Caros leitores,
Acabo de publicar, via Clube de Autores, o livro que compila meus comentários sobre a Missa Nova, sobretudo a respeito do folheto O DOMINGO - Semanário Litúrgico-Catequético. Além de meus comentários, adicionei também alguns anexos sobre assuntos relacionados com a Igreja pós-conciliar. Espero que vocês gostem do livro. Abaixo transcrevo a introdução do mesmo. Para adquirir o livro clique aqui.
Introdução
Nas páginas seguintes, o leitor encontrará comentários de um leigo católico que, depois de muitos anos de apostasia, volta, pela graça de Deus, ao seio da Igreja Católica e a encontra numa crise gravíssima. Tendo lido alguns dos principais depoimentos sobre a crise, quis dar seu próprio.
Passei algum tempo atordoado, assistindo às missas modernas sem saber o que pensar, ou mesmo sem pensar nada. Comecei a assistir à Missa Tridentina, quando era celebrada em minha cidade, o que era um alívio, um bálsamo, para minha alma. Mas também assistia à Missa Nova.
Fazia uma verdadeira peregrinação pelas Igrejas, para encontrar a missa menos barulhenta, o padre menos artista, mais piedoso, aquele que conhecia minimamente a doutrina católica. Era difícil, mas, com o tempo, fui selecionando algumas igrejas e alguns padres que me eram menos escandalosos.
Notei, nesse meu peregrinar pelas igrejas, que o folheto distribuído aos fiéis era, na maioria dos casos, “O DOMINGO: Semanário Litúrgico-Catequético”, jornal (pois tem até um jornalista responsável) editado pela Pia Sociedade de São Paulo e cujo redator é o Pe. Nilo Luza. Esse folheto contém a parte litúrgica e também, na última página, dois artigos. Um deles é, digamos, catequético. Procura comentar o Evangelho ou uma das leituras. O outro é mais noticioso, procurando atualizar os fiéis sobre acontecimentos eclesiais julgados importantes.
O artigo catequético, foco principal dos comentários que faço neste livro, é escandalosamente modernista, beirando a heresia. É possível notar que o folheto é muito lido pelos fiéis, principalmente os artigos finais, sobretudo antes que a missa se inicie. Desta forma, passei instintivamente a escrever meus comentários sobre o artigo catequético, com dois objetivos. O primeiro, e mais egoísta (devo confessar prontamente), foi o de me exorcizar daquela fala enganadora, daquela língua de cobra, daquela cantilena da teologia da libertação, daquela melodia demoníaca. O segundo objetivo, mais dentro do espírito católico, foi o de alertar outros católicos; o de dizer que eu era mais um que notava o descompasso daquelas opiniões em relação aos ensinamentos eternos da Igreja.
Pode-se objetar que as opiniões do folheto não são da Igreja; que, apesar dos artigos, em sua maioria, serem escritos por padres, isso não significa que eles encerrem opinião oficial. Essa observação é verdadeiramente razoável. Contudo, algumas coisas devem ser consideradas. A primeira delas é a permissão dada pela diocese, pelo Bispo diocesano, para que o folheto seja distribuído. Como palavra é alimento para alma, os bispos julgam que o folheto é alimento sadio. Há também outro detalhe intrigante: no rodapé da última página do folheto, há uma observação: “Texto litúrgico publicado com a autorização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)”. Como há, no folheto, textos litúrgicos e não-litúrgicos, como interpretar essa observação da CNBB? Que este sindicato de bispos aprova a liturgia e os textos não-litúrgicos ou que aprova apenas os litúrgicos. Na primeira hipótese, a CNBB aprova as opiniões dos artigos. Na segunda, mesmo sem aprovar, ela permite sua distribuição entre os fiéis, descuidando-se do rebanho que foi posto aos seus cuidados. Ambas as situações são graves. Considero, em meus comentários, que a CNBB aprova as opiniões e é, portanto, culpada deles tanto quanto seus autores que, muitas vezes, como disse, são padres.
Pode-se objetar ainda (e alguém já o fez de fato) que o título do livro é indevido. Afinal, os comentários se referem ao folheto que é distribuído na Missa e não à própria Missa, à liturgia em si. Bem, embora haja apenas um comentário predominantemente litúrgico neste livro, o folheto O DOMINGO é um fenômeno inseparável da Missa Nova, da Missa de Paulo VI. É um fenômeno impensável numa Missa Tridentina, pois lex orandi, lex credenti. Assim, os textos escandalosos d’O DOMINGO estão em consonância com a atmosfera protestantizante da Missa de Paulo VI. Eu diria até que são adornos inseparáveis desta liturgia, que trouxe para a Igreja a grande tragédia atual.
Todos os comentários que fiz foram publicados em meu blog (angueth.blogspot.com). Fiz pequenas revisões de texto antes de publicá-los aqui, mas mantive todo o seu tom, que é o de um católico não só perplexo, como indignado. Um católico que, apesar de não ser especialista em estudos litúrgicos, teológicos e canônicos, pôde perceber todo o equívoco, a malícia e o desconhecimento de clérigos que, supostamente, empreenderam todos estes estudos.
Alguém observou que meus comentários tinham similaridades com “O Imbecil Coletivo” de Olavo de Carvalho e que eu devia intitulá-los de O Imbecil Coletivo Católico. A observação talvez proceda, uma vez que, como Olavo, eu tomo como amostra da “intelectualidade” a ser criticada justamente padres que se consideram ilustrados o suficiente para emitirem opinião e tentarem influenciar os fiéis. Este é exatamente o caso dos “intelectuais” que Olavo toma como amostra da doença mental que invadiu o Brasil. Os dois imbecis não estão separados. Eles se comunicam e, às vezes, se sobrepõem. Um exemplo disso é “frei” Beto, que é imbecil nas duas dimensões.
Por falar no “frei”, incluí uma seção de anexos, que consta de artigos que escrevi para o blog, alguns deles dedicados ao “frei”, que não são comentários diretos às missas, mas que descrevem a situação de crise que vive a Igreja. São, por assim dizer, companheiros naturais dos comentários à missa. Inclui também mais alguns textos no Apêndice, inclusive a manifestação de um padre, que saiu desesperadamente em defesa de “frei” Beto.
Espero que este pequeno livro seja de algum proveito aos católicos que, como eu, estejam perplexos com a situação da Igreja. Precisamos, mesmo na perplexidade, da sensação de que não estamos sós, de que não somos apenas nós que percebemos a tragédia. Se há algum mérito neste texto é o de ser absolutamente contemporâneo. Está aqui o ensinamento catequético que resolveram, agora, nos ministrar, em cada missa, em cada texto, em cada artigo opinativo. E este ensinamento não está em continuidade com a Tradição da Igreja.
Belo Horizonte, 15 de janeiro de 2011.
Dia de São Paulo, Eremita