havia sacerdote homem], bem sabeis que já há muito tempo DEUS ME ELEGEU DENTRE NÓS, PARA QUE OS GENTIOS OUVISSEM DA MINHA BOCA A PALAVRA DO EVANGELHO, E CRESSEM.
E DEUS, QUE CONHECE OS CORAÇÕES, LHES DEU TESTEMUNHO, DANDO-LHES O ESPÍRITO SANTO, ASSIM COMO TAMBÉM A NÓS." (At 15, 1-8)
O primeiro Papa disse isso na frente de todos os apostolos. Incluindoi ai São Paulo, São Tiago, São João, São Matheus,...
Pergunta:
Por que São Pedro não foi contestado em relação a sua autoridade?
André
Prezado Angueth.
A resposta, claríssima, é excelente. Mas permita-me uma sugestão. Creio que uma das melhores obras sobre o papado - não sobre sua história, mas sobre seu conceito - é "The Office of Peter and the Structure of the Church", do H. Urs von Balthasar. Há uma edição primorosa da "ignatius press".
Grande abraço.
"1. Considerações bíblicas
"(...). É verdade que o Senhor proferiu a Pedro as bem conhecidas palavras: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16.18). Todavia, isto está muito longe de declarar que Pedro seria o chefe universal da igreja (o primado de Pedro) e que a sua autoridade seria transmitida aos seus sucessores (sucessão apostólica). As primeiras gerações de cristãos não entenderam as palavras de Cristo dessa maneira. Tanto é que não se vê em todo o Novo Testamento qualquer noção de que Pedro tenha ocupado uma função formal de liderança na Igreja Primitiva. No chamado "Concílio de Jerusalém", narrado no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos, isso não aconteceu, e o próprio Pedro não reivindica essa posição em suas duas epístolas. Antes, ele se apresenta como apóstolo de Jesus Cristo e como um presbítero entre outros (1 Pe 1.1; 5.1)."
O texto acima consta do artigo do historiador protestante do qual tirei o texto da mensagem anterior.
MEUS ARGUMENTOS CONTRA O TEXTO
1. os protestantes calvinistas afirmam que a Bíblia, naquilo que interessa à salvação, ou é completamente clara, ou pode-se deduzir o significado do texto usando a lógica;
2. eles usaram a lógica, por exemplo, para aceitar, assim como a Igreja Católica, o batismo por aspersão. Os batistas, por exemplo, só aceitam o batismo por imersão.
Segue-se que:
1. a afirmação "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16.18) é suficientemente clara para ser aceita sem questionamentos;
2. aplicando a lógica, reforça-se o argumento da escolha de Pedro, pois a Igreja, para expandir-se de forma sistemática, necessitava de uma organização que fosse gurdiã da sã doutrina.
CONSLUSÃO
Tanto o significado literal como a dedução lógica apontam Pedro como o líder escolhido por Cristo para sua Igreja. A esse líder a Igreja Católica deu o nome de Papa.
Meus argumentos estão consitentes, ou precisam ser reformulados?
Em NSJC,
Aprendiz
Von Balthasar não era aquele que dizia que o Inferno existe, mas está vazio?
Caro Gabriel,
Von Balthasar, como o Guilherme observa, é um teólogo modernista, que se lido, terá de sê-lo com muito cuidado.
Aprendiz, o leitor André já responde ao historiador protestante fajuto que você cita. Sua conclusão está corretíssima.
Em JMJ.
Antônio Emílio Angueth de Araújo.
Aprendiz, o capítulo 15 de Atos dos Apostolos que mostrei, mostra claramente que São Pedro foi a autoridade dentro da Igreja Católica.
É só ler o versículo que responde a sua dúvida:
""E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos [só havia sacerdote homem], bem sabeis que já há muito tempo DEUS ME ELEGEU DENTRE NÓS, PARA QUE OS GENTIOS OUVISSEM DA MINHA BOCA A PALAVRA DO EVANGELHO, E CRESSEM." (At 15,7)
Ao lermos essa passagem, cai por terra os argumentos protestantes de que não existia autoridade dentro da Igreja Católica. Já escutei muito, de muitos protestantes, que Cristo Jesus deu autoridade iguais para todos os apostólos (seria ai uma introdução a mentalidade "igualitária" socialista?)!
No versículo acima, por quê São Pedro não falou: "DEUS NOS ELEGEU, PARA QUE OS GENTIOS OUVISSEM DE NOSSAS BOCAS A PALAVRA DO EVANGELHO, E CRESSEM."
Engraçado Aprendiz que eu uma vez entrei em alguns sites protestantes (sites de várias seitas protestantes, de várias denominações), e digitei essa passagem de Atos dos Apostólos At 15, 7. Em alguns sites digitei da forma protestante At 15. 7 ou At 15: 7.
Sempre dava a mesma mensagem de que não tinha sido encontrado nenhum resultato.
André
Ou então digitei a passagem:
""E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos...
Rsultado: Nada
André
Andre,
Eu citei At 15,7. Mas fui confrontdo com At 13,46 que, supostamente, dava tal privilégio ao Apóstolo Paulo:
"Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra."
Então citei o testemunho de Eusébio de Cesareia, mas fui contestato com os seguintes argumentos:
Com ele fica provado que cada Igreja tinha o seu Bispo, ou Presidente. Inclusive, ele conta os Bispos considerando Pedro e Paulo, como se os dois tivessem agido simultaneamente como Bispos de Roma. Mais tarde o Bispo de Roma impôs-se como líder máximo. E isso gerou o cisma de 1152.
Então, eu conclui:
É fato histórico que o Bispo de Roma foi feito Papa. E não se nega um fato histórico. É fato que, com isso, consolidou-se a promessa de que a Igreja seria construída sobre a rocha que era Pedro.
E continuei: - Se quisermos contestar os fatos históricos, teremos de refazer toda a História.
Meus opositores alegaram que eu assumi uma posição de truculência ao evocar que os fatos históricos estavam do meu lado. Porém, desistiram de argumentar.
Sempre aprendendo,
Aprendiz
Fui confrontado com At 13, 47 e não 13,46.
Aprendiz
"E isso gerou o cisma de 1152"
Uma consulta por meio do Google acusou que o sisma ocorreu em 1054. Não consultei fonte indicada como confiável.
Aprendiz
Caro Sr. Angueth
Uma questão: O livro do Leopold Von Ranke, História dos Papas, não seria uma boa indicação para o seu leitor?
Caríssimo Angueth.
Sei que não é o seu caso. Leio regularmente seu blog e penso conhecer suas posições e sua seriedade. Mas tenho um certo fastio em ver, no meio católico sério, gente desprezando teses, livros e pensadores com a rapidez de uma canetada. Geralmente tal rapidez anda pari passu com uma tal aversão a livros que chega a dar pena. Basta dizer que a imensa maioria que usa o vocábulo "modernista" - reitero, não penso ser o seu caso, Angueth - não compreendeu 1/16 avos das teses filosóficas e teológicas da Pascendi Dominici Gregis.
O livro de Balthasar sobre o papado chega a ser precioso. De uma erudição e de tal força argumentativa que desancaria grande parte dos nossos "tradicionalistas" em sua pretensas capacidades intelectuais. No livro, o autor deriva o papado do prólogo do Evangelho de São João, ou seja, da própria Encarnação do Lógos, e analisa minuciosamente todas as formas históricas de oposição, seja ao primado de Pedro, seja à sua sucessão. De fato, não conheço nenhum estudo tão agudo sobre o tema.
Prezado Guilherme. Teses controversas pululam mesmo nos grandes. Claro que nas suas extensas leituras de Balthasar você deve ter se deparado com algumas. Bem, pode ser constrangedor saber que elas estão também em Orígenes, Justino, Tomás de Aquino etc. Utilizar um arremedo de conceito - já que não é claro, na maioria das vezes, nem para quem o emprega -, não resolve o problema.
Tudo isso sem falar do problema hermenêutico de quem crê incensar o papa Bento XVI sem ter lido uma linha dos "modernistas" (quase "leprosos") von Balthasar e de Lubac, cujos pensamentos são praticamente condições de possibilidade do entendimento de sua teologia. É sempre lamentável.
Por fim, prezado Angueth, perdoe-me se meu comentário soa mal educado ou irritadiço. Mas é que de fato me assusta ver que, por aí, se esconde ignorância com aquele desprezo intelectual que só vem dos que nem entenderam o problema.
Grande abraço.
Aprendiz, desculpe só está respondendo agora.
Devido ao meu trabalho..., respondo agora.
Você escreve que foi confrontado com At 13, 47. Gostei como você colocou, "Fui confrontado").
Acontece que São Paulo não estava confrontando a autoridade papal. São Paulo está confrontando os judeus.
É só ler os versículos seguintes. Coloco aqui o versículo 45 que está um pouquinho masi acima, e que o falso profeta omitiu.
"Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava." (At 13, 45)
Lembremos que Cristo é a luz do mundo. Mas Cristo diz claramnete que os apostolos são a luz do mundo. É claro que essa luz tem que está em comunhão com tudo o que Cristo determinou.
Incluindo ai a sua Sã Doutrina e Santa Igreja Católica e o Papa.
São Paulo lembra os judeus de que "Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus;mas, visto que rejeitais, e vos não jugais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentis."
André
Em relação a Eusébio de Cesareia, peça para esse "pastor" um documento de Eusébio de Cesareia onde ele diz claramente que é o pastor independente de sua Igreja Particular para os fieis de Cesareia.
Peça documentos, principalmente dos Pais da Igreja, onde diz que São Pedro e São Paulo "os dois tivessem agido simultaneamente como Bispos de Roma" (!!!!!).
E onde "Mais tarde o Bispo de Roma impôs-se como líder máximo. E isso gerou o cisma de 1152 (!!!???)."
Os documentos dos Pais da Igreja dizem o contrário disso tudo!
Todos os Pais da Igreja Católica falam claramente sobre o Primado de São Pedro e de seus sucessores. Incluindo o próprio Eusébio de Cesareia.
Inácio de Antioquia, que viveu antes de Eusébio de Cesareia, escreveu:
"Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada "feliz", digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]).
"Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 3,1).
"Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 9,1).
Origines: "E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3;
Cipriano de Cartago
No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: "Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo."" Epist. 54, a Cornelius, n.7.
Eusébio de Cesaréia em sua História Eclesiástica (7, 9) cita uma carta de São Dionísio dirigida ao Papa São Sixto II tratando de um batismo inválido po ter sido feito por hereges. Nessa carta São Dionísio diz que necessita do conselho do Papa e pede que ele decida. (Essa parte coloquei tirada do site Montfort)
Orígenes
Conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III, 1 Orígenes conta como foi o martírio do apóstolo Pedro em Roma: "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo".
E professa também o Primado de Pedro: "E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão. (…)" (In Joan. T.5 n.3).
André
Prezado André,
Acho que o Prof. Angueth está com a razão. Vou concentrar-me na espiritualidade.
Quanto aos demais temas, estarei atento aos pontos que geraram conflito para, usando o método de Santo Tomás, interferir apenas quando houver potencial de convencimento, seja do oponente, seja da platéia.
Obrigado pelo apoio,
Aprendiz
Prezado Prof. Angueth,
O Cardeal Charles Journet, escreveu um livro extenso intitulado: "O primado petrino". Mas parece que seu tomismo não é tanto ortodoxo como o do Pe Reginald Garrigou Lagrange. Joseph de Maistre também escreveu o seu famoso "Du Pape", estes são os livros e os autores que me vêem a cabeça agora. Talvez Santo Afonso Maria Ligório e São Francisco Salles também tenham escrito algo sobre o primado petrino.
Quanto a Urs Von Balthasar, na verdade ele é um "teólogo" da "Nouvelle theologié" (aquela teologia denunciada pelo grande Pe Garrigou Lagrange, que volta ao modernismo). Estou lendo o livro dele "Chi é il cristiano? Meditazioni Teologiche", onde na verdade oferece uma meditação antropológica que se poderia dizer, encarna o espírito do Concílio Vaticano II, condenado por Bento XVI.
A teologia de Urs Von Balthasar, apresenta-se como uma terceira via, entre o tradicionalismo e o ultra-progressismo (heterodoxa). Trata-se mais de uma antropoteologia do que propriamente de uma teologia, pois ela é uma leitura das Sagradas Escrituras e da história da salvação em chave estética (razão pela qual ele é brilhante, mas vázio, como Nietzsche: o que não o matou, o fez perder a razão...) ao invés de ética, política, escatológica, existencial, etc, não é uma teologia que segue o legado dos teólogos antigos e medievais, que usavam da chave cosmológica e metafísica: é uma teologia da ruptura de quem brincava de opor a patrística e a escolástica no seminário (ver o artigo: Urs Von Balthasar, o pai da apostasia ecumênica - disponibilizado pela permanência). Pelo que eu li e conheço deste autor, ele não seria capaz de produzir absolutamente nada de ortodoxo. Não nego que possa ter questionamentos interessantes, como os tem Henrici de Lubc, mas são teologias que partem do desprezo do magistério da Igreja. on Balthasar no livro que estou lendo considera o magistério um problema, porque ele seria um impecilho para a via direta: o acesso direto a palavra de Deus, ou se preferir, o livre-exame protestante. Para acreditar no que o Gabriel diz sobre o livro dele a respeito do papado, só lendo mesmo.
Sobre o que o Guilherme disse a respeito dele dizer que o inferno existe mas está vázio, veja-se o que ele escreve no livro que estou lendo e que citei anteriormente:
"Con la scomparsa della religione scompare naturalmente anche la forma dell’etica che si fonda sulla religione. Si tratta, da una parte, dell’etica che poggia completamente o prevalentemente sul pensiero di un’eterna giustizia e retribuzione: ma l’uomo o è morale in se stesso, o non lo è affatto; un agire per il premio o per il castigo è moralmente pericoloso, in ogni caso non puro." Chi é il cristiano? - Urs Von Balthasar
"Com o desaparecimento da religião desaparece naturalmente a forma ética sobre a qual se funda a religião. Se trata, de uma parte da ética que se apóia completamente ou prevalentemente sobre o pensamento de uma eterna justiça e retribuição: mas o homen ou é moral em si mesmo, ou não o é completamente; um agir por prêmio o castigo é moralmente perigoso, em qualquer caso não é puro..." Chi é il cristiano?
Fique com Deus.
Abraço
Gederson
P.S.: Tenho o livro de Urs Von Balthasar no PC, se o sr ou o Guilherme quiserem, basta me escreverem.
O Espirito do aggiornamento:
Prima, nell’antichità, tutto – sia nei filosofi pagani che nei cristiani – ruotava attorno alla ‘conversione’ (rivolgimento, epistrophé) dal mondo a Dio. Oggi si esige che tutti, anche tu che così a lungo, troppo a lungo, hai guardato in direzione di Dio, girino in senso radicalmente inverso: conversione al mondo.
Em primeiro Lugar, na antiguidade, tudo - tanto com os cristãos como com os filósofos pagãos - girava em torno da "conversão" (revolução, Epístrofe) do mundo a Deus. Hoje é necessário que todos, incluindo você, que por tanto tempo, muito tempo, você olhou na direção de Deus, gire em sentido radicalmente contrário: em conversão ao mundo. Chi é il cristiano? - Hans Urs Von Balthasar
Para compreender o Concílio Ecumênico Vaticano II, é fundamental a leitura deste livro!
Prezado Prof. Angueth,
lembrei me doPe Leonel Franca, acho que ele tambèm escreveu alguma coisa sobre o Papado, em suas respostas aos protestantes. O Augusto saberia dizer que sim ou que nao. Nao me lembro se o Pe Penido escreveu algo a respeito..
Fique com Deus.
Abraço
Prezados.
Prometi a mim mesmo que não iria comentar mais neste post, mas a resposta do Gederson, que me pareceu bastante séria e que instiga à conversa, me fez mudar de ideia.
Infelizmente, não é possível tratar aqui de todos os pontos aventados por você Gederson. Vou me ater àquele que penso ser central e, como adendo, citarei, ao final, um trecho do livro que indiquei. Devo notar que não tenho procuração para defender Balthasar e nem é meu intento. Apenas penso, como disse em minha resposta anterior, que ele é, como tantos outros, quando não-lido, mal-lido.
1. Sobre o estatuto da Teologia de Balthasar:
O termo que você utiliza, e que por vezes é utilizado a fim de fazer referência à “Nouvelle Theologie”, “antropoteologia”, se origina, penso eu, de uma dupla má compreensão filosófica:
1.1. Não consigo compreender o sentido último deste termo. Se “antropoteologia” significa, como você diz Gederson, “uma leitura das Sagradas Escrituras e da história da salvação em chave estética” e, por “estético” você compreende algo “vazio” e contrário à “ética, política, escatologia...”, há um problema sério de compreensão do termo “estético” (que faz com que você o associe a Nietzsche!!!) que, por sua vez, impede a correta compreensão do que diz Balthasar. As pessoas que têm tal compreensão do termo “estética” desconhecem a tradição filosófica: o Belo e o Bem são um e o mesmo desde Platão, o que culmina, mesmo em Kant – um diluidor – na unidade entre ética e estética. Não se pode fazer confusão com o sentido de “estético” próprio ao Romantismo alemão desfigurado, que tornou-se para nós algo como a práxis de um dândi.
Balthasar utiliza o termo “estético” num sentido muito próximo ao sentido grego de “aísthesis”, ou sensação. As “aístheta”, ou os dados sensíveis se dão a partir dos “phainomena”, das “coisas que aparecem”. Com isso, Balthasar quer dizer que sua teologia se inicia a partir do fato bruto que Deus se manifesta. Mas não acredite em mim. Veja o que diz o próprio Balthasar:
“Desse modo, pode-se construir, sobretudo uma teologia aesthetique (Gloria): Deus aparece. Ele aparece para Abraão, para Moisés, para Isaías e, finalmente, em Jesus Cristo. Uma questão teológica: como nós distinguimos sua aparição, sua epifania dentre centenas de outros fenômenos no mundo? Como nós distinguimos o verdadeiro e único Deus vivo de Israel dos ídolos que o cercam e de todas as tentativas filosóficas e teológicas de alcançá-lo? Como nós percebemos a incomparável gloria de Deus na vida, na Cruz, na Ressurreição de Cristo, a glória diferente de toda a glória deste mundo? [Balthasar, Communio, inverno de 1998]
Não há portanto um estetismo. Não há experiência estética subjetiva. Parte-se de uma das verdades mais cabais do judaísmo e do cristianismo, a saber, que Yaweh é um Deus que se dá a conhecer, se manifesta, se mostra.
Este aspecto nos leva a um segundo aspecto da falta de sentido absoluto do termo “antropoteologia”.
Prezado Angueth.
Redigi uma resposta, mas ela excedeu o tamanho permitido aos comentários. Assim, eu a disponibilizo na íntegra, caso haja interesse, no meu blog, no seguinte post:
http://www.gabrielferreira.com.br/index.php/comentrios-acerca-de-h-u-von-balthasar/
Novamente, aponto o link apenas se for de interesse. Caso contrário, desconsidere o comentário.
Grande abraço.
Em Cristo.
G.
Caro Gabriel,
a sua resposta é até interessante, mas o termo que utilizo, e que por vezes é utilizado a fim de fazer referência à "Nouvelle Theologie", "antropoteologia", deve-se a concepção de verdade desta teologia, não ao senso estético de Urs Von Balthasar. Este considero vázio por ser influenciado por esta concepção de verdade, condenada por São Pio X, na Pascendi. Isto ficou evidente quando antes de falar em "estética", "ética, política, escatologia...", falei que a teologia de Von Balthasar, se apresenta como uma via média entre o tradicionalismo e o modernismo católico: o senso estético da síntese impossivel entre o tradicionalismo e o modernismo católico, é vázio, não existe estética na auto-demolição!
Gabriel, mas além da "estética" sintética impossivel entre o tradicionalismo e o modernismo, devemos considerar a "estética" de Von Balthasar, separada da "estética" de Adrienne Von Spyer? Pode ser que eu esteja errado e a sintese entre o tradicionalismo e o modernismo, seja possível pela estética, pois não o é pela ética, política, escatologia, etc. O inferno no tradicionalismo existe e está cheio, no balthasarianismo, ele existe e está vázio, mas no modernismo, ele não existe. Como é "verdadeira" e "bela" a síntese balthasariana, não acha?
O que compreendo de estético na teologia de Urs Von Balthasar, é isso. O que escrevi a respeito da teologia balthasariana ser uma terceira via, também faz parte da minha compreensão, a respeito de seu senso "estético" vázio, mais brilhante. Ignoro os motivos pelos quais você ignorou algo tão claro e límpido.
Fique com Deus e obrigado pela resposta.
Abraço
Gederson
Para os que desejam um estudo católico e não uma opinião liberal sobre a teologia de Urs Von Balthasar, recomendo o artigo do Sim Sim Não Não:
"Von Balthasar: La terza via
Tra ortodossia e ultra progressimo"
http://www.sisinono.org/anno-2009-in-pdf/doc_view/37-12-30-giugno-2009?tmpl=component&format=raw
Vejam um trecho em português, "O primado do belo":
"Balthasar da o primado ao belo sobre o verdadeiro e sobre o bem (cfr. B. Mondin, História, cit., p 547). O mesmo Balthasar em uma entrevista dada a uma rede de tv italiana disse: << Comecei com o belo, porque é a primeira coisa que vêem as crianças ou o que concebe o homem simples é o esplendor [...]. A primeira coisa que eu vejo è o esplendor de Cristo>> (Naquele tempo). Ao invés "aquilo que o homem colhe em primeiro lugar é o ser" (Santo Tomás de Aquino) e tudo aquilo que é (existe) e também verdadeiro (em relação ao intelecto) e bom (em relação a vontade)..."
Justamente por daro pimado do belo sobre o verdadeiro e sobre o bem, é que tenta uma via média. Não é preciso ser muito sábio para saber que pelo menos no Brasil, as seitas protestantes crescem por uma teologia feita a partir de sensações. Isto é visível mesmo na RCC, mas o que há de estético, de belo, nisto ?
Fiquem com Deus...
Abraços
Gederson
Disputas
Enquanto não entendermos e praticarmos a espiritualidade de Jesus, nossas disputas nos afastarão cada vez mais da Verdade.
"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda."
Aprendendo sempre,
Aprendiz
Prezado Sr. Angueth,
Realmente seu blog, além de possuir artigos ótimos, ortodoxos à fé católica e enriquecedores, possui também comentaristas excelentes. É impressionante como se consegue aprender sobre nossa fé católica, e também sobre filosofia e história, entre outros, pelos comentários postados.
Onde a fé católica brilha realmente só se poderia esperar por isso mesmo! Parabéns a todos!
Luiz Ribeiro
Muitas das especulações sobre a "erudição" do heresiarca Urs von Baltazar, bem como sobre a sua "incitação ao pensar", nada mais é do que fetiche pseudo-intelectual.
Fico com o que disse um sábio certa vez quando perguntado o que era a inteligência: "É o que sobra quando se tiram os andâimes da erudição!".
O discurso cheio de piruetas conceituais, bem como os contorcionismos verbais - e isso sem falar na formatação romântico-idealista das palavras - tornam atraentes as idéias heterodoxas e heréticas do insigne "livre-pensador", que se auto-titulava e auto-glorificava "católico".
Aqui tem um vídeo muito bom onde D. Williamson, FSSPX, explica o partejo das idéias modernistas:
http://fratresinunum.com/
2010/08/21/
o-sinal-de-alerta-de-dom-williamson
-o-rumor-vindo-de-roma/#comments
O vídeo citado está posto nos comentários. Por restrição de acesso ao YouTube aqui no trabalho, coloquei o link do FiU como referência.
Os modernistas, sejam eles ostensivos ou mitigados, declarados ou inconfessados, neo-católicos ou neo-conservadores, são como um farol (só que de luz negra...) para os jovens sedentos de "conhecimento": com o hermetismo de sua linguagem atraem os burros e preguiçosos que se vêem atraídos pelo "mistério". Ao fim e ao cabo não passa de um gnose muito fajuta que se adequa ao molde dessas alminhas mais fajutas ainda.
Enaltecer o tal Urs von Baltazar pela sua "arqueologia do conhecimento" que "vasculha as fontes primárias de nossa fé" para "resgatar a ortodoxia arcaico-originária da Igreja Primitiva" é cuspir na Tradição e se auto-fecundar pela criatividade e a imaginação.
Como diria muito bem D. Williamson na sua descrição do modus pensamentais dos modernistas, "se 2 + 2 for igual a cinco, milhares de possibilidades se abrem ao pensamento humano!".
A Caixa de Pandora se abre pela chave do orgulho e do desejo de independência: "Sereis como deuses!"....
MMLPimenta
Aprendiz, meu caro, as dispustas esclarecem a fé pela defesa da Ortodoxia.
Não são estéreis embates entre desocupados, mas pelejas necessárias para expor os heréticos e os seus perniciosos estratagemas para fazer perder, pelos labirintos das idéias e dos sentimentos, os incautos, os estultos e os tardos de entendimento.
É um dever de fé aprofundar e defender a Doutrina e a honra de Cristo.
MMLPimenta
Caríssimos,
Viva Cristo Rei! Salve Maria!
Primeiramente agradeço ao Prof. Angueth pela caridade de ter deletado os posts deste comentário anteriormente. Tive problemas na hora da postagem e saíram fora de ordem, o comentário ficou horrível. Em segundo lugar, o blog esta excelente, como não me considero a altura dos comentadores, faço esta postagem com humildade. Parabéns ao Pimenta pelo comentário!!!
Resolvi escrever um outro comentário apenas para complementar o que escrevi anteriormente. Nosso Senhor disse; "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", ele não disse que a estética e o belo nos libertaria, pelo contrário, em Isaías se pode ler:
"Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos." Isaías 53,2
Ninguém mais, ninguém menos do que Santo Agostinho, confirma as palavras do profeta. O hiponense via o verdadeiro e o bem, em Cícero, atraído pela estética ciceroniana pela qual, ele rejeitava todo o cristianismo, por não ver nele, o belo. Cícero de fato, é um grande escritor, as obras dele são fantásticas, mas não são o "Sumo Bem" e nem podem ocupar-lhe, o lugar. Somente depois de experimentar o "vázio" da "beleza" ciceroniana, é que se aproximou do cristianismo, que a princípio, não lhe oferecia estética e beleza, mas o verdadeiro e o bem. Só depois que compreendeu para crer e creu para compreender, é que Santo Agostinho, pode contemplar o belo, no cristianismo. Isto em perfeita concordância com as parábolas de Nosso Senhor: não são todos que tem acesso ao belo, no cristianismo, como também não são todos que tem acesso ao verdadeiro e ao bem, cristão.
Von Balthasar, ficou enfurecido quando Pio XII, lançou a Carta Encíclica Humani Generis, que atingia diretamente a sua teologia, a de Henrici de Lubac e a de Yves Congar (talvez seu livro ultra-progressista "Abater os bastiões", contra o magistério e a autoridade da Igreja, seja motivado pela condenação de Pio XII). A nova teologia e todos os seus teólogos, constroem a sua teologia, a partir do triste hábito de opor a patrística, a escolástica, sobretudo o tomismo. Mas Sertillanges, ensina-nos que devemos sempre tentar conciliar, ao invés de opor e Santo Inácio de Loyola, que devemos tentar salvar a proposição de nosso próximo, ao invés de condená-la. Uma teologia que parte da oposição a outra teologia, parte essenciamente de um sentimento, não da verdade e nem de razões plausíveis. Diga-se de passagem, que não existe nada de estético nisto e quem defende uma teologia que parte deste pressuposto, evidentemente ataca a teologia oposta (o tomismo e a escolástica - vulgarmente chamada pelos novos teólogos de manualística). Isto é evidente na reação do téologo em questão, ao documento supracitado, porque o magistério até Pio XII, era escolástico e era tomista e ele salientava apenas a oposição entre ambas teologias. Agora meus amigos, eu vos pergunto:
O que aconteceria se uma filosofia e uma teologia, que partem da oposição ao tomismo, tomasse o lugar do tomismo, no magistério da Igreja?
E:
Será possível uma hermenêutica da continuidade para o CVII, sendo que este Concílio, é um produto da "Nouvelle theologie" ?
E ainda:
O que vemos no magistério do Vaticano II, não seria o reflexo da luta entre a patrística e a escolástica, imposta pelos novos teólogos?
Para mim, considerando-se os fatos, parece natural que a nova teologia ou a hermenêutica da ruptura entre a patrística e a escolástica, se reflita negativamente, no Concílio Vaticano II. O tomismo é a hermenêutica da continuidade, entre a patrística e a escolástica, e era a teologia do magistério, mas da noite para o dia, ele foi substítuido por uma teologia que nasceu da sua oposição: a nova teologia, então o resultado não seria exatamente da hermenêutica da ruptura? Será possível uma restauração, sem o retorno do tomismo, ao magistério? Mas não nego, é de uma sagacidade e de uma astúcia impressionante, estabelecer a primazia do belo, sobre o verdadeiro e o bem, para fazer passar as filosofias e teologias, condenadas pelo magistério da Igreja. Lembro me que um Santo dizia que, o diabo apresenta o falso e o ruim, com a aparência de belo, para nos seduzir. Para fazer isto, evidentemente, ele deve ter que colocar o belo, como causa do verdadeiro e do bem, não como seu efeito. Isto é evidente, por exemplo, nas tentações de Nosso Senhor no deserto e em nosso tempo, vemos diretamente o quão horríveis são, quem caí nestas tentações: o Lula acha belíssimo ficar de barriga cheia e a CNBB, acha belíssimo cair do pináculo do templo, a última tentação, parece me voltada a nova Igreja, aquela que tem aparência de cordeiro, mas fala como dragão. A nova teologia não se utiliza de técnicas convencionais para evangelizar. No discurso de abertura de João XXIII, quando ele faz a distinção entre a substância e a forma do depositum fidei, ele me lembra fortemente, o lobo que tem a substância de lobo, mas com a pele de cordeiro, adquire a uma forma de cordeiro.
O Papa João Paulo II, era um grande entusiasta de Urs Von Balthasar. Nem mesmo Paulo VI, teve coragem de elevá-lo a Cardeal, mas João Paulo II, a teve. No site do Vaticano, pelo que me lembro, existem indicações para o estudo de Von Balthasar feitas tanto por ele, como por Bento XVI. Mas o que eu quero lhe dizer, é que o entusiasmo de João Paulo II, por Von Balthasar, é visível exatamente na primazia do belo, sobre o verdadeiro e o bem, em seu pontificado e mesmo alguns atos do magistério do Concílio Vaticano II, ganham uma compreensão viva, se vistas sob este ângulo. Veja-se por exemplo que, o encontro de Assis, o beijo no Corão, o selo de Shiva, o inferno como estado de espírito, a comunhão para o "Freré" Roger de Taizé, a visita a templos luteranos com saudação no aniversão de 500 anos de Martinho Lutero, Cardeais comprados pelo fundador dos Legionários, escândalos de pedofilia e outras coisas, demonstram que João Paulo II, estava preocupado em oferecer, primeiramente, o belo, não o verdadeiro e o bem. O caso de Mons. Lefebvre, revela isso com uma peculariedade viva. Porque ao se recusar a julgar o estado de necessidade alegado por Dom Marcel Lefebvre, ele se recusou também a julgar o verdadeiro e o bem, julgou apenas o belo.
No Motu Proprio Ecclesia Dei, o Papa João Paulo II, diz que a FSSPX teria "uma noção incompleta e contraditória de tradição, que não considera seu caráter vivente", fala ainda em "pontos novos de doutrina". Mons. Gherardini, trata deste ponto do motu proprio, e refuta a opinião de João Paulo II. O conceito de tradição vivente, pelo testemunho de seus defensores, é belo, porque é atual e moderno, mas em face da tradição católica apostólica romana, é um falso bem, não tem nada de belo. Hoje é evidente que as excomunhões, se deram não por uma separação do verdadeiro e do bem, mas daquilo que se julgava, belo. Justamente, isto que vem sendo usada contra a FSSPX, desde sua suspensão "a Divinis" passando a excomunhão de seus Bispos. Isto é no mínimo curioso.
Por fim, mesmo os Padres comunistas que comentam na litúrgia, e são objetos dos comentários do Prof. Angueth, dão primazia a estética e ao belo, em detrimento do verdadeiro e do bem...
Bom, fiquem com Deus.
Abraços
Prezado MMLPimentak
Eu estava falando sobre a recomendação abaixo, feita por São Paulo:
"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer."
Quando digitei contendas, disputas e dissensões numa Bíblia online, só apareceram recomendações contra e nenhuma a favor. Eu sei que há também recomendações quanto a dar a razão da fé, mas isso não é disputa.
Há, ainda, recomendações para repreender o herético. Mas isso só deve ser feito por quem estudou muito e domina a espada da Palavra.
Estou apenas concordando com uma colocação do Prof. Angueth em comentários anteriores.
Talvez eu desse ter dito: aprendizes não devem entrar em disputas, a não ser como treinamento.
Com amizade,
Aprendiz
"Eis, em suma, o que redigimos para destruir os erros referidos, não servindo-nos dos dogmas de fé, mas dos argumentos e das afirmações dos próprios filósofos. Se, alguém gloriando-se do falso nome da ciência, quiser dizer alguma coisa contra o que acabamos de escrever, que não fale pelos cantos nem à frente dos rapazes que não sabem julgar assuntos tão árduos, mas em vez disso escreva, respondendo esta obra, se tiver coragem. Não me encontrará apenas a mim, que sou o mais pequeno de todos, mas a muitos mais zeladores da verdade, com os quais se resiste ao seu erro ou se tomam medidas em relação à sua ignorância".
Sto Tomás de Aquino, in A Unidade do Intelecto contra os Averroístas.
Espero que esse argumento de autoridade seja suficiente para demover a índole pacifista dos católicos, bem como desperte o caráter viril dos defensores da única e verdadeira fé.
Com amizade imensa; MMLPimenta.
Eclesiastes III
Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus:
tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado;
tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir;
tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para dançar;
tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se.
Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para jogar fora;
tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar;
tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz.
Façamos à tempo o que o tempo nos intima.
http://www.youtube.com/
watch?v=n3tzpBxR23o
Esse é o tal vídeo de D. Williamson.
O final é maravilhoso!!!
Sobre o queridinho dos jovens modernistas:
http://www.permanencia.org.br/
drupal/node/474
Quanto ao método
O método de comunicação mais eficiente que eu conheço é do próprio Jesus Cristo. Ele se impunha de forma sintética, após pensar a exigênica da situação. Quando ele falava o opositor se calava. A disputa não prosseguia.
O método de Santo Tomás era adequado a quem dominava a arte da disputa, julgando-se racional. Então, ele partia do conhecimento da arte da argumentação dialético/lógica, cuja estrela à época era Aristóteles.
Nietzsche argumentou que a dialétida socrática é ferramenta mais poderosa para despir em público o disputante. A arma, segundo Nietzshce, é tão poderosa que é até covardia usá-la com pessoas comuns.
Assim, concluo:
1. Precisamos dominar a arte do diálogo antes da arte da disputa;
2. Precisamos dominar a arte da disuputa a partir dos referenciais reconhecidos pelo disputante. Quê filosofia ele reconhece como válida?
3. Precisamos estar centrados no Mestre e reconhecer seu próprio método.
Enfim, precisamos ser astutos como a serpente e mansos como a pomba. Se precisar, entretanto, precisamos ter a força e a coragem do leão.
Isso exige anos de treino. De intensa dedicação.
Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.
Tentando aprender sempre,
Aprendiz
Caro Aprendiz, as palavras de Cristo são eternas e de um fulgor imperecível, já que passarão os céus e a terra, mas nunca o Verbo divino!
Mas creio estar meio deslocado do contexto a sua afirmação: parece-me uma espécie de quietismo mitigado...
O quietismo pregava uma passividade de alma, mas com uma "atividade" contemplativa e de oração - de modo equivocado, claro! - e foi decretada como heresia pelo Papa Inocêncio XI.
O verdadeiro diálogo pressupõe uma certa paridade entre interlocutores, mas também, de certo modo, um discurso onde há quem ensine e alguém que aprenda; na interação das dúvidas com as respostas há o esclarecimento e aprofundamento: do mestre que espande e precisa o seu conhecimento pelas múltiplas ocasiões que ensejam as perguntas dos alunos, bem como desses mesmos alunos que vêem-se num movimento de ascensão da ignorância à ciência, e desta à sabedoria com o amor de permeio, já que é luz o que a alma almeja. E a Luz da luz é o Verbo de Deus, Cristo Jesus.
Veja que se fossem adotar essa atitude de não-atitude, essa "contemplação", essa "ação orante e centrante" de que falas, todos os grandes homens de Igreja teriam contribuido, pela sua omissão, para a derrota e desaparecimento precoce do Catolicismo.
É claro que precisamos nos preparar previamente, mas também precisamos estar prontos a dar o nosso contributo - seja de tempo, seja de desgostos, de dor, de sofrimento, de dinheiro, de forças etc etc etc - para completar em nós aquilo que falta para Cristo, isto é, juntarmo-nos na angústia e agonia (aqui lembro que essas palavras possuem um radical grego que significa "luta") de Cristo pela honra de Sua Igreja, para a maior glória de Deus!
Essa atitude que se recolhe sobre si mesma é temerária e é o sonho dourado de todo o inimigo: um oponente que nunca foi e que perde por W.O..
O "método" de que falas - ou "métodos"; seja "de Cristo" ou "de Sto Tomás"... - na verdade é um único e mesmo método, já que próprio da Verdade, a mesma, sempre.
Diz uma Legenda Áurea que, quando Frei Tomás estava escrevendo contra alguns hereges sobre o Corpo de Cristo no SSmo Sacramento, entre jejus e penitências, depositou o manuscrito aos pés da Cruz da capela do mosteiro e começou a orar. Dizem que Cristo desceu da Cruz olhou e folheou aquelas páginas e disse: __ Muito bem, Tomás! Escrevestes muito bem sobre o meu Corpo. O que queres que te dê.
Diz uma Legenda Áurea que, quando Frei Tomás estava escrevendo contra alguns hereges sobre o Corpo de Cristo no SSmo Sacramento, entre jejus e penitências, depositou o manuscrito aos pés da Cruz da capela do mosteiro e começou a orar. Dizem que Cristo desceu da Cruz olhou e folheou aquelas páginas e disse: __ "Muito bem, Tomás! Escrevestes adequadamente sobre o meu Corpo".
Daí pressupõe-se que Cristo sabia filosofia e que não era outra, senão a mesma Verdade que todos se remetem para expor o verdadeiro.
Cristo, grato pelo trabalho do servo fiel, disse: __ "Que desejas?". Generoso, dadivoso e fidelíssimo àqueles que lhe são amigos até o fundo do coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento, Cristo queria retribuir de alguma forma aquele esforço para por fim à heresia que grassava e desgraça muitos daquele tempo.
Frei Tomás sempre quis obter um escrito perdido de um Santo que poderia lhe auxiliar mais ainda no seu labor; mas deu uma resposta inesperada, como que emergida do fundo d'alma de um inocente: __ "Quero a Ti.".
Desconcertante, simples e claramente, arrematou: __ "Quero somente a Ti".
Não é preciso dizer que Cristo conviveu intimamente com Sto Tomás por toda a sua vida, em espírito e verdade.
E este mesmo Cristo sempre nos instiga a conhecer e defender cada vez mais e melhor a Sua honra e a Sua Igreja para o bem daqueles que amam a Deus e para que Deus seja louvado em todas as coisas, para a maior glória de Deus.
Caro Anônimo,
Neste caso você demnonstrou não ter entendido o que eu disse. Usou muitas palavras,desviou-se da doutrina-raiz e preferiu apoiar-se em Santo Tomás. Logo ele que, segundo consta da Suma, que tenho em mãos, disse, após ter sido agraciado com um encontro místico com Jesus: - O que escrevi são palhas diante do que vi.
Contudo, não quero usar contra você suas próprias palavras. Concedo-lhe a oportunidade de pensar mais um pouco ...
Reconheço que sua intenção é boa. E, quanto a isso, só Cristo mesmo pode julgá-lo. Da minha parte, se quiser, concedo-lhe a honra de ter ganho a disputa que não houve entre nós.
Em NSJC,
Aprendiz (acabo de aprender muito com você!)
Caro Aprendiz, o seu protestantismo mitigado - talvez camuflado... - funde o sola scriptura na confusão da Doutrina.
Os "ensinamentos primevos" de Cristo são o cerne daquilo que Sto Tomás disse e daquilo que não falou.
Se a tal "doutrina-raiz" de que falas foi obstaculizada com as minhas palavras e com as palavras de Sto Tomás, mas somente "revelada" pelo "silêncio místico" do grande Santo, acho que vou me recolher neste mesmo silêncio já que o portento da sabença afásica dos ignorantes esmaga qualquer pretenção de conhecimento...
Com mutismo reverente; MMLPimenta.
Mais do mesmo
http://www.montfort.org.br/
index.php?secao=cartas&subsecao
=outros&artigo=20050129222002
&lang=bra
"Caro Aprendiz, o seu protestantismo mitigado - talvez camuflado... - funde o sola scriptura na confusão da Doutrina."
Não entendi o que você disse, mas suspeito que seja uma ofensa. Que Deus me julgue.
Entretanto, tenho um exemplo para ilustrar o meu posicionamento que ocorreu neste fim de semana.
Estive com um católico ativo em sua Paróquia, mas que me disse aprender somente por ouvir. Ele não tem condições de discutir, mas está atento à palavra mansa. Falei com ele mansamente e ele ficou interessado em filosofia. Prometi introduzi-lo de forma simples e direta quando ele tiver tempo.
Uma outra pessoa apresentou-se como católico não praticante. Em minha intervenção, levei-o a classificar-se como um homem que tem a fé do porco. Ele come, bebe, faz sexo e julga que é felicíssimo com esse aproveitar-se dos seus cinco sentidos. Ele disse que quando vier à minha cidade, vai estudar teologia comigo ao invés de ir para o botequim.
Eu poderia ter disputado com os dois. Preferi o diálogo, a partir da situação de cada um. Os dois sentiram-se atraídos, ao invés de ofendidos. Abri margem para que eles pensem e estudem. Não os desafiei.
Tentei usar a lógica do diálogo e funcionou. Quando chegar a hora, eles serão levados a fazer a revisão dos seus comportamentos. Está dando certo.
Sem ofensas,
Aprendiz
Caro Aprendiz, você entendeu patavinas do que falei...
MMLPimenta
"Não entendi o que você disse, mas suspeito que seja uma ofensa. Que Deus me julgue."
Caro Aprendiz, você entendeu patavinas do que falei...
Então eu estava certo e ainda confirmo: Não entendi mesmo, caro MMLPimenta!
Aprendiz
O que disse foi: há tempo para tudo. De "diálogo à contenda; da disputa ao esclarecimento.
Não podemos: confundir os tempos, usurpando o tempo da defesa pela conivência "fofinha" com o erro, muito menos achar que somos incapazes de defender a única e verdadeira fé, que é católica.
Isso é um dever de estado e uma obrigação da razão das coisas.
MMLPimenta
Aprendiz
Vc disse q Cristo falava e os demais se calavam. Apenas O escutavam
Assim nao havia dialogo
E esse metodo do dialogo nao era o do pp Cristo
Lembro ao amigo aquafóbico que do Precioso Lado saiu água e sangue; prefigurando as torrentes de misericórdia da água e do vinho na Santa Missa.
A filosofia é serva fiel da teologia; e estas são ferramentas para se perscrutar, com santo temor, a Criação.
Sabendo-nos posicionar perante essa realidade cambiante, mas prenhe de significado e pistas do magnânimo Artista, podemos prestar o devido contributo à maior glória de Deus.
Durante a preparação para a Comunhão, o Padre deita no cálix já com o vinho, a mesma água puríssima que inundou o mundo com a Graça.
Pronto: recolhe-se, assim, com as mãos postas, a alma esperançosa e contrita de desejo, a água e o vinho da Salvação.
Meu Senhor e meu Deus, das rosas de sangue que brotaram de Tuas chagas, rogamos para que elas floresçam no jardim de nosso coração!
Meu doce Cristo, minha alma está sedenta por ti!
MMLPimenta
Cristo também chamava os maus de "sepulcros caiados", "raça de víboras", "hipócritas" e outros "mimos"...
MMLPimenta
CONTRA IMPUGNANTES
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Realismo moderado
Sidney Silveira
Em seu comentário à Metafísica aristotélica (In XII lib. Metaph. L.III, 1.1.), Santo Tomás afirma:
“O filósofo deve considerar todas as dificuldades, pois, como lhe cabe investigar a verdade em toda a sua amplitude, também lhe compete confrontar-se com todas as aporias. Do contrário, deve comparar-se a quem anda sem saber aonde vai”.
Comparar-se a quem anda sem saber aonde vai. Sábias palavras do Santo! Certamente, ali o Aquinate não presume que a averiguação da verdade seja extensivamente completa — pois ele parte da pressuposição de que a verdade dos entes é inesgotável na medida em que participam da inesgotabilidade do Ser divino. Em síntese, quer dizer Santo Tomás em seu comentário a Aristóteles o seguinte: o filósofo deve pôr na investigação da verdade todo o seu ímpeto e todos os seus recursos. Decompor as aporias em suas premissas fundamentais, e não descansar enquanto o erro não revelar a sua face oculta. Tal atitude distingue o verdadeiro filósofo.
Cabe dizer que tal investigação nada tem de quixotesca, pois advém da consciência de que a inteligência humana é, primordialmente, a potência para todos os inteligíveis (como se diz nesta aula). É claro que um só homem não pode atualizar todos os inteligíveis da ordem do ser, pois, para tanto, ser-lhe-ia necessário possuir um intelecto infinitamente perfeito. Não! Em Santo Tomás não há esse racionalismo idealista, essa idéia de que a razão humana pode, por um método qualquer, resolver todos os problemas... É uma posição equilibrada:. nem a quimera racionalista, de um lado, nem a boçalidade pungente de quem não quer ver o óbvio, de outro. Realismo moderado.
Postado por Adm. às 05:14
Tentando resumir a questão do método
1. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus; porém, cometeu o pecado original por meio de Adão e Eva.
2. Contudo, continuou equipado com as faculdades de: pensar, sentir, agir e comunicar-se.
3. Ele pode comunicar-se consigo mesmo, voltando-se para o seu interior e meditando sobre quem é.
4. O homem pode comuicar-se com Deus por meio dos instrumentos da Igreja.
5. A Fé lhe vem pelo ouvir, seja ouvindo literalmente, seja lendo e exercendo sua razão. Esta fé leva-o a praticar as obras exidas por Deus. Porém, antes mesmo de ter uma fé consciente, precisa ser conduzido, pela Igreja, a praticar as obras de Deus, pois isso lhe gera uma inclinação às virtudes e hábitos saudáveis.
6. A razão humana pode ser treinada para que ele aceite, inclusive, para trabalhar com o o irracional. Por exemplo: raiz quadrade dois, raiz de menos 1 e número pi. Pode-se, por analogia, aceitar a imcompreensibilidade última de Deus, porém aceitar os meios que Ele colocou à nossa disposição para conhecê-Lo de forma não exaustiva.
7. O vinho forte do Evangelho pode não ser digerível prontamente pelo iniciante. Então, pode ser necessário adicionar-lhe água para que se torne palatável. Para isso deve-se buscar apoio filósofos tais como: Sócrates, Platão e Aristóteles.
8. Santo Tomás, entendo o desafio, e partindo de Aristóteles como a expressão máxima da razão em seu tempo, procurou dar razões para a fé. Contudo, ele aceitou a Revelação como referência.
Conclusão:
Os apredendizes, de forma impaciente, como é o meu caso, tentam encurtar caminhos e criam cada vez mais confusão.
Clamemos, pois, a Deus, que nos ensine a amar e a ter fe e, assim, produzir as obras da fé.
Caro Anônimo - que eu acho que seja o Aprendiz -, há algumas imprecisões que precisamos apontar e esclarecer:
2) As faculdades básicas são a razão, a vontade e a sensibilidade. O mais decorre delas.
3) Ele pode comunicar-se consigo, numa espécie de reflexo sobre a inteligência, bem como com outros, numa espécie de interação concrecional - de cum crescior, crescer com, crescer junto.
6) Não podemos tomar a inesgotabilidade da compreensão das coisas com a sua ininteligibilidade.
As tais categorias de "irracionalidade" em matemática são metáforas, já que as "constantes" (o Pi como exemplo) são impressões inefáveis que Deus plasma na realidade para que dêem tributo ao criador aqueles que conseguem perceber até no infinitesimal o dedo da majestade Divina.
O próprio Pi, mesmo sendo "infinito", como os números primos, não o são em ato, mas potenciais, já que Ato Puro somente Deus; mesmo assim, este "infinito potencial" é perfeitamente compreendido pelo homem.
7) O vinho pode e deve ser "misturado" com a água... mas a água da sã filosofia que é serva da teologia. Mas não uma filosofia e teologia quaisquer; nem mesmo a melhor delas: a grega pagã! Somente aquela que leva a chancela da Igreja, que é a de Sto Tomás de Aquino.
8) Não é um "porém" Sto Tomás ter "aceitado" a Revelação", mas somente através dela é que o homem pode dar conta, respondendo com mansidão e sabedoria da fé depositada e confiada a nós.
Diz-se daí que a filosofia de Sto Tomás não seja um sistema, mas uma descrição do real. É um construto catedralício, com toda a sua riqueza, da Imensidão sublime que se faz presente em cada detalhe da realidade.
Com amizade; MMLPimenta
"Caro Anônimo - que eu acho que seja o Aprendiz -, há algumas imprecisões que precisamos apontar e esclarecer"
Caro MMLPimenta,
É sempre bom ter um bom professor para dirimir nossas dúvidas.
Agredacido,
Aprendiz
Ensinamos melhor aquilo que mais precisamos aprender.
Com um amplo e fraterno amplexo;
MMLPimenta
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