Dennis Prager
No debate entre os candidatos presidenciais democratas na última semana[1], eles foram instados a comentar questões sobre educação. Este foi o comentário do senador de Connecticut, Chris Dodd:
“Sempre me fazem esta pergunta. ‘Qual é a questão mais importante de todas’. Eu sempre respondo que é a educação, porque ela é a resposta para qualquer outro problema com o qual nos confrontamos hoje.”
Nem é preciso dizer que nenhum outro candidato contra-argumentou, e é provável que a maioria dos senadores, todos os democratas e muitos republicanos, concordaria com esse sentimento.
Mas o sentimento não está somente errado, ele é destrutivo.
Há, claro, ligações entre educação e sucesso profissional, entre educação e a habilidade de ler e escrever. E obviamente precisamos de pessoas bem educadas para sermos capazes de competir com outros países. Mas, pelo menos há algumas poucas gerações no Ocidente, não há nenhuma ligação entre educação superior e decência humana.
Ponto final.
Esse é um dos muitos mitos em que crêem as pessoas instruídas da sociedade ocidental (que as pessoas nascem boas é outro mito). Mas não há uma única sombra de evidência para apoiar tal afirmação.
De fato, os registros dos últimos cem anos –a respeito da ligação entre a educação superior e a bondade – mostram uma conexão inversa. Em termos simples, os portadores de diploma universitário na sociedade ocidental têm maior probabilidade de possuir horríveis valores morais e de apoiar crueldades em massa do que os menos educados.
Os dois grandes males do século XX – o fascismo e o comunismo – foram freqüentemente liderados por indivíduos instruídos. E o comunismo foi apoiado, no Ocidente, quase exclusivamente por intelectuais. Você quase tinha de ser intelectual para apoiar os assassinos em massa Lênin, Stalin e Mao.
Peça a qualquer pessoa instruída para identificar o nível educacional dos assassinos nazistas que conceberam os einsatzgruppen, as unidades assassinas móveis que massacravam judeus e dissidentes antinazistas antes da invenção das câmaras de gás. Uma aposta segura é a de que grande parte responderia que a maioria dos membros dos einsatzgruppen era de baixo nível educacional. De fato, contudo, dos quatro einsatzgruppen enviados à Rússia, por exemplo, “Três dos quatro comandantes tinham um doutorado, e o quarto tinha um duplo Ph.D.” (HolocaustResearchProject.org). Dentre esses assassinos em massa “se incluíam muitos oficiais de alta patente, intelectuais e advogados. Otto Ohlendorf, que comandou o Einsatzgruppe D, tinha graus acadêmicos de três universidades e um doutorado em jurisprudência” ("The Einsatzgruppen Reports," Holocaust Library, 1989).
Segundo o Prof. Michael Mann – cujo livro, “Facistas”, publicado pela Cambridge University Press em 2004, foi declarado pela American Historical Review “de longe o melhor estudo comparativo dos fascismos entre-guerras” – “todos os movimentos fascistas no período entre-guerras atraíram desproporcionalmente os instruídos, ‘os estudantes secundaristas e universitários e o estrato mais altamente educado da classe média’.”
Se muitos graduam nas universidades ocidentais com bons valores morais, isso é a despeito, raramente por causa, da educação universitária.
Mesmo assim, apesar da evidência do fracasso moral da educação superior, muitos esquerdistas negam a ligação entre valores imorais e educação superior e continuam a perpetuar o mito da educação como a solução dos problemas sociais.
Eles assim o fazem por várias razões.
Primeiramente, a universidade é para o esquerdista secular o que a igreja é para o cristão ou a yeshiva (academia Talmúdica) é para o religioso judeu – um lugar sagrado e o epicentro de seus valores.
Em segundo lugar, é por meio do controle da educação superior (e da mídia) que os valores esquerdistas são mais efetivamente comunicados à próxima geração. Mesmo a mídia tem uma maior diversidade ideológica do que as universidades ocidentais, que transmitem quase exclusivamente a visão de mundo esquerdista.
Em terceiro lugar, a educação secular esquerdista é o melhor antídoto ao sistema de valores judaico-cristão, coisa que a esquerda mais teme.
E há uma quarta razão que faria um senador democrata, em particular, dizer que a educação é a “resposta para todos os problemas”. Os sindicatos de professores e a Associação Nacional de Educação doam grandes somas ao Partido Democrata.
Há, claro, uma forma de educação que pode, realmente, resolver a maioria dos problemas sociais: educação moral. Ela consistiria no ensino aos jovens do que é bom e do que é mal, de como desenvolver a integridade pessoal e de como foram as vidas dos melhores indivíduos da História.
Mas pouco ou nada disso é feito, hoje, nas escolas. “Bom” e “mal” são termos raramente usados, e são usualmente desprezados como “maniqueístas”. Integridade pessoal é essencialmente definida como assumir posições esquerdistas em questões sociais tais como aquecimento global, casamento entre pessoas de mesmo sexo e redistribuição de renda. E os melhores americanos – aqueles que construíram as fundações de nossa liberdade – têm sido difamados como vilões, proprietários de escravos e racistas.
Então, senador Dodd, a educação como a que presentemente existe, não é uma resposta para todos os problemas da sociedade. De fato, ela é, tanto ou mais, a fonte de muitos deles.
Publicado por Townhall.com
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[1] Artigo escrito em 06/11/2007. (N. do T.)
5 comentários:
Concordo plenamente que a educação universitária não tem ligação alguma com bons valores morais. Ela permite uma maior flexibilidade moral, já que praticamente nada pode ser considerado absoluto, então não existe nada absolutamene errado ou que não possa ser aceito com uma explicação lógica, mesmo que falácia.
Mas não entendi a relação da esquerda com a super-valorização da educação. Definitivamente a mídia (principalmente com telenovelas e programas de baixo nível cultural) é uma ferramenta essencialmente de manipulação de direita, onde se pode manter um sistema desigual (apesar de ser o único realmente funcional) trazendo conformidade a classes menos privilegiadas. A crença na educação como solução para tudo, é mais uma ferramenta geradora de conformidade. Se as pessoas não acreditassem na ascensão social através dos estudos, como o capitalismo seria sustentável?
Caro amigo,
A grande mídia, em todos os países do mundo, é de esquerda, com raríssimas exceções. Não se iluda.
Para se convencer disso, basta que você leia atentamente Olavo de Carvalho e Reinaldo de Azevedo. E olhe que graças a Deus nós hoje temos esses dois a nos mostrar isso. Assim, Globo, Veja, Carta Capital, Época, Isto é, Folha de São Paulo, Estadão, JB etc., são TODOS dominados pela esquerda!
A razão disso, Denis Pagger nos explica.
Você cita as novelas. Bem, as novelas fazem apologia do crime, do aborto, do homessexualismo, do sexo livre etc. Todos esses mecanismos são usados pela esquerda para reinar. O decálago de Lenin (que você encontra neste blog) já dizia isso há muito tempo.
Se você quiser saber um pouco mais sobre o marxismo cultural (esse que é soberano nas novelas da Globo), o melhor material introdutório que conheço você encontrará aqui (http://www.padrepauloricardo.org/download/Marxismo_Cultural.zip).
Um abraço. Antônio Emílio.
Caro Antônio Emílio,
Podemos encontrar traços de esquerda em qualquer lugar mesmo. Na verdade creio que o grande lance para se manter controle da sociedade é criar conformismo ou uma falsa idéia da realidade. Podemos ter uma novela mostrando um caso onde os espectadores compreendem a falsa necessidade de um aborto, mas na mesma novela temos uma pessoa simples q ficou rica porque ganhou na loteria ou q sua filha casou por dinheiro gerando um ascensão social. O capitalismo por si não seria sustentável sem a crença na possibilidade de se tornar um dos "privilegiados". Acredito que para isso seja necessário pregar idéias esquerdistas para aliviar um pouco a pressão, mantendo-as num sistema essencialmente capitalista. Não vejo a menor possibilidade da esquerda "dominar" a população, principalmente se é com este tipo de mídia que ela pretende fazê-lo. Ao afrouxar o capitalismo (um pouco apenas)com obras assistênciais e mídia conformista, não tendo um regime extremamente rígido, conseguimos mantê-lo como sistema perfeito sem perigo de revoltas. Apesar de muitos jovens hoje ainda se considerarem de esquerda, não é difícil quebrar todos os argumentos deles numa conversa num buteco, com simples utilização dos eventos históricos onde é provada a não funcionabilidade dos regimes de esquerda. Por isso não vejo razão em temer um certo afrouxamento do capitalismo que na verdade apenas o tornaria mais forte perpetuando-o.
Abraço!
Ps: Não consegui encontrar o texto no referido site do Padre Paulo Ricardo. O link informa que a página não pode ser encontrada e no site não encontrei a seção de downloads.
Caro Keduky
Talvez a confusão que você faz se deva a que você considera que "esquerda" seria um sistema sem domínio de uma classe social. É exatamente o contrário. Lênin já sabia disto, e todos os revolucionários consideram assim, que existe uma classe revolucionária, e ela NÃO é a classe operária. Esta classe, de acordo com a teoria e realidade de todas as revoluções, domina o país e DIRIGE a classe (melhor seria dizer casta) trabalhadora. Essa nova classe não advém da classe trabalhadora, mas das classes médias e médias altas, principalmente através da academia e mídia.
Considero também que, quanto mais capitalismo, mais mobilidade social. Nas fases de maior crescimento (e mais turbulentas) da economia americana, ocorria a maior mobilidade social.
Quanto ao fato do socialismo ser um sistema inviável, isto é ótimo. Este sistema é a escravização permanente do povo por pela classe MAIS egoísta e mentirosa que já existiu. É a supressão do indivíduo. Não é a toa que os meta-capitalistas sejam os principais apoiadores e financiadores das experiências socialistas desde o princípio.
Mas não se preocupe, um dia eles conseguem um socialismo funcional, que é simplesmente uma repetição exagerada do antigo sistema do oriente próximo (e também sul americano), com um governante-deus, suas castas sacerdotal, burocrática e militar e o povo imbecilizado servindo aos seus senhores. Ou você nunca reparou na extrema semelhança entre os dois sistemas?
Quanto à imprensa, claramente sua ação não causa a manutenção do status atual, mas sua mudança em direção a um sistema muito mais centralista e opressivo. Hoje todos acreditam que o capitalismo é o grande mal. Portanto, toda ação individual, fora da luta por um "novo mundo melhor" é o grande mal. Por oposição, o grande bem é a ação coletiva controlada pelos partidos coletivistas, seja através do estado aparelhado, seja através dos "movimento sociais", braços dos partidos que dão a estes a possibilidade de agir muito mais livremente. Pode haver alguma discordância quanto a detalhes desta ação, e dos meios empregados para isto, mas o ideal de uma sociedade totalitária (dizem solidária, para não chocar) é geral. A existência de uma classe de capitalistas servindo ao partido não é prova da ausência de socialismo, mas da força adaptativa deste. Foi assim no sistema nazista e é agora no sistema chinês. Que tem muitas semelhanças, se você reparar bem. Estude-os, e você entenderá o que eu digo.
Todos (ou quase todos, o que dá na mesma) os que tem poder real trabalham para produzir esta nova sociedade, mais totalitária e doente que qualquer outra que já existiu.
Os venezuelanos nos dizem: "Eu sou você amanhã". Ou você acha que Lula defendeu a reeleição perpétua de Chavez a toa?
Desmistificador
Caro Keduki,
O link para o documento de que lhe falei no site do Padre Paulo Ricardo é este.
Quanto a relação da esquerda com a mídia e academia, acho que você está fazendo uma grande confusão. Primeiramente, você está com a análise esquerdista do capitalismo. Em segundo lugar, você está imaginando que o socialismo (ou comunismo) é o oposto do capitalismo. Quando você faz isso, você concede ao comunismo uma estatura moral que ele não tem. O esquerdismo é uma sociopatia, que apodrece o homem por dentro. O esquerdismo não pressupõe nenhum sistema de valores, nenhuma verdade objetiva, nenhuma realidade transcendente. Ora, isso é o fundamento da loucura.
O capitalismo é apenas uma forma eficiente de se organizar uma (e uma só, dentre várias) dimensão da vida. E para essa organização você precisa confiar nas pessoas, você precisa considerar um sistema de valores morais dentro do qual você processará toda a atividade econômica. O capitalismo só floresce numa sociedade moralmente sã. Não é que ele não tenha seus defeitos. Claro que tem e como católico eu bem sei as críticas que a Igreja vem fazendo a ele há pelo menos dois séculos. É só ler a encíclica Rerum Novarum de Leão XIII. Mas, nessa encíclica você também encontrará um ataque extraordinário ao comunismo. O papa deixa muito claro o desbalanço moral entre os dois sistemas: um deles é totalmente condenável; o outro é condenável em algumas de suas partes.
Guarde bem isso: os dois sistemas não são lados opostos de uma mesma realidade e um deles adoesce os homens.
Um abraço. Antônio Emílio.
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