14/02/2011

Leitor pergunta sobre as 5 solas do protestantismo

O leitor Daniel Coelho pergunta: “Prof. é com muito respeito que entro neste espaço e peço que comente sua posição sobre as 5 Solas do protestantismo”. Seu cometário completo pode ser lido aqui.

Daniel, respondo parcialmente sua pergunta; comento sobre a sola scriptura, que é a doutrina segundo a qual a Bíblia contém tudo que é necessário para a salvação, além do detalhe de que qualquer um pode interpretá-la como desejar.

Aqui já há uma ilogicidade, pois a Bíblia, com a interpretação particular de cada um, não seria única. Mas a coisa fica pior se considerarmos que se fosse verdade que a Bíblia contivesse o necessário e o suficiente para nossa salvação, a doutrina da sola scriptura teria de estar contida na Bíblia, o que não é verdade. Seria de se esperar que Jesus Cristo nos tivesse alertado para isto, tivesse dito aos apóstolos que ensinassem a sola scriptura e o livre exame. Por que razão Jesus Cristo esperaria 16 séculos para iluminar a humanidade com o verdadeiro caminho da salvação? Por que, nestes 16 séculos, Jesus deixou que os maiores pensadores da humanidade, os maiores filósofos, os maiores santos, os melhores homens e as mulheres, fossem enganados e pensassem que o Depósito da Fé era uma parte importante de nosso caminho para a salvação?

A sola scriptura e o livre exame só nascem da mente doentia de Lutero, Calvino e tutti quantti porque estes objetivavam destruir a Igreja de Cristo. Muita gente gostou da coisa, pois isto lhes livraria do peso das responsabilidades morais que a autoridade da Igreja impõe a cada um de seus fiéis. Podendo-se interpretar a Bíblia ao bel prazer, pode-se fazer tudo que se desejar. É o vale-tudo doutrinário-religioso que destrói, na mente de milhões, o conceito de verdade objetiva, criando a mais funesta das filosofias que é o kantismo. Pois se a Verdade mais alta que Deus nos quer ensinar é interpretável livremente por cada um de nós, qualquer outra verdade vem com o selo do relativismo muito mais evidente. Do relativismo escritural ao relativismo moral é só um pulo. Deste para todo tipo de licenciosidade comportamental é um pulinho. E assim foi formado o mundo moderno. Um exemplo nojento de que as pessoas (e pessoas importantes) preferem acreditar em inverdades apenas para não acreditar na Lei Moral que Deus nos ensinou pode ser visto aqui.

Esta é, resumidamente, a historinha da funesta sola scriptura e suas conseqüências.

68 comentários:

Wendy A. Carvalho disse...

Querido Angueth,

Eu acho que há alguma coisa errada aí. Vou tentar expressar...

1 - O princípio Sola Scriptura não é a doutrina segundo a qual a Bíblia contém tudo para a salvação. Mas sim, o princípio segundo o qual a Bíblia sozinha ENSINA tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Se o protestante diz que o Sola Scriptura contém tudo para sua salvação, ele automaticamente descrê a doutrina da Graça, que é outro Sola. Sim! Pois se é necessário ler a Bíblia para ser salvo, a própria Graça deixa de ter sentido, pois Graça é favor imerecido, ou seja, Deus dá a quem Ele quer. Esse dom não é pra o que quer ou para o que corre, mas para quem Deus se compadece de dar. Se eu só sou salvo examinando a Bíblia, eu tive méritos, logo não foi gratuito (de Graça). Mas se eu sou analfabeto, tenho fé e amor pelo Senhor, recebi Graça e fui Salvo por Ele. E o mérito é dEle. Agora, isso não quer dizer que quem lê a Bíblia não terá Graça, é claro. Há salvação tanto para leitores da Bíblia, quanto para quem apenas ouviu o Evangelho e para tantos quanto Deus queira dar salvação.

2 - Outra coisa, quando você diz que segundo o Sola Scriptura qualquer um pode interpretar a Bíblia, você está falando sobre uma coisa antiga, bem antiga. Quando você diz "qualquer um", eu noto que você quer dizer "qualquer indivíduo", ou "um indivíduo qualquer", ou "um homem comum", ou "um ser humano". É claro que eu e você somos seres humanos. Deveríamos deixar de interpretar as Escrituras por causa disso? O Papa é um ser humano. Teria ele alguma vantagem sobre nós? O próprio Papa é "qualquer um", não quererendo igualá-lo a qualquer pessoa que nem sabe o que é teologia, mas igualá-lo a qualquer pessoa que seja humana. Assim, não pense que o livre exame foi uma coisa do século XVI, mas é uma coisa que remonta a Justino, a Orígenes e foi feito pelos primeiros papas da Igreja católica desde o século V. O negócio é que para realizar um livre exame, é necessário ser livre para fazê-lo.

Wendy A. Carvalho disse...

3 - Não há ilogicidade no fato de a Bíblia ser passível de interpretações divergentes por parte dos indivíduos. Você está errado: mesmo com diversas interpretações particulares, a Bíblia será sempre Única. Podemos ou não interpretar corretamente o mito da Caverna, mas a República continuará lá. A Bíblia continuará sendo a Bíblia, venham os calvinos que vierem, surjam os luteros que surjirem, apareçam os zuinglios que aparecerem. Todos sucumbirão diante da própria Bíblia. Sendo assim, ligando o primeiro ponto com o segundo, as interpretações divergentes das Escrituras não revelam ser ela diversa ou relativa, antes revela que os homens são humanos e, por isso, estão sujeitos a erros, uma coisa que a própria Bíblia nos mostra do princípio ao fim.

4 - Não sei se você levou a sério esse texto que você escreveu, Angueth, pois você usa um argumento tão simplista quanto alguns argumentos protestantes. Por exemplo, eu admito meu erro em ter dito a você que Pedro não era Papa pelo fato de ser casado, pois um amigo meu me deu um cascudo e disse: "O Papado foi instituído séculos depois. Você errou!"

Você diz que Jesus devia ter nos alertado sobre o sola scriptura e sobre o livre exame. Digo que é simplista esse seu argumento porque as Escrituras neotestamentárias estavam, na época de Jesus, muito longe de serem formadas. Ademais, Jesus Cristo nos ensina, sim, o exame bíblico. Ele diz: "Examinem as Escrituras, pois vocês julgam que elas possuem vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim, mas vocês não querem vir a Mim para ter vida." (João 5:39-40) Significa que algumas pessoas estavam apenas lendo as Escrituras, mas não se relacionavam com Jesus, o que é um grande erro. Temos tanto que ler as Escrituras, quanto nos relacionarmos com Jesus. Jesus não falou isso apenas para líderes religiosos, o que favoreceria a posição dos líderes católicos, mas Jesus disse isso ao próprio homem que havia curado e aos seus questionadores, o que favorece todos os homens.

5 - Digo também que não pense que todos os protestantes interpretam a Bíblia ao bel-prazer, pois você sabe que diversas pessoas, protestantes ou não, fizeram esse tipo de coisa e sabe que diversas outras não o fizeram. As coisas não são tão simples quanto nós desejamos.

Pe Vagner disse...

Boa tarde Professor,
Muito boa sua postagem sobre Sola Scriptura e Livre interpretação.

Na verdade a doutrina da livre interpretação é um paradoxo para os protestantes pois ao mesmo tempo que a afirmam, eles querem impor suas "interpretações" a outras pessoas.

Também é importante observar que para sustentar a doutrina do livre exame seria necessário leer os livros "Autógrafos" da Bíblia em sua lingua original, pois TODA TRADUÇÃO IMPLICA UMA INTERPRETAÇÃO.

Sobre isso bem escreveu o grande filosófo Dinamarquês ,critico de Hegel, Soren Kierkegaard (que era protestante!!!) "Lutero tirou o Papa de sua Cathedra e instalou nela a opnião pública".Que grande verdade!!!

Grande abraço professor.
Com minha benção + e estimas de melhora,

Pe Vagner

Wendy A. Carvalho disse...

Com certeza eu não teria apoiado a Reforma, junto com o Kierkegaard. E, como diz Chesterton, a Reforma foi o estilhaçamento do Cristianismo. Essa divisão que o professor Angueth elencou como mais de 10.000 denominações, só no brasil, e mais de 35.000 no mundo inteiro, não são outra coisa senão a profecia de Chesterton.

Anônimo disse...

Wendy,

Salve Maria.

Esse argumento de que o mito da caverna estará sempre lá apesar de poder sempre ser interpretado por qq um nao e adequado.

Pois o q interssa é o conteudo objetivo do q Platao quis expressar e nao as interpretações equivocadas e particulares de qq um

Assim e com qq texto escolar ou de ensino ou q qtexto em geral

Att

Manfredo disse...

Caro Wendy,

Agora me diga, qual interpretação é a correta e verdadeira? Pois como você disse :"mesmo com diversas interpretações particulares, a Bíblia será sempre Única."
A interpretação não deveria também ser única?
Note que é exatamente a interpretação individual da Bíblia que distancia todas as igrejas da unidade.
E uma pergunta rápida: de todas as denominações, qual clama ter a interpretação correta?

Abraço
Manfredo

Wendy A. Carvalho disse...

Anônimo,

Agradeço ao Angueth por me dar espaço para discutir mais uma vez e a você, por ter lido o que escrevi e ter vindo me corrigir. Como dizia Salomão nos Provérbios: "Quem ama a correção, ama o conhecimento."

Então, como será que deveríamos fazer? Como deve ser feito o exame das Escrituras? Lembremos que Jesus aprovou o exame por parte de pobres e pessoas pouco letradas. Como resolver isso, amigo anônimo?

Wendy A. Carvalho disse...

Com a licença do Angueth...

Nobre Manfredo,

A interpretação verdadeira só Deus, através de Jesus, pode te dar. Mas vou te responder qual é a interpretação verdadeira que Deus me deu nos meus cinco anos de Caminho. O meu jeito de interpretar a Bíblia é olhando pra Jesus. Dia e noite me ocorrem os seguintes questionamentos: "Como Jesus leria este versículo? Como Jesus fazia? Como Jesus amava? Como Jesus se relacionava? Jesus é o Verbo, Manfredo. Ele não apenas falava a verdade, mas Ele mesmo era a Verdade, o Logos. De modo que cada uma de suas ações era Palavra interpretada. Para mim, Jesus é maior que a Bíblia. E a Bíblia só tem valor à luz da visão de Jesus. A Bíblia sem Jesus é só papel, mas a Bíblia com Jesus é parte do Verbo Eterno.

Note que eu estou te dizendo não como a Bíblia deve ser interpretada pelo Mundo (como fazem os teólogos da libertação e da prosperidade), mas como eu aprendi a interpretá-la olhando Jesus. E ao mesmo tempo digo que ninguém vai ao Pai se não passar pelo Filho.

Nas Crônicas de Nárnia, Ripchip, o ratinho valente, diz que diante de todos os obstáculos que pudessem aparecer em sua frente ele jamais desistiria de caminhar em direção ao País de Aslam, mesmo que a tormenta fizesse caretas terríveis. Até mesmo se ele morresse, disse que morreria com o rosto apontado para o País de Aslam. Eu sempre choro com isso e estou escrevendo isso com grande emoção. Devemos interpretar a Bíblia olhando para Jesus e para a Nova Jerusalém, não importa o que nos apareça na vida.

Se a interpretação devesse ser única, nós estaríamos caminhando a um tipo de totalitarismo cristão, meu amigo-irmão. Jesus disse: "Quem crê será salvo, porém quem não crê é já condenado." Ele sabia que alguns leriam a Bíblia de modo incorreto e, por isso, não creriam. Ele sabia que haveria dois grupos de pessoas. Ele não disse: "Todos tem que crer."

Wendy A. Carvalho disse...

A única forma de deixar a Igreja na Unidade era não construir templos, pois os templos são símbolos que geram proselitismos, busca de poder, dinheiro e uma grande competição. Caim ofereceu uma coisa toda arrumadinha para Deus. Abel apenas fez um sacrifício. Abel foi recebido, ao passo que Caim tramava sua morte. Quando reconhecermos que todos os que cremos em Jesus somos parte do Único templo, então teremos Unidade no sacrifício de Cristo, como fez Abel. Mas enquanto quisermos ser da denominação certa, estaremos como Caim. Caim amaria as reformas e contra-reformas, revoluções e conflitos, pois isso gera morte e contenda.

Diversas denominações dizem ter a interpretação correta, assim como Caim achava ter o melhor presente. Mas essa é uma situação fetichista, pois interpretação de verdade só é feita na mente humana, não na denominação. Assim, quando você diz "qual das denominações clama ter a interpretação correta?" eu digo que todas clamam, mas nehuma tem de fato a verdade. Quem tem a verdade é o Angueth, o Papa, o Manfredo, o Padre Pio. E o que é a Verdade? Cristo. Nós temos Cristo, a verdade, mas a denominação não tem Cristo. "Deus não habita em templos feitos por mãos humanas", diz o livro de Atos. E, por isso, a interpretação é subjetiva (não relativa), no sentido de que todo o homem que crê receberá a revelação de Deus. É claro que tudo se torna objetivo uma vez que Jesus se torna o centro de nossa interpretação. Ele é o Modelo Santo e Perfeito e diz a todos nós: "Aprendam sempre de Mim que sou manso e humilde de coração." Eu frequento uma denominação cujos líderes dizem ser a doutrina mais correta, mas Jesus é minha doutrina e já bati de testa com esses líderes diversas vezes. Pois qualquer que queira seguir os passos de Jesus baterá de testa com líderes religiosos. Ele mesmo fez isso com os de sua época (Mateus 23). Certo apóstolo diz: "Se somos de Cristo, devemos andar como Ele andou."

Honro muito o Papa, os pastores, os bispos e outros líderes cristãos, pois são irmãos meus. Agora se eles tentam tornar as pessoas iguais a eles, eu vou contra eles. Se possível, leia atentamente Mateus 23 e depois me diga o que achou.

Me perdoe a multidão de palavras.

Deus te abençoe, te guie, te exalte e crie para o bem.

Que Deus ajude e exalte também o amável, amigo e bondoso dono desse blog, a quem sou grato pela oportunidade de compartilhar minha fé e crescer junto de vocês.

Anônimo disse...

Caro Wendy,

Nesses assuntos erra menos quem menos fala!

Anônimo disse...

Wendy

A interpretação correta é feita pelos papas como palavra final do que se deve entender o que é certo ou errado

Fora isso, cada tera uma interpretação diferente e fará o mal pensando em fazer o bem, pq acha q Jesus teria feito do mesmo modo

Wendy A. Carvalho disse...

Tem toda razão, Anônimo. Aproveita e diz onde os que muito falaram erraram.

Anônimo disse...

Wendy

nao entendi a pergunta

Anônimo disse...

"Tem toda razão, Anônimo. Aproveita e diz onde os que muito falaram erraram."

Jesus falou pouco. Todos os criadores de doutrina falaram muito.

Já deu para entender?

Wendy A. Carvalho disse...

Anônimo dois, você tem direito de acreditar na interpretação final dos líderes católicos. O Manfredo perguntou PRA MIM qual seria a interpretação verdadeira e eu disse qual era a que Deus estava me ensinando.

Se ao invés de perdoar a pecadora, eu mandasse apedrejá-la, eu estaria interpretando a Bíblia corretamente? Houve católicos cruéis que mataram várias pessoas. Isso eles fizeram interpretando a Bíblia corretamente? Se eles interpretassem a Bíblia com os olhos de Jesus não teriam feito aquilo. Assim, para mim, a interpretação não é feita com a mente, mas com as ações de Jesus.

Manfredo disse...

Caro Wendy,

"Mas vou te responder qual é a interpretação verdadeira que Deus me deu nos meus cinco anos de Caminho."

Ótimo, já demos um grande passo. O próprio Deus lhe revelou como interpretar a Bíblia. Como você próprio diz, "a interpretação verdadeira".

Podemos passar a alguns versículos, que criam verdadeiros abismos entre católicos e protestantes. Talvez você possa solucionar este debate que dura mais de 5 séculos, desde a defecção de Lutero.

"Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mateus, XVI, 17-19)

"Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente."(João, VI, 51-58)

A interpretação destes 2 trechos é de total divergência entre nós. E meu irmão, quem não comer da carne e nem beber do sangue, não terá a vida eterna. E quem não entendeu o que Jesus quis dizer dificilmente se salvará.

Wendy A. Carvalho disse...

A última coisa que tenho a dizer nos comentários desse texto: quem crê em Jesus terá salvação. Quem disser o contrário é falso-profeta.

Israel TL disse...

Se tivermos um mapa correto, mas com diversas interpretações diferentes, nunca chegaremos ao destino.

É necessário, portanto, uma única interpretação verdadeira, caso contrário a Bíblia, assim como o mapa, será totalmente inútil. Um entendimento errado, então, pode ser mais perigoso do que nenhum entendimento.

Ora, alguém realmente pensa que Cristo não sabia disso? E será que, pensando nesse futuro problema, não foi por isso que Jesus deu a Pedro a chave do Céu?

Se Pedro tem a chave, e se o que ele liga na Terra é ligado no Céu, quem não acreditar no que foi ligado por Pedro e pelos seus legítimos sucessores pode jogar a Bíblia fora, porque só servirá como um mapa lido ao contrário.

E eu sei a que destino esse mapa irá levar.

Manfredo disse...

Caro Wendy,

"quem crê em Jesus terá salvação"

E você crê no que Ele disse? Que quem comer de Sua carne e beber de Seu sangue terá a vida eterna? Ora, e isso não é necessário para a salvação?

Ou isso é muito duro de ouvir? Te escandaliza?

E é impressão minha ou você está se retirando do debate me acusando de falso profeta?

Anônimo disse...

Subsídio ao debate

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 2 Pedro 1:20

Wendy A. Carvalho disse...

Amigo Manfredo,

Bom, retiro o que disse sobre ser aquela a última palavra a dizer. Eu apenas queria evitar mais um debate de cinco séculos. Mas vamos avante até onde Deus, de quem é o mundo, e o Angueth, de quem é o blog, nos permitirem. É claro que só vamos fazer isso porque, embora pequeno, temos um histórico de amizade no meu blog. Não continuarei dando atenção à anônimos.

Mas vamos direto ao ponto: eu não disse que várias interpretações podem estar corretas ao mesmo tempo, eu disse que as interpretações não afetam o texto, e sim nossas obras. O que Deus falou a Pedro (Mateus 16:16-19), como em outro texto do Angueth eu disse, foi dito muito semelhantemente aos outros apóstolos em Mateus 18:18 (João 20:23). Seria a subjetividade (relação) entre Jesus e Pedro, se aquelas verdades fossem ditas somente para ele. Mas depois Jesus deu a mesma autoridade para todos os apóstolos, como falei. O próprio Pedro pode nos dizer quem é a Pedra Fundamental para a Igreja. Pedro, quem é a Pedra? "Ele (Cristo), pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus" (1 Pedro - 2:4-10). Mas eu passo a palavra para Agostinho, que sabe mais que eu. Leia:

http://importantesbobagens.blogspot.com/2011/02/agostinho-interpretacao-da-pedra-de.html

Retirado daqui: http://www.the-highway.com/Matt16.18_Webster.html

Há também um material que vai te interessar muito, que um amigo me mostou. São duas citações, ambas pertencentes a historiadores católicos romanos:

"De todos os Pais que interpretaram estas passagens nos Evangelhos (Mateus 16.18; João 21.17), nem um só as aplica aos bispos romanos como sucessores de Pedro... Nenhum deles explicou a rocha ou fundamento sobre a qual Cristo iria construir Sua Igreja como sendo o oficio dado a Pedro para ser transmitido aos seus sucessores, mas eles entendiam que se tratava ou do próprio Cristo, ou da confissão de fé de Pedro em Cristo; com freqüência ambas eram aceitas." Ignaz von Dollinger - “The Pope and The Council” (1869) pág. 74.

"...Pois para os Pais trata-se da fé de Pedro - ou o Senhor em Quem Pedro tem fé - que é chamado de Rocha, não Pedro. Todos os Concílios da igreja, desde Nicéia no quarto século, ate Constancia no décimo quinto concordam que o próprio Cristo é o único fundamento da igreja, isto é, a Rocha sobre a qual a igreja permanece" Pedro de Rosa, historiador católico romano em "Vigários de Cristo: O Lado Negro do Papado” (1988) pág. 24,25.

Wendy A. Carvalho disse...

Já sobre a outra passagem que você citou, sobre o Pão da Vida, o que tenho a dizer é só que a própria crença em Jesus é a participação do Corpo e do Sangue do Senhor, assim como a própria crença em Jesus é a participação do Corpo da Igreja e da construção do templo espiritual, que é a Igreja de Cristo (Hebreus 3:6). Somos, coletivamente, "Casa de Deus", Igreja do Deus vivo (1 Timoteo 3.15), não mais feita de pedras mortas como era o templo em Jerusalém (e como são as "Igrejas" de hoje), mas construída com pedras vivas (1 Pedro 2.5). É claro que não quero dizer que a Ceia do Senhor não deva ser celebrada. Eu mesmo a celebro com meus amigos cristãos, mas não vejo porque o ladrão da cruz, Abraão, Isaac e Jacó, e outros desconhecedores do citado "sacramento", não terem o direito de ter vida eterna só por não tomarem do pão e do vinho que nossa Igreja cristã oferece. O justo viverá pela fé. Se um dia eu for preso e não puder participar da Ceia, eu tomarei a Ceia pela fé. Por que a fé em Jesus é a única forma de ser salvo e a descrença nEle, a única forma de ser condenado (Marcos 16:16).

Não me escandalizo nenhum pouco ouvindo as verdades do Mestre. Sou discípulo dEle.

Se te chamei de falso-profeta? Não! Você também crê que a Salvação é a fé em Jesus. E sei que você sabe que podemos tomar um litro de vinho e comer um quilo de pão chamando aquilo de corpo e sangue de Jesus e ainda sermos condenados. Basta tomarmos indignamente, ou seja, sem discernir o corpo de Cristo (ou seja, sem fé em Jesus)(I Coríntios 11).

I think I made myself clear.

Abração! E, relaxa, eu nunca chamaria um amigo cristão de falso-profeta sem que ele dissesse algo contrário ao que Jesus disse.

Anônimo disse...

Bem, deixe-me entrar um pouco na questão do primado e da autoridade petrina.

1º. Havia controvérsias, incluindo Santo Agostinho, sobre como seria o exercício do primado petrino: se apenas de honra (primus inter pares), se de autoridade sobre toda a Igreja (podendo dar declarações ex-cathedra).

Mas em nenhum momento os Padres da Igreja – incluindo Santo Agostinho – questionaram a sucessão petrina na Sé de Roma e sua primazia perante a toda a Igreja. Para eles, o bispo de Roma é o sucessor de Pedro, incluindo o assunto sobre as promessas de Cristo para Pedro e seus sucessores. Santo Agostinho chega mesmo a listar todos os papas desde Pedro até seus dias, e ainda enfatiza a sucessão apostólica petrina em Roma (isso porque, já naquele tempo, havia gente negando isso, tal antiga é essa heresia que se quer fazer pensar que nasceu no século XV).

Continua...

Luiz

Anônimo disse...

Continuação...

2º. Sim é verdade que Cristo deu a todos os apóstolos – Mt 18,18 – o poder de ligar e desligar. Mas somente a Pedro foi dado, por Cristo, as chaves do Reino dos Céus.

Desde aqueles tempos, ter as chaves de uma casa, do palácio, etc., significava ter o poder de comandar tal casa, de permitir ou não a entrada de alguém. Enfim, ser o governante do palácio.

As chaves foram dadas somente a Pedro. É um fato!

O poder de ligar e desligar está intimamente ligado às Chaves. Sem as chaves não se governa a casa – ou o Reino; o que deixa certo que somente quem possui as “Chaves do Reino dos Céus” tem o poder de fazer como que “tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Mas o poder de “ligar” e “desligar” foi dado a todos os apóstolos. Como entender isso? Será que Cristo se esqueceu ou errou? Isso é impossível de acontecer.

Analisando outras duas partes da escritura (que os protestantes tanto conhecem) verifica-se que, em At 15,7, Pedro diz claramente (parênteses meus): “Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagão OUVISSEM (e não lessem) a palavra do Evangelho e cressem”. E em Gl 2,6-8, São Paulo diz que (parênteses meus): “Quanto aos que eram de autoridade (mostrando que já na Igreja nascente havia aqueles que tinham poder de comando) – o que antes tenham sido não me importa (não interessa se eram pecadores e negadores de Cristo - muitos protestantes vivem alegando que é na Igreja Católica em que a “doença” é mais grave e que, por isso, não pode “ser de Deus”), pois Deus não se deixa levar por considerações de pessoas –, estas autoridades, digo, nada me impuseram. Ao contrário, viram que a evangelização dos incircunscritos (os pagãos) me era confiada, como a dos circunscritos (os judeus) a Pedro”. E ainda chama Pedro de CEFAS, ou seja, “pedra”.

A maioria dos historiadores alega que São Paulo escreveu a epístola aos Gálatas após os acontecimentos descritos em At 15; portanto, depois daquele Concílio apostólico em que Pedro declarou – sem nenhuma objeção por parte dos demais apóstolos – que Cristo tinha confiado a Ele a evangelização dos pagãos.
Como entender então que São Paulo tenha recebido a tarefa de evangelizar os gentios? Cristo disse isso? A bíblia nada fala, é omissa. Mas em Gl 2,9-10 verifica-se que “os que têm autoridade” – Pedro ali incluído e com seu consentimento –, dando as mãos a Paulo e a Barnabé, transferiram tal tarefa a eles. Se não houvesse autoridade na Igreja, isso jamais poderia ter acontecido.

A bíblia mostra que era Pedro quem tinha sido escolhido (aqui entendido no sentido de chefia) para evangelizar os judeus (Gl 2,7) e os pagãos (At 15,7).
Pois bem, voltando às “Chaves”. Como entender então que só o poder de “ligar” e “desligar” foi dado a todos os apóstolos, em detrimento das “Chaves”?

O fato é que Cristo disse que os apóstolos têm o poder ligar e desligar. Mas para isso, eles precisam se utilizar das “chaves do Reino dos Céus”, as quais estão somente com Pedro. Logo, eles precisam estar EM COMUNHÃO com Pedro para poder utilizá-las, e assim “ligar” e “desligar”. Sem essa comunhão, suas ações são inválidas.

Luiz

Gederson disse...

Caro Prof. Angueth,
Viva Cristo Rei! Salve Maria!

Espero que o sr. esteja se recuperando bem da cirúrgia. Conversei com o Henrique hoje, está semana irei visita-lo, que Deus lhe conceda uma ótima recuperação.

Sobre a Sola Scriptura, o sr. lembra quando fomos ao retiro da FSSPX e conversávamos sobre a questão dos universais? Não existe um SER que defina as Solas luteranas, mas apenas a vontade que tenta torná-las válidas. Não é sem razão que Eric Voegelin diz que Lutero é um revoltado voluntarista.

Contra a Sola Scriptura, existem vários argumentos contundentes que a desqualificam como doutrina apostólica e cristã. Dentre os principais argumentos, temos o fato de alguns entre os apóstolos, serem analfabetos. Dentre estes temos ninguém menos do que o chefe da Igreja, São Pedro. Assim, como Cristo estabeleceria uma doutrina e apóstolos incapazes de praticá-la? Na Igreja de Lutero, São Pedro não ocuparia nenhum lugar de destaque, não poderia ser a pedra, uma vez que o deformador deslocou a pedra de Simão para as Sagradas Escrituras. Além disso, devemos considerar que a maioria dos povos da antiguidade era constituída por analfabetos. Para que a doutrina de Lutero obtivesse sucesso, naqueles tempos, Cristo deveria ter dito aos Apóstolos: “Ide alfabetizai os povos e distribuí-lhes cópias de bíblias”.
A transferência do princípio de autoridade de São Pedro, para a própria bíblia, tem consequências funestas para o cristianismo. A Igreja passa de necessária a “útil” a salvação, já não é mais ela, e sim a bíblia, a coluna e o sustentáculo da salvação. Isto é confirmado na argumentação do Wendy, quando diz que a Sola Scriptura é:

“...o princípio segundo o qual a Bíblia sozinha ENSINA tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado”.

Neste sentido, o tradicional dogma “Extra ecclesia nulla sallus”, é transformado em “Extra Sacra Scripturas Nulla Sallus”. Se a bíblia sozinha ensina tudo, não seria necessário os apóstolos serem enviados a ensinar o Evangelho aos 4 cantos do mundo. Nesta visão, transfere-se até mesmo a promessa de Cristo, de que os portões do inferno não prevaleceriam contra a Igreja, para a própria bíblia. Mas o princípio segundo o qual a bíblia ensina sozinha tudo o que é necessário para a salvação do pecado, é falso. Já na tentação de Nosso Senhor no deserto, isto é visto explicitamente: Jesus é tentado pela interpretação que Satanás da aos textos bíblicos, as quais rechaça como autêntico intérprete das Sagradas Escrituras. Posteriormente a isto, vemos nosso Senhor dialogando com os judeus, que pelas Sagradas Escrituras o rejeitavam e aos quais ele dizia: examinai as escrituras, pois são elas que dão testemunho de mim. Em contrapartida, quando ele inqueri aos Apóstolos sobre si mesmo, São Pedro lhe diz: Tu és o Cristo, filho do Deus vivo! Nosso Senhor reconhecendo a bem aventurança do apóstolo, lhe diz: “Bem aventurado és tu Simão, pois não foi o sangue e nem a carne que o revelaram, mas meu Pai que está nos céus”. São Pedro não disse que as escrituras dizem que ele é o Cristo (nem teria condições, era analfabeto), ele tem uma revelação sobre quem é Jesus sem a necessidade das Sagradas Escrituras, embora elas deem testemunho Dele.

Gederson disse...

De um lado estavam os judeus letrados e doutores rejeitando a Cristo por falsas interpretações das Sagradas Escrituras e de outro um analfabeto afirmando o Senhorio de Cristo. Aqui aparece um outro problema, os judeus amaram as tábuas da lei, não amaram as leis e as Sagradas Escrituras que ENSINAM TUDO O QUE É NECESSÁRIO PARA A NOSSA SALVAÇÃO DO PECADO, não foram suficientes para que os judeus o aceitassem e o reconhecessem. Antes foi instrumento para o seu julgamento e condenação. Isto se deve ao fato de que “transforma-se o amador na cousa amada”, ou seja, os judeus de tanto amarem as tábuas da lei, tiveram seus corações transformados em pedra e os protestantes de tanto amarem as escrituras, tiveram seus corações transformados em papel. Mas não só os protestantes, existem aqueles católicos que defendem a evolução do dogma, que demonstram muito bem, o que é ter um coração de papel.

Outro erro da Sola Scriptura é exatamente o de pensar que a bíblia pode ser interpretada por qualquer um. Lutero quando tinha isto em mente estava sobre efeito direto do antropocentrismo renascentista, para o qual existia apenas o homem, cães, porcos e lobos, não existiam mais, o que existia, era o homem. Então a bíblia em mãos erradas acabou esfacelando o protestantismo. Onde pode se ver o efeito claríssimo do deslocamento da pedra, para as Sagradas Escrituras. Quanto a argumentação do Wendy de que o Papa e demais clérigos seriam “qualquer um”, isto só é possível para quem não sabe o que é a Igreja e o que são os homens da Igreja. Santo Hilário de Poitiers, dizia que a Sagrada Escritura “está melhor escrita no coração da Igreja do que em instrumentos materias”, e também que “a escritura não está na leitura, mas na compreensão”. Não havendo distinção entre os homens da Igreja para o homem qualquer, teríamos uma Igreja sem voz ou uma Igreja que tem por voz “Sola Scriptura”. Nenhum destes poderia fazer livre-exame das Sagradas Escrituras, pois tinham algo melhor do que apenas a letra que mata, tinham o espírito que vivifica pela tradição recebida dos apóstolos.

Fique com Deus e novamente faço votos de que, Ele conceda ao sr. uma ótima recuperação.

Forte abraço

Gederson disse...

Quanto a interpretação das palavras de Cristo:

“Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram isso, mas Deus que está nos céus. Por isso Eu te digo que tu és Pedro, e que sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E Eu te darei as chaves de Reino dos Céus. Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desatares na terra será desatado nos céus” (Mt XVI, 16-19)".

Não é possível que Cristo estivesse falando de si mesmo ou da confissão, mas da própria cátedra de São Pedro, através da qual a Igreja se torna visível em desde aqueles tempos. Se Cristo tivesse edificado a Igreja sobre si mesmo ou sobre a confissão de São Pedro, não haveria necessidade
de usar o verbo edificar no futuro (edificarei), mas no presente (edifico). Mas como ele estabelece a Igreja em Pedro, ele usa o tempo futuro para indicar Pedro como o fundamento da Igreja visível, a partir de pentecostes. Não havia discussão quanto a sucessão e a missão petrina e dos Bispos de Roma no primeiro milênio da cristandade.

Continua...

Gederson disse...

Dão testemunho disso:

"Jesus disse [a Pedro] ‘Alimenta minhas ovelhas’. "Por que Jesus não leva em conta aos demais Apóstolos e fala do rebanho somente a Pedro? "Porque ele foi escolhido entre os Apóstolos, ele foi a boca de seus discípulos, o líder do coro. Foi por essa razão que Paulo foi procurar a Pedro antes que aos demais. E também o Senhor fez isso para demonstrar que ele devia ter confiança, uma vez que a negação de Pedro havia sido perdoada. Jesus lhe confia o governo sobre seus irmãos... Se alguém perguntar "Por que então foi Santiago quem recebeu a Sé de Jerusalem?", eu lhe responderia que Pedro foi constituído mestre não de uma Sé, mas do mundo todo” (Homilia 88 (87) in Joannem, I. Cf. Orígenes, “In epis. Ad Rom.”, 5, 10; Efrén de Siria “Humn. In B. Petr.”, en “Bibl.Orient. Assemani”, 1, 95; León I, “Sermo IV de Natale”, 2. Apud Enciclopédia Católica, verbete Primado, artigo de G. H. JOYCE).

“Se algum homem desobedecer às palavras que Deus pronunciou através de nós, saibam que esse tal terá cometido uma grave transgresão, e se terá posto em grave perigo”. E São Clemente incita então os coríntios a “obedecer às coisas escritas por nós através do Espírito Santo” (São Clemente, Ep.59).

“Porém como seria demasiado longo enumerar as sucessões em Roma pelos dois gloriosíssimos Apóstolos Pedro e Paulo, a qual desde os Apóstolos conserva a tradição e a fé anunciada aos homens pelos sucessores dos Apóstolos que chegam até nós. Assim confundimos a todos aqueles que de um modo ou de outro, ou para agradar-se a si mesmos, ou por cegueira, ou por uma falsa opinião, acumulam falsos conhecimentos. É necessário que qualquer igreja esteja em harmonia com essa igreja, cuja fundação é a mais garantida -- me refiro a todos os fiéis de qualquer lugar -- porque nela todos os que se encontram em todas partes conservaram a tradição apostólica". Santo Irineu

“Se eles [Atanásio e Marcelo] realmente agiram mal, como dizem, o juízo deveria ter sido realizado de acordo com os cânones eclesiásticos, e não dessa maneira... Não sabe que o costume é que primeiro nos dirijam cartas a Nós (plural majestático) e depois procedam conforme se defina então?” (Atanásio, “Apologia”, 35).

Wendy A. Carvalho disse...

Luíz,

Muito obrigado pela resposta. Gostei do rigor.

1º) É verdade. Havia diversas controvérsias entre os primeiros pais da Igreja, visto que não havia, ainda, uma teologia sólida. Mas Santo Agostinho iria, como sabemos, arrumar toda uma “bagunça teológica”. E no assunto do primado de Pedro, em suas Retratações, ele diz: “Numa passagem neste livro, eu disse sobre o Apóstolo Pedro: ‘Sobre ele, como uma pedra, a Igreja foi construída'...Mas eu sei que mui freqüentemente em um tempo atrás, eu expliquei que o Senhor disse: ‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja', que é para ser entendido como construída sobre Ele, a quem Pedro confessou dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo', e assim Pedro, chamado depois esta pedra, representou a pessoa da Igreja que é construída sobre esta pedra, e recebeu ‘as chaves do reino do céu'. Porque, ‘Tu és Pedro' e não ‘Tu és a pedra' foi dito a ele. Mas ‘a pedra era Cristo', em quem confessando, como também toda a Igreja confessa, Simão foi chamado Pedro. Mas que o leitor decida qual dessas duas opiniões é a mais provável. (The Fathers of the Church (Washington D.C., Catholic University, 1968), Saint Augustine, The Retractations Capítulo 20.1).” Note bem: “representou a pessoa da Igreja que é construída sobre esta pedra, e recebeu ‘as chaves do reino do céu.’” Ou seja, se Pedro, representando TODA a Igreja, recebe as chaves, só podemos concluir que é as chaves foram dadas a todos apóstolos para repassarem, de graça (Mateus 10:8), a toda a Igreja e que isto não é uma questão subjetiva. Pode-se, é claro, duvidar disso, mas aí, como disse Agostinho, vai da opinião preferível, e igualmente verossímil, a qual o leitor queira aceitar. Assim, não “havia controvérsias”, mas há ainda.

Você disse que “em nenhum momento os Padres da Igreja questionaram a sucessão petrina na Sé de Roma e sua primazia perante toda a Igreja.” Mas isso joga aos primeiros pais da Igreja a responsabilidade de pelo menos terem-nas afirmado. Já li diversos dos primeiros pais da Igreja e não os vi afirmando essa sucessão. Vi o Agostinho, que depois se retratou. Se eles não questionaram a sucessão petrina é porque eles sequer chegaram a afirmá-la com o vigor de uma coisa realmente importante para a vida da Igreja. Se alguns afirmaram, não sei, sabiam que não era uma coisa tão importante assim, mas um detalhe. Agostinho diz em seus Sermões: “Cristo, você vê, construiu sua Igreja não sobre um homem, mas sobre a confissão de Pedro. Qual é a confissão de Pedro? ‘Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo'. Lá está a pedra para você, lá está a fundação, lá está onde a Igreja tem sido construída, sobre a qual as portas do inferno não podem prevalecer (John Rotelle, Ed., The Works of Saint Augustine (New Rochelle: New City Press, 1993), Sermons, Vol. 6, Sermon 229P.1, p. 327).” Ora, se Cristo não construiu sua Igreja sobre um homem (e não era apenas Cipriano, Eusébio e Agostinho que sabiam disso), então Ele não estabeleceu um ofício papal com sucessores de Pedro nos bispos de Roma. Agostinho realmente acreditava nisso, mas se Retratou, como você mesmo pode conferir.

Wendy A. Carvalho disse...

2º) Fico imensamente feliz em saber que o Senhor te deu luz para notar os questionamentos que surgem de seu primeiro argumento, sobre o fator Pedro. Você claramente diz: “Mas o poder de “ligar” e “desligar” foi dado a todos os apóstolos. Como entender isso? Será que Cristo se esqueceu ou errou? Isso é impossível de acontecer.” É claro que Cristo, como ser perfeito, em quem depositamos toda a nossa fé, não errou. Mas afirmar que Cristo não errou, não resolve, de modo algum, o problema iminente de que eu, você e toda a Igreja possamos errar. Ora, se “o poder de ligar e desligar”, como você diz, “está intimamente ligado à questão das Chaves”, obviamente a própria chave foi dada a todos os apóstolos. Não é isso o que, logicamente, podemos concluir do que você disse?

Eu não gostei de você ter diminuído o Pedro. Primeiro você diz que realmente o poder de ligar e desligar (permitir ou não) foi dado a todos os apóstolos, mas que somente a Pedro foram dadas, por Cristo, as chaves do Reino dos Céus. Mas isso não é a exaltação de Pedro, mas o seu rebaixamento. Se os apóstolos tinham o poder de permitir ou não alguma coisa sem a necessidade de usar chaves, mas Pedro tivesse que perder tanto tempo usando chaves e – diga-se de passagens, chaves são bem chatinhas, às vezes – girando-as na maçaneta, ele obviamente foi chamado o mais lento e não notou. É tanto que os outros apóstolos perceberam que Jesus tinha que padecer pelos homens, mas Pedro se tornou uma pedra de tropeço para Jesus e ainda foi chamado de Satanás. Assim, mesmo que eu aceitasse o Papado de Pedro, com sucessão, eu também teria que aceitar duas coisas: 1) Ele foi a Pedra Básica, mas também foi a Pedra de Tropeço e de Escândalo (Mateus 16:23); 2) Ele foi Papa, mas todos os apóstolos foram hereges, visto que não esperavam a voz de Pedro em tudo o que iam fazer ou escrever, mas escreviam e faziam somente com a autoridade de Cristo. E Paulo seria o principal dos hereges, pois Ele confrontou Pedro algumas vezes e ainda disse que “ele estava completamente enganado.” (I Gálatas 2:11-21 - NTLH)

Wendy A. Carvalho disse...

Você cita dois versículos para justificar coisas que os próprios versículos não justificam. Atos 15-7 não revela que Deus elegeu Pedro para Papa ou coisa semelhante, mas que elegeu-o para evangelista. E quando Paulo usa a palavra Cefas, significa que ele não sabia que Jesus utilizou a palavra “pétros” e não “pétra” ou “cefas”. Sem contar que Gálatas 2, caro Luiz, não cai muito bem sendo citado por um católico, pois é lá mesmo que (versículos mais tarde) Pedro é tido como dissimulado e completamente enganado. A citação que fiz de Gálatas no parágrafo acima, a fiz antes de ler a sua citação do mesmo capítulo, o que também achei bom da parte de Deus.

Sem contar que quando Pedro se auto-afirmou elegido por Deus para a evangelização, ele não disse que o era da circuncisão, mas da incircuncisão; ao passo que Paulo diz o contrário, que ele, Pedro, teria ficado com o Evangelho da circuncisão junto com Tiago e João e que ele, Paulo, e Barnabé, teriam ficado com o da incircuncisão. Não há objeção, será? O que aconteceu com aquela transferência de tarefa, é o que acontece quando dois colegas de trabalho dizem: “Você faz isso e eu faço aquilo.” Não diz que Pedro permitiu a Paulo pregar o Evangelho, pois este já o fazia há muitos anos pela autoridade de Cristo. E é claro que havia autoridade na Igreja. No entanto, transferir tarefa não quer dizer “permitir tarefa”. Ou seja, Pedro nada tinha a ver com o Ministério de Paulo e não poderia dizer nada para alguém a quem o próprio Cristo se revelou. Leia toda a segunda carta que Paulo escreveu aos coríntios e você vai ver que tanto fazia Pedro ter “transferido” (não permitido) a tarefa de pregar o Evangelho da Incircuncisão, quanto não. Quando você diz que a Bíblia é omissa sobre Paulo ser escolhido para evangelizar os gentios, eu digo que você sequer leu o livro de Atos completo, pois no capítulo 9 temos as seguintes palavras proferidas pelo próprio Cristo a Ananias: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome.” (versos 15-16) Ou seja, Paulo tinha o Evangelho da circuncisão e da incircuncisão. No verso 17 vemos que Paulo foi cheio do Espírito Santo. Ou seja, se negarmos o ministério de Paulo, pecamos contra o Espírito Santo e contra Cristo. Logo nem a Bíblia e nem Cristo são omissos ao ministério de Paulo.

Conclusão: Ninguém precisava da aprovação de Pedro para pregar o Evangelho. Nem Paulo, nem Barnabé, nem qualquer outro.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Wendy e demais,

Estou surpreso que muitos recorram exatamente à Tradição da Igreja, aos Santos, para tentar justificar a sola scriptura, que é injustificável, pelas Escrituras.

Nada que foi dito aqui passou perto da justificação da sola scriptura e da solução da ilogicidade que ela intrinsicamente contém.

Além do mais, uma outra pergunta que fica é: que autoridade selecionou os livros que vieram a ser conhecidos como Bíblia, na qual se baseia a sola scriptura? Não foi Lutero (que aliás reconhecia o papel da Igreja na seleção e escrita destes livros), não foi Calvino e cia. Então, protestantes do mundo todo, uma vez que não há na Bíblia um livro que descreva os livros inspirados por Deus, em que autoridade vocês se baseiam para dizer que aqueles são livros inspirados? Atenção, não me venham com citações de São Paulo, pois ele diz que as Escrituras são inspiradas, mas não nomeia os livros.

Se por acaso vocês se basearem em alguma autoridade, a sola scriptura cai por terra, pois esta autoridade é externa à Bíblia, que, mais uma vez eu afirmo, não fala de si mesma com relação à sua própria constituição e inspiração divina.

Em JMJ.

Anônimo disse...

Gederson,

A primeira coisa que tenho que te dizer é que quando eu defini o Sola Scriptura, eu não o defendi. Eu até falei que era contraditório que o protestante exaltasse tal Sola e ao mesmo tempo negasse outra (Leia meu primeiro comentário). Concordei com seus argumentos contra o Sola Scriptura. Eu mesmo uso alguns deles quando vou debater com protestantes. Mas ao invés de negar a autoridade bíblica e enaltecer a autoridade de Pedro, digo que a hierarquia espiritual dos cristãos é esta: 1)Deus acima de Cristo (I Coríntios 11:3); 2) Cristo, como cabeça da Igreja (Efésios 4:15; 5:23) e, logo em seguida, a autoridade de todos os apóstolos juntos, dada pela Cabeça da Igreja (Mateus 10:1-4; João 20:22). E, uma vez que os apóstolos existiram, ensinaram e escreveram (alguns), vem então a autoridade das Escrituras neo-testamentárias em quarto lugar (II Temóteo 3:15-17). E, é claro, há aí uma ordem cronológica, também, de autoridades. Primeiro era Deus, segundo o Verbo estava com Deus e era Deus, e era, ao mesmo tempo, o primogênito de toda a Criação; depois são a Lei e os profetas (autoridade esta que não faz mais parte da hierarquia cristã); depois os 12, e Matias e Paulo e, por último, o Novo Testamento. Por isso acho injusto dizer que o Sola só seria aceitável se Cristo houvesse dito para alfabetizar o povo e distribuir-lhes bíblias, uma vez que a Bíblia não havia sido formada.

Ademais, eu utilizava muito em debates com protestantes, o argumento de que Pedro era indouto. Eu parei depois que notei que Pedro escreveu duas cartas em grego copta. Eu até dizia que Marcos escreveu o Evangelho porque Pedro, quando os dois pregaram em Roma, não tinha condição de escrever tudo o que haviam pregado, mas que ditaria, conforme cita Eusébio em História Eclesiástica.

Se Cristo usou o verbo no futuro (edificarei), significa justamente que Ele destruiria o templo e o reconstruiria em três dias (João 2:19).

Wendy A. Carvalho disse...

Caro Angueth,

é verdade que você não encontrou uma justificativa para o Sola Scriptura. Eu não tentei fazê-lo. Eu também tenho muito o que dizer contra o Sola Scriptura. Eu só quis dizer que na sua definição estava faltando alguma coisa.

Wendy A. Carvalho disse...

Já sobre os livros neotestamentários, Angueth...

O que tenho a dizer é que há a autoridade histórica. Temos mais ou menos 24.000 manuscritos encontrados nos últimos séculos, outros na Idade Média e armazenados em Museus e Universidades do Mundo todo, que comprovam a autenticidade de todos os livros neo-testamentários. Isso é de consenso com os historiadores não somente católicos, mas protestantes e, também, historiadores ateus. Os primeiros, desses manuscritos foram escritos mais ou menos em 24 anos depois de Cristo. Isso é uma grande documentação, tendo em vista as grandes destruições de bibliotecas cristãs nos séculos patrísticos, das quais a maior foi a grande queimação de livros organizada por Diocleciano. Todos esses manuscritos, Angueth, construiriam um 99% do Novo Testamento que a Igreja Católica passou ao mundo. Ou seja, mesmo sem a Igreja, embora passássemos por uma dificuldade imensa e gastássemos muito tempo pra fazê-lo, poderíamos construir o Novo Testamento através desses manuscritos. Alguns são pequenos, contendo apenas partes de versículos, outros são enormes, contendo capítulos inteiros. Por isso, devemos honrar a Igreja por ter conservado os livros, mas não enaltecê-la por ser a única a contê-los.

Manfredo disse...

Prezados,

"Conclusão: Ninguém precisava da aprovação de Pedro para pregar o Evangelho. Nem Paulo, nem Barnabé, nem qualquer outro."

Imagino que a partir desta conclusão, também poder-se-ia concluir que não seria necessária a aprovação da Igreja para a formação das Sagradas Escrituras. Desta maneira os evangelhos apócrifos teriam mesmo valor dos verdadeiros Evangelhos. Pense nisso: era apenas a forma que algumas pessoas interpretavam os ensinamentos da época. Não havia necessidade da aprovação de ninguem, não é mesmo?

Ora, e não foi o próprio Santo Agostinho quem disse: "Não creria nos Evangelhos, se a isso não me visse obrigado pela autoridade da Igreja"?

Abraços.

Wendy A. Carvalho disse...

(Gente, esse Adams Alister sou eu. É que eu tava num Gmail passando umas coisas pra o meu pai e acabei publicando o comentário naquela outra conta. Foi mal!)

Gederson disse...

Algumas considerações acerca dos argumentos do Wendy:
1) Santo Agostinho não arrumou nenhuma bagunça teológica. Pelo contrário, solucionou uma multidão de bagunças teológicas em seu tempo. A questão do assunto do primado petrino, especificamente no que diz respeito aos versículos de Mateus, ele não tinha tanta competência para tratar a questão, uma vez que se tratava de uma questão de exegese e não de teologia.
O Bispo de Hipona, não era um perito em grego e ao que consta ainda não tinha acesso a vulgata de São Jerônimo. Também não é o caso de uma retratação propriamente dita, uma vez que ele não apresenta como errônea a interpretação tradicional dos versículos de Mateus.
2) Mesmo Santo Agostinho não se ateve ao tempo do verbo edificar. Se a Igreja estava edificada sobre a confissão de Pedro, então Cristo não teria dito “Edificarei” mas “edifico”.
3) São Pedro recebe as chaves como aquele que tem poder sobre os próprios apóstolos, conforme diz São João Crisóstomo:
"Jesus disse [a Pedro] ‘Alimenta minhas ovelhas’. "Por que Jesus não leva em conta aos demais Apóstolos e fala do rebanho somente a Pedro?..” (Homilia 88 (87) in Joannem, I. Cf. Orígenes, “In epis. Ad Rom.”, 5, 10; Efrén de Siria “Humn. In B. Petr.”, en “Bibl.Orient. Assemani”, 1, 95; León I, “Sermo IV de Natale”, 2. Apud Enciclopédia Católica, verbete Primado, artigo de G. H. JOYCE).
4) Não a responsabilidade de afirmações doutrinárias pelos pais da Igreja quanto a doutrinas que eram de prática comum na Igreja. Por analogia a doutrina do primado petrino, temos a questão da doutrina da Santíssima Trindade. Nos primeiros pais havia apenas rudimentos daquilo que viria a ser definido pelos Concílios de Nicéia e Constantinopla. Uma doutrina só ganha formulação após ser questionada e definida pela Igreja.

Gederson disse...

5) Repito que Santo Agostinho não se retratou no sentido de atribuir erro a interpretação dada a Mateus em vários de seus sermãos. Além disso, a posição de Santo Agostinho ou de qualquer outro Santo, seja ele quem for, não pode se sobrepor ao juízo da Igreja, conforme podemos ler na Suma Teológica:
“O ensinamento mesmo dos doutores católicos recebe a sua autoridade da Igreja. Decorre daí que é necessário fiar-se na autoridade da Igreja antes que na autoridade de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer outro Doutor”
6) Ora, que Cristo construiu sua Igreja sobre o primogênito dos filhos adotivos de Deus, isto é evidente. Para construir um corpo constituído de homens se faz necessário que ele tenha como referência um homem, que seja o sinal visível da Igreja invísivel.
Não existe uma Igreja invisível, a Igreja que é o corpo do qual Cristo é o cabeça, necessariamente é visível. Uma Igreja Invisível, não pode ser a luz do mundo e não sofre assédios do maligno. Se ele quis construir sua Igreja sobre Pedro, a razão principal desta construção era fazer de São Pedro o sinal visível da Igreja invisível, o signo da unidade.
7) Quanto a contradição de São Pedro, não se pode ler o Evangelho como se lê ou se analisa a biografia de um qualquer. A vida dos apóstolos (sobretudo a de São Pedro) deve ser dividida em antes e depois de Pentecostes.
Embora São Pedro tenha se contradito, ele não chegou a ser pedra de tropeço. Mesmo assim quem rogou para que a fé de Pedro não desfalecesse, foi o próprio Cristo que acrescentou que uma vez convalescido, confirmasse seus irmãos na fé. Posteriormente ainda vemos o Senhor o inquerindo três vezes acerca de seu amor por Ele, e ordenando que pastoreasse as suas ovelhas. Não é o suficiente?
8) Quanto ao primado petrino, ele é uma primazia de jurisdição e de pastoreio sobre os demais apóstolos. Isto não quer dizer que os outro apóstolos também não receberam o poder das chaves, mas como eu disse, eles não receberam o poder das chaves, com a mesma finalidade recebida por São Pedro. Isto não quer dizer que os apóstolos não tenham nenhuma liberdade e que São Pedro seja um tirano ou um ditador comunista. Cristo também é Rei!

Gederson disse...

Caro Alister,
Não neguei a autoridade bíblica ou a enalteci sobre a autoridade das Sagradas Escrituras. Disse que São Pedro recebeu uma revelação e que os judeus não foram capazes de recebê-la através de um exame direto das escrituras, como também não o foi o Eunuco. A autoridade das Sagradas Escrituras está na inspiração com a qual foram escritas, se elas não forem lidas com está inspiração, Cristo é negado, conforme testemunham os judeus. Ademais a letra mata, é o espírito quem vivifica, é como diz o Padre Antônio Vieira no Sermão da Sexagésima:
“As palavras de Deus, pregadas no sentido em que Deus as disse, são palavras de Deus; mas pregadas no sentido que nós queremos, não são palavras de Deus, antes podem ser palavras do Demónio. Tentou o Demónio a Cristo a que fizesse das pedras pão. Respondeu-lhe o Senhor: Non in solo pane vivit homo, sed in omni verbo, quod procedit de ore dei”. Sermão da Sexagésima – Padre Antônio Vieira
Quanto a hierarquia que você estabeleceu como autoridade dos cristãos, não é a hierarquia da Igreja. Cristo não está acima do Pai, a supremacia de um sobre outro, implicaria em considerar que ambos não são um, mas dois: um que manda e outro que obedece. As Sagradas Escrituras pelo contrário, dizem que aquele que rejeita o Filho, nega o Pai. Não há como aceitar o Pai diretamente, sem aceitar-se o Filho. Não há como ver o Pai, sem olhar para o Filho unigênito de Deus. A hierarquia da autoridade é dada aos cristãos pelo credo apostólico. Mas por que você não cita o Espírito Santo? Ele não faz parte da sua hierarquia espiritual?

Gederson disse...

Quanto ao alfabetizai os povos, é um argumento que toma como validas as reinvidicações protestantes. Isto não quer dizer que existia a Bíblia, mas que se existisse está deveria ser a ordem das coisas.
São Pedro não falava ou escrevia em grego copta, sua língua de origem era o aramaico. O analfabetismo de São Pedro e de outros apóstolos, era de conhecimento comum na antiguidade.
Sua argumentação quanto a utilização do uso do tempo do verbo, faria sentido se a Igreja fosse o corpo fisíco ou glorioso de Cristo, mas ela é seu corpo místico, a sua noiva. Mas se ele edifica a Igreja sobre seu corpo físico ou glorificado, você tem que concordar com Nietzsche e dizer que o único Cristão foi Jesus Cristo.

Gederson disse...

Uma correção. Onde se lê:

Não neguei a autoridade bíblica ou enalteci sobre a autoridade das Sagradas Escrituras.

O correto é:

Não neguei a autoridade bíblica ou enalteci a autoridade de São Pedro, sobre a autoridade das Sagradas Escrituras.

Desculpem.

Gederson disse...

São Cipriano de Cartago, "Da unidade da Igreja Católica":

"Tu és Pedro, e sobre esta pedra..."

(1) Quem presta atenção a estes ensinamentos não precisa de longo estudo, nem de muitas demonstrações. A prova da nossa fé é fácil e compendiosa.

(2) Assim fala o Senhor a Pedro: "Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas dos infernos não a vencerão. Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus e tudo o que ligares na terra será ligado também nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado também nos céus" (Mt 16,18-19).

(3) Sobre um só edificou a sua Igreja. Embora, depois da sua ressurreição, tenha comunicado igual poder a todos os Apóstolos, dizendo: "Como o Pai me enviou, eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo, a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados, a quem os retiverdes ser-lhe-ão retidos" (Jo 20,21-23), todavia, para tornar manifesta a unidade, dispôs com a sua autoridade que a origem da unidade procedesse de um só.

(4) É verdade que os demais Apóstolos eram o mesmo que Pedro, tendo recebido igual parte de honra e de poder, mas a primeira urdidura começa pela unidade a fim de que a Igreja de Cristo aparecesse uma só.

(5) O Espírito Santo, falando na pessoa do Senhor, designa esta Igreja única quando diz no Cântico dos Cânticos: "Uma só é a minha pomba, a minha perfeita, única filha da sua mãe e sem igual para a sua progenitora" (Cant 6,9).

(6) Aquele que não guarda esta unidade poderá pensar que ainda guarda a fé? Aquele que resiste e faz oposição à Igreja poderá confiar que ainda está na Igreja?

(7) Paulo apóstolo inculca o mesmo ensinamento e mostra o sacramento da unidade, dizendo: "Um só corpo e um só espírito, uma é a esperança da vossa vocação, um Senhor, uma fé, um Batismo, um só Deus" (Ef 4,4-5).

(8) E, depois da ressurreição, diz ao mesmo: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,17). Sobre ele só constrói a Igreja e lhe manda que apascente as suas ovelhas. Embora comunique a todos os Apóstolos igual poder, todavia institui uma só cátedra, determinando assim a origem da unidade.

(9) É verdade que os demais [Apóstolos] eram o mesmo que Pedro, mas o primado é conferido a Pedro para que fosse evidente que há uma só Igreja e uma só cátedra. Todos são pastores, mas é anunciado um só rebanho, que deve ser apascentado por todos os Apóstolos em unânime harmonia.

(10) Aquele que não guarda esta unidade, proclamada também por Paulo, poderá pensar que ainda guarda a fé? Aquele que abandona a cátedra de Pedro, sobre o qual foi fundada a Igreja, poderá confiar que ainda está na Igreja?


5 - A Igreja única e universal: muitos são os raios, uma a luz...

(1) Esta unidade devemos guardar e exigir com firmeza, especialmente nós, bispos, que na Igreja presidimos, para dar prova de que o episcopado também é um e indiviso. Ninguém engane os irmãos com mentiras

Gederson disse...

Caro Prof. Angueth,
Salve Maria!

O Cardeal Franzelin formula a ilogicidade da Sola Scriptura para dar o golpe de misericórdia no protestantismo da seguinte forma:

"Existe, fora das escrituras, um outro órgão graças ao qual se conserva com toda segurança a doutrina pura e íntegra transmitida um sua origem por Cristo e pelos apóstolos? Os protestantes são obrigados a negar, se querem salvaguardar sua heresia". http://lamentabili.blogspot.com/#uds-search-results

Se não há fora das escrituras nenhum órgão que tenha guardado a doutrina pura e íntegra dos apóstolos, então os portões do inferno prevaleceram. Para que se cumpra aquilo que Cristo, os apóstolos, os pais da Igreja e todos os santos disseram da Igreja, necessariamente deveria haver um órgão que guardou, guarda e guardará a fé e testemunhe antes a eficácia da promessa de Cristo acerca do Paráclito do que a eficácia do registro material da revelação. Não haveria nada de divino no "cristianismo" se ele fosse mais uma religião do livro, como o judaísmo, o islamismo, o hinduísmo, etc. Se o cristianismo fosse uma religião do livro, Assis estaria justificado e haveria de fato igualdade entre as religiões. O golpe do Cardeal Franzelin é fatal!

Ainda pode nos dizer que, o Espírito Santo foi nos enviado para que lembrássemos todas as coisas, é Ele quem nos convence do pecado da justiça e do juízo. Se a bíblia sozinha ENSINA tudo o que é necessário a nossa salvação do pecado, então testemunha-se que está doutrina, assumiu para si, a missão do Paráclito. Logo, seria a bíblia e não o Espírito Santo, que nos convenceria do pecado, da justiça e do juízo, ou seja, a bíblia se tornaria o próprio Espírito Santo. Quando os protestantes querem se lembrar de alguma coisa, a primeira pergunta é:

Qual o capítulo e o versículo?

Diz isto para depois ir verificar em sua bíblia se as coisas são conforme dizemos. Assim, a palavra não transfere do papel para o coração e memória do crente, fica no papel mesmo. Onde ocorre exatamente o que o heterodoxo Erasmo de Rotterdam dizia: "Os homens colocam no papel, o que são incapazes de reter na memória". É o típico comportamento "bereano" que conferiam nas Sagradas Escrituras, aquilo que ainda não havia sido gravado no coração pelo Espírito Santo.

Fique com Deus.

Abraço

Gederson disse...

Complementando: Acerca do que disse sobre a relação entre a bíblia e a missão do Espírito Santo, é bom acrescentar que pelos motivos colocados é que muitos protestantes acreditam estar ouvindo o próprio Espírito Santo, enquanto estão fazendo uma leitura da bíblia.

Wendy A. Carvalho disse...

Caro Gederson,

Antes tudo, gostaria, que você lesse essa postagem: http://importantesbobagens.blogspot.com/2011/02/agostinho-interpretacao-da-pedra-de.html

E se for bom em inglês, leia essa: http://www.the-highway.com/Matt16.18_Webster.html

Não nego que você parece ser tão ou mais inteligente que a maioria. Mas algumas coisas me deixaram totalmente desconfortável para a continuação da discussão com você. Agostinho é, primeiro, tido como o Teólogo mais importante da Igreja Medieval, até mais que Tomás de Aquino, por parte da maioria dos católicos. Depois é tido como alguém mais ou menos inteligente, para logo após ser alguém sem tanta competência assim, fazendo com que até Cipriano – que contradiz-se em um ponto, restabelece minha posição em outros e tenta justificar com versículos o que esses versículos nunca justificariam - seja mais importante e competente que aquele. Parece que você não está nem aí para a competência ou incompetência de Agostinho, mas parece conjeturar ser ele competente nos assuntos que lhe conferem base, mas parece ser totalmente impassível aos que lhe minam a posição. Também me assustei com algumas de suas afirmações e até me espantei com algumas de suas inferências e interpretações sobre o que eu disse, pois não parecia o Gederson cuidadoso das primeiras postagens. Cheguei até a me questionar de onde você havia tirado aquelas afirmações. Seus argumentos, que começaram bem, agora estão parecendo argumentos de um menininho. Não quero ser desrespeitoso quando digo que seria muito bom se você tomasse mais cuidado. Não podemos continuar a discussão sem Hermenêutica. Ela é essencial para um debate.

Sobre o tempo verbal do verbo “edificar”, acho que você não está dizendo coisa alguma. Cristo dizer que edificará o templo sobre a confissão de fé da Igreja, representada por Pedro, é algo totalmente plausível. Ele primeiro precisaria morrer, para que desse muito fruto, pois diz Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” (João 12:24) Sem a Morte de Cristo não haveria Igreja, coisa que Pedro achava que poderia existir (Mateus 21:23). Por isso tudo o que os apóstolos haviam conseguido era profético ou parabólico, bem como a passagem em evidência. Pois a plenitude de Cristo viveria nele (Pedro) quando Ele morresse (justificando a Igreja), ressuscitasse (salvando a Igreja), subisse ao céu (dando esperança e fé à Igreja) e enviasse do alto seu Consolador (dando os dons espirituais, principalmente a Caridade e consolando a Igreja). Assim, quando Jesus diz: “Recebei o Espírito” (João 20:22) e assopra sobre eles, não significa que ele já entregou o Espírito, mas que lhes firmou uma promessa (João 15:26). Pois diz: “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.” (João 16:7) Assim é com Pedro e com os demais apóstolos. Eles recebem a promessa de tudo será feito conforme a permissão deles, mas é necessário que antes venha a força do Espírito. Com essa força, a que Jesus lhes daria quando ascendesse, eles iriam apascentar as ovelhas de Jesus, ou seja, o rebanho da casa de Israel (Evangelho da Circuncisão), os samaritanos e, por fim, os gentios (Evangelho da Incircuncisão).

Wendy A. Carvalho disse...

Uma coisa interessante é que primeiro você diz que Agostinho não é tão competente ao afirmar que Pedro representa a Igreja no momento da afirmação deste e depois conclui que Pedro é um signo da Unidade, ou seja, da Igreja. Signos são representações. Assim, se Pedro é um signo de Unidade, ele representa a Igreja e, por isso, recebe as chaves. Digo mais, a contradição de Pedro não aconteceu antes do Pentecostes, mas depois deste. Além disso, Jesus pede que os apóstolos se responsabilizem pelas ovelhas da casa de Israel, dos samaritanos e dos gentios (Mateus 10). No seu argumento de n°8 você diz que os outros apóstolos, que não Pedro, não receberam as chaves com a mesma finalidade com a qual este a recebera. Mas que finalidade é essa? Diz que Pedro recebeu uma revelação que os judeus não foram capazes de receber. Qual? Outra coisa, quando o apóstolo fala que a Letra mata e que o Espírito vivifica, ele está rebaixando o poder da Lei para salvar e exaltando o poder da Graça para fazê-lo. Se levarmos avante sua opinião sobre isso, terminaremos por concluir que a leitura bíblica é prejudicial e que nosso crescimento subjetivo é benigno.

Onde você leu, Gederson, que eu disse que Cristo está acima do Pai? Eu disse, muito pelo contrário, (e baseado no Novo Testamento) que “1)Deus acima de Cristo (I Coríntios 11:3)”, como você mesmo pode ler, revisando minhas postagens. E é claro que reconheço o Espírito Santo como potente autoridade sobre a Igreja e sobre mim. No entanto, eu estava querendo deixar a hierarquia conforme os livros lidos no Novo Testamento. Me perdoe!

Alguns questionamentos: de que forma Pedro, sendo indouto, escreveria duas cartas em grego? Outra coisa: eu errei em dizer que Pedro escreveu em grego copta. Na verdade, ele escreveu no grego coiné, que é a forma popular do grego, emergente naquela época e, por isso, a melhor forma de tornar os escritos mais acessíveis, já que na Judéia e na Galiléia, o grego era dominante e o aramaico e o latim apenas línguas secundárias, mesmo com a queda do Império Grego. É claro que isso são apenas detalhes. Não merecem tanta atenção assim.

Gederson disse...

Caro Wendy,
Como afirmei anteriormente, Santo Agostinho não criou nenhuma bagunça teológica, pelo contrário, resolveu muitas bagunças teológicas. O fato de ser um dos teólogos mais importantes da Igreja, não o capacita a tratar de questões de exegese. Ele mesmo reconhece não ter competência para tratar da exegese de Mateus, por isto ele diz:
“Mas que o leitor decida qual dessas duas opiniões é a mais provável”. Retratações XX, 1
Veja primeiramente ele fala em opiniões, e em segundo lugar confere ao leitor o direito de escolher qual das duas é a mais provável. Neste caso, não existe a resolução do problema. Santo Agostinho foi um grande teólogo, mas não foi e nem poderia ser um grande exegeta, uma fez que não conhecia bem o grego (Curiosamente Santo Tomás tinha o mesmo problema com relação ao grego). Já no caso de São Cipriano, não existe contradição em seu ensinamento. Uma das coisas que a Igreja visível deve testemunhar é a unidade divina. Não havendo este testemunho, não é possível que “todos sejam um”, assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um.
Em um debate pode acontecer algum mal entendido. Isto não significa que devemos nos assustar com afirmações ou nos espantarmos com algumas inferências e interpretações sobre o que dizemos. As coisas devem ser esclarecidas e se houver perda de qualidade na argumentação, isto deve ser demonstrado antes de se fazer afirmações depreciativas sobre os argumentos, pois a ordem inversa pressupõe apenas o uso da falácia ad hominem.

Gederson disse...

Quanto ao tempo verbal, também acho que você não está dizendo coisa alguma. Cristo dizer que edificará a Igreja sobre a confissão de São Pedro, é algo plausível, mas não totalmente plausível. O argumento que pretende uma edificação da Igreja sobre a confissão e não sobre São Pedro, carece de uma série de distinções. A primeira distinção, é que a confissão de São Pedro reconhece quem é Cristo, não reconhece aquilo que Ele veio fazer. A segunda e decisiva distinção, parte da compreensão de que tanto um reconhecimento quanto o outro, não significam necessariamente uma adesão ao que se reconhece. O exemplo claro destas distinções, é que uma das primeiras confissões de que Jesus é o filho de Deus, foi feita pelo próprio demônio (Mt 8,29), o qual seguem muitos homens que também reconhecem, mas não aderem a Cristo. Ainda podemos dizer que, nem todo o que diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus, embora tenham realizado curas, milagres e exorcismos, estes nunca participaram da Igreja, uma vez que creram, mas não obedeceram a vontade de Cristo. Por enquanto, acredito que está argumentação seja suficiente para demonstrar as falhas de sua argumentação.
Quanto a questão da representação petrina (no que diz respeito a Santo Agostinho, já foi explicado logo no inicío), me referi a São Pedro como vigário de Cristo e não vigário da Igreja, pois foi de Cristo e não da Igreja que ele recebeu o poder das chaves. A contradição de São Pedro se deu antes de Pentecostes, posteriormente ele cometeu um erro de prática e foi corrigido por São Paulo. Sim, Jesus pede que os apóstolos se responsabilizem por todas as ovelhas, mas trata os apóstolos como ovelhas que devem ser pastoreadas por São Pedro. Você ainda não entendeu que a finalidade do poder das chaves conferidas a São Pedro, é o de uma jurisdição sobre todos os apóstolos e de conservação da unidade da Igreja?
A revelação que São Pedro recebeu e que os judeus não foram capazes de receber através de um exame direto das Sagradas Escrituras, foi a de que Cristo é o filho do Deus Vivo, a qual não foi revelada nem pelo sangue e nem pela carne, mas pelo Pai que estava nos céus. Quanto ao ensinamento do apóstolo de que a letra mata, mas o espírito vivifica, isto nada tem haver com rebaixamento da lei e exaltação do poder da graça, mas exatamente com questões de interpretação. Como no exemplo da revelação recebida por São Pedro: os judeus que rejeitaram Cristo, estavam mortos pela sua letra e só podiam ser elevados pela graça, se aderissem seu espírito.

Gederson disse...

Ora, mas que a leitura bíblica sem o espírito que vivifica é prejudicial, o testemunham até hoje os judeus. Qualquer Cristão antes de se aproximar da bíblia, deve se aproximar da Igreja. Não são poucos que tem a presunção de encontrar a verdade nos textos bíblicos desconsiderando e tendo por conta de nada, os próprios ensinamentos da Igreja. Na Igreja existe uma hierarquia de dons dados pelo Espírito Santo, entre quais se encontra os dons concernentes a interpretação bíblica. Este dons conforme pode se ler em Corintios 12, não são dados a todos, mas a poucos para que haja proveito comum e não proveito particular. Fora da Igreja toda leitura bíblica só pode trazer ao leitor um crescimento subjetivo e nada além disso. No mais leia o trabalho do Prof. Orlando Fedeli “Leia a bíblia” http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=apologetica&artigo=leiabiblia1&lang=bra. Virtudes intelectuais e morais, são indispensáveis antes de qualquer leitura bíblica. A humildade de se reconhecer o ensinamento da Igreja e o que outros disseram antes, é a principal delas.
Quanto a questão da relação entre o Pai e o Filho, errei a ordem da relação entre o Pai e o Filho, desculpe. De fato em Corintíos 11, 3 se lê que o Pai é senhor do Filho, mas isto não quer significar uma supremacia de um para outro, uma vez que os dois são um. Quanto a questão da hierarquia na Igreja, não é possível tratar dela, sem tratar do Espírito Santo. Nem mesmo que se queira deixar a hierarquia conforme os livros do Novo Testamento! É um absurdo!
Quanto aos questionamentos: a língua falada naquele tempo em Israel, não era o grego coiné, mas o aramaico que era uma mistura entre o hebraico e o grego. O Evangelho de Mateus foi primeiramente escrito em aramaico, sendo posteriormente traduzido para o grego coiné. Diz –se que em homenagem a este Evangelho se conservou as palavras ditas por Cristo na cruz (Eli, Eli lamá sabactani!) em aramaico. Já as cartas de São Pedro, suas análises, apontam uma linguagem e um estilo grego que não são próprios de São Pedro. Mas na própria carta está o nome do escritor:

“Por meio de Silvano, que eu considero irmão fiel, escrevi a vocês essas poucas palavras, para admoestá-los e dar testemunho de que esta é a verdadeira graça de Deus”. 1Pd 5,12

Anônimo disse...

Socorro professor

Chega ! ja sao mais de 50 comentarios para esse post

Vc ja deu sua intervenção final q pra mim ja é mais do q definitiva
esclarecedora e sufciciente

Se vc nao travar o debate, isso nunca tera fim !

Wendy A. Carvalho disse...

Gederson,

Questionamentos:

A) Onde você leu minha afirmação de Agostinho criou alguma bagunça? B) Desde quando a abertura a opiniões feita por Agostinho é uma confissão de sua incapacidade exegética? C) Desde quando a exegese está ligada à grega? D) Na sua segunda postagem, você utiliza a palavra “distinção” várias vezes, gostaria de saber se é realmente essa palavra que você queira utilizar (eu preciso saber disso para replicar tal argumento). E) Você acha mesmo que Paulo e Pedro já pregavam o Evangelho antes de Pentecostes? Você não leu que Paulo corrigiu Pedro quando estes já pregavam o Evangelho da Incircuncisão e da Circuncisão (respectivamente)? De que modo eles pregariam sem o Espírito? F) Onde Jesus trata os outros apóstolos como passíveis dos cuidados de Pedro? Onde se lê que as chaves conferem a Pedro uma finalidade jurídica sobre os outros apóstolos? G) Você diz que o cristão que quer ler a Bíblia deve se aproximar da Igreja, não do Espírito, que vivifica. Não acha contrário com o período anterior de seu argumento? Esta hierarquia que você citou é bíblica? H) Desde quando o Aramaico deixou de ser o Hebraico Arcaico e passou a ser uma “mistura”?

É exatamente sobre isso que quero te alertar. Não quero te rebaixar ou me mostrar superior quando digo que você precisa de mais atenção. Enquanto eu digo que “Agostinho arrumou uma bagunça teológica”, você interpreta o verbo arrumar como se fosse “criar” e não no mesmo sentido utilizado por nossas mães ao dizerem: “Arruma essa bagunça, menino.” Será que quando se ouve isso devemos sugerir que trata-se de “criar” uma bagunça e não de solucioná-la? Mas isso é só um detalhe e é também apenas um exemplo do que falei sobre sua deficiência hermenêutica. E o mais irônico é que você, que traz consigo essas dificuldades, afirma ser Agostinho alguém incapacitado a realizar atividades exegéticas significativas. Em verdade te digo: nem eu e nem você faríamos uma exegese como a que Agostinho fez da Trindade – isso pra não mencionar a exegese das passagens da Graça, a qual utilizou pra combater o pelagianismo.

Uma coisa que também notei é que você é bem mais prolixo que eu, o que me faz pensar que se existe a iminente falácia ad hominem aqui presente, há também a iminente ad nauseam, pois embora eu tenha repetido algum dos meus argumentos, você repetiu diversos, chegando, em algum momento, a dizer a mesma coisa que havia dito na ocasião anterior.

“Os textos originais foram escritos por seus respectivos autores a partir do ano 42 d.C, em grego koiné, a língua franca da parte oriental do Império Romano, onde também foram compostos.” (John Robinson e Carter Lindeberg, nos livros Redating the New Testament. Wipf & Stock Publishers, 2000; e Uma breve história do cristianismo. São Paulo: Loyola, 2008. pág. 26.) E também eu não disse que Pedro falava aramaico, eu apenas disse que o grego era uma linguagem emergente, super forte e mais popular, por isso o Novo Testamento foi escrito em grego. E Pedro pediu ajuda a Silas, o que não quer dizer que Silas tenha feito todo o trabalho. Leia o primeiro verso do primeiro capítulo e o primeiro verso também da segunda carta. Isso é o que dizem os historiadores e paleógrafos que organizaram a NTLH que é uma tradução de vários estudiosos direto do texto original em grego.

Gederson disse...

Wendy,
a) Quando você afirmou que ele arrumou UMA bagunça e não A bagunça.
b) A honra do exegeta é resolver a questão que se dispõe a tratar, não é transferir para outros uma função que é propriamente sua.
c) Naqueles tempos a fonte dos Evangelhos, era a língua grega. A vulgata de São Jerônimo só ficou pronta entre o fim do século IV e o princípio do século V. Santo Tomás em seu tempo teve acesso a traduções ruins de Aristóteles percebendo-as pela sua lógica, solicitou a um tradutor expert, traduções diretas do grego.
d) A palavra distinção foi usada apenas três vezes. Mas se você acha o uso da palavra equivocado, com todo respeito, apresente a palavra mais adequada.
e) Ninguém disse que São Pedro e São Paulo pregavam o Evangelho antes de pentecostes. Foi dito que a contradição de São Pedro, ocorreu antes de pentescostes. Quando Nosso Senhor diz que Satanás o reclamou para si, São Pedro caiu em contradição logo depois que o galo cantou três vezes.
f) Não é preciso repetir pela enésima vez, o texto de São João Crisóstomo. Será preciso?
g) O espírito que vivifica está na Igreja, que é o lugar mais fácil de encontra-lo, como foi argumentado anteriormente, citando Santo Hilário: “As escrituras estão melhores escritas no coração da Igreja do que em instrumentos materiais”. A hierarquia de dons é bíblica (1Cor 12). São Clemente de Roma a sintetiza muito bem quanto diz aos mesmos Coríntios: “Cada qual seja submisso a seu próximo em conformidade com o dom que Deus lhes tenha concedido.”

Gederson disse...

H) Na época que estudei a questão do Aramaico falado na época de Jesus, a informação a que tive acesso, foi a de que o aramaico era uma mistura entre o grego e o hebraico. Contudo não é uma mistura entre o idioma hebraico e grego, mas siríaco. Provavelmente a informação que obtive acesso foi de algum dialeto aramaico (existiram vários) na época.
Agradeço pelo seu alerta, pois careço muito de quem me chame a atenção até mesmo para exercitar a humildade. Contudo, quando mães mandam os filhos arrumarem bagunças, elas não mandam os filhos arrumarem bagunças que outros tenham feito. Além disso, as mães não mandam os filhos arrumarem UMA bagunça, mas A bagunça. Quando se fala em arrumar UMA bagunça, o sentido é de criar essa bagunça, mas quando se fala em arrumar a bagunça, o sentido é de colocar as coisas de volta em seus devidos lugares. No futebol quando vemos um craque driblando a defesa do adversário, dizemos que ele arrumou UMA bagunça nesta defesa. Cabendo ao técnico arrumar a (e não uma) bagunça criada por este, em sua defesa. Eu afirmei que Santo Agostinho por não conhecer o grego e não dispor de uma tradução exata para o latim, não poderia ser um grande exegeta. Não afirmei que ele não poderia ser exegeta. Existem pessoas boas naquilo que fazem, sem necessariamente serem grandes. Santo Agostinho não fez exegese da trindade e nem da graça, fez teologia.
Quanto à prolixidade,com todo respeito, não é possível responder-lhe sem ser mais prolixo do que você. Em suas argumentações você levanta uma série de questões, elas são respondidas e você repete novamente aquilo que foi respondido. Não dá para contar, por exemplo, quantas vezes repetiu as questões em torno da primazia de São Pedro sobre os onze apóstolos. Isto sem sequer responder ao texto de São João Crisóstomo. De fato, existe a iminente ad nauseam, minhas repetições são efeitos dela.
O Bispo Papias de Hierápolis foi discípulo direto de São João, é ele quem afirma que o Evangelho de Mateus foi primeiramente escrito em hebraico ou aramaico. Não é preciso você dizer que São Pedro falava aramaico, ele falava mesmo. O redator das cartas de São Pedro, foi Silvano, não foi Silas. Isto é o que diz a Pontifícia Comissão para estudos bíblicos.

Gederson disse...

Bom, para encerrar minha participação, anúncio que vou dar um tempo com os debates por uma diversidade de fatores. Mas para encerrar de vez a questão de Santo Agostinho como exegeta, lembro que o próprio Bispo de Hipona confessa que apanhou na escola porque não aprendia o grego (Confissões). Por está razão as vezes São Jerônimo lhe dizia: "Cala a boca burro!" Para fazer uma correta exegese do versículo de Mateus onde Cristo estabelece o primado petrino, se faz necessário um grande conhecimento da língua grega e o conhecimento do aramaico. Afim de provar o que afirmo, indico a leitura do artigo "Quem é a pedra: Jesus ou Pedro?" disponibilizado no endereço:
http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=2864

O autor demonstra muito bem, porque Santo Agostinho errou em propor as duas interpretações para o mesmo versículo. Aos que querem impugnar a primeira interpretação, cabe lembrar aquilo que dizia o Santo: Morte ao erro, amor ao que erra! Se a primeira interpretação estivesse errada, ele não daria a seus leitores o direito de escolhê-la como a mais provável.

Fiquem com Deus.

Abraços

Wendy A. Carvalho disse...

Gederson,

Eu acho que deveríamos transferir essa discussão pra outro lugar. Acho o blog do Angueth muito sério e não é lugar para essas discussões bobas. Se pelo menos estivéssemos falando das Solas, como ele mencionou, seria melhor. Isso aqui já deixou de ser um debate há bastante tempo e passou a ser uma conversa sobre todos os assuntos possíveis de catolicismo, história e, infelizmente, gramática. Vamos respeitar o espaço de nosso amigo. Se possível, comentemos no meu blog: www.importantesbobagens.blogspot.com

Vou rebater só mais algumas coisas e gostaria que continuássemos lá. Se quiser, é claro. Ninguém o está forçando a nada.

1 - Bom, eu não entendi o sentido da palavra "distinção". E é você quem tem que achar essa palavra, pois não sei o que você realmente tá pensando ou sentindo quando quer escrever isso.

2 - Você diz que ninguém disse que a contradição de Pedro aconteceu depois do Pentecostes, mas foi justamente isso o que eu disse. Pois você disse que a contradição de Pedro aconteceu antes do Pentecostes, o que é uma grande mentira, pois Paulo, Tito e Barnabé já pregavam o Evangelho há quase duas décadas até a data da carta de Gálatas. Ou seja, eles já haviam recebido o Espírito Santo pra pregar.

3 – O Hilário não está falando da Igreja Católica Apostólica Romana. Ele está falando da Igreja (povo de Deus), não templo. Aproveito este terceiro tópico pra dizer que o Espírito Santo não está na Igreja Católica, mas na Igreja. Ou seja, o Espírito Santo está dentro daqueles a quem Deus deu o Espírito Santo. Ou seja, o Espírito, que vivifica, está na Igreja, não na ICAR.

4 – Você me acusa de uma coisa que é você quem faz constantemente: escrever demais pra falar pequenas coisas. Por exemplo, você pegou o meu EXEMPLO (e não o argumento, o centro) das mães falando aos seus filhos e fez um blá blá blá. Se isso não é ser prolixo e se repetir frases de santos que não refutam nada (alguns até que me ajudam e você não percebe), então eu não sei o que isso significa. Ademais, enquanto eu escrevo um comentário – eu, que já fui chamado aqui no blog do Angueth de prolixo – você escreve três. Além do mais, eu não fico repetindo tudo, como você. O ad nauseam, amigo, tá vindo daí.

5 – Quando eu voltava aos assuntos do Pedro, da Pedra e das Chaves, eu sempre trazia um versículo, uma interpretação e uma inferência novas. Pode ver! Nunca era uma repetição desonesta.

Mas se estiver cansado, apesar de não ser eu quem força meu interlocutor a ler três ou mais comentários, de "debater", não hesito em dizer que você pode ficar com o prêmio do debate. Eu não gosto de ganhar debates.

Deus te abençoe e te exalte na terra.

Anônimo disse...

"Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs. Tito 3:9"

Finalmente, a luz!

Pe Vagner disse...

Olá Professor Angueth,

Só mais uma aportação ao seu argumento: Ainda que houvesse um livro Bíblico que catalogasse as escrituras inspiradas, ficaria de pé o problema de sua Canonicidade, ou seja ele teria que ser recebido no Canon por uma AUTORIDADE EXTRA-BÍBLICA (que é a Igreja Católica).

Muitos protestantes não entendem o problema da Canônicidade dos livros Inspirados, eles pensam que nós os Católicos atribuimos à Igreja a inspirição. Isto é um erro: Um livro é INSPIRADO POR TER DEUS POR AUTOR E CANÔNICO ENQUANTO FOI RECONHECIDO COMO TAL PELA IGREJA. Somente a AUTORIDADE DA IGREJA é critério válido para saber quais livros são inspirados e quais não.

Daí vemos mais um paradoxo para os protestantes: Eles (e nós) recebemos a Bíblia da Igreja Católica e muitos utilizam a Bíblia para atacar à Igreja.

Grande abraço e que Deus o abençoe +,
Pe Vagner

Wesley A. de Carvalho disse...

Prezados, “Salve Maria Mãe do Meu Senhor” (Lc I , 43).
Se a Bíblia tem algo de objetivo a nos ensinar não deveríamos buscar tal? A Sola Scriptura é justamente oposta a isto. Dizer que ela ensina é um erro, pois pressupõe que o leitor seja honesto e entenda a mensagem como sendo boa, ou ainda, que todo ato de leitura seja supervisionado pelo Espirito Santo. Um exemplo de como a eliminação de uma autoridade para validar tais ensinamentos é grave, é a aprovação do aborto pela IURD através da Bíblia (validando ensinamentos claramente errôneos através da Bíblia).
Vai falar com eles que os Católicos não concordam com isso?
Vai falar com eles que os Luteranos não concordam com isso?
Vai falar com eles que os Anglicanos não concordam com isso?
Eles irão desdenhar TODOS, pois este é o âmago da questão, A Sola Scriptura nos permite romper com a comunidade cristã desvinculando-se de suas Tradições.
O único fator que pode desabonar este equivoco por parte da UIRD é a Tradição dos cristãos e não a Bíblia, pois esta eles estão usando a seu favor.
Na afirmação do Sr. Wendy:
“Mas sim, o princípio segundo o qual a Bíblia SOZINHA ENSINA tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado”.
Vemos claramente que quem ensina também avalia, logo, deveria ser obvio este erro por parte dos abortistas cristãos, visto que eles possuem o professor e o auditor, mas os seguidores da Sola Scriptura não aceitam opiniões de qualquer entidade, seja da Igreja Católica ou da Igreja “Povo de Deus” e permanecem no erro.
Não à toa a Reforma Protestante é responsável por grande parte do pensamento revolucionário atual.
Ora, se aquilo que eu identifico como Igreja (Católica) não pode revelar que a UIRD está errada, nem aqueles que acreditam na Igreja “Povo de Deus” (conjunto de cristãos) podem, é sinal que a Sola Scriptura se tornou MAIOR do que qualquer ensinamento objetivo vivenciando dentro da Tradição Cristã em dois milênios.
Em resumo, Sola Scriptura é:
Um aluno fazer uma prova para ele mesmo corrigir.

Manfredo disse...

“Assim como há um só Deus, um só Cristo, um só Espírito Santo, assim também há uma só verdade divinamente revelada; uma só Fé divina que é o princípio da salvação do homem e o fundamento de toda a justificação, a Fé pela qual o justo vive e sem a qual é impossível agradar a Deus e chegar à comunhão dos Seus filhos. Há uma só Igreja una, verdadeira, santa e católica que é a Igreja Apostólica Romana. Há uma só cátedra fundada sobre Pedro pela palavra do Senhor, fora da qual não podemos encontrar nem a verdadeira Fé, nem a salvação eterna. Todo aquele que não tiver a Igreja como mãe não pode ter a Deus como pai, e quem quer que abandone a cátedra de Pedro sobre a qual a Igreja foi fundada confia falsamente que está na Igreja de Cristo. Na verdade, não pode haver crime maior e mancha mais repugnante do que se opor a Cristo, do que dividir a Igreja gerada e comprada pelo Seu Sangue, do que esquecer o amor evangélico e combater com o furor da discórdia hostil a harmonia do povo de Deus.”
(Pio IX, Singulari Quidem)

Anônimo disse...

Wendy,

""""" Ademais, Jesus Cristo nos ensina, sim, o exame bíblico. Ele diz: "Examinem as Escrituras, pois vocês julgam que elas possuem vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim, mas vocês não querem vir a Mim para ter vida." (João 5:39-40) Significa que algumas pessoas estavam apenas lendo as Escrituras, mas não se relacionavam com Jesus, o que é um grande erro."""""

VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE ENGANADO.
CRISTO NÃO FALOU O TEXTO ACIMA PARA TODO O POVO JUDEUS E SIM PARA OS JUDEUS QUE O PERSEGUIAM ISTO É OS DOUTORES DA LEI E OS FARISEUS.

São Mateus nos conta que Jesus, respondendo aos fariseus que criticavam os discípulos de Jesus por colher espigas no sábado - o que era proibido pela letra da lei - disse-lhes: "Não lestes o que fez Davi quando teve fome, e ele e os que com ele iam?" (Mt. cap.12, 3). "Não lestes na lei que aos sábados os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?" (Mt. cap. 12, 5).

Contradizendo a leitura dos fariseus sobre o direito de repúdio da mulher, Cristo lhes disse: "Não lestes que quem criou o homem no princípio, criou-os homem e mulher..." (Mt.cap.19, 4)."Jesus disse-lhes: ‘Nunca lestes nas escrituras: "A pedra que fora rejeitada, pelos que edificavam, tornou-se a pedra angular (...)?"

Em todos esses textos, o verbo ler é empregado contra os fariseus, mostrando que a simples leitura da Bíblia não lhes foi levada em mérito e sim em agravamento de culpa.
Com essas palavras então,Cristo lhes mostrava que, embora tendo lido a Sagrada Escritura, isso de nada lhes tinha valido, pois eles não inclinavam seu ouvido à Sabedoria.
A crítica aos que entendiam mal a Escritura é repetida várias vezes nos Evangelhos, sempre utilizando a expressão "Não lestes".

""""""" Deveríamos deixar de interpretar as Escrituras por causa disso? O Papa é um ser humano. Teria ele alguma vantagem sobre nós? """"""

O Papa tem todas as vantagens sobre qualquer fiel, pois ele recebeu na sucessão apostólica do próprio Cristo as Chaves para poder interpretar a Sagrada Escritura, estando toda e qualquer interpretação da mesma, sujeita ao seu juízo infalível.

Guarde isso com você:
Além de você não ter o direito de interpretar a Sagrada Escritura só porque sabe ler, ela já foi interpretada infalivelmente pelos papas e consolidada pela Tradição e Magistério.
Abraços.
Gustavo.

PS: aproveito para mandar um grande abraço para o senhor, prof. Angueth. O senhor está se recuperando bem ? (incluído nas minhas orações do Terço).
AMDG.

Wendy A. Carvalho disse...

Eu não disse que Jesus falou aquilo com todo o povo judeu. Pode reler meu comentário. A sua primeira refutação não refuta nada, tendo eu - até - concordado com várias de suas afirmações.

Pedro deveria ter dito àos seus colegas apóstolos e não-apóstolos que eles também não tinham o direito de interpretar as Escrituras. Mas Pedro sabia que não tinha vantagem sobre ninguém, pois era acostumado a ouvir coisas como: "sejam como criançinhas"; "o maior no Reino será aquele vos serve"; "quem a si mesmo exalta será humilhado".

Detalhe: eu acredito na autoridade de Deus, de Cristo, dos apóstolos e profetas e, depois, na autoridade das Escrituras. Não acredito na autoridade da ICAR.

Anônimo disse...

ehhhh wendy, pelo visto vc quer ser o infalivel aqui do blog e começar e encerrar os debates.

E isso sem responder as indagações q te fazem, hein !

Wendy A. Carvalho disse...

Anônimo,

Olha, não sou eu não está se apresentando dessa maneira. Não pretendo iniciar debates ou terminá-los. Meus primeiros comentários, como você mesmo pode conferir (coisa que você parece não querer fazer), eu tentei falar AO ANGUETH algumas correções. E eu tentei responder todas as indagações possíveis. Pois muitos comentarístas FIZERAM indagações, coisa que você não fez. Não estou aqui pra puxar o saco do Angueth, ganhar debates, criticar coisas desconhecidas ou me mostrar superior. Isso seria uma coisa que você saberia se tivesse lido TODOS os 62 comentários anteriores. Estou aqui buscando a verdade. E não encontrei nenhum espaço que debata o catolicismo como o blog do Angueth. Se o Angueth (que é DONO DO BLOG) tá aceitando o que comento e você não tá gostando, você vai ter que me engolir, meu amigo.

Mas aqui vai um conselho: antes de entrar numa discussão, leia todos os comentários.

Anônimo disse...

André disse: Não adianta debater com protestante. Ele nunca está atrás da verdade, pois julga já conhece-la. Assim sendo, todos são "irmaõs" em Cristo. Aquele que defende o aborto ou o divórcio é "Irmão em Cristo" daquele que é contra. Fui protestante e sei como funciona uma cabeça comandada por Lutero. Não adianta. Ele nunca se convence e mesmo que se prove tudo que se diz ele já sai com jargões. Ele sabe que uma denominação não é igual a outra, mas mesmo assim acha possível que ambas estejam certas em matéra de fé e doutrina. Eles criaram vários Jesuses e ao mesmo tempo fizeram do mesmo Jesus alguém que tem duas ou mais opiniões para o mesmo assunto. E não tem jeito.

Sthéfany Costa disse...

Nossa... vou voltar amanhã pra ler este debate com mais tempo... vcs se empolgam :)

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