20/05/2018

Ainda a minha conversão: resposta a um leitor

Recebo um comentário ao post Insignificante história da minha conversão. O leitor se chama Eduardo e diz o seguinte:

Conversão também pela graça de Nossa Senhora, creio eu, mas estranha-me que dois pensadores diferentes como Olavo (modernista e perenialista) e Fedeli (tradicionalista) tenha influenciado o ilustre. Aliás, este sempre combateu os erros daquele.

Minha resposta é a seguinte.

1. Sim, toda conversão nos vem através de Nossa Senhora, a Medianeira de todas as graças, como, aliás eu faço constar na primeira frase do post. Estamos aqui de acordo.

2. A oposição Olavo X Orlando não é nova aqui no blog. Convido aos leitores a consultar, pelo menos, os seguintes post: Orlando Fedeli e eu, Olavo de Carvalho e euOlavo sobre Orlando, meus dois grandes professores, com seus respectivos comentários. Também não é novo que alguém se admire de meus mestres e das citação do blog; veja, por exemplo, Leitor não entende as citações tão ecléticas do blog. Blog responde. 

Parece que este modesto blogueiro tem a propriedade de causar espanto a alguns de seus leitores. O leitor Eduardo qualifica o Olavo de modernista e de perenialista. Imagino que o leitor esteja usando os termos nos seguintes sentidos: modernista com o sentido que São Pio X deu ao conjunto das heresias que ataca hoje a Igreja; e perenialista com o sentido de seguidor de Guénon e Schuon. 

Quem conhece a opinião do Olavo sobre as principais figuras do modernismo do século XX (Karl Rahner, Henri de Lubac, Yves Congar) e de muitos outros modernistas ilustres, sabe que não é verdade que ele seja modernista. Não estou defendendo o Olavo de nada, ele não precisa disso. Só estou registrando um fato.

Se ele for seguidor de Guénon e Schuon (admitamos por hipótese), ele é um péssimo perenialista. Não conheço ninguém que critique mais esses dois do que o Olavo. E ele não poupa palavras: embusteiro, enganador, confuso, trapaceiro, etc. Se ele estiver fazendo apostolado perenialista, temos o exemplo do pior apóstolo do mundo. 

Com relação ao Orlando Fedeli, Eduardo o chama de tradicionalista, termo que ele nunca aceitou lhe fosse dado. Quando alguém o chamava de católico tradicionalista e imediatamente respondia: eu sou católico apostólico romano, sem mais adições. 

Essa coisa de usar rótulos e colá-los a pessoas é coisa muito comum entre nós, mas é sempre uma tentativa ingênua de se mostrar sabichão. Antes de rotular pessoas tão importantes quanto Olavo e Orlando, é preciso conhecer um pouco o pensamento de cada um, é preciso meditar sobre a complexidade da personalidade deles, é preciso ler o que escreveram e é preciso entender o drama humano que cada um de nós vive, depois da Queda. 

3. Para mim, nem Olavo nem Orlando são oráculos com nota de infalibilidade. Apesar da imensa admiração que tenho pelos dois, apesar da imensa dívida que tenho com os dois, não tenho a menor tendência a encarar qualquer palavra deles como uma ordem a ser cumprida. Já vivi demais, já li demais, para ser tão pueril, para ser tão simplista. 

4. Sobre os meios auxiliares de conversão, tenho uma história surpreendente de um amigo que se converteu lendo Leonardo Boff. Assim, não entendo a supresa do leitor de que eu tenha primeiramente me (re)convertido pelas mão de Olavo e Orlando que, convenhamos, são infinitamente superiores aos Boff's da vida.

Finalmente, agradeço ao Eduardo por me dar a oportunidade de elucidar, uma vez mais, esta questão, tão cara a alguns leitores, de Olavo X Orlando que, para muitos, se assemelha a uma partida de futebol.

2 comentários:

Roosevelt Maria de Castro disse...

Salve Maria! Minha conversão foi lendo Nietzsche, Rousseau e Voltaire.

Unknown disse...

Minha conversão foi do nada, a Jesus Cristo. Foi ouvindo a palavra de Deus durante uma missa.