01/05/2009

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XVIII

Comento aqui o texto de Pe. Nilo Luza n’O Domingo de 26 de abril de 2009. O título do texto é “Comer e beber juntos”. Apesar da Missa desse domingo ser Lc 24, 35-48, Pe. Luza parece se referir a Lc 24, 25-35, mais especificamente aos versículos 30-31: “Aconteceu que, estando com eles [os discípulos de Emaús] à mesa, tomou o pão, benzeu-o, partiu e lho dava. Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no; mas ele desapareceu.”

A superficialidade do texto de Pe. Luza é extraordinária: “Jesus é reconhecido quando parte o pão. A comunhão eucarística se realiza quando o presidente da celebração parte a hóstia e a distribui aos participantes reunidos em assembléia. O Ressuscitado tem fome e quer partilhar o alimento com os seus. Comida é sinal de vida e comunhão. Jesus compara o reino de Deus a um banquete ...” [São meus os negritos.]

Onde, Pe. Luza, há essa comparação? Onde Jesus deixa entender que a Eucaristia (com letra maiúscula, Pe. Luza) é uma refeição. Leia o que vai a seguir, Pe. Luza, e se converta ao catolicismo.

“A doutrina católica designa a toda oração e a todo sacrifício uma finalidade quádrupla: latrêutica, eucarística, propiciatória e impetratória. Em outras palavras, todo sacrifício comporta a adoração, a ação de graças, a reparação e a petição. O fim propiciatório (ou de reparação) é próprio de nosso mundo depois do pecado original. Antes do pecado, nossos primeiros pais tinham o dever de adorar a Deus, de agradecer-Lhe e solicitar Suas graças, mas eles não tinham de modo algum a obrigação de reparar. Não tendo pecado, eles não tinham necessidade de fazer reparação para reconciliar-se com Deus. Não será mais o caso da humanidade pecadora que tem necessidade – mesmo que fosse apenas para que sua oração fosse ouvida por Deus – de reparação. Deixar de mencionar o caráter propriciatório da Missa [da Eucaristia] seria viver na ilusão de uma humanidade sem pecado. No paraíso terrestre, antes do pecado original, um sacrifício voltado unicamente para a adoração, a ação de graças e a petição teria sido possível. Depois do pecado original, é pura ilusão não acrescentar a propiciação aos outros três fins mencionados. Esse caráter essencialmente propiciatório já era mencionado no texto do Concílio de Trento. Ele também é confirmado nas próprias palavras da consagração do vinho: ‘... quo pro vobis et pro multis tradetur’ .” [Dai-nos a Missa de volta e a face da terra será renovada, SIM SIM NÃO NÃO, Ano XIII, no. 152, Jan.-Fev. 2007]

A frase “Jesus é reconhecido quando parte o pão” parece significar para Pe. Luza que o pão material é que faz com que os olhos dos discípulos sejam abertos. Que é a fome deles que levanta a venda que os impede de ver quem é Jesus. Que é a mística da mesa de refeição, tão festejada no texto, que faz tudo acontecer. Reduzindo a Eucaristia a uma refeição, Pe. Luza continua com todo tipo de tolice. Diz, por exemplo: “A mesa é forte símbolo de integração e convivência, de comunhão e fraternidade. Ao seu redor partilha-se comida, diálogo, amenidades, alegria, desconcentração ...” Sim, padre. Mas e daí? Será que Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu morte de cruz em nome de nossas amenidades? O senhor percebe sua blasfêmia?

Quanto à passagem evangélica narrada em Lc 24, 30-31, mencionada acima, é instrutivo aprender, não com Pe. Luza, que parece desconhecer a doutrina católica em quase todos os seus aspectos, mas com Santo Agostinho, que diz: “Não estavam [os discípulos] tão cegos para não enxergar nada, mas algum obstáculo havia que os impedia de conhecer o que viam. Não porque Deus não podia transformar sua carne e aparecer diferente de como eles o haviam visto em outras ocasiões, já que também se transformou no monte Tabor antes de Sua Paixão, de tal modo que Seu rosto brilhava como o sol. Mas agora não acontece isso, pois não temos este impedimento de forma inconveniente, mas é Satanás, com a permissão de Cristo, que impede seus olhos de reconhecerem a Jesus. Até que chegou o mistério do Pão, dando a conhecer que quando se participa de Seu Corpo, desaparece o obstáculo oferecido pelo inimigo para que não se possa conhecer a Jesus Cristo.”

Vejam bem a que Pão está se referindo São Lucas em seu evangelho. É o Pão com letra maiúscula. O Pão que nos faz parte do Corpo de Cristo. O Pão que nos afasta de Satanás. Tomar pão por Pão é confundir acidente e essência. Claro que isso deve ser completamente incompreensível para Pe. Luza, mas deve ser completamente claro que quisermos ser católicos. Pouparei os leitores das piores partes do texto de Pe. Luza. Sim, há coisas piores lá. Há as “políticas de combate à fome”, há “os países submersos na miséria e na fome”, há enfim o submarxismo de sempre.

Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V, Parte VI, Parte VII, Parte VIII, Parte IX, Parte X, Parte XI, Parte XII, Parte XIII, Parte XIV, Parte XV, Parte XVI, Parte XVII, Adendo III



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2 comentários:

Theophilus disse...

Angueth,
Salve Maria!
A seu ver, por que a Missa Nova insiste na noção de banquete e diminui a de sacríficio? Se fosse por um zelo de conversão para tentar chamar os protestantes para a Igreja (mesmo assim teria sido um tiro pela culatra, pois resultou na protestantização dos católicos) até se entenderia, mas não diz o Vaticano II que há elementos salvíficos nas diferentes "religiões" - o que fulmina tanto com a idéia de missão como de conversão?
Pax Christi,
T.

Gederson disse...

Prezado Prof. Angueth,
Salve Maria!

A única coisa que podemos dizer sobre a Igreja em nosso país, é que nela a paz, não é fruto da justiça. Definitivamente a CNBB, não vive o que prega na CF deste ano.

Em nosso país, a Igreja pela atuação da CNBB, escolheu seguir Dom Hélder Camara e abandonar Nossa Senhora de Fátima. Fique com Deus.

P.S.: Veja citação de Santo Agostinho que me foi passada pelo José Carlos:

"É de importância capital para a salvação dos homens que estejam unidos pelo dogma, antes de estarem pelo culto." Santo Agostinho, 1, De Vera religione.