11/04/2012

Reposta a um leitor alheio.


Que me desculpe o amigo Ferreti
A grande pretensão,
De responder um leitor do Fratres
Num blog sem expressão.

 O Sr. Robério defendeu bravamente Dom Saburido, de um suposto ataque injusto que o bispo sofreu, num post, de minha lavra, que o FratresInUnum publicou. Ele prometeu fazer o mesmo comentário aqui no blog, mas não o fez. Então resolvi respondê-lo assim mesmo.

O comentário do Sr. Robério é muito longo, fala de tudo e puxa a orelha do autor do post: “Aprendi, certa vez com um sábio (um frater) que antes de citarmos um pensamento da Bíblia, de um santo ou de um místico em nosso discurso em correção à ou repudio a atitude de outrem; devemos antes viver com coerência, autenticidade o evangelho de Jesus e aquilo que acabamos de afirmar no pensamento que acabamos de expressar.”

Pois é, Sr. Robério, o senhor aprendeu uma coisa errada, infelizmente. As coisas não se passam assim. Se para falar de virtude tivéssemos de ser virtuosos, não falaríamos deste assunto. Se para afirmar verdades católicas, tivéssemos de vivê-las todas, não poderíamos ensinar nem o catecismo para crianças. Mas as coisas não se passam assim nem com o senhor, nem com o seu comentário. Por exemplo, o senhor nos diz: “Recordo-vos de vivenciar durante toda a nossa vida aqui na terra a caridade, principalmente durante este período em que Celebramos o mistério maior de nossa fé.” Com isso o senhor está afirmando que vivencia, aqui na terra, a caridade em todos os momentos?

O senhor me parece um homem de boa vontade, sem dúvida! Mas está encharcado de ideias modernistas que infelizmente lhe tolhem o raciocínio. Por exemplo, o senhor diz que Ubi episcopus, ibi ecclesia. Será mesmo? Seguindo este critério o senhor seria ariano com Ário, no século IV, seria jansenista com os bispos jansenistas no século XVII e hoje negaria o dogma Extra Ecclesiam nulla sallus com Dom Luiz Bergozini. O senhor hoje concordaria e seguiria Dom Paulo Sérgio Machado que diz: “Espiritismo: teoria ou religião? Para mim, perguntar se um espírita pode ser católico é o mesmo que perguntar se um evolucionista ou capitalista também pode. Ou, para ser mais radical, um corintiano pode ser católico? Ou, então, um católico pode ser corintiano? Não só pode, como deve.” Todos esses são bispos da Igreja e, contudo, não representam a Igreja ou a Tradição. Alguns inclusive defendem ideias integralmente heréticas.

Mas voltemos a Dom Saburido, que conta com seu total apoio. Bem, Frei Caneca foi maçom e um grande admirador da Revolução Francesa. Bastava isso para que um bispo devotado à Igreja de Cristo não aceitasse associar seu nome ao deste frei. Aceitar uma medalha cujo patrono é tal indivíduo é um insulto a Nosso Senhor. Sinto muito que o senhor possa ficar triste. Triste fico eu! O senhor imaginaria Santo Atanásio aceitando uma “Medalha do Mérito Eucarístico Dom Ário” do Imperador Romano? O senhor imaginaria Santo Tomás de Aquino recebendo uma “Medalha do Mérito Filosófico Singer de Brabante”, ou Simon de Montfort, uma “Medalha do Mérito Sacerdotal Conde Raimundo IV”? Pois é, mas Dom Saburido recebeu, gostou e agradeceu a “Medalha do Mérito Democrático Frei Caneca” e este é o problema. Nessa ação, o bispo esteve lá, mas lá não estava a Igreja.

O senhor observa já sem muita paciência: para que falar da Regra de São Bento. Ora, o bispo tem as três letrinhas no nome: OSB. E um religioso da Ordem de São Bento não pode compactuar com a maçonaria e Revolução Francesa.

Dom Saburido tem, há muito tempo, despertado o olhar de católicos bem perspicazes de seu estado. Veja aqui a carta de um deles, endereçada ao bispo medalhado.

Caro Sr. Robério, a unidade da Igreja é a unidade da Fé. Esta unidade depende da Regra da Fé e regra da Fé verdadeira é a de São Vicente de Lerins: “quod ubique, quod semper, quod ab omnibus.” Este santo dizia no século V: “Na Igreja Católica é preciso pôr o maior cuidado para manter o que se crê em todas as partes, sempre e por todos. Eis o que é verdadeira e propriamente católico ...” [Comonitório, Cap. II, Editora Permanência, 2010]. Assim, toda vez que um bispo afirmar algo fora da Regra da Fé, não posso segui-lo, por mais que isto o entristeça. E por isso, escrevi o post que tanto o desgostou.

6 comentários:

A. Carlos disse...

Recordar é viver: http://br.youtube.com/watch?hd=1&v=1UxMM-n9GQs

Robério Siqueira de Mello disse...

Eu, Robério Siqueira de Mello, leitor 'alheio' não responderei de forma incisiva a esta postagem deste blog, pois não vejo uma argumentação convincente, e fundamentada na verdade.
Quero lhe dizer que não sou alheio, conforme o termo no dicionário da língua portuguesa, pois alheio é ‘aquele que nada tem haver com o assunto de que se trata’, penso que, como cristão católico e pertencente do rebanho de Olinda e Recife, devo demonstrar, através de meu discurso o que tenho como verdadeiro. Não sou alheio ao assunto, pois estive presente a tal solenidade de entrega do prêmio, como acompanho de perto a vida desta Arquidiocese. Percebendo como o nossa amado arcerbispo, Dom Fernando Saburido se dedica de corpo e alma para guiar o seu rebanho, contribuindo na construção do Reino de Deus. Creio que o bispo deve ser amados por todos, inclusive pelo seu próprio rebanho. O código de direito canônico é bem incisivo, quando fala no seu capitulo segundo dos bispos, ou seja, continuo a afirmar aquilo que a Igreja já disse: a escolha de um bispo, por Sua Santidade o Papa, é a ação do próprio Espírito Santo.
Can. 375 § 1. Episcopi, qui ex divina institutione in Apostolorum locum succedunt per Spiritum Sanctum qui datus est eis, in Ecclesia Pastores constituuntur,(...) .
Can. 375 § 1. Os bispos que, por divina instituição, sucedem aos Apóstolos são constituídos pelo Espírito que lhes foi conferido, pastores na Igreja (...).
Por isso, digo que foi vontade de Deus a nomeação de Dom Fernando a frente desta Igreja particular, quem sou eu para questionar os desígnios de Deus agindo pela sua Igreja.

Robério Siqueira de Mello disse...

É isto que acredito, é isto que professo: É com a Igreja, é com o Papa (Bento XVI) e seus ensinamentos, é com o Bispo local (Dom Fernando Saburido), que através de sua consagração recebeu o múnus de santificar, ensinar e governar. É com estes ideais, é com esta fé que caminho, é esta a fé que pertenço e professo.
Vejo que o senhor leu o meu comentário, e me alegro, pois assim o senhor saberá que há uma pessoa que diverge do seu pensamento (para não dizer inúmeras). Espero que tenha ficado algum ensinamento, se não para você, pelo menos que fique para outros. É triste perceber, que o senhor não concorda que: ‘fala com propriedade aquele que vive com virtude’. Creio que o verdadeiro ensinamento, parte primeiro de nosso testemunho. Assim fez Jesus Cristo, assim fizeram os santos, assim também nós devemos fazê-lo ou busca-lo fazer. O que faz um homem não é suas palavras, mas as suas ações!
Em resposta a sua pergunta: “Com isso o senhor está afirmando que vivencia, aqui na terra, a caridade em todos os momentos?” Sim, meu caro, busco vivenciar a caridade, se você não busca então que adianta receber o nome de cristão? Falei da caridade, porque a caridade deve nos impulsionar sempre, Jesus ensinou isso primeiro, não eu. Penso que nós já sabemos disso muito bem.
Ao escrever aquele texto, no qual expressei meu repudio as suas palavras, a sua atitude o fiz com toda boa vontade, ou melhor dizendo como santo agostinho: a boa vontade é a que nos faz viver com retidão. Se tem ideias modernas (dos tempos atuais), pois não sei em qual sentido você usou o termo tendencioso “modernista”, para mim o termo moderno para mim é aquilo que é hoje (hodierno).
É este hoje que vivemos que a Igreja se faz presente. A tradição é conservar a essência, e não a superficialidade (Fujo dos” ismos e istas” que limitam o sujeito). E a Igreja, o fez e o faz ao longo dos séculos, Olinda e Recife, como pertencente ao Corpo Mistíco de Cristo não se afasta da Tradição, do Magistério da Igreja, de Pedro. Mas, se mantém unida como “Um só coração e uma só alma”. Às vezes, meu caro senhor, nós que somos rebanhos de Cristo, é que nos afastamos desta unidade. Nós, através de nossas pretensões e desejos humanos, às vezes até sem perceber, queremos assumir o lugar de pastores, seguindo as nossas próprias interpretações, os nossos interesses, seguindo nossos próprios métodos. Que vivamos mais este termo: Unidade. Esta unidade que é proveniente da Trindade, Comunidade Una de Amor.
Gostaria de lembrar aqui, que ação da Igreja conduzida pelo Espírito Santo é dinâmica. O próprio Espírito e sua ação são ‘dynamus’ (do grego, significa: movimento intenso, dinamismo, explosão), é neste movimento que a Igreja é conduzida ao longo dos séculos, sendo guiada e sustentada no vento do Espírito Santo de Deus. A Igreja não é externa a realidade, exterior a uma cultura ou a uma época, mas sempre moderna inserida nos tempos atuais, se atualiza é isto que nos diz o Concílio Vaticano II, os padres conciliares. É o encontro da Igreja com o mundo atual. Sugiro até que leia um dos documentos do Concílio, para ser mais exato, a quarta das constituições, que traz um texto riquíssimo e admirável, uma verdadeira ‘constituição pastoral’ voltada para o mundo de hoje.
Aproveito aqui o ensejo de ter falado de tal documento da Igreja, para sugerir, principalmente agora, que estamos vivenciando as comemorações do 50º aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), a leitura e reflexão dos textos do concílio que nunca se esgotarão.

Robério Siqueira de Mello disse...

Mas continuemos o nosso ‘diálogo de opiniões que se divergem’, quando você me diz: “Mas está encharcado de ideias modernistas que infelizmente lhe tolhem o raciocínio. Por exemplo, o senhor diz que Ubi episcopus, ibi ecclesia.” ’ Ora, meu caro, nesta frase não existe nada de modernista, mas é uma afirmação antiga de um santo proclamado pela Igreja – Santo Inácio de Antioquia. Peço que releia o que escrevi, ou melhor, sugiro que leia os escritos deste Santo Bispo, possa ser que tais escritos lhe abra a uma nova mentalidade.
Tais bispos que você citou se afastaram de Petrus (Pedro), e construíram seu alicerce fora de Jesus Cristo, diferentemente de nosso bispo que segue o exemplo do Bom Pastor e a comunhão com sua Igreja. Garanto a você que ele conduz suas ovelhas e protegendo-as, se preocupando com todas, sem exceções. Este ultimo, que você erroneamente ao me pré-julga, dizendo que eu concordaria e seguiria: não o conheço, não sei de seus pensamentos, mas discordo claramente disto que você disse que ele disse, se ele tem tal pensamento não o seguiria. Que argumento ardiloso esse seu, diria até que é tendenciosa, e inconsistente tais comparações, pois estes a nada se assemelha ao nosso pastor.
Mas eu tenho muito receio de suas afirmações, são verdadeiras armadilhas como aqueles discursos que queriam colocar Jesus a prova, dos fariseus e doutores da lei. Referente à entrega da medalhada e a pessoa de Frei Caneca já conhecer bem a minha opinião. Lembro que tenha cuidado com o seu ato de julgar, com as suas medidas.
O Arcebispo que tenho a plena certeza que você não o conhece (deveria buscar conhece-lo), se o conhecesse talvez não elaboraria um falso juízo em seus comentários maldosos. Esses ‘olhares perspicazes’ não são olhares que provém de uma ação de Deus. Que Deus volte para nós o seu olhar, nos dê a paz e nos fortaleça na caridade, é este olhar que nós de Olinda e Recife, e que o seu Arcebispo precisamos. Todos nós somos convidados a viver a unidade, trabalhemos juntos para isso. Somos uma só Igreja, vivenciamos um só batismo, professamos uma só fé!
Dispenso os seus termos, ou falsos elogios que me faz. Vejo que o senhor é um bom retórico, falacioso e com falsa modéstia (Num blog sem expressão.), pelo menos na parte inicial do seu discurso, porém um texto evasivo, sem conteúdo ou verdade. Suas palavras são superficiais. Repudio e vou continuar repudiando a sua atitude. Não sou indiferente como tantos católicos, busco uma fé fundamentada e uma verdadeira unidade na comunidade cristã católica!

Robério Siqueira de Mello disse...

Não revogo uma só ideia, ou uma palavra do que escrevi no outro comentário, ou pequeno discurso. Peço desde já, desculpas pelos erros ortográficos deste. Não publiquei aqui, primeiramente porque foi lá que li o seu artigo; e segundo porque penso ainda mais hoje, que seja falta de tempo. Respondi no Frates mesmo. Não respondi antes, pois ainda não tinha tomado conhecimento. tomei conhecimento deste artigo que o senhor me dirigiu hoje mesmo, por volta de 01:00, por um leitor do Frates. Do mais, que não sejamos alheios (ignorantes) à realidade, ou isolemos textos e contextos, porque uma coisa é ser desconhecedor outra é querer ser desconhecedor, uma coisa é contribuir para a promoção do Reino de Deus, outra é a promoção do nosso Reino pessoal. A Igreja não é nossa, mas de Cristo! E o Espírito que ele soprou sobre os apóstolos age como Ele quer, conforme a sua vontade!
Volto aqui a colocar um trecho do Pe. Zezinho, cujo tenho profunda admiração:
“Gosto da coragem dos papas e dos bispos que não têm medo de dizer o que deve ser dito e conseguem dizê-lo de um jeito diplomático e humano. Diria muito mais, mas foi um pouco do que eu disse!”
Recordo também mais uma vez com as palavras do Santo Padre, Bento XVI:
“A doutrina católica ensina que o Bispo é princípio e fundamento visível da unidade na Igreja particular, confiada ao seu ministério pastoral”.
Parabéns Dom Fernando, conte sempre comigo e com minhas orações, pois foi a ti que Jesus através de Pedro (Bento XVI) confiou esta missão, de conduzir o Seu rebanho.
Peço que reze por mim, para que eu busque viver o evangelho de Jesus e esteja em comunhão com a Igreja fundamentada sobre a Rocha, sobre Pedro, e sobre os apóstolos, sempre buscando caminhar na caridade e unidade com sua Igreja.
PAX ET BONUM!
Robério Siqueira de Mello

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Resposta ao Sr. Robério aqui.