04/02/2008

Margaret Sanger: o mal encarnado

Ted Flynn


Nota introdutória: Em tempos de DVD da CNBB com as “Católicas pelo Direito de Decidir” dando seu depoimento, é sempre bom lembrar de onde essas “católicas” vieram. A mãe delas não é a Nossa Senhora, mas Margaret Sanger. Os ancestrais remotos dessa turma são os cátaros e albigenses dos séculos XI, XII e XII e seu inimigo mortal, tanto naquela época, como nesta em que vivemos é a Igreja Católica. Por isso, todo o episódio do DVD da CNBB é lastimável. Agora, um pouquinho de história.



Para muitos americanos, o nome Planned Parenthood significa responsabilidade e até mesmo valores familiares. Ela foi fundada em 1915, por Margaret Sanger, com o nome de American Birth Control League. O nome foi mudado, por razões de relações públicas, para Planned Parethood Federation of America em 1942, e um braço internacional foi também criado. Elasha Drogin, em cuja biografia de Sanger a chama de Pai da Moderna Sociedade, descreve a influência de Sanger.

“A influência da International Planned Parenthood Federation[1] de Margaret Sanger no mundo contemporâneo é tão grande que se pode dizer que seus slogans e valores se tornaram exatamente os da moderna civilização ocidental e constituem a moral que domina o resto do mundo. Em 1900, a sociedade mundial teria considerado os valores de Margaret Sanger e da Planned Parenthood nada mais que uma forma desprezível de utopismo. Se um cidadão em 1900 soubesse, pelo viajante de uma maquina do tempo, que em exatos 75 anos, dispositivos e produtos químicos contraceptivos seriam coisas normais, aspectos da vida aprovados socialmente e que o aborto tinha uma aceitação mundial como método reserva caso os contraceptivos falhassem, nosso cidadão de 1900 perderia imediatamente a consciência. Se, depois de recobrada a consciência, disséssemos a ele que em 1973 diversas formas de promiscuidade e pornografia seriam aceitas por quase todo mundo como um resultado da efetividade da contracepção mecânica e química, cujas complicações seriam resolvidas pelo aborto, esterilização cirúrgica, drogas e hysterectomia, é de se imaginar se nosso cidadão de 1900 conseguiria sobreviver.” Se a ele fosse contado que o mundo iria ceifar partes do feto e que o presidente dos EUA assinaria uma lei legalizando isso, em seu primeiro dia de mandato, e com grande orgulho, como fez presidente Clinton, ele não acreditaria. Se ele soubesse que o senado americano aprovaria um aborto por nascimento parcial (infanticídio) que esmaga a cabeça do bebê para que ele possa ser retirado do útero, aquele viajante do tempo não acreditaria que você estivesse falando dos EUA. O aborto foi legalizado nos EUA em 1973, sob circunstâncias fraudulentas no mais alto nível. Se isso fosse contado a um cidadão americano em 1900, em 1930, em 1950 ou mesmo em 1975, ele não acreditaria que isso pudesse acontecer. Como líder do Free World, os EUA tem exportado essa filosofia aos quatro cantos do mundo. Desde 1973, houve mais de 40 milhões de abortos cirúrgicos e mais centenas de milhões de abortos devidos a pílulas contraceptivas, que são abortivas. Pode-se argumentar que Margaret Sanger tenha sido a pessoa mais influente do mundo se você considera suas conquistas, sem levar em conta a questão do bem e do mal como um critério. Poder-se-ia defender fortemente que ela é uma das principais portadoras do mal no mundo. Mao, Lênin, Stalin, Hitler são pequenas pragas comparadas ao papel de Sanger, que está sempre se expandindo. Sua influência é a política doméstica e externa norte-americana.

Sanger, que morreu em 1966, foi uma revolucionária socialista e uma ativista anti-cristã que recebeu grandes verbas de fundações que apoiaram seu trabalho. Pessoalmente, ela era sexualmente promíscua e envolvida com práticas ocultistas. Uma biógrafa, a ela simpática, disse que ela se tornava “furiosamente anticristã à medida que envelhecia”. Margaret Higgins Sanger era a sexta de onze irmãos de Corning, New York. Ela escreveu em sua autobiografia My Fight for Birth Control, “Não consigo contemplar minha infância com alegria”. Seu pai exibia uma atitude anticatólica enquanto vivia numa comunidade irlandesa e era casado com uma irlandesa. Apesar de batizada católica, ela abandonou a Igreja em sua juventude.

O foco central de suas atividades era conseguir que o governo americano endossasse e promovesse seu trabalho. Sanger depôs perante diversas comissões parlamentares “advogando a votação de leis liberando os contraceptivos” e lutando pela “incorporação do controle reprodutivo em programas estaduais como uma forma de planejamento social.”

A biógrafa de Sanger, Ellen Chesler, admite que “sem uma preocupação aparente com os potenciais abusos”, Sanger apoiava iniciativas de governos estaduais que, nas décadas de 1920 e 1930, visavam à esterilização de indivíduos com supostas deficiências hereditárias, tais como retardo ou insanidade mental. Uma dessas leis autorizando a esterilizarão involuntária de internos de instituições estaduais no estado de Virgínia foi revogada pela Suprema Corte americana em 1927.

Desde o início, a clara intenção do projeto de controle de natalidade não era dar aos indivíduos o direto de tomar decisões na privacidade de seus lares, mas o de dar ao governo o poder de regular e controlar a espécie humana. Essa é a filosofia que funciona em benefício de regimes totalitários, quer comunista, nazista ou fascista. Com esse poder, alguns dos primeiros slogans do movimento de controle de natalidade eram assustadores: “Mais crianças para os saudáveis, menos para os doentes, esse é o principal objetivo do controle de natalidade,” e “Controle de natalidade: para criar uma raça de puros-sangues.” Em seu próprio livro, The Pivot of Civilization, Sanger inclui referências a se eliminar “sementes humanas” e esterilizar “raças geneticamente inferiores”.

Contudo, o governo dos EUA não seria o primeiro a implementar as políticas de Sanger numa escala maciça e brutal. Essa tarefa foi deixada primeiramente para o Terceiro Reich de Adolf Hitler. George Grant notou que Sanger se tornou intimamente associada a cientistas e teóricos que ajudaram a construir o programa de “purificação racial” da Alemanha nazista. Ela tinha abertamente endossado os programas inicias de eutanásia, esterilização e infanticídio do Reich. Ela publicou diversos artigos no The Birth Control Review que continha a retórica hitlerista da supremacia ariana. Ela inclusive convidou Dr. Ernst Rudin, diretor do Programa Médico Experimental Nazista, para escrever artigos para o The Review. Mas Sanger recuou de seu apoio aos programas nazistas quando os terríveis detalhes vieram à tona. Ela não se preocupava com o que estava sendo feito, mas a percepção que o público estava tendo de suas associações era preocupante.

As maiores conquistas do movimento de controle de natalidade aconteceram nos EUA nas décadas de 1960 e 1970, quando Sanger já se aproximava da morte. Um ano antes de sua morte, em 1965, a Suprema Corte americana, no caso Griswold v. Connecticut, derrubou uma lei que proibia a contracepção e criou o direito constitucional à privacidade. Esse caso foi apoiado pela ACLU (American Civil Liberties Union)[2] e pela Planned Parenthood. A Caixa de Pandora foi aberta e não há mais volta.

Em 1972, a Suprema Corte avançou no caso Baird v. Eisenstat e, um ano depois, utilizando-se o chamado direito à privacidade, legalizou o aborto generalizado na decisão do caso Roe v. Wade. Esses casos foram, em parte, financiados da Fundação Playboy, um braço da empresa que publica a revista Playboy. A Playboy foi um fundador importante da Planned Parethood. O envolvimento da Playboy no financiamento de tais causas levanta sérias dúvidas sobre se o aborto e o “planejamento familiar” não objetivariam, de fato, encorajar a promiscuidade sexual e eliminar a responsabilidade pessoal. Na realidade, algumas feministas admitem que a Playboy apoiou os movimentos pró-aborto para manter as mulheres atrativas e disponíveis para os homens. De um professado desejo de simplesmente disponibilizar os mecanismos de controle de natalidade às pessoas na privacidade de seus lares, o movimento evoluiu para uma campanha, com apoio governamental e com dinheiro dos contribuintes, que tenta forçar o “planejamento familiar” a todos por meio de clínicas nas comunidades e nas escolas públicas.

Desde 1970, dos Family Planning Sevices e do Population Research Act, a própria Planned Parenthood tem recebido centenas de milhões de dólares do contribuinte americano. Em 1992, um ano em que mais de 1,9 milhões de mulheres receberam serviços contraceptivos nas clínicas da Planned Parenthood, essa organização recebeu mais de US$200 milhões. Não parece fazer diferença se o governo é democrata ou republicano. Durante doze anos de administrações republicanas pró-vida, o financiamento da Planned Parethood triplicou. Uma análise do financiamento da Planned Parethood no período de 18 meses, nos anos 1993-1994, mostrou que a ajuda governamental subiu a US$ 238,2 milhões, 34 por cento do total de arrecadação da organização. Mas o que a Planned Parethood recebe do tesouro americano, por meio das agências governamentais tais como a AID (Agency for International Development), assim como do Fundo para as Populações da ONU e de outros grupos e instituições, chega a bilhões de dólares. Ninguém sabe o montante exato, uma vez que o dinheiro chega de várias agências há vários anos.

A agenda de controle de natalidade atual tem um pedigree indistinto. Suas raízes podem ser encontradas no nascimento da Planned Parenthood. Em janeiro de 1932, Sanger fez um discurso na New History Society, em Nova York. Esse discurso foi subseqüentemente publicado num artigo que resumia os propósitos de Sanger para o futuro da nação. Dentre suas sugestões estava a proposição de uma reunião do “Parlamento das Populações” para dirigir e controlar a população por meio de taxas de nascimento e imigração. Sanger acreditava que aqueles identificados como deficientes não deveriam se reproduzir. Suas visões refletem uma insidiosa filosofia, desprovida de qualquer tipo de consciência moral. Um tipo de visão secular e utilitária da sociedade tal como essa leva inevitavelmente à justificação do uso de seres humanos para quaisquer propósitos. A fim de promover sua agenda, Sanger abriu uma clínica de controle de natalidade numa comunidade de imigrantes recém-chegados. A comunidade incluía italianos, hispânicos e descentes de judeus.

Em 1939, Sanger criou um programa para a eliminação de segmentos da população que ela julgava de raça inferior, pessoas de ancestrais negros. Ela expressava a convicção de que os negros eram os menos inteligentes e “adequados” de toda a população. Para fazer propaganda de seus serviços de controle de natalidade, ele utilizava os membros do clero negro. Sanger dizia que os ministros negros eram os melhores para convencer seus seguidores dos méritos do controle de natalidade.

Os escritos de Sanger descrevem pessoas de grupos religiosos, tais como os católicos, como membros dispensáveis da sociedade. Seu antagonismo virulento em relação à Igreja Católica foi muito pronunciado durante toda a sua vida, pois esta era o grande obstáculo institucional aos seus planos. Ela freqüentemente se referia ao cristianismo como tirânico e expressava seu desejo de livrar o mundo da fé cristã. Não surpreende o fato de que Sanger sentisse uma grande atração pela Teosofia. As idéias de Sanger pareciam completamente estranhas que não era acostumado à retórica dos defensores do controle de natalidade. Ainda hoje, uma atitude similar em relação à dispensabilidade dos seres humanos é prevalecente em grupos feministas e ambientalistas. Poucos nesses grupos têm a consciência da fonte original desse pensamento.



Trecho do capítulo 17 (Roots of Feminism and the Most Influential Woman of the 20th Century) do livro Hope of the Wicked: Master Plan to Rule the World, de Ted Flynn

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[1] Ver, A IPPF em perguntas e respostas. (N. do T.)

[2] Ver, por exemplo, Débeis sinais de esperança e Leviandade política – parte III. (N. do T.)

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente comentário!
Parabéns!

Seu blog é maravilhoso!!!

KIRK

Julie Maria disse...

Angueth, obrigada pela tradução e post!

Faltou um "que"

algumas feministas admitem "QUE" a Playboy apoiou os movimentos pró-aborto para manter as mulheres atrativas e disponíveis para os homens.

E tem um a com acento errado (á).

Não muda em nada, mas..se quiser corregir.

Obrigada de novo.

JM

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Cara Julie,

Obrigado pelas correções, que já implementei.

Antônio Emílio Angueth de Araújo