Nada como a lucidez de um católico vivente para nos instruir sobre um dogma antigo, em linguagem corrente, não teológica e extraordinariamente clara.
Sidney Silveira, num post despretensioso no Facebook, mas profundo, como soi acontecer com escritos de quem não esqueceu que a humildade é uma virtude maiúscula de um crente católico, nos brinda, sem mencionar, com seu entendimento do dogma em questão: extra ecclesiae nulla salus.
Vamos ao post.
"Não há cristianismo sem o 'contemptus saeculi', mas o desprezo do século não é o ódio ao ser, mas o ódio ao não-ser. Lutando contra a carne, o asceta medieval quer restabelecer o corpo em sua perfeição (...)".
ÉTIENNE GILSON
("L'esprit de la philosophie médiévale")
O notável medievalista francês, ao falar do real sentido do otimismo cristão, lembra-nos na obra acima citada que o desprezo dos negócios do século, ou seja, do espírito do mundo, não é propriamente uma negação do mundo, mas a sua afirmação nas virtualidades mais elevadas que possui. Diz Gilson: "Nada mais positivo que tal ascetismo, nada que suponha mais esperança, nada também que suponha otimismo mais resoluto".
As mazelas humanas, entrevistas pelo viés do cru realismo católico, apontam para a possibilidade de o homem derrotado por seus próprios vícios e más inclinações vencer-se a si mesmo e se recolocar de pé. Para tanto, ele tem um modelo perfeitíssimo: o Verbo que se fez carne e habitou entre nós.
Já quem não está na fé não tem a oportunidade de contemplar a desgraceira humana sem nela afundar; não tem como contemplar o abismo sem nele cair, psíquica, moral e espiritualmente.
Cedo ou tarde.
Voilà l'explication!
Desenhando: Extra Ecclesiae Nulla Salus Est porque "quem não está na fé não tem a oportunidade de contemplar a desgraceira humana sem nela afundar; não tem como contemplar o abismo sem nele cair, psíquica, moral e espiritualmente."
Je vous remercie beaucoup, mon cher ami!
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