16/10/2009

A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi

Comentei aqui, já por duas vezes (uma, duas), artigos que estão sendo publicados n’O DOMINGO, semanário dito litúrgico e catequético, sobre catequese, em função do ano catequético de 2009, assim definido pela abortista CNBB.

Estes artigos e as idéias que contêm são uma conseqüência do Concílio Vaticano II. A catequese católica foi uma das primeiras coisas que se dissolveram depois do concílio. Romano Amério, em seu magistral Iota Unum, fala sobre a dissolução da catequese no capítulo XIII de seu livro. Diz o autor que “com a remoção da autoridade magisterial e a redução da verdade à mera busca da verdade, a reforma da catequese não podia senão se dar no sentido heterodoxo que mudou seu conteúdo por meio da mudança de método.”

Amério comenta que ainda em 1969, um congresso em Assis pedia, em seu documento final, o abandono de qualquer conteúdo dogmático na catequese, isto é “qualquer coisa especificamente católico”. Devia-se substituir o ensino da religião católica pelo ensino da história das religiões, pois o primeiro tipo de ensino era “considerado um privilégio injusto num país democrático”.

O Sínodo Episcopal de 1977 discutiu a nova catequese, esta que aparece nos artigo d’O DOMINGO. O Bispo de Saragossa, segundo Amério, defendeu que a catequese “deve promover a criatividade, o diálogo e a participação ativa dos catecúmenos, sem esquecer de que é uma ação da Igreja.” Amério comenta a seguir: “Criatividade é, de fato, uma absurdidade moral e metafísica, mas mesmo que não fosse, dificilmente poderia ser o objetivo da catequese, pois na visão cristã, o homem não se torna um fim em si mesmo; o fim é dado, ele simplesmente tem de querê-lo.” Declarações ainda mais assustadoras foram feitas neste sínodo: “a catequese dever trazer a experiência de Cristo”, “a catequese é liberada pela experiência de Deus pela humanidade cristã e é uma assimilação mais profunda do amor e da fé.” Amério comenta, dizendo: “há ressonâncias místicas e modernistas nestas afirmações. Catequese é doutrina e não é liberada por uma experiência existencial dos crentes, pois ela tem conteúdo sobrenatural que a experiência não pode alcançar.”

O Bispo do Quênia ainda diz, no mesmo sínodo: “a catequese deve se responsabilizar por denunciar as injustiças sociais ... e defender iniciativas na direção da libertação social dos pobres.” Isto é marxismo da pior qualidade, claro.

Qual a conseqüência de tudo isso? Diz Amério: “As duas principais características da nova catequese, isto é, de que ela é uma busca ao invés de uma doutrina e de que ela tenta produzir reações existenciais ao invés de convicções intelectuais, estão refletidas em atitudes frente a uma variedade de catecismos e à memorização. Onde não há conteúdo dogmático a ser afirmado, não há um catecismo universal único, pois não há fórmulas de fé válidas para toda a Igreja, precisamente em virtude daquele conteúdo único. Aqueles métodos antigos, da época da Igreja primitiva, que tiveram continuidade no catecismo do Concílio de Trento, no de São Roberto Belarmino, no de São Pedro Canísio, no de Rosmini e no de São Pio X, foram abandonados.”

Acho que bastam estas palavras de Amério para que entendamos como o Concílio Vaticano II afetou o ensino de nossa fé. E não admira, claro, que algum modernista de plantão comece escrever asneiras, num semanário qualquer, sobre a catequese católica, que de católica não tem nada. Lendo Amério, entendemos como chegamos à situação atual.

É desesperadora a situação de pais que vêem seus filhos freqüentarem aulas de catecismo atualmente. Qualquer católico minimamente informado sobre sua religião sabe que o que eles aprendem não é o catolicismo. Por isso, a única forma de ensinar catecismo para nossos filhos é nos transformarmos em seus próprios catequistas.

Continuarei comentando os artigos d’O DOMINGO sobre catequese, na esperança de mostrar aos catequistas bem intencionados as mentiras que são faladas numa publicação que tem a aprovação da CNBB.

2 comentários:

Theophilus disse...

"e de que ela tenta produzir reações existenciais ao invés de convicções intelectuais"

Esse objetivo é tipicamente marxista. Não interessa o conteúdo, não é importante saber se é verdadeiro, mas apenas que se formem militantes ("pessoas críticas"), robôs prontos a pegar em armas e cometer crimes no momento que o Partido achar conveniente.

Gederson disse...

Prezado Prof. Angueth,
Salve Maria!Viva Cristo Rei!

Muito interessante à análise de Romano Amério, ela é ótima, como todas as outras. Se considerarmos as análises sobre a ruptura, acredito que falte uma análise, que transcende até mesmo a ruptura com a tradição. Trata-se da análise de como se refletem estas rupturas, na Missão do Espírito Santo. Como sabemos, o Ele foi prometido para nos “lembrar todas as coisas” e também para nos “convencer do pecado da justiça e do juízo.”

Veja algumas questões:

Como o Espírito Santo iria desejar evolucionar, aquilo que Ele, por Missão, deve nos lembrar?

Como o Espírito Santo, lembrará, aos que estão predispostos a empobrecerem estás lembranças, fazendo sínteses com doutrinas espúrias?

Como explicar a Missão do Espírito Santo, em relação a Missão Conciliar, se a Missão Dele, é a de nos convencer do pecado, da justiça e do juízo, e a Missão Conciliar é a de convencer o homem de uma dignidade que ele não possuí?

Se pegarmos a obra de Santo Agostinho, veremos por analogia a ação do Espírito Santo. Em cada heresia enfrentada, o Bispo de Hipona, trabalhava para convencer os hereges, do pecado, para que pudessem ter acesso à justiça e o juízo. Nelas também existe a “lembrança de todas as coisas.” Hoje isto não existe mais, os Bispos e Padres, não fazem mais apologia para convencer do pecado da justiça e do juízo.

São Pio X, denunciou o agnosticismo e o sabor de ateísmo no modernismo. Talvez se demonstrarmos como se refletem um e outro na missão do Espírito Santo, poderemos colher bons frutos. Talvez a apologética do Espírito Santo, seja a mais pertinente na atual conjuntura. Porque demonstra a ruptura com a própria Santíssima Trindade revelando aquilo que até então estava encoberto, ou seja, o agnosticismo ou o ateísmo.

O criativismo em todas as suas manifestações, demonstram sobretudo, uma ausência de comunhão com o Espírito Santo. Há aversão doutrinária que vemos, é rejeitar ser “lembrado de todas as coisas” pelo Espírito Santo. Em alguns casos, querem ser lembrados apenas de determinadas coisas. Tudo se reflete na Missão do Espírito Santo e em sua ação na Igreja.

Por enquanto, vou ficando por aqui, fique com Deus.

Abraço

Gederson