15/08/2009

A DESVANTAGEM DE TER DUAS CABEÇAS



G. K. Chesterton







A Beril Blanche DelaForce
De G.K. Cherterton.


Com a esperança de que,
caso ela seja tentada, sequer uma vez,
a aceitar a ofertade ter
DUAS CABEÇAS,
esta breve narrativa
seja suficiente
para dissuadi-la de
tão enganoso caminho.












Um pequeno garoto olhou, certa vez, por sobre a cerca do jardim e viu quatro cavaleiros usando enormes cristas. Como ele agora está casado com uma princesa e vive num meio social muito bom, ele deseja que seu nome não seja mencionado; vou chamá-lo então Perna Vermelha. Sendo interessado em tais coisas, ele pulou a cerca e foi saber aonde eles estavam indo. Eles se depararam com um




HOMEM MUITO VELHO.

que estava sentado na ponta muito aguda de uma pedra, balançando-se. Os cavaleiros, que pelo seu chapéu pão-de-açúcar e sua barba branca, viram que ele era um mago, perguntaram-lhe onde poderiam encontrar a Princesa Japônica (pois assim a princesa, que é parente minha, deseja ser descrita). “A Princesa Japônica”, respondeu o mago, “vive no castelo para além da Última Floresta do Mundo, num lugar onde é sempre pôr do sol. Ela não pode visitar ninguém, nem ninguém pode visitá-la, pois há somente dois caminhos para o castelo: o caminho da direita é guardado por um Gigante de Uma Cabeça, e o da esquerda por um Gigante de Duas Cabeças.” Então, o primeiro cavaleiro disse com entusiasmo (ele era o Bromley. Smunk pelo lado da mãe, e você sabe o que eles são), “Em breve tirarei o Gigante do meio do caminho. Mas acho que vou escolher o Gigante de Uma Cabeça. Pois eu sou um homem bondoso e desejo cortar o menor número de cabeças possível.”



Assim o primeiro cavaleiro seguiu pelo caminho que levava ao Gigante de Uma Cabeça. Um pouco depois seguiu o segundo, e então o terceiro e o quarto, todos pelo mesmo caminho. O pequeno garoto parou um pouco atrás e conversou com o mago a respeito da Questão Fiscal. Mal tinham terminado este breve assunto, eles viram uma triste fila de pessoas vindo pelo caminho que dava no Gigante de Uma Cabeça. Havia quatro cavaleiros e sinto dizer, eles estavam realmente


SURRADOS.

Então Perna Vermelha disse de repente, “Gostaria muito de ver um Gigante de Duas Cabeças. Empreste-me uma espada.” Então todos gritaram, gargalharam e disseram-lhe que ele era tolo de pensar que poderia matar o Gigante de Duas cabeças, quando eles não puderam sequer matar o Gigante de Uma Cabeça. Ele partiu mesmo assim, de cabeça erguida e deparou-se com o Gigante de Duas Cabeças nas altas colinas onde o sol está sempre se pondo. E então ele descobriu uma coisa divertida. O Gigante de Duas Cabeças não correu ao seu encontro e o fez em pedacinhos como o esperado. O Gigante gritou, berrou



bramiu e rugiu e isso com suas duas cabeças. Mas as duas cabeças estavam, realmente, gritando, berrando, bramindo e rugindo de uma forma estranha. Estavam gritando, berrando, bramindo e rugindo

UMA PARA OUTRA.






Uma cabeça dizia, “Você é um Pró-Vida”; a outra dizia, com um humor amargo, “Você também”; de fato, a discussão poderia ter continuado para sempre, cada vez mais selvagem e brilhante, mas ela foi interrompida por Perna Verme-lha, que pegou a espada que ele tinha pedido em-prestada a um dos cavaleiros e en-fiou-a profunda-mente no Gigante e o matou.

A imensa criatura torceu-se e esparramou-se como um continente num terremoto; e uma cabeça selvagem levantou-se, por um momento antes da morte, e disse à outra, “Você está abaixo de qualquer consideração”. E então morreu feliz. Perna Vermelha continuou



pelo caminho que estava sendo guardado pelo Gigante de Duas Cabeças, até que deparou-se com o Castelo da Princesa. Depois de algumas palavras de explicação, quase não preciso dizer que eles



SE CASARAM.

E viveram felizes para sempre. O mago, que acompanhou a noiva ao altar disse, depois de concluída a cerimônia, as seguintes palavras cabalísticas e totalmente ininteligíveis, “Meu filho, o Gigante que tinha apenas uma cabeça era mais forte que o Gigante de duas cabeças. Quando crescer, você encontrará outros magos que lhe dirão, [Algo em grego para o qual não tenho a fonte]. Examine sua alma, pobre garoto. Cultive um sentido de diferenciações possíveis numa única psicologia. Tenha dezenove religiões adequadas a diferentes disposições de ânimo.’ Meu filho, estes serão os magos maus; eles desejarão transformar-lhe num Gigante de duas cabeças.” Perna Vermelha não entendeu estas palavras, nem tampouco eu.



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2 comentários:

Anônimo disse...

Teria como disponibilizar o PDF novamente?

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

É só você clicar no ícone verde (Print - PDF).
Angueth.