tag:blogger.com,1999:blog-15325117.post85961637695942426..comments2024-03-10T20:53:24.586-03:00Comments on Blog do Angueth: Mensagem de Natal de 2007Henrique Anguethhttp://www.blogger.com/profile/05756988123340645020noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-15325117.post-57054404970335092492007-12-20T16:08:00.000-02:002007-12-20T16:08:00.000-02:00Segue abixo mais uma tradução q recebi do Chestert...Segue abixo mais uma tradução q recebi do Chesterton<BR/><BR/>Uma idéia simples<BR/><BR/>Chesterton<BR/>Tradução de Henrique Elfes<BR/><BR/><BR/><BR/>A maior parte dos homens retornaria aos antigos costumes em matéria de fé e<BR/>de moral se conseguissem ampliar suficientemente os seus horizontes. É<BR/>principalmente a sua estreiteza mental que os mantém nos trilhos da negação.<BR/>Mas esse alargamento mental é facilmente mal interpretado, porque a mente<BR/>precisa ser alargada para poder enxergar as coisas simples, ou mesmo as que<BR/>são evidentes em si mesmas. Temos necessidade de uma espécie de esticamento<BR/>da nossa imaginação para conseguirmos ver os objetos óbvios delinearem-se<BR/>contra o seu fundo óbvio, especialmente quando se trata de objetos grandes<BR/>colocados diante de um fundo grande.<BR/><BR/><BR/><BR/>Sempre há, por exemplo, aquele tipo de pessoas que não conseguem enxergar<BR/>nada além da mancha no tapete, a tal ponto que são incapazes de enxergar<BR/>sequer o tapete; esse tipo de atitude tende à irritação, que por vezes se<BR/>amplia até à rebelião. Depois, há aquele tipo de pessoas que só conseguem<BR/>enxergar o tapete, talvez por tratar-se um tapete novo; essa atitude já é<BR/>mais humana, mas pode facilmente estar tingida de vaidade e até de<BR/>vulgaridade. Há também o homem que só enxerga o aposento atapetado, e assim<BR/>tende a estar isolado de muitas outras coisas — especialmente das<BR/>dependências do empregados. E, por fim, há o homem alargado pela imaginação,<BR/>que é incapaz de permanecer sentado no quarto atapetado, ou mesmo no porão<BR/>do carvão, sem enxergar a todo o momento o perfil da casa inteira delineado<BR/>contra o seu fundo primevo de terra e céu. Este homem, que compreende que<BR/>desde a sua origem o telhado foi concebido como um escudo contra o sol e a<BR/>neve, e a porta contra o frio e a lama, saberá melhor — e não pior — do que<BR/>o primeiro que não deveria haver uma mancha no tapete. E, ao contrário desse<BR/>homem, saberá também por que existe um tapete.<BR/><BR/><BR/><BR/>Este homem olhará do mesmo modo as falhas e manchas que possa haver na<BR/>história da sua tradição e do seu credo. Não procurará explicá-las<BR/>engenhosamente, nem muito menos tentará negá-las. Muito pelo contrário,<BR/>enxerga-las-á com toda a simplicidade, mas também as enxergará dentro de um<BR/>marco muito amplo, e contrastando com um fundo ainda mais amplo. Fará aquilo<BR/>que os seus críticos, em hipótese alguma, são capazes de fazer: verá as<BR/>coisas óbvias e fará as perguntas óbvias. Quanto mais leio as modernas<BR/>críticas contra a religião, e especialmente contra a minha própria religião,<BR/>mais me assusta essa estreita concentração em determinados pontos, essa<BR/>incapacidade imaginativa de compreender o problema como um todo.<BR/><BR/><BR/><BR/>Andei lendo recentemente uma condenação muito moderada das práticas<BR/>católicas tradicionais, vinda dos Estados Unidos, onde esse tipo de<BR/>condenações nem sempre é muito moderado. Falando de maneira genérica,<BR/>poderia dizer que essa crítica assume a forma de um enxame de questiúnculas,<BR/>às quais eu estaria plenamente disposto a responder se não tivesse uma<BR/>consciência tão viva das grandes perguntas que não são formuladas, aos invés<BR/>das pequenas perguntas que o são. Acima de tudo, sinto falta deste fato tão<BR/>simples e tão esquecido: sejam ou não verdadeiras determinadas acusações que<BR/>se lançam contra os católicos, o que está além de qualquer dúvida é que são<BR/>verdadeiras quando aplicadas a qualquer outra instituição. O crítico nunca<BR/>se lembra de fazer alguma coisa tão simples como comparar o católico com o<BR/>não-católico. A única coisa que nunca parece cruzar-lhe a mente, quando<BR/>argumenta acerca da idéia que tem da Igreja, é perguntar-se com toda a<BR/>simplicidade que seria do mundo sem a Igreja.<BR/><BR/><BR/><BR/>É isto o que procuro exprimir ao dizer que se pode ser demasiado estreito<BR/>para enxergar a casa que se chama Igreja contra o seu fundo que se chama<BR/>Cosmos. A título de exemplo: o autor que acabei de mencionar incorre na<BR/>milionésima repetição mecânica da acusação de repetição mecânica; diz ele<BR/>que repetimos as orações e outras fórmulas verbais sem pensar no seu<BR/>significado. Não há dúvida de que conta com milhares de simpatizantes que<BR/>repetirão essa denúncia depois dele, sem pensarem nem por um momento no que<BR/>significa. Mas, antes mesmo de explicarmos quais são realmente os<BR/>ensinamentos da Igreja a esse respeito, ou de citarmos as suas inúmeras<BR/>recomendações para que se procure prestar atenção às orações vocais, ou de<BR/>expormos as razões das razoáveis exceções que ela autoriza, há uma ampla,<BR/>simples e luminosa verdade acerca de toda essa questão, e qualquer pessoa<BR/>pode vê-la se andar pelo mundo de olhos abertos: é o fato óbvio de que todas<BR/>as formas de dizer humanas tendem a fossilizar-se em formalismos, e de que a<BR/>Igreja é um exemplo único na História, não por falar uma língua morta num<BR/>mundo de línguas imortais, mas, pelo contrário, por ter preservado uma<BR/>língua viva num mundo de línguas moribundas. Explico-me.<BR/><BR/><BR/><BR/>Quando o grande brado grego, velho como o próprio cristianismo, invade a<BR/>Missa, muitos talvez se surpreenderão ao descobrir que há muita gente na<BR/>igreja que repete “Senhor, tende piedade de nós”, e pretende realmente<BR/>afirmar o que está dizendo. Seja como for, essas pessoas têm muito mais<BR/>consciência do que dizem do que um homem que encabeça uma carta com um<BR/>“Prezado Senhor”. “Prezado” é, neste contexto, evidentemente uma palavra<BR/>morta; no lugar em que é empregada, deixou de ter qualquer significado. No<BR/>entanto, é exatamente isto o que qualquer crítico alega contra “os ritos e<BR/>as formas papistas”: trata-se de um ato realizado de maneira rápida, ritual,<BR/>sem se conservar a menor lembrança do seu significado.<BR/><BR/><BR/><BR/>Quando o Senhor Jones, advogado, escreve “prezado Senhor” ao Senhor Brown, o<BR/>banqueiro, não pretende afirmar que sente profunda afeição pelo banqueiro,<BR/>ou que o seu coração está repleto de caridade cristã, nem mesmo naquela<BR/>ínfima medida em que o está o coração de um pobre papista ignorante a<BR/>assistir à Missa. Ora bem, a vida, essa vida humana ordinária, simples,<BR/>divertida, pagã, simplesmente transborda de palavras mortas e de cerimônias<BR/>sem significado. Não se escapará delas fugindo da Igreja para o “mundo”.<BR/>Quando o crítico em questão, ou mil outros críticos iguais a ele, afirma que<BR/>só se exige do católico uma presença material ou mecânica na Missa, está a<BR/>afirmar algo que simplesmente não se aplica ao católico médio nas suas<BR/>disposições para com os sacramentos católicos. Mas diz algo que efetivamente<BR/>é verdade se for aplicado a qualquer funcionário público médio no desempenho<BR/>das suas funções, a qualquer baile da Corte ou recepção no Ministério, ou a<BR/>aproximadamente três quartos daquilo que a sociedade normal chama “visitas<BR/>de cortesia”.<BR/><BR/><BR/><BR/>Essa morte lenta dos atos sociais repetitivos pode ser indiferente em si<BR/>mesma, ou pode ser melancólica, ou pode ser uma conseqüência do Pecado<BR/>Original, ou pode ser qualquer coisa que o crítico deseje. Mas aqueles que<BR/>fizeram disso, centenas e centenas de vezes, uma acusação especial e<BR/>concentrada contra a Igreja, são homens cegos para o inteiro mundo humano em<BR/>que vivem e incapazes de enxergar qualquer coisa para além da única coisa<BR/>que sabem repetir.<BR/><BR/><BR/><BR/>Ainda no escrito que mencionei, há inúmeros outros casos dessa estranha e<BR/>sinistra inconsciência. O autor queixa-se, por exemplo, de que os sacerdotes<BR/>são conduzidos de olhos vendados ao seu ministério e não compreendem os<BR/>deveres que traz consigo. Também isso já o ouvimos antes. Mas raramente o<BR/>ouvi formulado de maneira tão extraordinária como nessa acusação de que um<BR/>homem pode ser definitivamente votado ao sacerdócio “desde a infância”. O<BR/>autor parece ter idéias bastante curiosas e elásticas acerca da duração da<BR/>infância, [...] pois um sacerdote tem pelo menos vinte e quatro anos quando<BR/>formula os seus compromissos. Mais uma vez, sinto-me perseguido pela enorme<BR/>e nua e mesmo assim negligenciada comparação entre a Igreja e tudo aquilo<BR/>que está fora da Igreja. [...]<BR/><BR/><BR/><BR/>Com efeito, que havemos de dizer aos que quereriam comparar o patriotismo ou<BR/>a cidadania civil com a Igreja nesta matéria? Rapazes de dezoito anos têm de<BR/>alistar-se obrigatoriamente; na Guerra, vimos voluntários de dezesseis anos<BR/>serem aplaudidos por afirmarem que tinham dezoito; vimo-los ser lançados aos<BR/>milhares naquela imensa fornalha e câmara de torturas, que a sua imaginação<BR/>era incapaz de conceber de antemão, e da qual a sua honra os proibia de<BR/>fugir; e vimo-los ser mantidos nesses horrores ano após ano, sem qualquer<BR/>esperança de vitória; e vimo-los ser mortos como moscas, aos milhões, antes<BR/>de que tivessem tido a oportunidade de viver. Isto é o que faz o Estado;<BR/>isto é o que faz o “mundo”; isto é o que faz a sociedade, essa sociedade<BR/>secularizada, prática e razoável. E depois de tudo isso, ainda têm a<BR/>inominável impudência de vir queixar-se de nós porque permitimos que, dentre<BR/>uma pequena minoria especializada, um homem escolha uma vida de caridade e<BR/>paz, não depois de ter completado vinte e um anos, mas quando já se aproxima<BR/>dos trinta, e depois de ter tido quase dez anos para refletir serenamente<BR/>sobre a sua vocação!<BR/><BR/><BR/><BR/>Em suma, sinto falta, em tudo isso, da pergunta óbvia: qual o resultado que<BR/>obteremos se compararmos a Igreja com o “mundo” que está fora dela, ou que<BR/>se opõe a ela, ou que nos é oferecido como uma alternativa para a Igreja? E<BR/>a evidente resposta é que o “mundo” comete todas as barbaridades de que<BR/>sempre acusou a Igreja, e as comete de maneira muito pior, e as comete em<BR/>escala muito maior, e — e isto é o pior e o mais importante — as comete sem<BR/>dispor de padrões para voltar à sanidade nem de motivos para fazer um<BR/>movimento de penitência. Os abusos católicos podem ser reformados, porque<BR/>dispomos de uma forma universalmente aceita; os pecados católicos podem ser<BR/>expiados, porque há um teste e um princípio de expiação. Em que outra parte<BR/>do mundo de hoje havemos de encontrar semelhante teste ou padrão? Ou mesmo<BR/>qualquer coisa além de veleidades sempre cambiantes, que fizeram do<BR/>patriotismo a grande moda de há dez anos, e do pacifismo a grande moda dez<BR/>anos depois?<BR/><BR/><BR/><BR/>O perigo atual é que as pessoas não se dispõem a ampliar suficientemente os<BR/>seus horizontes a ponto de se tornarem capazes de enxergar as coisas óbvias,<BR/>e esta é uma delas. Os homens acusam a tradição Romana de ser semi-pagã, e<BR/>depois se refugiam num paganismo completo; queixam-se de que os cristãos se<BR/>deixaram contaminar pelo paganismo, e depois fogem dos doentes para se<BR/>refugiarem junto à doença. Não há uma única falta institucional imputada à<BR/>Igreja Católica que não esteja presente de maneira muitíssimo mais<BR/>flagrante, e até gritante, em qualquer outra instituição — o Estado, a<BR/>Escola, a moderna máquina tributária e policial — que as pessoas se voltam,<BR/>na esperança de que serão salvas por elas da superstição dos seus pais. Esta<BR/>é a contradição, esta é a violenta colisão, este é o inevitável desastre<BR/>intelectual em que estão envolvidas até as orelhas. Quanto a nós, só nos<BR/>resta esperar, pondo em jogo toda a paciência de que sejamos capazes, até<BR/>descobrirmos quanto tempo levarão para descobrir o que foi que lhes<BR/>aconteceu.<BR/><BR/><BR/><BR/>(A simple thought, in The Thing, Sheed & Ward, Londres, 1946)<BR/><BR/> _____ <BR/><BR/>Fonte: CHESTERTON, G. K. Os Paradoxos do Cristianismo. São Paulo: Quadrante,<BR/>1993.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-15325117.post-59331702251043640372007-12-20T16:06:00.000-02:002007-12-20T16:06:00.000-02:00Tb cabe lembrar à mocinha que, quando "este tal de...Tb cabe lembrar à mocinha que, quando "este tal de Cristo" veio por estas bandas , nem todo mundo acreditou nele. Assim, sua presença física não é a solução essencial deste problema.Anonymousnoreply@blogger.com