A coleção Patrística da Editora Paulus é extraordinária. As traduções dos documentos e Padres antigos são primorosas. São já quase trinta livros, se não me engano, traduzidos e que valem cada centavo de seu preço.
Dito isso, a nota negativa vai para a introdução (às vezes) e as notas explicativas (quase sempre) que os editores adicionam às obras. Aí se encontra todo o modo de pensar modernista que invadiu a Igreja depois do Concílio Vaticano II. É muito triste ler textos tão importantes para a nossa fé, tingidos de comentários tão demoníacos. É a Teologia da Libertação tentando reinterpretar toda a Tradição da Igreja.
Para se ter uma primeira idéia do que estou falando, reproduzo abaixo um texto da Apresentação, texto comum a todos os livros da coleção.
“Na tentativa de eliminar as ambigüidades em torno da expressão [Padre da Igreja], os estudiosos convencionaram em receber como ‘Padre da Igreja’ quem tivesse estas qualificações: ortodoxia de doutrina, santidade de vida, aprovação eclesiástica e antiguidade. Mas, os próprios conceitos de ortodoxia, santidade e antiguidade são ambíguos.” [Negritos são meus.]
Vocês entenderam, não é? Pelo que é dito acima, a Igreja não sabe bem o que é santidade, ortodoxia e antiguidade. Veja se isso não beira a heresia. Quem não sabe o significado desses termos é a Igreja do Vaticano II. A Igreja de sempre, nunca teve dúvidas de que Santo Tomás de Aquino é santo. De que o Catecismo Romano do Concílio de Trento é ortodoxo e que São Paulo viveu na antiguidade. Ora bolas!
Para dar exemplos das notas explicativas que causam tanto desprazer ao leitor, separei algumas dessas notas no texto “Didaqué: Instrução dos Doze Apóstolos” que pode ser considerado o primeiro Catecismo católico. Supõe-se que esse documento tenha sido escrito ainda no primeiro século da era cristã e, portanto, enquanto ainda viviam os apóstolos. O autor é desconhecido. O texto é muito interessante e a simplicidade de sua redação não trai a profundidade de sua doutrina. É um pequeno texto que vale a pena ser lido.
Escolhi três notas específicas que dão o sabor modernista de todos os comentários.
No que se segue, o texto do Didaqué aparece em negrito, o texto dos comentários dos editores aparece na fonte normal e os meus comentários aparecem em itálico.
5Dê a quem pede a você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Feliz aquele que dá conforme o mandamento, porque será considerado inocente. Ai de quem recebe: se recebe por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebe sem ter necessidade, deverá prestar contas do motivo e da finalidade pelos quais recebeu. Será posto na prisão e interrogado sobre o que fez; e daí não sairá até que tenha devolvido o último centavo. 6 A esse respeito, também foi dito: Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba para quem a está dando. (1:5-6)
Sobre o versículo 6: Não basta ajudar materialmente o necessitado para desencargo de consciência. É preciso entrar em comunhão, participando de toda a situação do pobre, porque nem sempre a ajuda material é o aspecto mais importante. O grande desafio é acabar com a pobreza, e não simplesmente conservar os pobres como ocasião de fazer caridade.
Primeiramente, observemos a sabedoria do Didaqué. O texto anuncia o preceito: dar a quem te pede sem pedir de volta. Depois o texto admoesta quem pede, para que se peça quando se precisa: “ai de quem recebe ...”. E finalmente, anuncia a responsabilidade de quem dá: “que sua esmola fique suando em suas mãos” antes de dá-la a qualquer um. Ou seja, tanto quem dá, quando quem recebe, tem responsabilidades no ato. Quem recebe, tem de ser necessitado e quem dá tem de se certificar de que está dando a que necessita.
Agora, vamos aos lamentáveis comentários da edição da Paulus. O que salta aos olhos no comentário é: “o grande desafio é acabar com a pobreza”. Ora, desde que o mundo é mundo apenas um tipo de indivíduo prometeu acabar com a pobreza. Foi o comunista que, em nome do extermínio da pobreza, exterminou muito mais de 100 milhões de pessoas. Lembremos aqui as palavras do próprio Cristo: “Pobres sempre os terei entre vós, porém a Mim nem sempre tereis”(Jo. 12:1-9).
11Quanto a vocês, servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus. (4:11)
O versículo 11 mostra que as comunidades nascentes ainda não tinham consciência de que o Evangelho exige transformações estruturais para acabar com a desigualdade e a exploração.
Percebam a malícia desse comentário. O que o comentador quer dizer é que o autor do Didaqué era um ingênuo. Ele não sabia que devemos mudar as estruturas sociais e políticas, desrespeitando quem quer que seja para isso. Ele não sabia também que o Evangelho demanda tal coisa. Ora, o comentador não leu, ou não entendeu, São Paulo, que disse: “Servos, obedecei aos vossos senhores temporais, com temor e tremor, de coração sincero, como se fosse a Cristo; não servindo só quando sois vistos, como para agradar aos homens, mas fazei-o como servidores de Cristo”(Ef. 6:5)
O Catecismo Romano (mandado publicar pelo Concílio de Trento) determina, quando fala sobre o quarto mandamento da lei de Deus, que: “Devemos, no entanto, honrar não só aqueles que nos deram a vida, mas também os que merecem o nome de pais, como são os Bispos, sacerdotes, reis, príncipes, magistrados, tutores, curadores, mestres, educadores, anciãos e outras pessoas de igual condição”.(III V 13)
Qual é o limite dessa obediência? Bem, o limite está nas Escrituras: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens”(At. 5:29). Assim, se qualquer um dos que merecem nossa obediência nos ordenar coisas contrárias à lei de Deus, devemos desobedecer.
Para o comentador revolucionário, o autor desconhecido do Didaqué, São Paulo e os Bispos do Concílio de Trento eram todos uns ingênuos. O esperto mesmo é o comentador modernista e malicioso da edição da Paulus.
1Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro. 2Aquele que está de briga com seu companheiro não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado. (14:1-2)
A Eucaristia é a celebração da fraternidade. Para que ela não seja profanada no seu significado profundo, exige-se reconciliação, não só no momento do culto, mas na vida concreta.
O comentador, depois de se mostrar comunista e modernista, agora se revela blasfemador. Afirmar que a Eucaristia é a celebração da fraternidade é blasfêmia! Vejamos o que o Catecismo Romano nos diz da Eucaristia. “Entre todos os Sagrados Mistérios que Nosso Senhor e Salvador nos confiou, como meios infalíveis para conferir a divina graça, não há nenhum que possa comparar-se como o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. (...) Além disso, essas palavras [da consagração do vinho] exprimem certos efeitos admiráveis do Sangue derramado na Paixão de Nosso Senhor, efeitos que estão na mais íntima relação com este Sacramento. O primeiro é o acesso à eterna partilha, cujo direito nos advém da ‘nova e eterna aliança’. O segundo é o acesso à justiça pelo ‘Mistério da fé’; porquanto Deus nos propôs Jesus como vítima propiciatória, mediante a fé em Seu Sangue, para que ele mesmo seja justo e justifique a quem acredita em Jesus Cristo. O terceiro é a remissão dos pecados.”
O Catecismo Romano, que o comentador parece não conhecer, devota 40 páginas ao Sacramento da Eucaristia. E o nosso comentador diz simplesmente que é a “celebração da fraternidade”. Ora essa! Isso é ou não é blasfêmia? Celebração de fraternidade é quando eu convido amigos para saborear comigo um churrasco em minha casa! Tenha mais respeito com o sacrifício de cruz que o Filho de Deus sofreu por nós!!
O que eu posso dizer como conclusão é: leiam a coleção Patrística da Editora Paulus, mas não leiam nem a Introdução a cada uma das obras, nem as notas explicativas
13 comentários:
Eee professor, parece até que o senhor adivinhou que eu comecei a ler um dos livros dessa coleção (Volume 12 - Graça).
Vou seguir o seu conselho.
Abraço.
Salve Maria
Achei ótimo o seu blog professor Antônio, não conhecia e para dizer a verdade penso ser o melhor que já visitei, comecei a ler alguns textos e cheguei a conclusão que encontrei um blog que valha a pena ser lido, gostaria com a sua permissão de postar alguns desses textos no orkut em minhas comunidades, colocando link para seu blog.
Pax et bonum
Por isso que prefiro dar algum dinheiro a alguém que me pede na rua, do que contribuir para o criança esperança, onde o dinheiro vai pra ONU, onde o secretário geral mora com todas as despesas pagas pela organização. Não é grande coisa o que faço, mas ajudar é sempre ajudar.
Caro Leandro,
Salve Maria!
Você pode difundir todos os textos do blog, exceto aqueles que traduzo com permissão de outros. Há algumas traduções assim. Mas quase todos os textos, ou são meus ou traduções de obras no domínio público.
Deus lhe pague pelas palavras a respeito do blog.
Um abraço. Antônio Emílio.
Caro Marcelo,
Dar esmola é uma coisa muito séria. Eu também não faço nenhuma doação para essas campanhas gigantescas e midiáticas.
A esmola na rua, no contato com o pobre, no olho no olho, é muito mais autêntica. Continue no seu caminho.
Que Deus lhe abençoe.
Antônio Emílio.
Professor,
Queria agradecer e apoiar o seu trabalho primoroso, que tanto tem iluminado meus pensamentos. Até a pouco tempo atrás pra mim parecia que a Igreja só tinha uns 50 anos de história. Hoje cada vez mais minhas idéias se clareiam e sinto o solo mais firme. Abraços
Até o momento pude ler somente dois livros dessa coleção, e, infelizmente, tenho de concordar com seu post. Na Introdução à História Eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia, chegam a escrever, à moda protestante, contra as imagens!
Creio que foi em La Sallete que Nossa Senhora disse que "santos" seriam ressuscitados e ensinariam doutrinas erradas. A pastorinha que nos transmitiu a mensagem entendeu que andariam pelo mundo corpos semelhantes aos dos santos mortos, mas movidos pelo demônio... Pergunto-me se a Virgem não se referia aos arqueologismos, à "retomada" da Patrística que na verdade a deturpa e as outras coisas do gênero que temos visto...
Mas afinal qual a proposta do cristianismo para acabar com a miséria? No Livro dos Atos dos apostolos está bem claro que a Igreja vivia em comunhão de bens. Certo, Pedro reconhece o direito a propiedade de Ananias e Safira. Mas porque ele mentiu e não tudo mas só uma parte do que tinha? Por certo que isso mostraria apego aos bens materiais e seria visto como egoismo pelos irmãos na fé. Não temos apenas cristãos pobres. Temos irmãos em Cristo que vivem na miseria absoluta. E o que fazem os cristãos fervorosos? Dão esmolas. Esmola não muda a vida de ninguem que não tem casa, roupa e comida e que vive nas ruas. Não sou comunista. Não sigo Marx e até ouso afirmar: Deus permitiu o surgimento do comunismo pra castigar os cristãso pelo seu egoismo e sua falta de amor ao seus irmãos em Cristo. Não é cristão o capitalista que explora o suor de seus empregados e se farta mais e mais de luxo e em propriedades. Santo Antonio de Padua e São Tiago ameaçavam os ricos egoistas e indiferentes a situação economica em que vivem os pobres. Em fim nenhuma civilização poderia se denominar cristã deixando milheres de irmãos na fé viverem na miséria.
Caro,
O Catolicismo não é uma doutrina econômica, nem tampouco prega ter a solução para a miséria do mundo. O que a Igreja tem dito há dois mil anos é que ela é a única via de salvação das almas e só. Se a alma for de um rico, de um pobre, de um doente ou de um atleta, pouco importa.
É verdade que o rico enfrenta muito mais dificuldade que o pobre no caminho da salvação, mas não esqueçamos vários exemplos de poderosos que foram muito mais humildes que qualquer pobre. Um exemplo disso foi São Luiz. Lembremos também que quem conseguiu o corpo de Jesus depois de crucificado, para enterrá-lo, foi um homem muito rico, que era discípulo de Jesus: José de Arimatéia.
Sim, nós católicos damos esmolas, mas não só. A Igreja tem umas 10.0000 instituições de caridade espalhada pelo planeta sob a coordenação geral do papa. A caridade é a lei que nos leva ao Céu. Amar ao próximo por amor a Deus. Deus caritas est.
Antônio Emílio Angueth de Araújo.
Mas os apostolos viviam em comunhão de bens. As ordens religiosas vivem em comunhão de bens e por isso não há necessitados entre eles. Isso não é uma respsota economica ao egoismo de muitos? E muito comodo para os ricos deixar que os pobres se contentem só em salvar suas almas. Por isso que defendemn tanto, com unhas e dentes a propriedade pela proeiedade e sã ocontra a qulquer forma de partilha. Tudo que parece com comunhão é taxado logo de comunismo. Mas o proprio Jesus disse que a Vida de um homem não está nos bens que possui e ensinou o despego e a partilha. Se não fosse assim os apostolos não teriam vivvido em comunhão de bens no inicio. O que considero errado e ser contra a qualquer intefrencia de Igreja em favro de denunciar a miseria e a exploração dos pobres. Os pobres não tem só necessidades eles tem direitos que não são respeitados e deveria decorrer da nosssa fé em Cristo tornar realdiade isto: "Não havia necessitados entre eles..." Ninguem considerava seu os bens que possuiam mas tudo era comum..." Não precisamos de Marx para vivenciar isso. Precisriamos de uma verdadeira adesão aos ensinamentos de Jesus. Só isso.
Reflexões diárias (sobre o quê?)
Vê-se logo que o senhor é um comunista disfarçado de católico. Vá procurar um partido comunista, pois católico o senhor já não é há muito tempo. Aliás, é de se perguntar: o senhor conhece o decreto contra o comunismo de Pio XII (Decretum Contra Communismum? O senhor está automaticamente excomungado da Igreja. E isso não precisa de bispo declarar. O senhor sabe que a Igreja sempre defendeu a propriedade privada, não com argumentações econômicas, mas com argumentações morais? O senhor sabe que isso está no Catecismo da Igreja? O senhor sabe distinguir uma análise econômica sob o ponto de vista moral e sob o ponto de vista científico moderno? O senhor já leu São Bernardino de Sena?
E por fim, o senhor é sim marxista, pois só um marxista diria “Não precisamos de Marx para vivenciar isso. Precisriamos (sic!) de uma verdadeira adesão aos ensinamentos de Jesus.” Eu poderia lhe fornecer uma série de exemplos dos Evangelhos onde a propriedade privada é defendida, começando pelo “Daí a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. Em Paulo ela é até exaltada. Mas não vou fazê-lo, porque o senhor não tem dúvidas. O senhor tem uma agenda e isso é o que acontece com todos os seguidores da teologia da deformação. Se o senhor quiser se tornar católico novamente, se o senhor quiser aprender a verdadeira doutrina católica, escreva-me. Se for para apresentar sua agenda, não me escreva mais, pois não será publicado.
Antônio Emílio Angueth de Araújo
Caro Prof Angueth,
Peço-te que fale sobre essa defesa da Igreja à propriedade privada. Ao contrário do "REFLEXÕES DIÁRIAS", tenho dúvidas. Gosto muito do seu 'jeito' de explicar (Lembra-me Chesterton). Parabéns pelo Blog.
Caro Karl,
Obrigado pelo imerecido elogio. Há váriados documentos da Igreja defendendo a propriedade privada. Você pode pegar, por exemplo, o Catecismo da Igreja Católica nos itens 2402-06, 2409, 2411 e 2452.
Vou citar o item 2, Parte I, da Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII, cujo título é: A Propriedade Particular é de direito Natural. Diz o grande Papa (o português do trecho é de Portugal):
"Uma consideração mais profunda da natureza humana vai fazer sobressair melhor ainda esta verdade. O homem abrange pela sua inteligência uma infinidade de objectos, e às coisas presentes acrescenta e prende as coisas futuras; além disso, é senhor das suas acções; também sob a direcção da lei eterna e sob o governo universal da Providência divina, ele é, de algum modo, para si a sua lei e a sua providência. É por isso que tem o direito de escolher as coisas que julgar mais aptas, não só para prover ao presente, mas ainda ao futuro. De onde se segue que deve ter sob o seu domínio não só os produtos da terra, mas ainda a própria terra, que, pela sua fecundidade, ele vê estar destinada a ser a sua fornecedora no futuro. As necessidades do homem repetem-se perpetuamente: satisfeitas hoje, renascem amanhã com novas exigências. Foi preciso, portanto, para que ele pudesse realizar o seu direito em todo o tempo, que a natureza pusesse à sua disposição um elemento estável e permanente, capaz de lhe fornecer perpetuamente os meios. Ora, esse elemento só podia ser a terra, com os seus recursos sempre fecundos. E não se apele para a providência do Estado, porque o Estado é posterior ao homem, e antes que ele pudesse formar-se, já o homem tinha recebido da natureza o direito de viver e proteger a sua existência. Não se oponha também à legitimidade da propriedade particular o facto de que Deus concedeu a terra a todo o género humano para a gozar, porque Deus não a concedeu aos homens para que a dominassem confusamente todos juntos. Tal não é o sentido dessa verdade. Ela significa, unicamente, que Deus não assinou uma parte a nenhum homem em particular, mas quis deixar a limitação das propriedades à indústria humana e às instituições dos povos. Aliás, posto que dividida em propriedades particulares, a terra não deixa de servir à utilidade comum de todos, atendendo a que não há ninguém entre os mortais que não se alimente do produto dos campos. Quem os não tem, supre-os pelo trabalho, de maneira que se pode afirmar, com toda a verdade, que o trabalho é o meio universal de prover às necessidades da vida, quer ele se exerça num terreno próprio, quer em alguma parte lucrativa cuja remuneração, sai apenas dos produtos múltiplos da terra, com os quais ela se comuta. De tudo isto resulta, mais uma vez, que a propriedade particular é plenamente conforme à natureza. A terra, sem dúvida, fornece ao homem com abundância as coisas necessárias para a conservação da sua vida e ainda para o seu aperfeiçoamento, mas não poderia fornecê-las sem a cultura e sem os cuidados do homem. Ora, que faz o homem, consumindo os recursos do seu espírito e as forças do seu corpo em procurar esses bens da natureza? Aplica, para assim dizer, a si mesmo a porção da natureza corpórea que cultiva e deixa nela como que um certo cunho da sua pessoa, a ponto que, com toda a justiça, esse bem será possuído de futuro como seu, e não será lícito a ninguém violar o seu direito de qualquer forma que seja."
Ou seja, a propriedade particular faz parte do direito natural, aquele direito, que ao contrário do direito positivo criado pelos homens, é criado por Deus. Vem de Deus a garantia da legitimidade da propriedade particular.
Fique com Deus, Karl.
Antônio Emílio Angueth de Araújo
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